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DAOP – REVISÃO ETIOPATOGÊNIA DA DAOP Aterosclerose: a principal causa Vasculites: reumáticas (como na artrite reumatoide), síndrome de takayasu, esclerodermias Hiperplasia intimal: decorrente do espessamento da parede por depósito de colesterol Patologias emboligênicas: fibrilação atrial, arritmias cardíacas, endocardites... podem soltar um êmbolo dentro da cavidade cardíaca Observação: as embolias, quando descobertas precocemente são classificadas como oclusões arteriais agudas. Tardiamente, entram como DAOP, porque nesse ponto, já danificou o vaso. Observação 2: a diferença entre a oclusão aguda da DAOP é que a daop, por ser crônica e fechar a artéria lentamente, forma vasos colaterais. A aguda não permite a formação desses vasos. Observação 3: DAOP permite a programação cirúrgica. Já a doença arterial aguda só possui 6 horas para o tratamento efeitivo. Traumas Coagulopatias: estados de hipercoagulabilidades como nas trombofilias Aneurismas: por si só já criam fluxo turbulento que predispõe à formação de coágulos CLÍNICA Fatores de risco: São fatores de doença arterial aterosclerótica que reverberam como doença arterial obstrutiva periférica: Tabagismo Hipertensão Obesidade Dislipidemia São fatores que reverberam MAIS na doença arterial/oclusão aguda: Diabetes Cardiopatias Outros fatores são: AVC Antecedentes familiares Patologias associadas Traumas Cirurgias EXAME FÍSICO: Fáscies dolorosas. A isquemia produz bastante dor. Paciente relata bastante incômodo. Pele seca e fina Fâneros: rarefação de pelos, distrofias de leitos ungueais, onicodistrofias Músculos atrofiados Posição antálgica Lesão que não cura. As vezes pequena mas dói como se fosse imensa. Hiperemia reativa: quando há elevação do membro fica pálido e melhora quando está pendente, ficando bem vermelho/hiperemiado. Isquemia induzida: a elevação produz palidez e bastante dor (porque piora a isquemia) Pulsos ausentes Preenchimento capilar lentificado (geralmente acima de 10 segundos) Retorno venoso lentificado Palidez Frialdade ITB: abaixo de 0,9. Em pacientes diabéticos esse índice não é confiável. Nesses pacientes, o ITB torna-se irrelevante devido à calcificação (endurecimento da microangiopatia diabética) das artérias nos diabéticos, o que pode produzir um índice normal/sem alterações, mesmo em um membro doente. Nesses casos, utilizar doppler sempre! DIAGNÓSTICO Clínico: História Exame físico Classificação de Fontaine e de Rutherford. Observação: atentar que o estágio III de Fontaine é igual ao estágio 4 de Rutherford. Nesse nível e a partir dele, a conduta é CIRÚRGICA!!! Imagem: Duplex scan (doppler) Arteriografia AngioTC ou AngioRNM TRATAMENTO Clínico: Vasodilatadores: o cilostazol é o mais utilizado atualmente Hemorreológicos: para dar maleabilidade à hemácia, para que passe nos vasos menores Antiagregação plaquetária: para dificultar a formação de trombos, reduzindo a espessidade sanguínea Estatinas: para melhorar a dislipidemia. Desenvolver colaterais (Caminhadas): recomendar as caminhadas para estimular o desenvolvimento de circulação colateral Prevenção de traumas Cirúrgico: usado para as classificações mais avançadas (dor em repouso e lesões tróficas). Endovascular: 80 a 85% dos tratamentos utilizados atualmente. Angioplastia (balão, stent ou endopróteses em casos de estenoses graves) Endopróteses By-pass (Safena/prótese): cirurgia aberta Amputações Observação: a oclusão arterial aguda não é uma lesão de parede! É a oclusão da luz do vaso por alguma fonte emboligênica. Esse paciente só tem 6 horas para ser tratado, caso contrário, perderá o membro. O problema de realizar a cirurgia de revascularização depois de 6 horas é consiste na chamada síndrome de revascularização, onde há liberação de microalbuminúria. O paciente, então, entra em um quadro de IRA e pode ter, também, choque cardiogênico. Portanto, nesses casos, somente a amputação do membro resolveria. INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA Caso clinico (exemplo) Paciente, sexo feminino, 59 anos, varizes de longa data, ferida em tornozelo, edema e dor. Tornozelo em forma de gargalo de garrafa, hiperpigmentado, alteração tróficas. CEAP 6 (Ferida aberta e ativa) Etiopatogenia/fatores de risco Extrínsecos: Hereditariedade (mandatório- varizes