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Tempos e MétodosTempos e Métodos Aplicados a ProduçãoAplicados a Produção AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Bem vindo(a)! Seja muito bem-vindo(a)! Querido(a) aluno(a), esperamos que você aproveite o máximo possível o conteúdo desta disciplina. Queremos contribuir ao máximo com sua formação pro�ssional e pessoal, especialmente na disciplina de Tempos e Métodos Aplicados à Produção, em que iremos falar da rotina de tempo e qualidade que uma empresa precisa ter para se manter �rme no mercado. Na unidade I começaremos a conversar sobre tempos e métodos aplicados à produção. Será apresentado o surgimento e um breve histórico do assunto. Em seguida falaremos sobre projetos de métodos e seus objetivos, além de abordamos assuntos relacionados à análise e melhoria de trabalho e análise e melhoria de um posto de trabalho, que irá servir de introdução para novos conceitos e ferramentas de qualidades que serão apresentados nas próximas unidades. Já na segunda unidade iremos ampliar nossa visão a respeito de qualidade. Será discutido o que é qualidade, de onde surgiu e por que ela é tão importante assim. Além disso, serão apresentadas diversas ferramentas de qualidade, como o brainstorming, 5W1H, MAP, MASP, Programa 5S, Programa Seis Sigmas entre outros. Na terceira unidades voltaremos a falar um pouco mais de tempo, iremos estudar como se dá o cálculo de tolerância e do número ideal de ciclos para uma cronometragem, por exemplo. Estudaremos ferramentas de medição que irão facilitar a vida na indústria e veremos o porquê delas serem tão importantes assim. Por �m, na última unidade o foco será em pessoas. Começaremos discutindo o Toyotismo, que é uma �loso�a japonesa que surgiu com a necessidade de tornar seus funcionários mais e�cientes. Depois introduziremos conceitos de funcionários polivalentes, divisão do trabalho, gestão participativa entre outros. Falaremos também como aplicar esses conceitos na empresa, aumentando a produtividade dos colaboradores e os deixando mais motivados. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e pro�ssional e que esse curso seja aproveitado da melhor forma possível! Muito obrigado e bom estudo! Unidade 1 Introdução, histórico aos tempos e métodos aplicados na produção AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Introdução Nesta primeira unidade serão apresentadas e contextualizadas a história e a evolução aos tempos e métodos aplicados. Serão apresentados conceitos fundamentais para o bom entendimento do curso, conceitos dos quais serão complementados nas apostilas seguintes. Além disso, esta unidade tratará de assuntos como projetos de métodos, linguagem especial e simbologia utilizada em métodos de trabalho; serão apresentadas e de�nidas ferramentas para registro e análise de processos, serão introduzidos os tipos de análise e como é feita a melhoria de um processo, Para concluir esta apostila, �nalizaremos com grá�cos do �uxo de processo, os chamados �uxogramas e com a análise de melhoria do método de trabalho, juntamente com a melhoria de um posto de trabalho. Introdução e histórico aos tempos e métodos aplicados AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos A pesquisa de Barnes (1977) nos mostra que o estudo de tempos e métodos aplicados começou, de fato, em 1881, em uma indústria de bombas hidráulicas, chamada Midvale Steel Company, com Frederick W. Taylor e Frank B. Gilbreth. Segundo Maynard (1970), Taylor foi o principal introdutor do tempo e métodos aplicados. O autor informa que Taylor escreveu, no �m do século passado, que é necessário subdividir uma operação em elementos para estabelecer um tempo padrão. Desta forma, é necessário descrever essas subdivisões, medi-las, cronometrar e adicionar uma margem de erro. A subdivisão de uma tarefa deu a possibilidade de eliminar movimentos desnecessários, tornando mais simples os movimentos requeridos, poupando força e tempo do colaborador. Felippe et al. (2012) a�rmam que Taylor foi a primeira pessoa a usar o cronômetro para estudar o trabalho e que, devido a isso, ele é conhecido como o “pai do estudo do tempo”. O estudo de tempos e métodos tem como de�nição um estudo de sistema que possui as seguintes fases: entrada – transformação e saída. Possuir indicadores, para Takashina (1999), é fundamental para um bom planejamento e controle de processo. Neste âmbito, a cronoanálise é um alicerce que auxilia no controle das muitas etapas que um processo produtivo possa vir a ter, uma vez que fornece o parâmetro inicial (tempo padrão para a análise), além de indicadores tanto de qualidade quanto de produtividade. Toledo (2004) escreve que a cronoanálise possui sua origem da pesquisa de tempos e métodos, diz ainda que a cronoanálise de�ne parâmetros tabulados de diversas formas, convergindo para um melhor planejamento industrial. Felippe et al. (2012), em seu artigo, constata que o estudo do tempo padrão necessita de prévias especi�cações do método empregado para sua execução. Além disso, as técnicas, bem como seus princípios, são universais, tendo validade para qualquer trabalho que envolva o ser humano. No entanto, dizer qual é a melhor técnica, irá caber à situação, técnicas das quais serão estudadas futuramente. Projeto de Métodos e seus objetivos AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Projeto de métodos, de acordo com Vargas (2000), tem como de�nição um empreendimento com uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e �m. É importante que esse empreendimento seja não repetitivo. O projeto deve possuir objetivos claros e de�nidos. Precisa ser direcionado e que se comprometam a levar, dentro do tempo, curso e qualidade, previamente de�nido. O livro Um Guia de Conhecimento do Gerenciamento de Projetos, Project Management Institute (PMI, 2000), transcreve que o processo envolve planejamento, execução, acompanhamento e controle, para que as tarefas não atrapalhem uma a outra. O trabalho que é desenvolvido nas empresas é composto por serviços e/ou projetos, a�rma Menezes (2001). Ainda segundo o autor, existem diferenças entre projeto e serviço. No serviço, as atividades são rotineiras e repetitivas, ao contrário do projeto que apresenta caráter temporário. A semelhança entre ambos é que são desenvolvidos por pessoas da empresa, com recursos limitados, que devem ser planejados, executados, acompanhados e controlados. O livro Project Management Institute (2000) fala que projeto é temporário e objetiva a criação de um serviço único. Menezes (2001) traz algumas di�culdades que um projeto pode apresentar. Em empresas com grandes pirâmides organizacionais, pode ser que a política envolvida, de aprovação, alocação de recurso, pessoal, material e equipamento, di�culte ou atrase a execução de um projeto. Contudo, de acordo o autor, essas di�culdades podem tornar a empresa mais forte, fazendo com ela passe a buscar melhorias internas em seus processos e aperfeiçoando sua linha de produção. Linguagem especial e simbologia utilizada na descrição dos métodos de trabalho AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Martins (2012) diz que o �uxograma é uma ferramenta de qualidade, que tem a função de mostrar a sequência das atividades de um determinado processo através de símbolos grá�cos. Os símbolos ajudam na visualização e facilitam o entendimento do processo em questão, tornando o processo mais visual e intuitivo. Um bom �uxograma permite identi�car problemas e trabalhar em soluções, além disso, permite também criar normas padrão para a execução do processo; demonstrar sequência entre as atividades; ser utilizado para a realização de análise crítica. Símbolos do Fluxograma Segundo Martins (2012), os grá�cos de �uxo utilizam símbolos para a facilitação do entendimento, há diversos símbolos com diferentes signi�cados. Ela ressalta ainda que não é obrigatório a utilização de todos os símbolos. É importante saber utilizar e utilizá-los apenas quando houver a necessidade. Os mais importantes são os símbolos de início, �m e de tomada de decisão. A Figura 1 mostra algunsdos símbolos utilizados. Figura 1 - Símbolos utilizados em �uxograma Fonte: adaptado de Martins (2012). Tipos de Fluxograma Existem vários tipos de �uxograma que devem ser utilizados em diferentes situações. A Figura 2 destaca alguns desses modelos: Figura 2 - Modelos de Fluxograma a �gura demostra um modelo prático de um �uxograma de operações linear, setorial e de linhas de montagem Fonte: adaptado de Martins (2012). Ferramentas para registro e análise do processo AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Gaspar (2016) escreve que existem diversos métodos para a medição e para a determinação do tempo. Esses métodos estão descritos na Tabela 1. No entanto, de acordo Gaspar (2016), os mais conhecidos e utilizados são os de cronometragem, comparação e MTM. Tais técnicas requerem equipamentos que possam fornecer apoio para uma boa utilização. Entre os equipamentos pode-se citar: cronômetro, máquina de �lmar, prancheta, folhas de observação. Nem sempre serão utilizados todos de uma só vez, podendo existir situações que serão utilizados outros, além dos citados. Medição dos Tempos pela Técnica de Cronometragem Gaspar (2016) de�ne essa técnica como sendo a mais comum no meio dos estudos do tempo. Segundo ele, é o método de menor nível de di�culdade e implementação, capaz de se aplicar a todas as tarefas ou processos na área fabril. A cronometragem divide-se em três etapas fundamentais: I) Preparação do estudo; II) Cronometragem dos tempos; III) Análise de resultados. Tabela 1 - Métodos de Medição ESTIMATIVA DADOSHISTÓRICOS AMOSTRAGEM - Indicado para tarefas que raramente se realizam - Tempo obtido por estimativa - Pouco rigor - Não é considerado técnica de medição - Análise de dados - Registros �áveis - Aconselhável para tarefas longas -Fundamentos estatísticos para determinar tempo padrão Fonte: adaptado Gaspar (2016). Segundo Gaspar (2016), primeiramente, é necessário o observador informar ao responsável do setor que há um estudo sendo desenvolvido ali. É preciso agrupar o máximo possível de informações referentes à atividade que será medida a respeito do colaborador que será utilizado como cobaia para o teste. É fundamental que haja a explicação para o colaborador do que está sendo realizado ali e que ele precisa realizar a função no tempo normal que ele faria (tentando não acelerar ou retardar seus movimentos). Para que se possa ter uma cronometragem completa dos tempos, este é composto por três etapas: 1- Medição do ciclo operatório; 2- Medição dos elementos do ciclo operatório e 3- Medição das atividades frequências. Tendo como exemplo a produção de uma peça, a medição do ciclo operatório ou ciclo de trabalho corresponde ao tempo total da produção da peça; a medição dos elementos do ciclo operatório corresponde a uma solda, aparafusamento ou colagem. É a contabilização de uma tarefa em especí�co dentro do ciclo de trabalho. Por �m, a medição das atividades frequenciais corresponde ao tempo de mudança de ferramenta ou aprovisionamento (GASPAR, 2016, p. 6). Por �m, na terceira fase (análise dos tempos) é feito o cálculo do tempo médio unitário. Para isso, há vários métodos que podem ser utilizados, como: método de Taylor, método do tempo Modal ou método do tempo médio (GASPAR, 2016). Análise e Melhoria do Processo AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Para que possamos de�nir melhoria do processo, primeiro é necessário entender e analisar o processo a ser melhorado para que se possa saber o que é preciso otimizar. Para Veyrat (2017), é fundamental conhecer a empresa como um todo, é importante ter essa visão para que se possa encontrar situações que não vão de encontro com seus objetivos e valores. Depois de conhecer amplamente a empresa, é a hora de conhecer o processo a ser melhorado. Para isso, há algumas técnicas a serem aplicadas. 