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202020
Empirismo e racionalismo
Novas formas de pensar para um 
mundo em transformação
Crise do pensamento metafísico
Uma revolução 
no pensamento
CAPÍTULO
Uma transformação científi ca 
e fi losófi ca
2
Estudaremos neste capítulo:
Habilidades da BNCC:
EM13CHS101 EM13CHS104 EM13CHS106 EM13CHS501 EM13CHS504
A lição de anatomia do Dr. Tulp, de Rembrandt, 1632. Óleo sobre tela de 169,5 cm 3 216,5 cm. Museu Mauritshuis, Haia.
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Observe a imagem da abertura deste capítulo e responda:
1. O que diferencia o conhecimento científico de outras formas de conhecimento?
2. Quais são os critérios para a validação do conhecimento verdadeiro?
O homem de fé vive de joelhos. Reconhece que tudo é recebimento e toma uma atitude de louvor, súplica e cuidado. 
Seu olhar é cheio de misericórdia. Um olhar de piedade que o leva a descruzar os braços e a restaurar na terra a obra 
inicial da criação, a obra do Deus que com in� nita ternura cuida de toda criatura. Quando aparece o homem de fé, a 
humanidade estremece, comovida por sua ternura, e a terra se transforma na estrela mais brilhante do universo. […] 
O homem de fé se ajoelha e está na aprendizagem em que recebe, acolhe e cuida. Sacri� ca-se. Cruci� ca-se pela criatura.
O homem de ciência se levanta e vive de pé! Confronta-se com a realidade. Aprofunda-se nela. Busca o conhecimen-
to das causas que a regem para controlá-la e dominá-la. […] A ciência é ferramenta que vence a resistência da realidade. 
Com ela invertemos a aprendizagem religiosa de prece e de súplica. Desenvolvemos outra alternativa de confronto com 
a realidade. Estamos hoje na vontade dessa alternativa e a saudamos como a mais alta cultura. Os povos que a desco-
nhecem são considerados atrasados e subdesenvolvidos; povos que ainda vivem de práticas mágicas e religiosas. Pode-
mos caracterizar a ciência moderna como aprendizagem de dominação da natureza. Está na antítese da aprendizagem 
religiosa. A religião suplica forças para acolher o que acontece. A ciência acumula forças para dominar.
BUZZI, Arcângelo R. Introdução ao pensar: o ser, o conhecimento e a linguagem. Petrópolis: Vozes, 2006.
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Uma transformação científica e filosófica
A pintura A lição de anatomia do Dr. Tulp, de Rembrandt, representa o nascimento de uma nova con-
cepção de natureza e de mundo, a chamada Revolução Científica do século XVII. Trata-se de um ótimo 
recurso para a reflexão sobre a transição da Filosofia da Idade Média, ao Renascimento e ao Barroco; da 
fé à razão como fundamento do conhecimento humano. O homem de fé cede lugar ao homem de ciência, 
deslocando-se do cosmos como uma totalidade integrada em direção ao processo de dessacralização 
da natureza.
Mas o que significa essa dessacralização? As convicções de que a realidade pode ser conhecida e de 
que os fenômenos podem ser explicados pela razão humana e pela ciência determinam valores que re-
forçam o antropocentrismo. Ou seja, o ser humano se separa do cosmo, que passa a ser visto como obje-
to, com a possibilidade de ser dominado. O corpo é, assim, dessacralizado, isto é, assim como a natureza, 
também passa a ser visto como objeto de investigação e de dominação científica. 
A tela de Rembrandt parece indagar seu observador sobre o sentido da vida como uma totalidade 
entre espírito e matéria que se esvai em meio às transformações no conhecimento. Ao observador, 
causa certo desassossego, pois a imagem do cadáver, que um dia foi um corpo cheio de vitalidade, 
agora está reduzido à pura matéria, pronto para ser dissecado. O olhar do dr. Tulp, no centro da ima-
gem, parece dirigir-se a um vazio. Ele não olha para o livro de anatomia nem para o braço dissecado, 
mas sugere um pressentimento: um olhar dirigido à história, para além do momento e da experiência 
vivida ali. Há, de um lado, certo fascínio diante do controle e domínio que o conhecimento científico 
lhe oferece sobre aquele corpo inerte; de outro, existe uma inquietação diante do seu poder de de-
cisão sobre um corpo quando este se encontra isento de alma ou, ainda – quem sabe –, do peso da 
responsabilidade perante a separação que a ciência moderna anuncia entre o fato científico e o valor 
ético ou moral.
Dessa forma, o que se assiste nessa lição de anatomia é a valorização do poder da intervenção hu-
mana e do controle tecnológico da natureza por parte da atividade científica; do objeto de conhecimento 
concebido como mero objeto à disposição do sujeito. O corpo dissecado, no centro da pintura, não se re-
duz apenas ao corpo humano; ele é o símbolo dos corpos, da natureza dessacralizada, transformada em 
objeto da ciência. Essa nova relação do humano com a natureza altera, consequentemente, a concepção 
que o humano tem sobre si mesmo.
Portanto, o nascimento da ciência moderna não pode ser reduzido a um momento de cientificização 
do mundo ou à descoberta das leis que regem os fenômenos físicos. A Revolução Científica do século XVII 
é uma profunda transformação científica e filosófica, uma ruptura com o quadro de pensamento em que 
a metafísica e a ciência aristotélica se encontravam fundamentadas há mais de mil anos.
Autônoma em relação à fé e contrária às pretensões do saber dogmático, a ciência de Galileu é a ciência de 
um realista. Realista é Copérnico, realista é Galileu. Este não raciocina como “puro matemático”, ma s como físico, 
considerando-se mais “� lósofo” (isto é, físico) do que matemático. Em outros termos, na opinião de Galileu, a 
ciência não é um conjunto de instrumentos (de cálculos) úteis (para fazer previsões), mas muito mais a descrição 
verdadeira da realidade, dizendo-nos “como vai o céu”.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filoso� a: do humanismo a Kant. São Paulo: Paulus, 2004, p. 213.
O humanismo renascentista, ao propor uma nova forma de pensamento e de comportamento, despertou 
maior senso crítico na observação e interpretação dos fenômenos naturais em vez de relegá-los à interpre-
tação de uma autoridade. Esse fato, em especial, somado às transformações históricas do período – como o 
choque de culturas provocado pelos grandes descobrimentos, a Reforma Protestante e a Contrarreforma, as 
lições de anatomia e as descobertas de Galileu Galilei e Isaac Newton – criaram as condições teóricas que 
fundamentaram o surgimento da ciência moderna. 