primeira): Insuficiência valvular congênita ou Insuficiência valvular com dilatação da parede (parede frágil e dilata), fistulas arteriovenosas. Refluxo do sistema venoso superficial ou profundo é um trajeto contrário ao normal, você tem hipertensão venosa. Sexo feminino, Idade > 40 anos, Raça branca e negra Postura, Dieta pobres em fibras e ricas em carboidratos, Constipação (aumento da pressão abdominal, levando a hipertensão venosa), Gestação por questões mecânicas maior aporte sanguíneo e aumento da pressão intra-abdominal e hormonal que leva a uma estase e uma venodilatação (principalmente o estrógeno) Obesidade que dificulta o retorno venosos Tabagismo (lesão endotelial) Doenças associadas: ICC, doenças renais, uso de corticoide... Exame físico Varizes, alterações tróficas. Edema de membros inferiores (vespertino). Pele: Hiperpigmentação – (hipercromia cutânea/dermatite ocre) e eczema. Sinais de cronicidade: Lipodermatoesclerose e à formação de úlceras. CLASSIFICAÇAO DE CEAP: (IMPORTANTE) C0: Sem sinais visíveis ou palpáveis de doença venosa C1: Telangiectasias ou veias reticulares C2: veias varicosas C3: edema C4: alterações na pele e no tecido subcutâneo decorrentes de doença venosa crônica (agora dividida em duas subclasses: C4A: pigmentação ou eczema C4B: Lipodermatoesclerose ou atrofia branca C5: úlcera venosa cicatrizada C6: úlcera venosa ativa S: sintomático (incluindo dor, rigidez, irritação na pele, sensação de peso, cãibras musculares e outras queixas que podem ser atribuídas à disfunção venosa) A: assintomático 1 a 3 não tem alteração trófica 4 a 6 há alterações tróficas O 1 é mais rico em história clínica, sintomatologia. Diagnóstico Grande maioria das vezes o diagnóstico de varizes de MMII é dado por uma história bem realizada e um exame físico bem feito Clínico: Vislumbre das veias dilatadas, na fase medial da perna fala a favor da insuficiência de safena interna, na dobra do joelho ela drena para varizes secundarias na perna. Duplex Scan (Ecodoppler) – diagnóstico mais preciso, anatomia do vaso, dilatação e insuficiência valvular e também refluxo de ida e volta do sangue. (Tempo de fechamento > 0,5s indica insuficiência valvular) Flebografia: é padrão ouro porem não é o mais utilizado por ser invasivo, utiliza contraste. Pletismografia: utilizada para quantificar a bomba de panturrilha (quantificar a qualidade de retorno venoso pela panturrilha do que varizes de MMII) e determinar uma compressão com meia elástica vai potencializar a bomba melhorando os sintomas (realiza o exame com e sem a meia para analisar se benéfico) – usado principalmente em grau 5 e 6. Angio TC/RN – Para ver varizes pélvicas e alterações anatômicas e pélvicas e renais que possa levar a ter varizes em MMII. Síndromes quebra nozes: compressão da veia renal esquerda entre a artéria mesentérica superior e a aorta. Este pinçamento diminui o retorno venoso do rim esquerdo, levando a uma sobrecarga e consequente hipertensão venosa da veia renal esquerda e de seus ramos. Um dos principais ramos da veia renal esquerda é a veia gonadal esquerda, a qual drena as gônadas localizadas na pelve. Com a dificuldade de passagem do sangue em direção à veia cava, esses ramosse dilatam e o rim fica congesto. A dilatação da veia gonadal esquerda pode levar às varizes pélvicas nas mulheres e à varicocele nos homens. Síndrome de May-Thurner: artéria ilíaca comum direita comprime a veia ilíaca comum esquerda quando se cruzam na pelve. Esta condição gera uma oclusão parcial da veia, levando a formação de varizes pélvicas e varizes no membro inferior esquerdo. Refluxo de gonadais, e outras visualizadas tem repercussão nos MMII. Tratamento Clínico: PRIMEIRA ESCOLHA: Controle de fatores de risco: Principalmente a reeducação do paciente, perder peso, realizar atividade física, melhorar alimentação adicionando mais fibras e diminuindo carboidratos, usar meias elásticas, posição de trabalho e ajustes necessário como usar a meia no trabalho. (MEV) Se não melhorar passar: Flebotônicos: pentoxifilina (400mg via oral 3x ao dia) ou diosmina (dose com especialista). Cirúrgico: Cirurgia convencional Endolaser Radiofrequência Escleroterapias Complicações FISIOPATOLOGIA: Refluxo/incompetência valvular aumenta a tensão na parede vascular Hipertensão venosa força a parede, levando