1 - Análise das Métricas de Desempenho Caso já sejam conhecidos, é necessário certi�car-se que os KPIs (Indicadores de desempenho) estão sendo atingidos. Isso é importante para saber se o processo está atendendo às necessidades da organização, caso contrário, deverá ser dada uma atenção especial e direcionar estratégia de melhorias deste processo. 2 - Análise das interações com os clientes Se a organização possui como missão a satisfação do cliente (pelo atendimento), é importante ter em mente que a nota de satisfação do cliente será menor se: Houver consumição fora de padrão e fora de horários convencionais; Houver excesso de ligações e emails; Houver duplicidade de comunicação ou mais de um operador ligando/cobrando o cliente, provocando situações desagradáveis. 3 - Gargalos Gargalos é o atraso do processo causado pelo travamento no decorrer de alguma atividade. Normalmente um gargalo é gerado pela restrição de um recurso, de um produto, de um serviço ou de uma informação. 4 - Regras do negócio Essa regra trata de procedimentos formais que são estabelecidos de forma a facilitar o trabalho do colaborador, ajudando-o a tomar decisões de forma mais rápida e assertiva. Em geral, regras de negócio são mantidas em documentação textual. 5 - Handoffs Handoff trata de um problema muito comum em empresas grandes, em que o �uxo de informação passa por muitos sistemas e/ou pessoas. Quando isso acontece, naturalmente há a perda de informação, provocando uma falha na comunicação interna da empresa. O Que é Melhoria de Processos? Veyrat (2017) de�ne melhoria de processo como sendo a análise do processo de como se encontra agora (chamada de fase “AS IS”), para se encontrar ine�ciências e atividades que podem ser realizadas de uma forma melhor, com o objetivo de de�nir: metas, �uxo de trabalho, controle e integração com outros processos. É fundamental detectar se o processo é, de fato, ine�caz, por meio da análise dos KPIs e, em seguida, melhorar ao máximo as interações com o cliente; descobrir as causas de gargalos; veri�car se os Handoffs são e�cientes e se as regras do negócio podem ser melhoradas ou mesmo se é preciso criar novas (VEYRAT, 2017). Assim, para cada um dos cinco pontos citados, a otimização do processo deverá encontrar as suas possíveis causas raízes. A partir disso, será necessário de�nir estratégias para corrigir as causas. Para isso podem ser usadas algumas ferramentas de melhoria de processos tradicionais, tais como o ciclo PDCA, o diagrama de Ishikawa e a metodologia dos 5 porquês, entre muitas outras. Grá�co do Fluxo do Processo (Fluxograma) AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Tardin (2013) de�ne �uxograma como sendo uma ferramenta de representação grá�ca do trabalho realizado em empresas. Para ele, nada mais é do que a sequência normal de qualquer trabalho na organização. Para simpli�car, são utilizados símbolos que colocam em destaque a origem, o tipo de processo que sofre/sofreu e o destino da informação. Para Dantas (2007), o �uxograma nada mais é que a representação na forma de grá�cos do sequenciamento lógico de um processo ou atividade. De acordo o autor, pelo �uxograma é possível identi�car falhas de operação, como atividades desnecessárias, gargalos, desperdícios e oportunidades para melhorar. Na Figura 3, Tardin ilustra as cinco �guras mais utilizadas num �uxograma, elas foram introduzidas pela American Society Mechanical Engineers (ASME). Figura 3 - Figuras utilizadas em �uxograma Fonte: Tardin (2013). O �uxograma vertical, exemplo ilustrado na Figura 4, é o tipo de �uxo mais utilizado quando se trata de estudo de processos, pois ele permite dividir um grande processo em vários outros mais simples. Suas vantagens são a rapidez de preenchimento, a clareza na apresentação e a facilidade de leitura. Figura 4 - Exemplo de �uxograma vertical Fonte: Voitto (2017). No entanto, há outros tipos de �uxogramas que serão apresentados a seguir. Mapo�uxograma Segundo Barnes (1977), o mapo�uxograma segue uma rotina �xa para representar a movimentação física de um ou mais de um item através dos postos de trabalho disponíveis em uma empresa. Logo, a aplicaçãodeste �uxograma pode ser um pouco mais complicada, uma vez que é necessário o entendimento do processo, que exige uma série de informações. Grá�co das Duas Mãos O grá�co das duas mãos, segundo Tardin (2013), é também conhecido como grá�co de SIMO. Este tipo de �uxograma apresenta uma operação com detalhe, que foca nos movimentos do operador. Para o autor, esse grá�co só deve ser aplicado quando o trabalho é manual, com grande número de repetições. Nesse estudo, além de apresentar um diagnóstico de operações, permite reduzir ou até mesmo eliminar movimentação que não agrega valor. Aqui, os movimentos que são realizados pelas mãos direita e esquerda são descritos separadamente e acompanhados por símbolos, conhecidos como Therblig. Análise e Melhoria do método de trabalho e análise de melhoria de um posto de trabalho AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Análise e Melhoria do Método de Trabalho A evolução do homem é um processo contínuo de transformação. Desde quando se percebeu a necessidade de organização, o homem procurou evoluir mediante a melhoria dos métodos de trabalho, ou seja, mudanças planejadas. Nas cavernas, para sobreviver, adotou novos métodos para moradia e caça, trabalho em equipe, criando armas com madeira e pedras (ALMEIDA, 2015). Ainda segundo o autor, historiadores citam o rei da Babilônia, Hamurabi (1728-1686 a. C.), como exemplo de planejador, rei que realizou mudanças e melhorias no controle de produção, elaborando métodos para cálculo da carga de trabalho e melhor aproveitamento da mão-de-obra em tarefas que previam a existência de um salário mínimo. Quanto menor tempo, maior é o aproveitamento do esforço e dos recursos aplicados, sendo capaz de alcançar o objetivo com menor dispêndio e perdas (ALMEIDA, 2015). A melhoria do método é o resultado da aplicação de diversas técnicas interdependentes que, quando ajustadas, estabelecem a melhor sequência de fases a ser seguida na solução de determinados problemas. De acordo Almeida (2015), a melhoria do método é uma excelente forma de realizar e�cientemente uma tarefa especializada, uma vez que permite aplicar de forma racional os conhecimentos adequados, trabalhando de forma especí�ca o conjunto de peculiaridades e informações necessárias. Podemos exempli�car se levarmos esse pensamento para a indústria, onde as tarefas são combinações e composições de diversos movimentos. Nas células de produção, as peças podem sofrer o acabamento e a pintura na mesma seção, por exemplo. O processo é a esquematização de um método que, segundo Almeida (2015), representa a maneira pela qual é implementado e re�ete o seu estado dinâmico. Parte da necessidade de adaptação do método à realidade, essa adaptação acontece por meio de ações estratégicas e táticas que, muitas vezes, exigem algumas modi�cações para compatibilizar as exigências técnicas com as características da conjuntura que o envolve. Exemplo: antigamente, na construção civil, o processo para levantar um prédio era primeiro a construção de toda a estrutura interna (Esqueleto) e depois realizar o acabamento. Atualmente, o prédio sofre acabamento na medida em que o esqueleto é levantado, com a utilização de gruas, guindastes e outros recursos modernos de construção. No Quadro 1 está um resumo simpli�cado dos objetivos e da importância do método. Análise de Melhoria de um Posto de Trabalho Kruger (2013), em sua pesquisa, diz que a norma regulamentadora NR-17 (sobre Ergonomia) abrange questões e estabelece parâmetros que visam uma melhoria das condições de trabalho, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho e�ciente. A autora diz ainda que quando nos referimos a condições de trabalho, estamos falando de levantamento de peso, transporte e Quadro 1 - Objetivos e importância relacionado ao método OBJETIVOS DO MÉTODO IMPORTÂNCIA DO MÉTODO Evitar a improvisação e orientar os executores Orientar o impulso criador, tornando-o mais produtivo Estabelecer a sequência lógica e mais produtiva Introduzir ordem no trabalho e na utilização dos recursos Aproveitar e aplicar melhor os recursos disponíveis Facilitar o trabalho dos executores Prevenir e diminuir o nível de acidentes e incidentes Facilitar o trabalho das lideranças e supervisão Diminuir o tempo das tarefas e os custos operacionais Implantar a subordinação do interesse particular ao geral De�nir o caminho e a forma de perseguir racionalmente as metas Diminuir o desperdício e aumentar a segurança no trabalho Possibilitar substituições peladespersonalização do trabalho Proporcionar elementos para a programação, acompanhamento e controle do trabalho. Fonte: adaptado de Almeida (2015) descarga de materiais, condições ambientais do posto de trabalho e a própria organização do trabalho. Para uma boa avaliação das condições de trabalho, o empregador deve realizar uma análise minuciosa de sua empresa, devendo abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido na Norma Regulamentadora NR-17. Segundo Gonçalves (2008), as condições gerais no ambiente de trabalho, bem como os equipamentos, devem estar adequadas às características dos trabalhadores e à natureza do trabalho que será realizado, de forma a evitar qualquer tipo de distúrbio ou doença ocupacional. O Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), por meio da NR, descreve alguns itens relevantes à pesquisa: Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para essa posição; Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, de visualização e de operação, devendo atender aos seguintes requisitos mínimos: ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento; ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; e ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais; Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem ter altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida, característica de pouca ou nenhuma conformação na base do assento, borda frontal arredondada e encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar; Para as atividades em que os trabalhos devem ser realizados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador; Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar adequados às características psico�siológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado; As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às características psico�siológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado; Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou arti�cial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade, devendo ser uniformemente distribuída e difusa; Na organização do trabalho, devem-se levar em consideração, no mínimo: as normas de produção; o modo operatório; a exigência de tempo; a determinação do conteúdo de tempo; o ritmo de trabalho; e o conteúdo das tarefas. Neste estudo de caso, o responsável, por meio da utilização da cronometragem, estabeleceu o tempo padrão real para cada etapa do processo e estudo dos tempos, enquanto que, com a cronoanálise, tratou-se as observações das melhorias possíveis deste estudo de tempo aplicado ao setor em análise. SAIBA MAIS Aluno(a), deixo aqui o resumo, juntamente com o link, de um estudo de caso intitulado Análise descritiva do estudo de tempos e métodos: uma aplicação no setor de embaladeira de uma indústria têxtil. Este trabalho tem por