Embora a ciência seja uma atividade autônoma, o desenvolvimento científico não se dá de forma 
isolada. Isso significa que as conquistas de Copérnico, Galileu e Newton não se resumem a trabalhos pu-
ramente científicos, mas a transformações teóricas, resultantes dos conhecimentos científico-filosóficos 
de meados do século XVII.
Foco no tema
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Assim, Revolução Científica é considerada o movimento de ideias científico-filosóficas que ocorreu 
no período compreendido entre a revolução astronômica, provocada pela publicação da obra de Nicolau 
Copérnico (1543), até o final do século XVII, com a obra e a física clássica de Isaac Newton (1687). Nesse 
longo período de cerca de 150 anos, configura-se uma nova visão do mundo, em um longo e gradativo 
processo, acompanhado pelo surgimento de novas ideias sobre o ser humano, sobre o conhecimento, a 
ciência e as relações que essa nova visão estabelece entre ciência e sociedade, entre ciência e Filosofia 
e entre saber científico e fé religiosa. 
Inicia-se, então, aqui um grande debate em torno da questão da origem e dos limites do conhecimen-
to. Na nova concepção de saber, o Universo passa a ser entendido matematicamente, com leis determi-
nadas pela sua própria realidade, jogando por terra o modelo teocêntrico como explicativo e regulador 
do funcionamento do Universo e de suas leis. 
A ciência é experimental
O fundamento que distingue a ciência moderna é o método. Isso quer dizer que,através do experi-
mento, os cientistas buscam a verdade sobre o mundo. E, com base no método experimental, funda-se 
a autonomia da ciência, sua independência em relação a outras formas de saber. A ciência abandona a 
essência ou substância das coisas e dos fenômenos, em busca da qualidade dessas coisas e fenômenos 
de modo objetivo, que possa ser comprovado, reunindo teoria e prática, ciênci a e técnica.
Experimento com um pássaro em uma bomba de ar, de Joseph Wright, 1768. Óleo sobre tela de 183 cm 3 244 cm. 
Galeria Nacional, Londres.
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Em suma: cores, odores, sabores etc. são qualidades subjetivas, ou seja, não existem no objeto, mas somente 
no sujeito que sente, assim como as cócegas não estão na pluma, mas sim no sujeito que as sente. A ciência é 
objetiva porque não se interessa pelas qualidades subjetivas, que variam de homem para homem, mas sim por 
aqueles aspectos dos corpos que, sendo quanti� cávei s e mensuráveis, são iguais para todos. E nem a ciência quer 
“buscar a essência verdadeira e intrínseca das substâncias naturais”. […] Assim, nem as qualidades subjetivas nem 
a essência das coisas constituem o objeto da ciência.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filoso� a: do humanismo a Kant. São Paulo: Paulus, 2004, p. 213-214.
Para que não mais o falso seja considerado verdadeiro, torna-se fundamental, nesse momento, a questão 
do método. É da eficiência do método que dependerá a verdade ou falsidade do conhecimento. 
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Estas são as etapas do método científico:
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De olho
A pintura de Joseph Wright, Experimento com um pássaro em uma bom-
ba de ar, de 1768, possui diversos elementos importantes. Você consegue 
identificá-los? Faça uma pesquisa sobre essa pintura e analise questões 
como: o que e quem retrata? Quais sentimentos provoca nos próprios 
personagens que a compõem e no observador? Em seguida, relacione sua 
análise às discussões levantadas neste capítulo sobre a ciência moderna.
Investigue
A separação humano e natureza
Os prime iros povos explicavam os fenômenos inexplicáveis da 
natureza através de deuses que habitavam as rochas, a s plantas 
e o céu: era a época dos mitos diante dos quais eles experimen-
tavam, ao mesmo tempo, o temor e a admiração.
Na Grécia Antiga, entre os séculos VI e V a.C., surgem novas 
formas de explicação para o cosmos e a natureza pelos pensado-
res pré-socráticos, que inauguram uma nova forma de conhecer a 
natureza, ao romper com o conhecimento mítico e dar os primei-
ros passos em direção ao pensamento racional. A preocupação 
desses pensadores era a instauração de uma ordem que reduzis-
se toda realidade existente a um princípio fundamental.
Já os pensadores clássicos avançam com o pensamento racio-
nal. Platão trouxe uma nova concepção de realidade, com o mun-
do das ideias oposto ao mundo sensível. Aristóteles retoma os 
estudos da natureza sensível, elaborando leis sobre o universo. 
Em seguida, na concepção de mundo medieval, sobressai o 
teocentrismo: através de uma conciliação entre as teorias gregas 
sobre a natureza e a religião cristã, promove-se uma síntese har-
moniosa em que Deus é colocado no centro do universo. 
Com o Renascimento, surge o antropocentrismo; o ser hu-
mano se coloca no centro do Universo, determinando seu poder 
sobre a natureza, agora geometrizada, concebida como sem vida, 
mecânica, objeto a ser conhecido e dominado. Essa concepção foi 
justificada pelo método científico inspirado na filosofia utilita-
rista de Francis Bacon, no dualismo de René Descartes, na mate-
mática e física de Galileu Galilei e, posteriormente, Isaac Newton. 
Assim, na concepção moderna, nos séculos XVI e XVII, a natu-
reza, vista como objeto de contemplação humana, adquire outro 
valor. Francis Bacon, com a máxima “saber é poder”, defendia 
o conhecimento como forma de desvendar seus segredos para 
dominá-la. Galileu, ao valorizar apenas aquilo que pudesse ser 
mensurável e quantificável, retira da natureza suas qualidades 
sensíveis, e a separação entre espírito e matéria de Descartes 
afirma o universo constituído por matéria em movimento, onde 
tudo funciona mecanicamente, descrevendo a natureza sem vida. 
Um cartesiano olharia para uma árvore e a dissecaria, mas aí ele 
jamais entenderia a natureza da árvore. Um pensador de sistemas veria 
as trocas sazonais entre a árvore e a terra, entre a terra e o céu. Ele veria 
o ciclo anual que é como uma gigantesca respiração que a Terra realiza 
com suas fl orestas, dando-nos o oxigênio. O sopro da vida, ligando a 
Terra ao céu e nós ao Universo. Um pensador de sistemas veria a vida 
da árvore somente em relação à vida de toda fl oresta. Ele veria a árvore 
como o hábitat de pássaros, o lar de insetos. Já se v ocê tentar entender 
a árvore como algo isolado, fi caria intrigado com os milhões de frutos 
que produz na vida, pois só uma ou duas árvores resultarão deles. Mas 
se você vir a árvore como um membro de um sistema vivo maior, tal 
abundância de frutos fará sentido, pois centenas de animais e aves so-
breviverão graças a eles. Interdependência. A árvore também não sobre-
vive sozinha. Para tirar água do solo, ela precisa dos fungos que crescem 
na raiz. O fungo precisa da raiz e a raiz do fungo. Se um morrer, o outro 
morre também. Há milhões de relações como esta no mundo, cada uma 
envolvendo uma interdependência.