a alteração na permeabilidade seletiva e vai ter extravasamento de liquido (edema) e proteínas e hemácias (processo inflamatório Eczema Hiperpigmentação Ulceras (microfissuras) e Varicorragia (abertura de veias e sangramento) Anquilose no tornozelo comprometendo a bomba da panturrilha piorando a Hipertensão venosa retornando a todo o ciclo COMPLICAÇOES: Varicorragia Trombofletite Varicorragia Tromboflebite TVP OBSERVAÇÃO: Paciente com insuficiência venosa crônica que não tem varizes, mas que no doppler tem insuficiência de safena, refluxo da safena. - Alteração no Doppler sem varizes visíveis (por não desenvolver ou por conta da obesidade) la tem IVC. - Diagnostico é história clínica + exame físico + doppler, após o diagnostico você classifica a IVC no CEAP, ou seja, é uma classificação de 1 a 6 DE IVC. A classificação CEAP NÃO é usado para diagnostico. TROMBOSE VENOSA PROFUNDA - TVP (REVISÃO) Caso clínico Sexo feminino, 26 anos, dor, edema, empastamento, perna direita. Trombose venosa profunda é diferente de Insuficiência venosa crônica (IVC). A TVP envolve veias do sistema venoso profundo e a IVC envolve veias do sistema venoso superficial. Elas podem ter correlações (exemplo: IVC por varizes secundárias por hipertensão venosa pós-TVP). ETIOPATOGENIA Tríade de Virchow: principalmente por estase venosa e alteração de coagulação. Sexo: ocorre mais no feminino; Idade fértil; Uso de hormônio em pessoas pré-dispostas: uso de anticoncepcional (lembrando que precisa ter pré-disposição p TVP) Gestação; Traumas; Cirurgias; Pessoas acamados; História Familiar; Patologias associadas: reumáticas, neoplasias. EXAME FÍSICO Edema; Cianose; Retorno venoso lentificado; Trama superficial (Sinal de Pratt) – veias superficiais visíveis na face anterior do pé e da perna; Empastamento (Sinal da bandeira) – menor mobilidade da panturrilha acometida quando comparada à contralateral; Dorsiflexão dolorosa (Sinal de Homans) – dorsiflexão passiva do pé, com a perna estendida. Se o paciente tem dor na panturrilha, o sinal é positivo; Compressão de panturrilha dolorosa (Sinal de Brancoft/olow) – dor à compressão da panturrilha contra o plano ósseo; Oco poplíteo retificado, edemaciado (Sinal de duque). DIAGNÓSTICO Clínico: a história é soberana. Duplex scan Exame de escolha para TVP; Chaga no diagnóstico rapidamente. Operador dependente; Menor acurácia: veias distais, MMSS. Flebografia Padrão-ouro, mas é invasivo; Usa contraste; Angio TC/RNM Só em pacientes muitos obesos; Quando tem dificuldade técnica para realizar USG. D-dímero Alta sensibilidade e baixa especificidade. > 350 ng/mL “pode ser” positivo. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Celulite ou erisipela Constituem processos infecciosos da pele e do tecido celular subcutâneo. Apresentam edema, dor e sinais infecciosos sistêmicos – febre, leucocitose, queda do estado geral – e podem evoluir com linfedema secundário. Rotura muscular (“Síndrome da pedrada”) A rotura dos grupos musculares da panturrilha acontece após esforço súbito, conhecido como síndrome “da pedrada”, ou síndrome de Martorell. Ocorrem aumento de volume da panturrilha e tensão a palpação. Rotura do cisto de Baker Trata-se de um cisto sinovial localizado na parte posterior do joelho. Pode mimetizar a TVP, por compressão da veia poplítea e diminuição do retorno venoso. Miosite Compreende o processo inflamatório das células musculares, ocasionando inflamação, edema e necrose muscular – rabdomiólise. TRATAMENTO CLÍNICO A anticoagulação plena é o tratamento de primeira escolha para os pacientes com TVP e o objetivo da terapia com anticoagulantes é reduzir o risco de complicações secundárias, como o TEP e a IVC. O tratamento vai depender da condição do paciente. Se trombose extensa, comprometimento extenso (pegando coxa e perna, tudo em empastado e sentindo dor) – faz heparina endovenosa. Depois do paciente melhorar clinicamente, tira a heparina endovenosa e entra com heparina oral. Trombose abaixo do joelho, trombose de panturrilha e de poplítea não precisa levar para o hospital entrar com anticoagulante oral. Heparina (EV) HNF (SBC) Pode ser revertida com o uso de protamina. A monitorização dos efeitos da heparina é feita através do tempo de tromboplastina parcialmente ativada (TTPa). HBPM – Enoxaparina (Versa®, Clexane® e