objetivo relatar a importância da utilização dos estudos de tempos e métodos em setores produtivos, de�nindoo �uxo operacional mais adequado ao trabalho e identi�car gargalos produtivos. O foco é a de�nição do tempo padrão das operações envolvidas em um processo produtivo através de ferramentas de cronoanálise e cronometragem, promovendo o controle do �uxo de processo e possibilitando análises diversas, tais como: carga máquina, carga homem, e�ciência, produtividade entre outros. Assim, foi realizado um estudo de caso em uma indústria têxtil de Santa Catarina, no setor da embaladeira dos rolos de malha que seguem para a expedição, demonstrando que os resultados obtidos dão consistência aos números necessários ao controle da produção. Descreveu-se a aplicação e os resultados deste trabalho auxiliaram na identi�cação de pontos para melhorias relacionadas ao método e tempo no posto de trabalho analisado. Veri�cou-se ainda a praticidade na análise dos tempos de cada parte da embaladeira. Fonte: Felippe, A. D. et al. Análise descritiva do estudo de tempos e métodos: uma aplicação no setor de embaladeira de uma indústria têxtil. Simpósio de excelência em gestão e tecnologia, 2012 REFLITA “Não é falta de tempo, e falta de prioridade. Se não existe comprometimento, o tempo sempre será uma desculpa” – Autor Desconhecido. Nesta unidade vimos o quão antiga é a presença dos tempos e métodos na vida do ser humano. Vimos também que, apesar de antigo, ainda hoje é muito utilizado e aplicado nas empresas, sendo um recurso importante. Aprendemos que dentro da metodologia de tempo, há várias ferramentas que auxiliam para tornar o estudo mais exato, como o �uxograma, que apresenta uma linguagem própria para facilitar sua execução. Por �m, estudamos como se dá a análise e a melhoria do processo, aprendemos sua importância e analisamos melhorias do método de trabalho e de postos de trabalho, relacionados à ergonomia. Livro Conclusão - Unidade 1 Filme Unidade 2 Ferramentas utilizadas na produção Lean AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Introdução Nesta unidade iremos aprender diversas ferramentas da qualidade que ajudarão a resolver problemas do dia a dia na empresa, além de servirem para impulsionar o lucro de uma organização. Dentre as ferramentas que serão estudadas, podemos citar o Brainstorming, uma ferramenta, que apesar de antiga, é uma técnica muito difundida pelas empresas. Outra ferramenta muito interessante é o 5S, que pode ser aplicada em todos os ambientes de nossas vidas, desde nossos lares até nosso ambiente de trabalho. E chegaremos a ferramentas de alto nível de complexidade e lucratividade, que é o caso do Seis Sigma, ferramenta cuja empresa que domina possui um diferencial competitivo grande. Ferramentas da qualidade AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Com o avanço dos estudos da gestão e o crescimento do número de ferramentas da qualidade que ajudam a obter resultados sustentáveis e competitivos para a empresa, Pagliuso (2015) faz a seguinte questão: “Por que algumas delas, ao serem aplicadas, produzem sucesso em alguns casos e fracassos em outros?” Seguindo o autor, não existe ferramenta ruim, mas sim falta de compreensão e falta de conhecimento por parte de quem aplica. Pagliuso (2015) escreve ainda algumas importantes conclusões a respeito das ferramentas de gestão. As ferramentas possuem maior assertividade quando fazem parte de um grande projeto. É importante que os gestores não �quem trocando com frequência suas ferramentas para não haver confusão no meio do caminho. Deve-se ter em mente que estratégias realistas geram resultados tangíveis com ferramentas servindo de suporte ao resultado. Por �m, a implantação da ferramenta e os resultados alcançados com o uso de cada uma delas serão sempre diferentes para cada empresa. Seleme e Stadler (2010) a�rmam que a qualidade passou de modismo para necessidade, se tornando um diferencial competitivo. No entanto, não basta apenas querer possuir a qualidade, é preciso que haja uma implantação da qualidade. Os colaboradores precisam viver a qualidade em todas as fases do processo, é preciso estar em contato com a qualidade a todo momento. Cabe ao gestor identi�car pontos de melhoria e estabelecer objetivos para que seja assertiva a escolha da ferramenta da qualidade. Após a escolha, é esperado que todos os funcionários e setores da empresa se envolvam, fazendo com que haja melhorias em curto, médio e longo prazos, de acordo com as necessidades e objetivos traçados (PAGLIUSO, 2015). Metodologias para resolução de problemas AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Para Camargo (2011), é essencial conhecer o passo a passo de uma metodologia para que se possa aplicá-la corretamente. Para se obter sucesso, é necessário buscar conhecimento, condições favoráveis, dominar a área de atuação e estar quali�cado. O autor cita dez fatores que se deve levar em conta para se obter sucesso na aplicação de uma metodologia de resolução de problemas. No Quadro 1 está descrito cada fato. Quadro 1 - Fatores a serem considerados na aplicação de uma metodologia de qualidade 1) NECESSIDADE DO CLIENTE O cliente espera que suas necessidades sejam atendidas. Signi�ca a satisfação plena em relação ao serviço/produto adquirido. 2) SOBREVIVÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO Uma boa gestão de qualidade signi�ca a continuidade de uma organização. É necessário que a empresa renda lucros para que esse lucro ser investido novamente na empresa e em seu crescimento. 3) PRIORIZAR SOLUÇÕES Faz-se necessário identi�car com antecedência os problemas e ordenar corretamente as devidas soluções. 4) DECISÕES RACIONAIS Informações obtidas através de dados reais devem ser tratadas e usadas como a base para as tomadas de decisões em uma organização. Ações ligadas à realidade, por meio de dados verdadeiros, tornam o processo mais dinâmico. 5) GERENCIAMENTO POR PROCESSO Um processo bem elaborado sem pular passos fundamentais torna o processo produtivo e lucrativo. 6) PREVENÇÃO NA ORIGEM Políticas para reduzir retrabalho são fundamentais em uma empresa. Fornecer treinamento e capacitação, equipamentos adequados, atualizados e com manutenção regular, controle de qualidade na entrada do processo produtivo (matéria prima, fornecedores, pessoal etc.) certamente farão a diferença no processo e na qualidade �nal. 7) FOCO NAS CAUSAS PRINCIPAIS A organização deve possuir/desenvolver a capacidade de determinar causas que possam causar desvio do processo. 8) RESPEITAR E MOTIVAR Em qualquer ambiente, o ser humano é elemento crucial para o bom desempenho da atividade. Se o colaborador não se sente confortável, não possui bons equipamentos, não possui treinamento especí�co e não se sentir realizado, certamente o produto �nal não terá a melhor qualidade possível. 9) CLIENTE A razão da organização existir é o cliente. Deve sempre ser tratado de forma cordial, buscar agradar o gosto do público alvo é essencial. De nada adianta produzir algo se não há quem compre. 10) ESTRATÉGIA DEFINIDA Elaborar estratégias de�nindo ganhos, crescimento e desenvolvimento, porém sempre sendo realista. Não adianta estabelecer objetivos difíceis sem metas tangíveis. Fonte: adaptado de Camargo (2011). Ferramentas AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Brainstorming Seleme e Stadler (2010) explicam que brainstorming (tempestade de ideia) nada mais é que uma ferramenta utilizada em reuniões, em que os funcionários participantes desta possuem total liberdade para expressar suas ideias, mesmo que pareçam absurdas. Muitas organizações utilizam a técnica do brainstorming para identi�car ideias que possam melhorar produtos ou para achar soluções inovadoras para os problemas existentes. No Quadro 2 está representado um passo a passo para a aplicação do Brainstorming, dividido em três etapas. 5W1H Daniel e Murmack (2014) explicam que o 5W1H surgiu da necessidade de estabelecer um plano de ação tático em um curto espaço de tempo em situações em que algo está dando errado. No geral, essa ferramenta é bem-sucedida não apenas na produção, mas em todas as áreas da empresa, já quepermite organizar ações de forma clara e objetiva, isso só é possível através do plano de ação, que permite identi�car e orientar as diversas ações por meio de um questionamento que é aplicado. Esse plano de ação deve ser estruturado de acordo o seguinte questionamento: What – O que será feito? Why – Por que deve ser executada a tarefa? Where – Onde cada etapa será executada? When – Quando cada uma das tarefas deverá ser executada? Quadro 2 – Passo a passo para a aplicação do brainstorming ETAPA PASSO DESCRIÇÃO 1 1 O líder do processo irá esclarecer o objetivo a ser alcançado 2 Formação de grupos divididos igualmente 3 Escolha de um lugar confortável que possibilite a geração de ideias 4 De�ne-se um tempo (normalmente de 5 à 10 min.) 2 5 Todas as ideias são válidas 6 Ao �nal, as ideias devem estar expostas para que todos osparticipantes vejam 3 7 Ideias duplicadas são eliminadas 8 Ideias que fogem do objetivo são eliminadas 9 Das ideias restantes, escolhe-se a mais viável para a organização (sepossível, a escolha deve ser feita por votação) Fonte: adaptado de Seleme e Stadler (2010). Who – Quem realizará as tarefas? How- Como deverá ser realizada cada tarefa? MAMP (Metodologia de análise e melhoria do processo) Avelino e Correia (2017) de�nem MAMP como sendo um modelo de condução para projetos de mapeamento e análise de melhoria de processos dentro de uma organização. Esse modelo é feito em cima dos conceitos aplicados ao Six Sigma, ferramenta que será abordada nos próximos tópicos. Albertini, Prata e Manfrinatti (2016) a�rmam que Seis Sigma é uma metodologia disciplinada com lógica, sequência e estrutura para implementar projetos de melhoria. O termo “DMAIC” é uma abreviação para: De�ne, Measure, Analyse, Improve e Control, que em português signi�ca de�nir, medir, analisar, melhorar e controlar. Esses processos estão ligados à estratégia de qualidade, baseada em dados para a melhoria de processos e é parte integrante da Six Sigma Quality Initiative. Segundo Avelino e Correio (2017), a chave para o sucesso do Seis Sigma é seguir o sequenciamento dos processos do DMAIC. Os passos do modelo estão melhor explicados no Quadro 3. Quadro 3 – De�nição dos processos do DMAIC DEFINIÇÃO Nesta etapa acontece a de�nição de objetivos de projeto, de tal forma que todos os objetivos do cliente sejam atendidos. Para documentar o planejamento do projeto, é realizado um Plano de Trabalho que contém todas as características do projeto (objetivo, escopo, cronograma etc.). Este documento servirá para acordar de forma formal o combinado entre cliente e empresa. MAPEAMENTO Essa etapa tem como objetivo mensurar e desenhar de forma �el a execução do processo. Aqui é feito o desenho do processo atual, a construção desse desenho se dá por informações obtidas por meio de formulários a respeito do processo de ciclos de reuniões de validação. ANÁLISE A fase de análise consiste em avaliar o processo cliente atual, a �m de encontrar ine�ciências, gargalos e problemas de forma geral. Esta etapa usa o mapeamento da fase anterior como documento de entrada. A partir disso são sugeridas mudanças e validadas juntamente com o cliente, �cando registrado num “documento de mudança”. MELHORIA Na fase de melhoria é realizado o redesenho do processo incorporando as melhorias discutidas no “documento de mudança” na fase anterior. Nesta etapa também acontece a de�nição de métodos de controle e o plano de implantação do novo processo. CONTROLE A última fase engloba a realização de treinamentos com os clientes, abordando o novo processo, até