Transcrição de diálogo do fi lme Ponto de mutação. Direção de Bernt Capra. 
Produção: Adrianna A. J. Cohen. EUA, 1990. 
Com Newton, completa-se a visão da natureza como máquina, 
cuja compreensão dependia do conhecimento do funcionamento 
das peças que a compõem. Por meio dos princípios da simpli-
cidade e da homogeneidade, ele fundamenta o uso do método 
indutivo pela ciência, isto é, das leis científicas, no qual serão uti-
lizados os raciocínios que partem do particular para o universal. 
É possível inferir de certas causas e consequências que todas as 
causas parecidas ou iguais terão as mesmas consequências. 
Com a lei da gravidade, Newton chegava a único princípio capaz de 
explicar uma quantidade ilimitada de fenômenos. Com efeito, a força 
que faz cair uma pedra ou uma maçã ao chão tem a mesma natureza que 
a força que mantém a lua vinculada à terra e a terra vinculada ao sol. E 
essa força é a mesma que explica o fenômeno das marés (como efeito 
combinado da atração do sol e da lua sobre a massa de água dos mares).
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filoso� a: do humanismo a Kant. 
São Paulo: Paulus, 2004, p. 241.
Pela lei da gravitação universal, o Universo é consagrado 
como mecânico, determinado, reversível. O ser humano é descar-
tado diante desse mundo idealizad o, estático e previsível.
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(Vunesp-SP)
O empirismo é a “corrente � losó� ca para a qual a experiência é critério ou norma da verdade”, caracterizando-se pela “negação do caráter 
absoluto da verdade” e pelo “reconhecimento de que toda verdade pode e deve ser posta à prova, logo, eventualmente modi� cada, corrigida 
ou abandonada”.
(Dicionário Abbagnano, p. 326) 
Além disso, o empirismo foi o resultado de importantes transformações ocorridas na relação entre homem e natureza durante os 
séculos anteriores. 
 Assinale a alternativa que traduz mais corretamente as implicações dessa definição.
a) Em termos históricos, o empirismo consagrou no campo � losó� co uma tendência já presente ao longo da Revolução Cientí� ca. 
b) Não há contradição lógica entre empirismo e metafísica. 
c) Uma das correntes mais criticadas pelos � lósofos empiristas foi o ceticismo. 
d) Um dos fundamentos do empirismo é a existência de ideias inatas. 
e) A veri� cação da verdade sob o ponto de vista do empirismo dispensa a confrontação com dados e fatos.
Resolução:
O tema da questãoé o empirismo, uma corrente filosófica determinante do pensamento moderno e que exerceu grande influência na 
constituição da ciência moderna. O conceito dessa teoria já está descrito no próprio texto. O enunciado afirma essa teoria como resultante de 
transformações ocorridas “durante os séculos anteriores” e pede a alternativa que traduz o que foi afirmado ali. Portanto, é uma resolução simples, 
bastando uma leitura atenta para se chegar à resposta pedida. Vamos à análise das alternativas. A resposta correta é a alternativa a. Veja que a 
resposta está clara no enunciado da questão; bastando relacionar a expressão do enunciado – “durante os séculos anteriores” – à alternativa a, 
ao afirmar que o empirismo “do ponto de vista histórico, é uma tendência, ao longo da Revolução Científica”. A alternativa completa a questão, 
porque nenhuma das outras alternativas aborda a questão histórica pedida. A alternativa b é falsa; essa contradição existe, uma vez que o objeto 
de conhecimento de ambas são opostos: enquanto a metafísica se liga a essências das coisas, o empirismo se liga à experiência, ao fato como se 
apresenta. A alternativa c também é falsa; porque o empirismo é cético ao defender a necessidade de uma comprovação para o conhecimento 
fundado na experiência. A alternativa d é falsa; pois, para o empirismo, não há ideias inatas, isto é, toda ideia é concebida a partir da experiência, 
e a mente é uma folha de papel em branco antes de qualquer experiência. E, por fim, a alternativa e também é falsa; pois, ao contrário do que se 
afirma, o fundamento do empirismo é o método científico, comprovado pela observação e pelo experimento.
Como fazer
1.
A ciência é objetiva porque não se interessa pelas qualidades subjetivas, que variam de homem para homem, mas sim por aqueles aspectos 
dos corpos que, sendo quanti� cáveis e mensuráveis, são iguais para todos. […] Assim, nem as qualidades subjetivas nem a essência das coisas 
constituem o objeto da ciência.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filoso� a: do humanismo a Kant. São Paulo: Paulus, 2004, p. 213-214.
 Com base nas informações do texto, explique o método como fundamento da ciência moderna. 
Parada obrigatória
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1. Leia o trecho a seguir.
É em função da astronomia que se elabora […] a nova física; 
mais precisamente: em função dos problemas postos pela astro-
nomia coperniciana, e, especialmente, da necessidade de respon-
der aos argumentos físicos apresentados por Aristóteles e por 
Ptolomeu contra a possibilidade do movimento da Terra.
KOYRÉ, Alexandre. Estudos galilaicos. Lisboa: Publicações 
Dom Quixote, 1992, p. 205.
 O historiador do pensamento científico, Alexandre Koyré, 
destaca que a “nova física”, que foi erigida sobretudo por 
Galileu e, depois, Newton, desenvolveu-se a partir das dis-
cussões em torno dos fenômenos astronômicos, sobretudo 
a respeito do movimento da Terra. Copérnico, Galileu e ou-
tros pensadores questionavam a física aristotélica e ptolo-
maica porque essa afirmava, entre outras coisas,
a) que as teses sobre a imobilidade da Terra não tinham valor 
porque foram concebidas por pessoas ignorantes.
b) que o telescópio usado por Aristóteles não era preciso o 
su� ciente para a observação astronômica.
c) que as investigações de Aristóteles não puderam ser com-
preendidas, haja vista que seus livros foram alterados pe-
los árabes.
d) que Aristóteles não poderia compreender bem os fenôme-
nos naturais, pois viveu na época errada.
e) que o cosmos estava organizado em esferas celestes e que 
a Terra era imóvel.
2. (Ibmec-SP) Utilize o texto e a figura a seguir para responder a 
este teste. 
O Corpo Humano: real e fascinante. Este é o título de uma ex-
posição inaugurada no mês de março na OCA, na capital paulista. 