outros) Medicação segura para uso ambulatorial. Tem um efeito de dose-resposta mais previsível em relação à HNF. A monitorização da anticoagulação da HBPM é feita por meio da dosagem do fator Xa – principalmente em pacientes com insuficiência renal, obesos, gestantes crianças e RN. Medicação de escolha para tratamento de TVP em gestantes. NOAS – Anticoagulantes orais diretos 1. Inibidores do fator Xa Rivaroxabana (Xarelto®) o Inibe de forma mais seletiva e reversível o fator Xa. o Mais utilizado atualmente. o Dose inicial de ataque é de 15 mg, 2x ao dia e, após, 20 mg/dia. o O antídoto é o concentrado de complexo de protrombina – contém fatores II, VII, IX e X) Apixabana (Eliquis®) Edoxabana (Lixiana®) 2. Inibidor direto da trombina Dabigatrana (Pradaxa®) o Inibidor direto da trombina por via oral; o Rapidamente absorvido e sem necessidade de exames para controle. Inibidores de vitamina K - Varfarina (Marevan®, Marcoumar® e outros) Atua na redução dos fatores de coagulação K-dependentes. A reversão dos efeitos da varfarina pode ser feita através da administração de vitamina K, complexo protrombínico e plasma fresco congelado. A anticoagulação promovida pela varfarina é aferida por meio do tempo de protrombina (TP) e faixa terapêutica é definida pelo RNI, que deve ser entre 2 e 3. É importante salientar que nos primeiros dias após o início da varfarina, pode haver um fenômeno pró-coagulante, que é secundário à depleção das proteínas anticoagulantes C e S, que também são K-dependentes e cujos níveis séricos são reduzidos antes dos fatores de coagulação. Desse modo, nos primeiros dias, a varfarina deve ser administrada juntamente a outro anticoagulante, como a HNF ou a HBPM, para que sejam evitados fenômenos trombóticos. Elastocompressão Repouso/Trendelenburg TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO Para pacientes que não tem resposta a anticoagulação ou não podem usar anticoagulantes. Trombectomia Não faz mais. Trombólise com cateter intratrombo Colocação de stent Filtro de veia cava É um dispositivo de implantação endovascular que é colocado na veia cavainferior, geralmente, abaixo das veias renais. Objetivo do filtro é impedir que trombos originados nos membros inferiores e na pelve atinjam a circulação pulmonar (impedir o TEP). Observação: em gestantes, há indicação de que o filtro seja instalado na veia cava, acima das veias renais. A justificativa é que o útero gravídico pode deslocar ou comprimir o filtro de veia cava, podendo levar a complicações graves. COMPLICAÇÕES Flegmasia Cerúlea Dolens A flegmasia cerúlea dolens é uma condição caracterizada por trombose venosa massiva associada à obstrução completa à drenagem venosa profunda. Nesse contexto, a hipertensão capilar e o edema secundários à trombose levam ao comprometimento secundário do suprimento arterial do membro. É a trombose do segmento iliofemoral que apresenta acometimento concomitantemente de sistema venoso superficial e profundo. Manifestações: Dor intensa de início abrupto e caráter progressivo, geralmente iniciada na região femoral com progressão para todo o membro. Edema do membro; Cianose com progressão distal para proximal; Síndrome compartimental associada ao comprometimento arterial do membro e grangrena. Formação de áreas de epidermólise contendo líquido sero-hemorrágico – grangrena venosa. Flegmasia Alba Dolens É a trombose do segmento iliofemoral que cursa com vasoespasmo arterial reacional. Manifestações: Dor, edema, palidez e até diminuição de pulsos distais. TEP Impactação de trombos na árvore pulmonar. Complicação mais grave da TVP (em 20 a 505 dos pacientes com TVP proximal de MMII tratada de forma inadequada). Quanto mais proximal a veia acometida, maior a chance de embolia. Sintomas cardiorrespiratórios. Síndrome Pós-trombótica/...Hipertensão Venosa Constitui um quadro de IVC grave pós-TVP, com manifestações clínicas de dor, edema, hiperpigmentação e aparecimento de úlceras secundárias à hipertensão venosa determinada pela insuficiência valvular e pela persistência de pontos de obstrução no sistema venoso. A síndrome pós-trombótica, apesar de ser menos grave do que a embolia pulmonar, é uma complicação tardia da TVP responsável por um grau elevado de morbidade e impacto na qualidade de vida. Ocorre em 29-79% após TVPs proximais.