implantação deste, de�nida previamente na fase de melhoria e o acompanhamento do primeiro ciclo de execução do processo. Fonte: adaptado de Avelino e Correia (2017). MASP (Método de análise e solução de problemas) Noblat, Barcelos e Souza (2015) explicam que a metodologia de análise e Solução de Problemas (MASP) é uma forma organizada de analisar e solucionar problemas da rotina diária das organizações. É tido como um derivado do método, conhecido como ciclo PDCA – P (Plan/Planejamento), D (Do/Execução), C (Check/ Veri�cação) e A (Action/Ação). A Figura 1 contém a estrutura esquematizada do ciclo PDCA. Figura 1 – Ciclo PDCA A P C D Agir Verificar Planejar Executar Fonte: Noblat, Barcelos e Souza (2015). Menezes (2015) cita como uma das principais causas da falha de muitas empresas a falta de métodos e padrões. Mesmo que os líderes busquem especializar seus funcionários, muitas vezes o conhecimento teórico não é aplicado na prática devido ao elevado �uxo de trabalho, tornando cada vez mais dinâmico a tomada de decisão para a solução dos problemas. O MASP foi desenvolvido para que os líderes e gerentes adquirissem, com facilidade, a habilidade de tomar decisões de forma assertiva, uma vez que é um processo dinâmico de fácil aplicação, pois não é um processo �exível. Busca priorizar e dividir o problema em partes com a �nalidade de facilitar a análise e expor situações que necessitam de atenção (MENEZES, 2015). Formentini (2014) a�rma que o objetivo deste método é resolver de forma rápida um problema, recorrente ou não, da empresa. A solução começa com a identi�cação do problema, seguido pela análise e �nalizado com a estratégia de correção. A etapa de �nalização é um processo lógico de retirar o máximo possível de informação durante a busca por possíveis soluções. Neste método, a cada etapa surgem novas informações. O MASP é composto por oito etapas simples e sua estrutura é baseada no PDCA, conforme apresentado na Figura 2. Figura 2 – Estrutura do MASP baseado no PDCA PDCA P D C A Fluxograma 1 2 3 4 5 6 N S 7 ? 8 Fase Identificação do problema Observação Análise Plano de ação Ação Verificação (bloqueio foi efetivo?) Padronização Conclusão Objetivo Definir claramente o problema Reconhecer sua importância Investigar as características esécíficas do problema com uma visão ampla e sob vários pontos de vista Descobrir as causas fundamentais Elaborar um plano para bloquear as causas fundamentais Bloquear as causas fundamentais Verificar se o bloqueio foi efetivo Previnir contra a reincidência do problema Recaptar todo o processo de solução do problema para trabalho futuro Fonte: Menezes (2013). Programa 5S A técnica intitulada “programa 5S” nasceu no Japão, após a segunda guerra mundial, vinda da necessidade de ordenar a confusão que o país se encontrava. A técnica se apresentou promissora e é aplicada até hoje, não só por empresas como nos mais diversos ambientes, inclusive em casa. Para o sucesso do programa, as pessoas envolvidas devem estar abertas a mudanças culturais (CAMARGO, 2011). O 5S é representado por cinco palavras, cada uma começada com a letra “S” (daí o nome da técnica), como apresenta a Imagem 3. Figura 3 – Os cinco Sensos do 5S SEIRI UTILIZAÇÃO SENSOS DO PROGRAMA 5 S SHITSUKE AUTODISCIPLINA SEITON ORDENAÇÃO SEISO LIMPEZA SEIKETSU SAÚDE Fonte: Camargo (2011). A seguir veremos uma descrição de cada uma das palavras. Seiri: aqui é preciso trabalhar na separação do necessário e não necessário. Tudo o que for material quebrado, estoque, material já utilizado, antigo, descarte ou em desuso deve ser separado. O senso Seiri recomenda fazer uma re�exão do porquê do acúmulo de material, para que isso não volte a acontecer (SILVA, 2005). Seiton: no senso anterior, foi separado o material necessário do não necessário, neste senso, será organizado o que foi separado. Aqui se deve etiquetar, ordenar, guardar tudo o que se possui. O hábito da ordenação favorece o dia a dia do processo. É recomendado que cada material tenha seu próprio lugar, de preferência nomeado e etiquetado para que não haja confusão (CAMARGO, 2011). Seiso: é o senso da Limpeza; não basta apenas limpar, é necessário inspecionar para descobrir e atacar as causas. É recomendado que seja feita pelo próprio usuário do ambiente. Importante, além de cultivar e praticar o hábito de não sujar (CAMARGO, 2011). Seiketsu: as condiçõesdo ambiente de trabalho in�uenciam na saúde de quem vivencia esse ambiente. É necessário manter o ambiente de trabalho sempre higienizado, desta forma tornará o local saudável e agradável. Esta prática favorece o estado físico e mental (SILVA, 2005). Shitsuke: neste senso é importante ter a autodisciplina de pôr em prática, de forma constante, todos os sensos já discutidos aqui. Não basta fazer uma vez, é preciso ser rotina diária (SILVA, 2005). O Quadro 4 traz um compilado de todas as vantagens citadas pelo autor Camargo (2011) em sua obra. Quadro 4 – Vantagens da aplicação do 5S VANTAGENS SEIRI SEITON SEISO SEIKETSU SHITSUKE Liberação de utensílios, equipamentos e documentos desnecessários Rapidez e facilidade na busca dos insumos necessários à atividade Manutenção do ambiente limpo e arrumado (bem-estar) Melhora a saúde e o nível de satisfação geral dos funcionários Cumprimento das atividades com responsabilidade Desocupar espaços Agilidade nos processos Ambiente de trabalho com aspecto de higiene e melhor qualidade de vida Higienização mental e física das pessoas que atuam no local Atendimento à moral, à ética e aos valores pessoais e da organização Melhor visualização e conforto no local de trabalho Controle do uso de equipamentos e documentos necessários Elimina desperdícios e previne acidentes Melhoria do ambiente de trabalho Prática de bons hábitos Evita compras desnecessárias de materiais Estímulo à criatividade Local agradável e saudável para quem nele trabalha Melhoria em todos os setores Administração proativa e participativa Aumenta a produtividade e reduz custos Facilidade de comunicação Ambiente favorável à saúde Facilidade na execução das tarefas Redução do Tempo de Procura Redução dos riscos de acidentes Redução deacidentes Ganho de resultados com qualidade dentro do planejado Racionalizaçãodos espaços Proporciona o autodesenvolvimento pessoal e pro�ssional Evita estoque em duplicidade Qualidade geral dos serviços e das relações interpessoais Racionaliza a execução das Programa de sistemas de sugestões Para Penteado e Kovaleski (2008), as sugestões das ideias muitas vezes têm um foco. Os focos mais comuns são: redução de custo de produto e/ou tempo; aumento de produtividade e melhoria na segurança. Penteado e Kovaleski (2008) citam que o sistema de sugestões depende da necessidade da empresa, no entanto deve sempre possuir uma estrutura simples. Este sistema pode ser do tipo de formulários, �chas, internet/intranet, aplicativos, portais corporativos, entre outros. As ideias sugeridas devem sempre ser registradas e avaliadas pelo responsável do projeto. É interessante também que haja recompensa para a solução escolhida. Souza e Yonamine (2002) descrevem três procedimentos para a aplicação do processo: 1) Todos os funcionários devem ter sua ideia registrada, individualmente ou em grupo. 2) Um time de técnicos, normalmente formado pelos líderes do processo, irão analisar as ideias e separar entre ideias viáveis e ideias não viáveis para a organização. 3) A ideia escolhida, considerada a mais viável no momento para a organização, deve ganhar um prêmio, estímulo em dinheiro ou algum tipo de boni�cação. Programa de círculo de controle– CCQ Chaves (2000) explica que o Programa de Círculo de Controle de Qualidade (CCQ) surgiu no Japão, após a segunda guerra mundial, com o professor Kaoru Ishikawa. Esse programa é composto por funcionários que se voluntariam para tornar o ambiente de trabalho melhor. O CCQ tem a função de promover o trabalho em equipe, estimular o crescimento humano, contribuir para o desenvolvimento da organização e valorizar o ambiente de trabalho e a natureza. O CCQ é composto por pequenos times, geralmente de três a sete funcionários em cada grupo e, no máximo, oito grupos. Os grupos são formados por pessoas do mesmo setor ou de setores próximos e buscam proporcionar a melhoria dos resultados em qualidade, custos, atendimento, moral, meio ambiente e segurança. Os times devem trabalhar com partição total dos seus integrantes em reuniões, que não ultrapassem quatro horas mensais (CHAVES, 2000). Para Gomes e Penedo (2008), as decisões do grupo devem ser tomadas em conjunto, por meio de consenso. Apesar de não ser um projeto com hierarquia, é necessário o apoio de um gestor. Os grupos escolhem os temas e problemas que querem atacar e, por meio de ferramentas, como o brainstorming, sugerem uma possível solução para o problema, passando a solução para o líder e deixando-o aplicar a estratégia. O CCQ é uma ferramenta que auxilia líderes, gerentes e supervisores a solucionarem problemas da empresa com o auxílio de seus funcionários. Nestes grupos de CCQ, os colaboradores devem ter autonomia, um objetivo claro, respeitar as ideias e individualidades dos outros participantes e possuir tarefas Redução do esforço físico e mental Fonte: adaptado de Camargo (2011). senso de cooperação (GOMES; PENEDO, 2008). Programa Seis Sigma Trad e Maximiano (2009) enfatizam que o programa Seis Sigma é considerado a metodologia do século. As empresas têm alcançado resultados impressionantes graças ao programa, que tem o propósito de ganhos drásticos na lucratividade. O programa Seis Sigma é entendido como sendo um sistema amplo e �exível, que tem como objetivo a maximização do sucesso do negócio. O programa é orientado pelo bom entendimento dos requisitos dos clientes, pelo uso disciplinado de dados e análises estatísticas e pelo foco que deve ser dado à melhoria e reinvenção dos processos de negócios (TRAD; MAXIMIANO, 2009). Já Figueiredo (2006) de�ne Seis Sigma como sendo um processo de negócio que permite às organizações expandirem seus lucros por meio da otimização das operações, melhoria da qualidade e eliminação de defeitos, falhas e erros. A empresa que implanta o Seis Sigma não está visando a melhoria na qualidade, mas sim a melhoria da lucratividade. A metodologia Seis Sigma consiste na adoção de um conjunto de técnicas e na capacitação de um quadro de líderes da empresa, conhecidos como Black Belts, para que cheguem a um alto nível de e�ciência na aplicação dessas técnicas. Empresas com sólidos programas Seis Sigma conseguem fazer produtos e serviços melhores, mais baratos e de forma mais rápida, uma vez que a metodologia contribui para prevenir defeitos, encurtar o ciclo de operações e reduzir custos. (FIGUEIREDO, 2006, p. 16). Seis Sigma não introduz nenhum conceito novo. As técnicas e ferramentas estatísticas utilizadas já faziam parte do arsenal da qualidade para eliminação de defeitos. O que difere a abordagem do Seis Sigma e sua forma de implementação que justi�cam seu sucesso (TRAD; MAXIMIANO, 2009). Figueiredo (2006) também a�rma que o sucesso do Seis Sigma é devido ao programa ser baseado nos conhecimentos dos clientes e nos indicadores de desempenho de processo, uma vez que os indicadores alinham as necessidades da empresa com as do cliente. Operar em um elevado nível de qualidade não só resulta em maior satisfação por parte do cliente, como resulta em economia de dinheiro, tempo e material. Para melhor entendimento, a Tabela 1 relaciona a taxa de acerto, taxa de erro (100%-taxa de acerto) e o nível de produtos (oportunidade) de erro por milhão para diferentes escalas de Sigma. Quanto maior o sigma, menor será o defeito presente no produto e maior será o lucro. Figueiredo (2006) relata