O texto abaixo foi retirado da programação cultural de um jornal 
de grande circulação. 
“Reunindo 16 corpos e 225 órgãos verdadeiros, a mostra revela 
a crueza da anatomia humana. Dividida em nove segmentos (para 
representar cada segmento do organismo), a exposição começa com a 
estrutura interna de um esqueleto, que contém mais de cem juntas. As 
realizações do homem na medicina também estão presentes na seção ‘o 
corpo tratado’, onde estão próteses de quase todas as partes do corpo.” 
(O Estado de S. Paulo. 13 de abril de 2007)
(Rembrandt “A lição de anatomia do doutor Tulp”, 1632)
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 Tanto a exposição anunciada pelo texto quanto o quadro 
de Rembrandt 
a) destacam a relação entre as experiências cientí� cas e as 
manifestações religiosas 
b) representam a arte contemporânea, caracterizada pela de-
núncia contra a banalidade da violência 
c) mostram a p ermanência do interesse sobre o funciona-
mento do corpo humano, do Renascimento aos dias atuais 
d) indicam o retrocesso das técnicas médicas relacionadas ao 
estudo da anatomia humana 
e) podem ser vistas como representações artísticas, não 
mantendo vínculos com experimentos cientí� cos
Parada complementar
Teste seu conhecimento: 1 e 2
Empirismo e racionalismo
A construção de uma nova ciência exige não só um novo método, mas também uma nova filosofia. 
E, tal como a nova ciência se constitui graças à aplicação de um método novo, a nova filosofia, para man-
ter o seu estatuto de ciência, terá de fazer o mesmo.
Assim, a Filosofia passa por uma grande reviravolta no século XVII, em especial com as teorias de Francis 
Bacon e René Descartes. Muitas perguntas desafiam o pensamento do indivíduo moderno. É possível co-
nhecer? Quais são os critérios de validação da verdade? Qual a extensão do conhecimento? Qual é a fun-
ção do pensamento e do objeto no processo do conhecimento? O que é a verdade? Aquela da tradição, 
válida até aquele momento, ou as novas teorias que propõem argumentos contrários? O conhecimento 
vem da experiência e da razão ou ambas atuam na produção do conhecimento?
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Na busca por respostas para o problema das origens e fundamentação do conhecimento, formam-se 
duas correntes filosóficas, opostas entre si: o racionalismo e o empirismo.
O empirismo valoriza a experiência sensível e concreta como fonte do conhecimento e da investi-
gação. Embora não descarte a importância da razão na busca da verdade, ela só é válida ligada à expe-
riência, ou seja, as ideias são adquiridas por meio da experiência sensorial e da reflexão sobre ela. As 
sensações se reúnem e formam uma percepção; ou seja, um objeto é percebido por meio de várias e 
diferentes sensações.
Se existe uma ideia de retângulo, por exemplo, é porque foram percebidas anteriormente pelos sen-
tidos outras formas que se aproximam dessa figura geométrica. É claro que não existem formas perfeitas 
na natureza, mas certos objetos sugerem tais formas. Por exemplo, ao observar a lousa, percebe-se como 
sendo retangular. Se seus ângulos forem medidos, serão percebidas algumas imperfeições, o que sugere 
que o retângulo perfeito só pode ser concebido mentalmente. As ideias (como a ideia de retângulo per-
feito, por exemplo) são formadas após a experimentação do conhecimento sensível.
Assim, o empirismo se desloca do conhecimento medieval baseado na contemplação da natureza em 
busca de resultados práticos sobre ela. Essa concepção renascentista se constitui como proposta, mas 
somente adquire sua forma a partir do século XVII, com o avanço dos instrumentos de observação e seus 
métodos de verificação e demonstração. Ao ressaltar o papel da evidência na formação das ideias, o 
empirismo deu origem ao que se denomina método científico.
Diferentemente do empirismo, o racionalismo compreende a mente como dotada de um conhecimento 
que não foi adquirido culturalmente, mas que é inato, ou seja, é dado antes do nascimento e de qualquer 
experiência. O racionalismo não nega o empirismo, mas acreditaque ele não apresenta valor científico, 
pois limita-se a uma simples opinião; ao passo que o verdadeiro conhecimento é aquele que seja logica-
mente necessário e universalmente válido. De acordo com essa concepção de pensamento, apenas a mente 
humana é capaz de conhecer a verdade, porque o conhecimento inclui a existência de ideias inatas.
Francis Bacon e o utilitarismo do conhecimento
Francis Bacon (Reino Unido, 1561-1626) fez da experiência o fundamento da ciência. Contudo, na 
busca da verdade, percorria um caminho diferente dos empiristas e dos racionalistas. Segundo ele,
Os que se dedicaram às ciências foram ou empíricos ou dogmáticos. Os empíricos, à maneira das formi-
gas, acumulam e usam as provisões; os racionalistas, à maneira das aranhas, de si mesmos extraem o que 
lhes serve para a teia. A abelha representa a posição intermediária: recolhe a matéria-prima das flores do 
jardim e do campo e com seus próprios recursos a transforma e digere. Não é diferente o labor da verdadeira 
filosofia, que se não serve unicamente das forças da mente, nem tampouco se limita ao material fornecido 
pela história natural ou pelas artes mecânicas, conservado intacto na memória. Mas ele deve ser modificado 
e elaborado pelo intelecto. Por isso muito se de ve esperar da aliança estreita e sólida (ainda não levada a cabo) 
entre essas duas faculdades, a experimental e a racional.
BACON, Francis citado em REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filoso� a: do humanismo a Kant. São Paulo: Paulus, 2004, p. 276.
Bacon destaca a ciência e os benefícios que ela poderia trazer às 
pessoas. Com seu argumento de que “a verdade é filha do tempo e não 
da autoridade”, Bacon criticava formas anteriores de conhecimento e 
seus métodos, em especial, a escolástica. Com a construção de uma uto-
pia, a Nova Atlântida (que não foi terminada), ele relata uma sociedade 
técnica, dotada de um conhecimento prático e intelectual, demonstran-
do de que forma a técnica e a ciência poderiam contribuir para a melho-
ria da vida de toda a humanidade, enfatizando, assim, o caráter utilitário 
do conhecimento. 
Para isso, demonstra na sua máxima “saber é poder” a importância de 
conhecer a natureza para dominá-la melhor, o que exige uma nova concep-
ção de razão e de experiência. O objetivo do método baconiano é constituir 
uma nova maneira de estudar os fenômenos naturais, por meio da observa-
ção e da experimentação regulada pelo raciocínio indutivo. O conhecimento 
verdadeiro é resultado da concordância e da variação dos fenômenos que, 
se devidamente observados, apresentam a sua causa real.