que o programa Seis Sigma pode ser aplicado em todas as atividades de uma empresa. É uma ferramenta fundamental para as empresas, uma vez que se destina a corrigir causas (e não efeitos), origem dos problemas (e não os seus sintomas) e processos (e não produtos ou atividades isoladas), tornando as melhorias mais duradouras. A seguir alguns exemplos bem- sucedidos de aplicação do Seis Sigma apresentados pelo autor. A empresa Allied Signal, que possui faturamento maior que US$ 14 bilhões e estava à beira da falência há alguns anos, iniciou, no ano de 1994, a implementaçãodo Seis Sigma. A partir de então reduziu seus custos em US$ 2 bilhões e obteve um crescimento de 12%, em 1998, e, de 14,1% no primeiro trimestre de 1999; O presidente da General Electric, Jack Welch, descreve o programa Seis Sigma como “a mais importante iniciativa que a GE já empreendeu”. Só em 1999, a GE economizou mais de US$ 1,5 bilhão por causa do programa. Tabela 1 – Escala de Sigma TAXA DE ACERTO TAXA DE ERRO DEFEITO POR MILHÃO ESCALA SIGMA 30,90% 69,10% 691.462 1 69,10% 30,90% 308.538 2 93,30% 6,70% 66.807 3 99,38% 0,62% 6.210 4 99,98% 0,023% 233 5 100,00% 0,00034% 3,4 6 Fonte: adaptado de Trad e Maximiano (2009). SAIBA MAIS Você sabia que a área de gestão da qualidade é tão grande que existe um curso voltado apenas para o assunto? O curso de Gestão da Qualidade é de formação tecnólogo, com duração de dois anos. O pro�ssional que escolher esta área terá como campo de atuação empresas, principalmente do ramo de petroquímica, alimentícia e automobilística, com o objetivo de implantar e manter um Sistema de Gestão da Qualidade. Há também emprego em empresas de pequeno e médio portes, no geral, para manter a qualidade dos serviços já prestados, além de participar da implantação de padrões e normas aceitos internacionalmente. Outro possível ramo de atuação é em auditorias, para auxiliar a empresa em seus processos de trabalho. Existem instituições nacionais, como o SEBRAE, que disponibilizam cursos de Gestão da Qualidade ou de ferramentas especí�cas para que funcionários, empresários e gerentes possam implementar a qualidade em seus negócios. Fonte: MONTES (2016). REFLITA “A qualidade nunca se obtém por acaso ela é sempre o resultado do esforço inteligente” (Ruskin, J. Political Economy of Art. Smith, Elder & Company, 1868). Na Unidade I houve uma introdução de ferramentas da qualidade, como o �uxograma. Na Unidade II aprofundamos mais nessas ferramentas e aprendemos diversas outras, como o MASP, PDCA, Seis Sigma, 5S, 5W1H e outras. Aprendemos a sua importância e vimos o quão fácil pode ser a sua aplicação. Aprendemos também que essas ferramentas são o grande diferencial das empresas hoje em dia e que elas podem poupar bilhões para uma empresa. Tais conceitos estudados aqui terão grande importância no decorrer do curso. Livro Conclusão - Unidade 2 Filme Unidade 3 Medida do Trabalho AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Introdução Nesta terceira etapa da matéria de Tempos e Métodos Aplicados, serão apresentados o conceito de medida de trabalho e as quatro técnicas mais conhecidas e usuais utilizadas para realizar a medição de trabalho. Veremos o motivo da cronometragem ser a técnica mais utilizada e quais são as vantagens e desvantagens do uso de cada uma das técnicas, bem como suas di�culdades. Medida do Trabalho AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos A intenção aqui será de medir o trabalho, mas como faremos isso? Será necessário determinar o intervalo de tempo que uma operação leva para ser completada. Cada operação irá possuir um tempo padrão que é obtido através dos métodos já estudados de cronometragem. É importante fazer uma série de anotações, tanto sobre o operador como sobre o método de trabalho seguido (MOREIRA, 2008). Segundo Barbosa et al. (2017), a medição do tempo padrão é determinada com os seguintes objetivos: I. Servir para estudos futuros que busquem estabelecer o custo industrial associado a um determinado produto; II. Ser utilizado na avaliação, através da redução ou não do tempo padrão, da troca de método de trabalho quando se faz um estudo de otimização. Segundo Milnitz (2018), há quatro formas principais para a obtenção do tempo padrão: a) estudo de tempos com cronômetros; b) tempos históricos; c) dados padrão pré-determinados; d) amostragem do trabalho. Cada uma dessas técnicas possui vantagens e desvantagens, que pode variar de situação para situação. Os próximos tópicos irão tratar dessas técnicas. Detalhes do Estudo de Tempos Antes de prosseguir com as técnicas de medidas do tempo, Silva (2007) escreve alguns cuidados que se deve ter durante as medidas. I) Antes de iniciar qualquer estudo é necessário comunicar ao operador o que será feito para evitar descon�ança e causar atritos desnecessários. II) É fundamental conhecer a operação que será medida, conhecer o local, os equipamentos que estão envolvidos, as condições de operação e detalhes gerais. III) Se necessário, para facilitar o estudo da medida, deve dividir a tarefa em partes, chamadas de processos ou elementos. A quantidade de elementos �ca a cargo do analista, que irá medir o tempo e organizar da forma que achar melhor. Cronometragem AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Antes de se obter o tempo padrão de uma operação, Moreira (2008) relata que há dois tipos de tempos que antes devem ser determinados sobre essa mesma operação: o tempo real e o tempo normal. Bastos (2017) de�ne tempo real como sendo aquele que é marcado quando é realizada uma operação. Normalmente é obtido por meio da cronometragem direta do operador em seu posto de trabalho, podendo variar de colaborador para colaborador ou variando até mesmo para o mesmo colaborador em momentos diferentes. Dessa forma, será necessário realizar uma série de marcações para que possa fazer uma média e ter um valor con�ável. O tempo real (a partir da média) é corrigido e resultará no tempo normal. O tempo normal é o tempo em que um operador leva para executar sua função em velocidade normal. Velocidade normal é aquela em que o operador consegue manter durante todo o período de trabalho, sem causar fadiga. Um operador trabalhando em velocidade normal possui e�ciência de 100%. Seguindo essa lógica, um trabalho que tem um menor tempo possui e�ciência acima de 100%, e o trabalhador com tempo maior possui e�ciência menor que 100%. O analista que está marcando esse tempo deve ser previamente treinado e capacitado para que não fuja dos padrões (MOREIRA, 2008). Uma vez obtido o tempo normal, o tempo padrão é aquele requerido por uma operação, quando as interrupções e condições especiais da operação forem levadas em conta. Costuma-se, para tanto, acrescentar ao tempo normal um certo percentual de tempo perdido devido à fadiga e às demoras inevitáveis, ou seja, que não dependem da vontade do operador (MOREIRA, 2008, p. 242). Para a aplicação da técnica, antes há de ser respondida a seguinte questão: quantas medidas são necessárias? Ou seja, qual o número de ciclos a ser cronometrado? Santos et al. (2017) relatam duas possíveis formas de se de�nir esse número: 1) Pelo bom senso em que o analista vai fazendo medidas conforme ele acha necessário e para quando sente con�ança; 2) Por meio de um cálculo estatístico que será explicado a seguir. Não iremos entrar em detalhes de cálculos estatísticos, cálculos que são baseados na distribuição normal de probabilidade. No entanto, para compreender o cálculo, é necessário compreender o seguinte raciocínio: o analista deseja fazer um número “N” de medidas; esse número “N” tendo um grau de con�ança (chamado de “C”, medido em porcentagem de 0 a 100%). A média obtida desses N ciclos não pode ser diferente em mais de “a”%” (chamado de erro ou te precisão (MOREIRA, 2008). Para se obter o número de medidas, é necessário primeiro que haja um número de “n” medidas iniciais. É necessário que seja determinada sua média “x” e seu desvio padrão “s”. A Equação 1 nos dá como resposta o número N de ciclos (FERREIRA, 2013). Equação 1 Em que: z = corresponde ao grau de con�ança C desejado (dado um grau de con�ança C, o valor de Z é obtido de tabelas de curva normal); s = desvio padrão das medidas; a = precisão �nal desejada (valor em porcentagem); x = média das amostras. Vejamos agora um exemplo retirado de Moreira (2008). Em uma organização, uma atividade é constituída por três processos com tempos distintos, pela cronometragem, a partir de cinco medidas amostrais, construiu-se a tabela a seguir: N = ( )2 100 ∗ z ∗ sa ∗ x Para um grau de con�ança de 95%, com a média �nal no intervalo (erro) de 10% para mais ou menos, de�na o número de ciclos necessários. SOLUÇÃO: Escolhe-se o elemento de maior coe�ciente de variação. Neste caso, o elemento B, pois é o elemento que levará ao maior número de medidas e por ser um processo, essa medida será a mesma para todas as atividades. Temos: z = 1,96 (grau de con�ança de 95%), retirado da tabela da normal reduzida a = 10% x= 14,2 (retirado da tabela) s= 4,0 (retirado da tabela) Aplica-se a fórmula: Logo, conclui-se que o número de ciclos ideal a ser medido é de 30. Tabela 1 - Exemplo ELEMENTO x s COEFICIENTE DE VARIAÇÃO A 25,10 5,40 0,22 B 14,20 4,00 0,28 C 34,60 8,90 0,26 Fonte: adaptado de Moreira (2008). N = ( )2 = ( )2 = 30 100 ∗ z ∗ s a ∗ x 100 ∗ 1, 96 ∗ 4 10 ∗ 14, 2 Tempos Históricos AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Moreira (2008) caracteriza tempos históricos como sendo um derivado dos próprios estudos de tempo da empresa. O autor explica que é normal, com o passar dos anos, os processos produtivos da organização sofrerem alterações. No entanto, há elementos e processos que podem não mudar e permanecerem imutáveis por anos. Cabe ao analista de tempo notar esses processos e tomar o valor do seu tempo do histórico registrado, poupando, assim, o retrabalho de cronometrar o processo novamente. O autor elaborou um passo a passo para o uso desse arquivo: Pode ser que aconteça do tempo normal relativo a um elemento variar em função de características próprias da operação ou até mesmo em função do operador, equipamento ou material utilizado. Exempli�cando, pode ser que o arquivo possua um registro de tempo para mover uma ferramenta do ponto A para o ponto B por uma distância “X”, no entanto pode ser que não haja o registro de tempo para a distância “X”, mas contenha o tempo para outras distâncias, tornando possível uma interpolação de resultados (PEINADO; GRAEML, 2007). Para Moreira (2008), o arquivo de dados históricos apresenta como vantagem a eliminação do custo envolvido na determinação de tempo, além de eliminar a necessidade de avaliar a e�ciência do operador. Moreira (2008) a�rma ainda que essas vantagens são obtidas a partir do tempo registrado já normalizado, ou seja, do tempo registrado com a margem de erro inserida. Porém o método apresenta a desvantagem de necessitar frequente atualização, além de poder perpetuar medidas erradas feitas no passado. I) O primeiro passo é analisar a operação que será cronometrada e identi�car seus elementos, separando-os em classes (serão colocados na mesma classe elementos que possuem semelhança). Desta forma, operações que pertencem à mesma classe, terão elementos iguais ou semelhantes; II) O segundo passo é veri�car nos registros, caso a empresa já possua um, quais os processos já possuem seu tempo cronometrado; III) Usar cronometragem direta para os elementos dos processos que não constam no arquivo; IV) Após cronometrar o tempo de cada elemento de todas as classes, deve-se somar o tempo dos elementos para obter o tempo total normal da operação completa; V) Aplicar a tolerância devida para obter o tempo padrão. Tempo pré-determinado (Sistema MTM) AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos De acordo Moreira (2008), dados padrões predeterminados são tempos normais elementares publicados por associações especializadas. Esses elementos recebem o nome de “therbling”, pois são elementos de ações curtas/rápidas, como mostra a Figura 1. Figura 1 – Ações conhecidas como therbling Fonte: adaptado de New Machine Parts (2014). Esses elementos chamados de therbling podem ser utilizados para a composição de operações que nem existem ainda para estimar o seu tempo total ou parcial (NOVASKI; SUGAI, 2002). Há vários sistemas que trabalham em cima do tempo pré-determinado, um dos mais conhecidos é o chamado Sistema MTM (Methods Time Measurement), desenvolvido na década de 40 pelo Methods Engineering Council. Nesse sistema existe uma unidade de tempo própria, chamada de TMU (Time Measurement Unit), 1 TMU pode ser equiparado a 0,00001 horas, ou a 0,0006 minutos ou ainda a 0,036 segundos (MOREIRA, 2008) Machado (2017) relata que o MTM apresenta diversas tabelas já com o registro de tempo para uma série de atividades básicas, como mover, girar, levantar, sentar, soltar entre outras. As tabelas também apresentam os tempos para diferentes circunstâncias. Na Tabela 2 há um exemplo de uma tabela MTM para a ação “girar e aplicar pressão”. Segundo Machado (2017), o uso do MTM apresenta inúmeras vantagens, como a eliminação da avaliação de um operador, maior nível de precisão e noção do tempo de operação antes mesmo da operação ser projetada e executada. No entanto há também desvantagens, como o alto nível de treinamento e cursos especí�cos que um analista de tempo precisa fazer para executar a técnica sem falhas e vícios. Tabela 2 – Tabela de tempo MTM para a função de giro com aplicação de pressão TEMPO MTM PARA GRAU DE GIRO PESO (kg) 30° 45° 60° 75° 90° 105° 120° 135° 150° 165° 180° PEQUENO - 0 A 0,90 2,8 3,5 4,1 4,8 5,4 6,1 6,8 7,4 8,1 8,7 9,4 MÉDIO - 0,91 A 4,50 4,4 5,5 6,5 7,5 8,5 9,6 10,6 11,6 12,7 13,7 14 GRANDE - 4,51 A 16,00 8,4 10,5 12,3 14,4 16,2 18,3 20,4 22,2 24,3 26,1 28,2 Fonte: adaptado de Document (2015). Amostragem do trabalho AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Em 1930, na Inglaterra, Tippet desenvolveu uma técnica estatística chamada “amostragem de trabalho” para aplicação na indústria têxtil (SILVA, 2007). Atualmente a técnica possui diversas aplicações, não se restringindo apenas à indústria têxtil. Uma importante aplicação que vale a pena destacar é determinar a porcentagem de tempo que os operários e/ou máquinas utilizam em determinadas atividades. Para isso é necessário observar o trabalho e reparar nos intervalos aleatórios de tempo. Por exemplo, um analista observa 600 vezes e elabora uma planilha de observações do operário, separando as atividades que o operário executa. A tabela seria no esquema da Tabela 3. Logo de cara, Moreira (2008) demonstra que a anotação deve ser simples e clara, sendo necessário ser �el à atividade executada pelo operário, para que o nível de acerto da técnica seja o maior possível. Nesta técnica há dois problemas que devem ser solucionados para a aplicação do método. O primeiro é de�nir um número N de observações que precisam ser feitas e o segundo é referente à escolha dos horários que as observações irão ser realizadas, levando em conta que deverão ser horários aleatórios (MOREIRA, 2008). A determinação do número de ciclos “N” é semelhante à já estudada na técnica de cronometragem. Como pudemos analisar no exemplo dado no tópico da cronometragem, o elemento que serviu de base para o cálculo foi o elemento que possuía o maior número de variação, aqui será escolhido o elemento de maior variação. Tabela 3 – Anotações de atividades de um analista ATIVIDADE NÚMERO DE OBSERVAÇÃO Trabalhando 415 Aguardando Material 85 Conversando 54 Ausente 46 Total 600 Fonte: adaptado de Moreira (2008). Chamaremos de “p” a probabilidade de ocorrência, “N” continuará sendo o número de ciclos e “C” o grau de con�ança com um intervalo de erro “a”%. Logo, temos a Equação 2, apresentada a seguir: Equação 2 Em que: z = corresponde ao grau de con�ança C desejado (dado um grau de con�ança C, o valor de Z é obtido de tabelas de curva normal); a = precisão �nal desejada (valor em porcentagem); p = probabilidade de ocorrência. Vejamos agora um exemplo retirado de Moreira (2008). Tomando como exemplo a Tabela 3, deseja-se um grau de con�ança de 95% com um erro de 10%. SOLUÇÃO: p= proporção para “Ausente” (menor frequência) é de 46/600 = 0,08; z = 1,96 (tabela de áreas sob a normal reduzida) a = 10% Aplicando Por meio da fórmula é possível notar que a medida que “p” diminuiu, o número de ciclos aumenta, como já foi dito, é por esse motivo que é rotineiro adotar como base a menor frequência, ao contrário do que éfeito na cronometragem. N = ( )2 ∗ ( ) 100 ∗ z a 1 − p p N = ( )2 ∗ ( ) = ( )2 ∗ ( ) = 4418 100 ∗ z a 1 − p p 100 ∗ 1, 96 10 1 − 0, 008 0, 008 SAIBA MAIS O líder de uma distribuidora precisa determinar o número de funcionários a ser contratados para garantir a realização de todas as tarefas com qualidade e no prazo planejado/acordado. Cabe ao líder de produção de�nir a quantidade de matéria-prima necessária para atender as demandas da produção para que se possa adequar o número de operários para atender a demanda sem comprometer prazos. Embora pareça que são problemas distintos, a base para a solução de ambos é a mesma: o dimensionamento de recurso humano para a execução das tarefas propostas. Esse dimensionamento depende principalmente de dois fatores: a demanda a ser atendida e a capacidade de recurso necessário para atendê-la. A demanda é expressa baseada no tempo de execução da tarefa de tal forma que a qualidade seja atendida. Uma vez que o processo é conhecido, planejado e executado, é possível determinar o tempo de duração de cada um. Todo o trabalho pode ser planejado de forma certeira quando se conhece o tempo gasto nas atividades e os recursos que serão necessários. Logo, o estudo de tempos e métodos – a de�nição de “como fazer” e “quanto tempo” utilizar – é a base racional e fundamental para a adequação de recursos, evitando desperdício, ociosidade e tempo. Fonte: o autor. REFLITA “A sabedoria consiste em compreender que o tempo dedicado ao trabalho nunca é perdido.” EMERSON, R. W. A Conduta Da Vida. 1° Edição. Auster. 2019. A terceira unidade trouxe, de forma mais aprofundada, o conceito de cronometragem. Aprendemos que existem duas técnicas para de�nir o número de ciclos na cronometragem e vimos como o cálculo é feito. Nas outras técnicas citadas no decorrer da unidade, vimos as di�culdades que elas apresentam e quais as suas vantagens. Pelas técnicas apresentadas pudemos ter noção do quão profundo o estudo de tempos e métodos pode ser e o quão interdisciplinar também, precisando de conceitos estatísticos para compreender alguns pontos. Por �m, foi apresentado e ensinado via exemplo o cálculo do número de amostragem para a técnica de amostragem, que pode ser tão interessante quanto a de cronometragem, que é a mais utilizada atualmente. Leitura complementar Deixo como leitura complementar um estudo de caso realizado na cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, em que os pesquisadores estudaram o tempo dos processos por meio da cronoanálise e propuseram uma otimização do processo a partir das conclusões retiradas do método. O artigo é da revista eletrônica Gestão e Sociedade e se chama Estudo de Tempos e Métodos no Processo Produtivo de uma Pani�cadora Localizada em Mossoró/RN. Segue o resumo elaborado pelos autores: “Este estudo tem por objetivo analisar como o estudo de tempos e métodos pode auxiliar na otimização do processo produtivo de uma pani�cadora localizada na cidade de Mossoró/RN com foco na de�nição do tempo padrão de uma operação, através das ferramentas de cronoanálise e cronometragem. Os dados foram Conclusão - Unidade 3 coletados por meio de entrevistas, questionários semiestruturados e observação in loco com o auxílio de cronômetro, �lmadora e preenchimento da folha de observações com o operário que realiza a operação. Os resultados demonstram a de�nição do tempo padrão em 70,7481 minutos, determinação da capacidade produtiva e sugestões para a melhoria do processo produtivo. A conclusão indica que essa quantidade de tempo é necessária para desenvolver a operação, usando os métodos e equipamentos fornecidos. Entretanto, com as sugestões propostas, esse tempo pode ser melhorado para a otimização do processo produtivo”. Fonte: Vieira (2015). Disponível em: ACESSAR Livro https://www.gestaoesociedade.org/gestaoesociedade/article/view/2029 Filme Unidade 4 Organização do trabalho AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Introdução Nesta última unidade iremos falar sobre conceitos importantes a respeito de �loso�as japonesas. Entre tantas já estudadas, como o 5S e o Kanban, aqui falaremos da autonomação e da polivalências, ambas �loso�as japonesas que têm grande impacto na indústria. Falaremos, ainda, do conceito de enriquecimento de cargo e do semi autônomo, em ambos os casos o funcionário acaba ganhando mais liberdade para realizar suas atividades no trabalho. Finalizaremos com gestão participativa, que é um assunto que deveria ter um foco maior por parte das organizações, uma vez que lida com o bem-estar dos seus funcionários. Racionalização do trabalho (Administração Cientí�ca do trabalho) AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Taylor (1970) explica que o objetivo principal da administração deve ser o de garantir prosperidade ao patrão e ao empregado simultaneamente. No entanto, apesar de parecer óbvio, possivelmente, ambas as partes não acreditam que seja possível alcançar a prosperidade juntos. É nesse contexto que surge a administração cientí�ca, que consiste fundamentalmente em princípios ou �loso�as que aumentam a produtividade da organização de tal forma que bene�cia tanto o patrão quanto o empregado. A ideia de tarefa, para Taylor (1970), é um dos elementos mais importantes no contexto da administração cientí�ca. A tarefa de cada colaborador deve ser planejada pelos supervisores com antecedência, sendo recomendado que se apresente instruções inscritas de forma detalhada de como a tarefa deve ser realizada, especi�cando o material e equipamento a ser utilizado, além do tempo exato que a tarefa deverá levar para ser executada. Quando o funcionário executa esse plano com maestria, é recomendado que a empresa dê uma boni�cação ao funcionário para estimulá-lo. Souza (2017) destaca quatro princípios fundamentais para a administração cientí�ca: I) PRINCÍPIO DO PLANEJAMENTO: o princípio diz que é necessário substituir a improvisação e o empirismo do funcionário por métodos e�cientes, testados e planejados com antecedência para evitar situações inesperadas na hora da execução. II) PRINCÍPIO DA PREPARAÇÃO DOS TRABALHADORES: é importante analisar as características e habilidades do operador. É necessário fornecer treinamentos e prepará-lo para produzir mais e melhor. É importante também ter um arranjo físico favorável em que as máquinas, materiais e equipamentos estejam alojados em posições estratégicas. III) PRINCÍPIO DO CONTROLE: consiste na supervisão da gerência perante seus colaboradores. É importante ter a certeza de que os métodos que estão sendo executados são os mesmos que foram previamente planejados no plano de produção. IV) PRINCÍPIO DA EXECUÇÃO: consiste em dividir funções e responsabilidade de forma justa e equivalente perante os funcionários, para que não haja confusão ou injustiças. Com a aplicação desses princípios e com a divisão justa entre a gerência e seus colaboradores, das partes de cada tarefa