Ele defendia que, por causa da ciência e da técnica, ocorreria uma re-
forma do conhecimento e a transformação do mundo, que se tornaria mais 
O alquimista em seu laborat—rio, de David Teniers, o Jovem, 1656. Óleo 
sobre tela de 27,5 cm 3 38,5 cm. Museu de Viena, Áustria.
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previsível e a vida de cada indivíduo seria mais fácil, mais feliz, 
isenta de trabalho, tristeza, doenças e golpes do destino. O novo 
conhecimento levaria ao progresso e à submissão da natureza aos 
desejos humanos. Apesar de não ter realizado progressos no que se 
refere às ciências naturais, as ideias de Bacon e sua preocupação 
com o método, o progresso e a técnica constituem o ponto de parti-
da para a atividade científica moderna. Uma das consequências do 
pensamento baconiano foi a separação entre homem e natureza.
René Descartes: a descoberta 
da subjetividade
René Descartes (França, 1596-1650) é considerado o responsá-
vel pelo racionalismo moderno. Atento às profundas mudanças 
do conhecimento em sua época, ele propõe reconstruir todo o 
saber a partir de novas bases, firmes, seguras e inabaláveis. Vi-
sando isso, percebia a necessidade de um método que ordenasse 
e fundamentasse o pensamento. É daí que surge a chamada revo-
lução cartesiana do conhecimento. 
Para Descartes, o que a mente conhece são suas próprias repre-
sentações ou ideias, independentemente do corpo, que introduz 
elementos subjetivos no estudo da razão, vistos como irrelevantes 
para a natureza objetiva do conhecimento. Seu objetivo foi revisar 
sistematicamente todos os seus conhecimentos à procura de qual-
quer forma de dúvida e/ou certezas inabaláveis, na tentativa de 
construir uma nova ciência. 
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros 
anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que 
aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não 
podia ser senão muito duvidoso e incerto; de modo que me era ne-
cessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de 
todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo nova-
mente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de � rme e 
de constante nas ciências. Mas, parecendo-me ser muito grande essa 
empresa, aguardei atingir uma idade que fosse tão madura que não 
pudesse esperar outra após ela, na qual eu estivesse mais apto para 
executá-la; o que me fez diferi-la por tão longo tempo que doravante 
acreditaria cometer uma falta se empregasse ainda em deliberar o 
tempo que me resta para agir.
DESCARTES, René. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 93. 
(Coleção Os Pensadores)
Descartes acreditava que a razão poderia chegar ao conhe-
cimento da realidade de forma parecida com o conhecimento 
matemático, em que se verificam princípios gerais desligados do 
mundo físico e que podem ser deduzidos quando se analisa um 
objeto particular. Sua intenção era criar uma espécie de matemá-
tica universal, que não se reduzisse a números ou figuras, mas 
que pudesse servir de modelo para toda forma de saber.
Dessa forma, Descartes coloca-se em uma nova atitude em 
relação à filosofia do passado. É o desejo de fundação de uma 
ciência universal e una, com base em princípios claros e eviden-
tes, logo verdadeiros, e com universalidade do método que, se 
aplicado bem e por todos do mesmo modo, consequentemente, 
levará todos à mesma conclusão. Caberia à Filosofia, a ciência 
das primeiras causas, a instauração dessa ciência universal e una 
fundada nesse método universal, estabelecendo novos princí-
pios e fundamentos a partir dos quais se possa deduzir todas as 
coisas. Do sucesso dessa empreitada depende, acima de tudo, o 
futuro da Filosofia: saber se ela ainda é necessária ou se a ciên-
cia por si só bastaria. O nascimento da ciência moderna obriga a 
Filosofia a repensar-se, a questionar-se enquanto conhecimento: 
afinal, o que é Filosofia? Filosofia é ciência? A dúvida converte-se 
em método dela mesma.
 O filósofo e 
matemático René 
Descartes (1596-1650).
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[…] Mas eu me persuadi de que nada existia no mundo, que não 
havia nenhum céu, nenhuma terra, espíritos alguns, nem corpos al-
guns: não me persuadi também, portanto, de que eu não existia? 
Certamente não, eu existia sem dúvida, se é que eu me persuadi, ou, 
apenas, pensei alguma coisa. [...] De sorte que, após ter pensado bas-
tante nisto e de ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cum-
pre en� m concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu 
existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou 
que a concebo em meu espírito.
DESCARTES, René. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 100. 
(Coleção Os Pensadores) 
Descartes conclui que o pensamento é o único atributo que 
pertence verdadeiramente ao homem; aquilo que não pode 
existir separado dele – “nada sou, senão uma coisa que pensa, 
isto é, um espírito, um entendimento ou uma razão”, escreveu o 
filósofo em suas Meditações. O que é uma coisa que pensa? É 
uma coisa que duvida, que concebe, que afirma, que nega, que 
quer, que não quer, que imagina também e que sente. 
O filósofo sistematiza, então, umadivisão entre alma/corpo, 
espírito/matéria no ser humano e uma extensão na percepção hu-
mana da realidade: a distinção entre subjetividade/objetividade. 
Passou-se, assim, gradativamente, à compreensão de que há uma 
subjetividade racional conhecida no humano, e uma objetividade 
material que pode ser conhecida, que é o mundo. A primeira é in-
dependente, superior, conhecedora e ativa; e a segunda, também 
independente, mas inferior, cognoscível e passiva. Assim, Descartes 
determina que a razão é o fundamento e a essência do ser humano.
Cognoscível: que pode ser conhecido.
Consequentemente, na esteira dessa prática, engendra-se uma 
série de situações-problema que caracterizam o padrão moderno de 
conhecimento da natureza. Instaura-se a fragmentação do saber e a 
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busca de simpli� cação da complexidade do real e toda a série de dicotomias com seus impactos no contexto socieda-
de/natureza. Cria-se, pois, uma concepção de natureza essencialmente baseada no dualismo, cuja expressão máxima 
e fundamental é a separação homem/natureza, ponto nevrálgico do desenvolvimento tecnocientí� co moderno.
MORIN, Edgar. O problema epistemológico da complexidade. Lisboa: Publicações Europa-América, 1996.
Há um mundo que existe objetivamente, que o ser humano pode conhecer, transformar e dominar. A 
natureza não sofre, não pensa, não tem sensibilidade nem sentimentos. Essa constatação afirma a su-
bordinação da realidade à vontade humana. Apesar de não ser intencional, gradativamente, essa visão 
mecanicista (racionalista) de mundo consolida o antropocentrismo, instituindo, a partir do século XVII, 
um processo de separação entre o ser humano e a natureza, numa visão utilitarista.