diária, a gerência encarrega-se das atribuições para as quais está mais bem treinada, enquanto os operários encarregam- se das restantes, para as quais foram treinados e supervisionados (TAYLOR, 1970) Bezerra (2017) destaca que o meio de aprendizado dos operários nas indústrias foi um dos pontos mais importantes que Taylor identi�cou em sua literatura. Bezerra escreve que os operadores aprendiam suas funções e até novas funções por meio da observação e orientações de colegas próximos ao seu posto de trabalho. No entanto, a partir da observação, derivaram-se diversos métodos de execução para uma mesma tarefa. Foi justamente por isso que se criou a decomposição das tarefas, para buscar o melhor método utilizado. Essa decomposição é chamada de Organização Racional do Trabalho. Bezerra (2017) descreve cada uma dessas etapas: ANÁLISE DO TRABALHO E DO ESTUDO DOS TEMPOS E MOVIMENTOS: é o método mais básico para se racionalizar o trabalho dos operadores, uma vez que a partir desse estudo as tarefas são observadas de forma metódica com o auxílio de um cronômetro e prancha de observação.Esse assunto já foi abordado e estudado nas unidades anteriores. ESTUDO DA FADIGA HUMANA: tem como objetivo principal evitar movimentos que não agregam valor à atividade executada. O estudo é feito baseado na �siologia humana, respeitando sempre os limites do corpo humano para que não seja causada nenhuma lesão. O estudo busca apenas eliminar a baixa qualidade do trabalho, baixa produtividade, a perda de tempo, fatores que surgem quando a fadiga humana aparece. DIVISÃO DO TRABALHO E ESPECIALIZAÇÃO DO OPERÁRIO: o estudo do tempo e movimento trouxe como benefício a reestruturação do trabalho, eliminando movimentos desnecessários, como consequência a economia de energia e tempo. O estudo do tempo teve/tem como �nalidade a divisão do trabalho e sua especialização, em suma, funções claras e distintas que otimizam a produção. DESENHO DE CARGOS E TAREFAS: é considerado tarefa toda atividade exercida por um colaborador dentro da empresa, enquanto cargo é tido como um conjunto de tarefas que são realizadas de maneira cíclica. Desenhar um cargo é o mesmo que detalhar seu conteúdo. A ação de desenhar um cargo traz benefícios, como a facilidade de supervisão, a redução de erros e a minimização de custos de treinamento. INCENTIVOS SALARIAIS E PRÊMIOS DE PRODUÇÃO: foi o método mais e�ciente encontrado para elevar a e�ciência dos operadores, trabalhando dentro do tempo estabelecido. O conceito inicial era de que a remuneração deveria ter como base a e�ciência e produção de cada operador, ao invés de ser pago mensalmente. Pela lógica, quem trabalha mais deve ganhar mais. CONCEITO DE HOMO ECONOMICUS: é considerado polêmico, pois diz que o homem procura o trabalho não por gostar de trabalhar, mas sim pelas recompensas materiais e salariais. Logo, uma vez que o operador é selecionado, ensinado e remunerado, ele, em tese, deve produzir o máximo dentro de sua capacidade. CONDIÇÕES DE TRABALHO: o princípio diz que o ambiente industrial é um fator que in�uencia diretamente na e�ciência do operador. Através de estudos constatou-se que esse fator não apenas contribui na produtividade, mas também na redução da fadiga e de outros aspectos negativos. Esse princípio envolve: adequação de layout, melhorias no ambiente físico, melhoria de ferramentas e equipamentos. PADRONIZAÇÃO: a administração cientí�ca e a organização racional do trabalho não apenas levam em conta fatores como a fadiga dos operários, análise do trabalho, incentivos salariais e o estudo dos tempos e movimentos, mas também leva em conta a padronização dos processos e métodos de trabalho, estimulando a padronização das máquinas e equipamentos, ferramentas de trabalho e componentes, fatores que acabaram favorecendo a redução do desperdício e o aumento da produtividade. SUPERVISÃO FUNCIONAL: o princípio diz que a especialização de um funcionário deve sempre vir acompanhada com a especialização de um supervisor. Esse conceito abraça a ideia da coexistência de diversos supervisores, sendo cada um dos supervisores especializados em uma área especí�ca, �cando assim com a menor quantidade possível de função e acabando com a centralização da autoridade, pensamento muito defendido por Taylor. Taylor (1970) elenca alguns elementos básicos da administração cientí�ca: 1. estudo do tempo com os materiais e métodos para realizá-lo corretamente; 2. che�a numerosa e funcional; 3. padronização dos instrumentos e materiais usados na fábrica e também dos movimentos; 4. necessidade de uma seção ou sala de planejamento; 5. uso de régua de cálculo e recursos semelhantes para economizar tempo; 6. �chas de instrução para o trabalhador; 7. ideia de tarefa na administração associado à boni�cação; 8. sistema de rotina. Taylor (1970) também elenca alguns elementos que ajudam a concretizar a �loso�a da administração cientí�ca: 1. ciência no lugar do empirismo; 2. harmonia em vez de discorrida; 3. cooperação, não individualismo; 4. rendimento máximo em lugar de produção reduzida; 5. desenvolvimento de cada homem no sentido de alcançar maior e�ciência e prosperidade. Para concluir, Taylor (1970) diz que a administração cientí�ca, para aqueles que a adotarem, signi�cará a eliminação de possíveis disputas, rixas e desentendimentos internos que possam ocorrer dentro de uma organização. Toyotismo - Polivalência e Automação AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Pinto (2007) a�rma que o sistema de organização do trabalho, conhecido como toyotismo, teve seu início em um contexto temporal muito diferente dos outros sistemas (taylorismo e fordismo). Enquanto o taylorismo e o fordismo tiveram seu surgimento em um período de expansão econômica com alta do mercado consumidor, o toyotismo surgiu num contexto de pouco crescimento. Era necessário juntar duas características consideradas antagônicas (PINTO, 2007): aumentar a produtividade dentro do limite de uma produção que não se baseasse na grande escala e aumentar a capacidade de se produzir pequenas quantidades de diversos produtos. Essas duas características foram sendo alcançadas pela Toyota por meio de ajustes, ensaios e adaptações. A Toyota implantou elementos que culminaram em um sistema conhecido como Jidoka (autonomação em português). Autonomação é uma palavra que nasceu a partir da junção de outras duas: automação e autonomia. Isso é devido ao seu processo em que as máquinas passaram a ter um mecanismo de parada automática em caso de detecção de defeito ou falha na fabricação do produto. Esse mecanismo passou a permitir que as máquinas operassem de forma autônoma, sem precisar de um operador supervisionando. O Jidoka/Autonomação fez com que fosse atribuída a condução de diversas máquinas a apenas um funcionário, rompendo a tradição de um trabalhador por máquinas (PASA, 2004). Polivalência Para Benevides Filho (1999), funcionários polivalentes são aqueles que executam não apenas suas tarefas, mas também se arriscam a executar outras tarefas básicas da produção, além de controlar a qualidade do produto e manter o local de trabalho limpo. Medeiros (2002) explica que uma das formas de obter a polivalência dos funcionários é através da célula de manufatura. Relembrando que o conceito de célula de manufatura ou arranjo físico celular é aquele que um conjunto de tarefas semelhantes é agrupado de forma próxima para que o produto não precise percorrer longas distâncias, como mostra a Figura 1. Figura 1 – Representação de alguns tipos de célula de manufatura a) Máquina Célula c) Célula em linha d) Célula em “ loop ” b) Célula em “U” MC M1 M2 M2 M2 M1 M1 M1 M5 M5 M5 M6 M7 M8 M4 M4 M4 M2 M3 M3 M3 M3 Fonte: Benevides Filho (1999). Esse tipo de disposição de máquinas pela célula de manufatura permite que os operadores se movimentam de forma mais fácil, simpli�cando a supervisão de várias máquinas por apenas um funcionário. É importante lembrar que na maioria das vezes são várias máquinas pequenas, de baixo custo e de ciclo único e automático (BENEVIDES FILHO, 1999). Benevides Filho (1999) traz três técnicas que as empresas podem usar para obter funcionários polivalentes: TREINAMENTO DOS SUPERVISORES E ENCARREGADOS: inicia-se sempre pelo mais fácil, ou seja, trabalhando em cima das funções essenciais. Após a execução dessas tarefas, vem a capacitação de novas funções. A ideia é fazer com que os supervisores, encarregados e líderes envolvidos tenham consciência e entendimento da linha de produção em que estão envolvidos. Desta forma, criarão pensamento crítico e visão sistêmica de todo o processo, características que serão úteis em eventuais tomadas de decisões. TREINAMENTO DOS OPERADORES: essa etapa consiste em especializar cada funcionário em sua devida função. É fundamental que o operador conheça muito bem sua função para que possa prosseguir para outros treinamentos. A �loso�a do Just In Time impede que ocorra Job-Rotation (Rotação de Trabalho) sem que os funcionários possuam conhecimento da função. ROTAÇÃO DOS OPERADORES: a última etapa consiste na rotaçãode operadores, essa etapa só pode acontecer após os operadores possuírem um completo domínio sobre determinada função. Desta forma, um funcionário, ao �nal do programa de treinamento, será apto a desempenhar todas ou quase todas as funções requeridas. Enriquecimento de Cargos AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Cândido (2015) descreve a motivação no trabalho como sendo fruto do que ele chama de enriquecimento das tarefas ou cargos. Neste quesito, as tarefas mais fáceis seriam substituídas por tarefas de maior grau de di�culdade, dependendo, claro, do colaborador. Como resultado direto do enriquecimento de tarefas, há o aumento da produtividade, da motivação e a redução do absenteísmo (atrasos e faltas ao serviço). Ferreira et. al. (2006) apresentam a teoria dos dois fatores postulada por Frederick Herzberg, em 1997. A teoria apresenta dois fatores envolvidos na produção que ajudam na satisfação e motivação no trabalho. Esses dois fatores são separados e distintos dos fatores que levam à insatisfação no trabalho, isso porque o sentimento de satisfação e insatisfação não são sentimentos antagônicos. Para o criador da teoria, o oposto de satisfação é a ausência de satisfação e não insatisfação. Esta teoria divide os fatores de motivação em higiênicos e motivadores, sendo que os higiênicos abrangem todos os benefícios oferecidos pela empresa, tais como: ambiente de trabalho, relacionamento com os superiores, segurança no emprego, benefícios sociais e salário, que são vistos como fatores que podem gerar insatisfação e, quando estes fatores estiverem apropriados, as pessoas não �carão insatisfeitas. Já os fatores motivadores, que estão relacionados com o cargo ocupado pelo empregado e abrange: reconhecimento e oportunidade de progresso pro�ssional, responsabilidade e realização e levam os funcionários de estados de não-satisfação ao estado de satisfação. (FERREIRA et al., 2006, p. 8). O enriquecimento do cargo é uma das formas de aumentar a satisfação dos funcionários de uma organização, uma vez que tal enriquecimento favorece o crescimento não apenas pessoal do colaborador, mas também psicológico, (HERZBERG, 1997). Ferreira et al. (2006) descrevem que a implantação do enriquecimento não é algo que deve ser feito de uma vez, mas sim em processo gradual. As mudanças iniciais precisam durar um período consideravelmente grande, de tal forma que impulsione o cargo para cima. Esse grande período permitirá que os colaboradores com grandes habilidades se destaquem e consigam promoções. A teoria dos dois fatores ajudou na compreensão da motivação para o trabalho em alguns aspectos importantes e bem