Nas sociedades modernas, a visão de mundo está ligada ao paradigma científico. O modelo mecanicista que afirma o Universo como uma máquina se 
estendeu a todas as esferas da sociedade, podendo ser observado na política, na supervalorização do especialista, na fragmentação do conhecimento, na 
ciência que divide os objetos em pedaços para os analisar, na saúde. A separação cartesiana entre corpo e mente resultou numa visão mecanicista e redu-
cionista, dificultando uma visão holística e integral do ser humano. O mecanicismo limita-se a uma análise quantitativa, medida por gráficos, estatísticas, 
números, desconsiderando a totalidade do contexto, em detrimento da qualitativa. Para intervenções na área da saúde, por exemplo, é fundamental não 
reduzir o ser humano a um composto biofísico. É necessário considerá-lo em sua integralidade: uma teia de relações entre aspectos da vida e da cultura. A 
condição de saúde ou doença de uma pessoa depende tanto do meio ambiente natural quanto social, de forma interdependente, não podendo ser reduzida 
a um único aspecto. Toda doença envolve uma interação contínua do corpo com a mente. Isso se reflete na humanização da saúde, ao assumir uma postura 
ética de respeito, de acolhimento e de reconhecimento do outro e dos limites.
De olho
2. (Unesp-SP)
Para Descartes, o corpo é uma máquina que pode ser completamente entendida em termos da organização e do funcionamento de suas 
peças. Uma pessoa saudável seria como um relógio bem construído e em perfeitas condições mecânicas; uma pessoa doente seria como um 
relógio cujas peças não estão funcionando apropriadamente. Mas em uma concepção holística de doença, a enfermidade física é apenas uma 
das numerosas manifestações de desequilíbrio do organismo. Além disso, a primeira diferença óbvia entre máquinas e organismos é o fato de 
que as máquinas são construídas, ao passo que os organismos crescem. Essa diferença fundamental signi� ca que a compreensão de organismos 
deve ser orientada para os processos da estrutura orgânica. A questão, portanto, será: pode haver uma ciência que não se baseie exclusivamente 
na medição, uma compreensão da realidade que inclua qualidade e experiência, e que possa ainda ser chamada cientí� ca? A ciência, em minha 
opinião, não precisa � car restrita a medições e análises quantitativas.
(Fritjof Capra. O ponto de mutação, 1997. Adaptado.)
a) Qual é o signi� cado de saúde sob um ponto de vista mecanicista? Explique como o desequilíbrio orgânico é entendido sob um en-
foque mecanicista. 
b) Explique o signi� cado de doença sob um ponto de vista holístico. Qual é a relação entre mecanicismo e análise quantitativa? 
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3. (UEL-PR) O principal problema de Descartes pode ser for-
mulado do seguinte modo: “Como poderemos garantir que 
o nosso conhecimento é absolutamente seguro?” Como o 
cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário do cético, não 
permanece nela. Na Meditação Terceira, Descartes afirma: 
“[…] engane-me quem puder, ainda assim jamais poderá 
fazer que eu nada seja enquanto eu pensar que sou algo; ou 
que algum dia seja verdade eu não tenha jamais existido, 
sendo verdade agora que eu existo […]”
(DESCARTES. René. Meditações Metafísicas. Meditação Terceira, São Paulo: 
Nova Cultural, 1991. p. 182. Coleção Os Pensadores.) 
 Com base no enunciado e considerando o itinerário se-
guido por Descartes para fundamentar o conhecimento, é 
correto afirmar:
a) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser discerníveis 
pelos sentidos nem pela razão, já que ambos são falhos e 
limitados, portanto o conhecimento seguro detém-se nas 
opiniões que se apresentam certas e indubitáveis.
b) O conhecimento seguro que resiste à dúvida apresenta-
-se como algo relativo, tanto ao sujeito como às próprias 
coisas que são percebidas de acordo com as circunstâncias 
em que ocorrem os fenômenos observados.
c) Pela dúvida metódica, reconhece-se a contingência do 
conhecimento, uma vez que somente as coisas percebi-
das por meio da experiência sensível possuem existên-
cia real.
d) A dúvida manifesta a in� nita confusão de opiniões que se 
pode observar no debate perpétuo e universal sobre o co-
nhecimento das coisas, sendo a existência de Deus a única 
certeza que se pode alcançar.
e) A condição necessária para alcançar o conhecimento se-
guro consiste em submetê-lo sistematicamente a todas as 
possibilidades de erro, de modo que ele resista à dúvida 
mais obstinada.
4. (UEL-PR) Leia o seguinte texto de Descartes e responda 
à questão.
De há muito observara que, quanto aos costumes, é necessário 
às vezes seguir opiniões, que sabemos serem muito incertas, tal 
como se fossem indubitáveis […]; mas, por desejar então ocupar-
-me somente com a pesquisa da verdade, pensei que era necessário 
agir exatamente ao contrário, e rejeitar como absolutamente falso 
tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a � m de ver 
se, após isso, não restaria algo em meu crédito, que fosse inteira-
mente indubitável […] E, tendo notado que nada há no eu penso, 
logo existo, que me assegure de que digo a verdade, exceto que vejo 
muito claramente que, para pensar, é preciso existir, julguei poder 
tomar como regra geral que as coisas que concebemos mui clara e 
mui distintamente são todas verdadeiras […].
(DESCARTES, R. Discurso do Método. Quinta Parte. Os Pensadores. São Paulo: 
Nova Cultural, 1991. p. 46-47.)
 Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamen-
to de Descartes, é correto afirmar. 
a) A dúvida metódica permitiu a Descartes compreender que 
todas as ideias verdadeiras procedem, mediata ou imediata-
mente, das impressões de nossos sentidos e pela experiência. 
b) A clareza e a distinção das ideias verdadeiras representam 
apenas uma certeza subjetiva, além da qual, apesar da ra-
dicalização da dúvida metódica, não se consegue funda-
mentar a objetividade da certeza cientí� ca. 
c) Somente com o cogito, a concepção cartesiana das ideias 
claras e distintas, inatas ao espírito humano, garante de� -
nitivamente que o objeto pensado pelo sujeito é determi-
nado pela realidade fora do pensamento.d) Do exercício da dúvida metódica, no itinerário cartesiano, 
a certeza subjetiva do cogito constitui a primeira verdade 
inabalável e, portanto, modelo das ideias claras e distintas.
e) A dúvida cartesiana, convertida em método, rende-se ao 
ceticismo e demonstra a impossibilidade de qualquer cer-
teza consistente e de� nitiva quanto à capacidade do inte-
lecto de atingir a verdade.
Parada complementar
Teste seu conhecimento: 3 e 4
Novas formas de pensar para um mundo 
em transformação
Você já estudou que a ciência moderna nasce, portanto, da experiência, e está ligada à utilização e 
à construção de instrumentos e ferramentas que possibilitaram a produção de um saber mais exato e 
preciso. Dessa forma, a base do conhecimento científico é a ação e o domínio do ser humano sobre a 
natureza. A ciência, aliada à ideia de progresso material, moral e espiritual dos indivíduos, anuncia um 
conjunto de mudanças tecnológicas que causou profundas transformações na organização da vida social 
e da cultura humana. 
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Blaise Pascal: a solidão dos espaços infinitos
A visão sacralizada de mundo dos antigos, protegidos pelos mitos e pelos deuses, cede lugar a uma 
visão dessacralizada da vida. O Universo infinito revelado pela ciência demonstra a grandeza do Universo 
e, ao mesmo tempo, a consciência da insignificância do ser humano diante do dele, provocando pensa-
mentos angustiantes, como estes de Blaise Pascal (França, 1623-1662), filósofo do século XVII:
Ante a cegueira e a miséria do homem, diante do universo mudo, do homem sem luz, abandonado a si mesmo 
e como que perdido nesse rincão do Universo, sem consciência de quem o colocou aí, nem do que veio fazer, nem 
do que lhe acontecerá depois da morte, ante o homem incapaz de qualquer conhecimento, invade-me o terror e 
sinto-me como alguém que levassem, durante o sono, para uma ilha deserta e espantosa, e aí despertasse, igno-
rante de seu paradeiro e impossibilitado de evadir-se.[…] O silêncio desses espaços in� nitos me apavora. Quantos 
reinos nos ignoram! 
PASCAL, Blaise. O homem perante a natureza, s.d. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000039.pdf. 
Acesso em: 7 jun. 2020.
É um momento contraditório do pensamento humano. Ao mesmo tempo que nos fortalece a admi-
ração diante do novo e da grandeza humana, expressada por Shakespeare quando escreve “Que obra 
de arte é o homem!” em Hamlet, a inquietação e a angústia de Pascal diante da pequenez humana no 
Universo infinito nos fragiliza. No entanto, ambas as visões nos provocam a repensar o sentido da vida. 
Na nova concepção, o sentido das coisas reside na forma como elas se adaptam aos interesses e aos 
desejos do ser humano. 
Aos poucos, essa visão “narcísica” o distancia da totalidade e o faz esquecer que as coisas e a natu-
reza têm leis próprias, e que ele próprio, independentemente da sua vontade, está ligado à natureza e 
a todas as coisas existentes. Parece ser este o sentimento que angustiava Pascal: a perda da consciên-
cia da totalidade à qual todos os indivíduos estão ligados, e que precisava ser lembrada e arquivada 
para sempre na memória do ser moderno.
Filme: Ponto de mutação. Direção: Bernt Capra (EUA, 1990). 
Este filme é baseado no livro de mesmo título escrito por Fritjof Capra e publicado em 1982. Através dos diálogos 
significativos e reflexivos sobre a história do pensamento humano, os três personagens centrais (uma física, um 
poeta e um político) apresentam a problemática do atual paradigma científico, que permeia as relações político-
-econômicas da sociedade contemporânea: o paradigma newtoniano-cartesiano. O filme evoca uma nova percepção 
de mundo como forma de resolver a crise da ciência e da sociedade moderna, introduzindo novos paradigmas, como 
desafio a novas práticas cotidianas.
Com um debate em sala, mediado pelo professor, discuta com a turma sobre o filme, embasando-o com questões 
relacionadas a outras disciplinas, como Sociologia, História, Literatura, Matemática e Biologia.
Conexões
David Hume: o hábito como guia da vida humana
Como empirista, David Hume (1711-1776) questiona a tradição racionalista e sua primazia dada ao 
intelecto, enfatizando a experiência, seja por observação, seja por experimentação, como fonte do 
conhecimento. Seu objetivo é elaborar uma ciência da natureza humana, com destaque para o modo 
de funcionamento da mente, mas sempre fundamentado nos dados concedidos pela observação e 
pela experiência.
Hume enfatiza que o ser humano não se reduz a um ser racional, mas é, também, dotado de imagi-
nação e instintos, imersos na natureza, e essa condição humana exerce forte influência sobre seu pen-
samento e comportamento, levando-o a determinadas crenças que a razão não consegue justificar por 
meio de argumentos. 
Esse pensador ainda afirma que todo conhecimento fundado em percepções pode ser dividido em duas 
classes: impressões e ideias. Hume não está preocupado com o fato de como as impressões são produzidas 
na mente, mas como elas se apresentam. 
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Assim, denomina impressões as sensações fortes que são expe-
rimentadas e sentidas por meio da experiência. Há as impressões 
de sensação ou externas, como as cores e os sons, e as impressões 
de reflexão ou internas, como as paixões, os desejos e as emoções. 
Já as ideias são cópias das impressões, nas quais elas se funda-
mentam. Sempre que o ser humano pensa, imagina ou se recorda 
de algo, tem em sua mente imagens frágeis das impressões. Per-
cepções são sentidas, e ideias são pensadas. Por exemplo, se uma 
criança se queimar ao colocar o dedo na chama de uma vela, em 
uma próxima vez, ela evitará tocá-la para evitar a dor.
Hume quer demonstrar empiricamente que todas as percepções 
concernentes às ideias existem por causa de uma impressão passada, 
e que as ideias são cópias obscuras dessas impressões. Ou seja, os 
raciocínios experimentais dependem sempre da conexão entre causa 
e efeito. No entanto, a causalidade em si não ser ia um fator objetivo, 
mas subjetivo, pois o que se acredita ser uma questão de causa é, 
portanto, fruto do hábito. Foi por meio da repetição de experiências 
e seu arquivo pela memória que os seres humanos compreendem as 
relações constantes entre certos fenômenos. 
Quando lanço ao fogo um pedaço de madeira seca, minha mente é imediatamente levada a conceber que isso 
aumentará as chamas, não que as extinguirá. Essa transição de pensamento da causa para o efeito não procede da 
razão, mas deriva sua origem inteiramente do hábito e da experiência.
HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 88. (Coleção Os Pensadores)
Portanto, para Hume, o hábito ou costume é o que guia a vida humana, o mecanismo que faz esperar, 
no futuro, uma série de eventos semelhantes àqueles que apareceram no passado e permitem emitir 
juízos sobre o fato. Todas as inferências da experiência são efeitos do hábito, não do raciocínio.