especí�cos, como na possibilidade do operador ter maior autonomia para a realização de suas atividades. Grupos semi-autônomos AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Lannes (1999) explica que o termo "semi autônomo" enfatiza a característica de um grupo de trabalho que atua na regulação de uma grande série de fatores que afeta a organização do trabalho dentro do grupo, assim como assuntos internos abrangendo desde a seleção dos membros até a escolha do líder. O autor cita ainda alguns critérios que caracterizam os grupos semi autônomos: Trabalhadores que se encontram em uma unidade de produção limitada (tanto �sicamente quanto organizacionalmente), que compartilham tarefas que são divididas em subtarefas, e assumem responsabilidade compartilhada a longo termo; O grupo semi autônomos possui alto grau de autonomia, muitas vezes cabe ao grupo a coordenação da sequência do trabalho e a alocação de trabalhos e tarefas dentro da unidade de produção; Cada membro do grupo pode executar uma variedade de subtarefas, dependendo de sua capacidade e da necessidade; Atrelado ao conceito de grupo semi autônomo está o conceito de enriquecimento de função, já estudado no tópico anterior. Como os funcionários possuem determinada liberdade para expandirem seu ambiente de trabalho, isso faz com que cada membro execute tarefas desa�adoras. Sera�m (2005) explica que, nos grupos semiautônomos, a autonomia dada de forma gradual vem com a descentralização do processo de decisão sobre métodos, alocação e gestão de recursos. Essa necessidade de aumentar a �exibilidade dentro de uma organização é o principal motivo que faz com que as empresas adotem o trabalho em grupo, uma vez que os grupos semi autônomos oferecem potencialmente respostas mais adequadas à demanda por �exibilidade. Borges (2019) apresenta, em seus estudos, algumas características dos grupos semi- autônomos: Descentralização do trabalho, hierarquia plana e ampla delegação de responsabilidades; Requali�cação contínua dos colaboradores, voltada para o produto; Integração de todo processo de produção da empresa; Bens fabricados em pequena escala em plantas �exíveis e direcionados para certos nichos de mercado; Automação �exível; Permite rotatividade de atividades e amplitude de tarefas; Marx (1992) explica que a característica de grupo semi autônomo nasceu na Planta de Kalmar, na Suécia, na montadora de automóveis da Volvo. Essa �loso�a de autonomia compartilhada entre funcionários pode ser implantada de diversas formas, dependendo apenas do gestor que supervisiona seus funcionários. A Gestão Participativa AUTORIA Felipe Delapria Dias dos Santos Para Ávilla (2019) o conceito de gestão participativa é bem simples. Todas as pessoas envolvidas em determinada função ou atividade deverão ter in�uência nas decisões tomadas. Não é bagunça, é uma forma de aproximar e levar em consideração diferentes opiniões. O papel do líder não deixa de existir, a única diferença é que outras opiniões são levadas em conta antes da decisão �nal. Segundo a ANA (2016), gestão participativa é um processo de diálogo que procura envolver diversos setores e funcionários em uma determinada questão, seja para compartilhar conhecimentos sobre um tema, para a identi�cação coletiva de desa�os ou ainda para planejar ações e tomar decisões coletivamente. Ávilla (2019) destaca quatro dimensões que a gestão participativa envolve: Comportamental: uma das dimensões mais difíceis de controlar, uma vez que a presença de gerentes ou líderes autoritários e impositivos podem causar uma barreira na implantação da gestão participativa. Aqui, o comportamento estimulado deve ser o de con�ança e cooperação e não apenas de mandar. Estrutural: o excesso de hierarquia pode ser uma barreira para a implantação da gestão participativa, tendo em vista que essa hierarquia extensa pode favorecer e centralizar a gestão e não abrir a gestão para novas sugestões. Interfaces e Stakeholders: gestão participativa não é apenas dentro da organização, pode signi�car também abrir a conversa para as outras partes envolvidas, como os clientes e �nanciadores (stakeholders). Resultados: uma coisa que pode ajudar nesse processo é ter uma gestão muito voltada para a análise de dados e obtenção de resultados. Nessa etapa o cargo não é importante em relação ao que os dados dizem. Se os dados indicam que determinado caminho deve ser seguido, é esse caminho que deverá ser trilhado, acabando com o poder de decisão centralizado e absoluto em apenas uma pessoa de cargo maior. A gestão participativa é um processo contínuo e isso deve ser entendido por todos. A gestão participativa é parte de uma vivência política e social que não deve ser esgotada ao alcance do objetivo, ela deve permanecer e perpetuar para outros objetivos de forma contínua (ANA, 2016). Para a administração participativa ser e�ciente, o processo decisorial deve ser totalmente delegado e descentralizado, as informações totalmente compartilhadas, sendo que a comunicação deve observar os princípios de clareza, coerência e adequação e os sistemas de recompensas materiais e salariais devem ser frequentes, com punições raras e de�nidas pelo grupo. (SANTOS et al, 2002, p. 3). SAIBA MAIS Você sabia que a ideia de gestão participativa existe desde os primórdios? A ideia de participação existe desde a Antiguidade, com onome de democracia. A partir da 2ª Guerra Mundial passou a assumir forma concreta e despertar o interesse das organizações. Data dessa época o estabelecimento ou restabelecimento da participação dos comitês ou conselhos, com objetivo básico de garantir a harmonia social e a mutação da sociedade através da empresa. A Gestão Participativa corresponde a um conjunto de princípios e processos que defendem e permitem o envolvimento regular e signi�cativo dos trabalhadores na de�nição de metas e objetivos, na resolução de problemas, no processo de tomada de decisão, no acesso à informação e no controle da execução. Fonte: Santos (2002). REFLITA “Comandar muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização.". Tzu, S. A Arte da Guerra: Os treze capítulos completos. Edição de Luxo. Jardim dos Livros. 2008. https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Sun+Tzu&search-alias=books Nesta última unidade tivemos que relembrar conceitos tratados em outras matérias, como arranjo físico e até mesmo conceitos tratados em apostilas anteriores a essa, como o estudo dos tempos e métodos. Aqui aprendemos conceitos importantes introduzidos por Toyota em sua fábrica, vimos que a polivalência e a autonomação são �loso�as que se tornaram essenciais para a competição de uma organização; e que uma boa gestão de pessoas, agregada a enriquecimento de cargo e valorização dos funcionários, pode fazer total diferença tanto no ambiente de trabalho quanto na e�ciência da produção. Leitura complementar Como leitura complementar deixo aqui o resumo de um estudo de caso feito em uma siderúrgica de Juiz de Fora. O estudo de caso teve bons resultados e foi postado na revista Gestão e Desenvolvimento com o título de Gestão Participativa: um estudo de caso analisando a caixa de sugestões como ferramenta de gestão, pelos autores Fabiana Mendes, Débora Vargas Ferreira Costa, Victor Cláudio Paradela Ferreira. RESUMO As características do atual ambiente de negócios têm levado um crescente número de empresas a investir na aquisição de maior competência na gestão de pessoas. Para melhor enfrentar os desa�os contemporâneos, as organizações precisam criar mecanismos que favoreçam o envolvimento de seus trabalhadores com os objetivos corporativos. A gestão participativa é vista, por diversos estudiosos, como um dos possíveis instrumentos para o alcance desse objetivo. O presente artigo aborda o caso de uma siderúrgica situada na cidade de Juiz de Fora – MG, que tem investido em Conclusão - Unidade 4 programas participativos. Enfoca especi�camente a ferramenta caixa de mensagens, buscando identi�car de que forma tem sido percebida pelos funcionários. Após um levantamento bibliográ�co e documental, foi efetuada uma pesquisa de campo, com aplicação de questionário em uma amostra de trabalhadores da empresa, buscando entender a forma como a caixa de mensagens tem sido percebida e utilizada pelos trabalhadores, apresentando ao �nal algumas sugestões para o seu aprimoramento. Os participantes avaliaram positivamente a ferramenta de gestão participativa, que tem se tornado um importante diferencial para a empresa, por ser uma ferramenta que favorece o comprometimento do trabalhador com a organização. Fonte: Mendes, Costa e Ferreira (2014). Disponível em: ACESSAR Livro https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistagestaoedesenvolvimento/article/view/109/104 Filme Prezado(a) aluno(a), No decorrer dessas quatro unidades, busquei ao máximo trazer conceitos explicados da forma mais simples e prática possível, da forma que deve ser aplicada à indústria. Abordamos sempre as de�nições teóricas e como se deu o surgimento do conceito em questão para que facilitasse na hora da aplicabilidade. Acredito que você já entende agora a importância do estudo do tempo e de como o estudo do tempo e métodos aplicado pode auxiliar tanto na redução do preço quanto na qualidade envolvida no processo. Durante o curso foi destacado de forma bastante ampla as ferramentas da qualidade, foi apresentada uma série delas, entre elas os �uxogramas, que são grá�cos de �uxo que permitem analisar o processo como um todo, permitindo a visualização de gargalos e a sugestão de possíveis soluções. Outro grande destaque deste curso foi os métodos do estudo do tempo, como a cronometragem, amostragem e o tempo pré-determinado. Cada técnica possui sua vantagem e sua aplicabilidade ideal. No estudo individual de cada técnica, sempre tivemos exemplos e descrições claras de como ela deve ser executada, para que você, aluno(a), possa não apenas entender, mas também aplicá-la. Por �m, o último grande destaque desse curso foram as pessoas. Um enfoque no colaborador. Esse enfoque permitiu entender o que motiva um funcionário a produzir mais e como incentivá-lo a fazer isso. Entendemos que o funcionário é a razão da empresa existir e estar de pé, por isso existem �loso�as que devem ser aplicadas para perpetuar uma boa gestão. A gestão participativa, funcionário polivalente, grupos semi-autônomos e enriquecimento do trabalho foram �loso�as e técnicas estudadas que irão, com certeza, auxiliar no seu crescimento e na sua visão de empresa. Considerações Finais Portanto, a partir deste ponto, temos a certeza que você está preparado(a) e capacitado(a) para seguir em frente e buscar novos conhecimentos para enriquecimento pessoal e pro�ssional. Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado! 00-capa 01-Introdução 1 02-Introdução e histórico aos tempos e métodos aplicados 03-Projeto de Métodos e seus objetivos 04-Linguagem especial e simbologia utilizada na descrição dos métodos de trabalho 05-Ferramentas para registro e análise do processo 06-Análise e Melhoria do Processo 07-Gráfico do Fluxo do Processo (Fluxograma) 08-Análise e Melhoria do método de trabalho e análise de melhoria de um posto de trabalho 09-Conclusão 1 10-Introdução 2 11-Ferramentas da qualidade 12-Metodologias para resolução de problemas 13-Ferramentas 14-Conclusão 2 15-Introdução 3 16-Medida do Trabalho 17-Cronometragem 18-Tempos Históricos 19-Tempo pré-determinado (Sistema MTM) 20-Amostragem do trabalho 21-Conclusão 3 22-Introdução 4 23-Racionalização do trabalho (Administração Científica do trabalho) 24-Toyotismo - Polivalência e Automação 25-Enriquecimento de Cargos 26-Grupos semi-autônomos 27-A Gestão Participativa 28-Conclusão 4 29-Considerações Finais