Hume torna impossível tanto a universalidade quanto a necessidade pretendidas pela razão. O universal é 
apenas um nome ou uma palavra geral que usamos para nos referirmos à repetição de semelhanças percebidas e 
associadas. O necessário é apenas o nome ou uma palavra geral que usamos para nos referirmos à repetição das 
percepções sucessivas no tempo. O universal, o necessário, a causalidade são meros hábitos psíquicos.
CHAUI, Marilena. Convite à Filoso� a. São Paulo: Ática, 2000, p. 89-90.
Para concluir, Hume faz uma análise psicológica do entendimento humano. Porém, cabe ainda um 
questionamento: que novidade é essa que o pensamento de Hume agrega ao empirismo? Para ele, as 
ideias não são apenas cópias das impressões suscitadas pelas sensações (dados trazidos pelas expe-
riências externas), mas também das impressões das emoções experimentadas diante dessas sensações(experiências internas).
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 Estátua do filósofo 
britânico David 
Hume (1711-1776), em 
Edimburgo, Escócia.
3. (UEL-PR) Leia o texto a seguir.
Podemos de� nir uma causa como um objeto, seguido de outro, tal que todos os objetos semelhantes ao primeiro são seguidos por objetos 
semelhantes ao segundo. Ou, em outras palav ras, tal que, se o primeiro objeto não existisse, o segundo jamais teria existido. O aparecimento de 
uma causa sempre conduz a mente, por uma transição habitual, à ideia do efeito; disso também temos experiência. Em conformidade com essa 
experiência, podemos, portanto, formular uma outra de� nição de causa e chamá-la um objeto seguido de outro, e cujo aparecimento sempre 
conduz o pensamento àquele outro. Mas, não temos ideia dessa conexão, nem sequer uma noção distinta do que é que desejamos saber quando 
tentamos concebê-las.
(Adaptado de: HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. Seção VII, 29. Trad. 
José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: UNESP, 2004. p.115.)
Parada obrigatória
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Teste seu conhecimento: 5 e 6
5. (UEA-AM)
Nada pode parecer mais ilimitado que o pensamento humano, que está livre até mesmo dos limites da natureza e da realidade. Enquanto 
o corpo está con� nado a um único planeta, o pensamento pode transportar-nos às mais distantes regiões do universo. Aquilo que nunca foi 
visto, pode assim ser concebido. Mas, um exame mais cuidadoso nos mostrará que esse poder criador da mente consiste meramente na capa-
cidade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que os sentidos nos fornecem. Quando pensamos em uma montanha de ouro, 
estamos apenas juntando duas ideias consistentes, ouro e montanha, com as quais estávamos anteriormente familiarizados.
(David Hume. Investigações sobre o entendimento humano, 2004. Adaptado.)
 David Hume publicou Investigações sobre o entendimento humano em 1748. O excerto resume o conteúdo de sua filosofia
a) existencialista, que abrange a existência do ente humano na sua totalidade.
b) transcendental, que de� ne o espaço e o tempo como formas a priori.
c) empirista, que deduz da experiência os princípios da razão.
d) idealista, que confere o grau de certeza às ideias claras e distintas.
e) racionalista, que considera os homens unidos pelo bom senso.
6. (Enem)
O contrário de um fato qualquer é sempre possível, pois, além de jamais implicar uma contradição, o espírito o concebe com a mesma 
facilidade e distinção como se ele estivesse em completo acordo com a realidade. Que o Sol não nascerá amanhã é tão inteligível e não implica 
mais contradição do que a a� rmação de que ele nascerá. Podemos em vão, todavia, tentar demonstrar sua falsidade de maneira absolutamente 
precisa. Se ela fosse demonstrativamente falsa, implicaria uma contradição e o espírito nunca poderia concebê-la distintamente, assim como 
não pode conceber que 1 1 1 seja diferente de 2.
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado).
 O filósofo escocês David Hume refere-se a fatos, ou seja, a eventos espaçotemporais, que acontecem no mundo. Com relação ao 
conhecimento referente a tais eventos, Hume considera que os fenômenos
a) acontecem de forma inquestionável, ao serem apreensíveis pela razão humana.
b) ocorrem de maneira necessária, permitindo um saber próximo ao de estilo matemático.
c) propiciam segurança ao observador, por se basearem em dados que os tornam incontestáveis.
d) devem ter seus resultados previstos por duas modalidades de provas, com conclusões idênticas.
e) exigem previsões obtidas por raciocínio, distinto do conhecimento baseado em cálculo abstrato.
Parada complementar
 Com base no texto e nos conhecimentos acerca das noções de causa e efeito em David Hume, assinale a alternativa correta.
a) As noções de causa e efeito fazem parte da realidade e por isso os fenômenos do mundo são explicados através da indicação 
da causa.
b) A presença do efeito revela a causa nele envolvida, o que garante a explicação de determinado acontecimento.
c) A causa e o efeito são noções que se baseiam na experiência e, por meio dela, são apreendidas.
d) A causa e o efeito são conhecidos objetivamente pela mente e não por hábitos formados pela percepção do mundo.
e) A causa e o efeito proporcionam, necessariamente, explicações válidas sobre determinados fatos e acontecimentos.
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Crise do pensamento metafísico
Desde os antigos gregos, conhecemos duas questões opostas sobre a origem e a possibilidade do co-
nhecimento: o racionalismo e o empirismo. Embora essas correntes de pensamento dominassem o conhe-
cimento na sua época, Kant as considerava insuficientes, levando-o ao esforço de rever seus fundamentos. 
Segundo ele, foi inspirado no pensamento de David Hume que despertou do longo sono dogmático em 
que a compreensão filosófica da causalidade estava mergulhada desde Descartes, vendo-se diante da 
necessidade de empreender uma nova fundamentação para o conhecimento metafísico, o que pode ser 
visto na obra Crítica da razão pura. Kant detém o mérito de ter realizado uma síntese entre o racionalismo 
dogmático e o empirismo cético, demonstrando que tanto a razão como a experiência possuem limites.
Immanuel Kant: o despertar do sono dogmático 
Immanuel Kant (Prússia, 1724-1804) foi um grande filósofo, tanto no sentido de conhecer profundamente 
a história dos grandes pensadores quanto pelas teorias que criou. A sua importância na história da Filosofia 
é equiparada à de Copérnico na história da Ciência, alertando sobre a necessidade do que ele denominou 
o “despertar do sono dogmático”. 
O que é despertar do sono dogmático? É tomar como ponto de partida da metafísica a ideia de que 
existe uma realidade em si (Deus, alma, mundo, infinito, finito, matéria, forma, substância, causalidade) 
que pode ser conhecida pela razão ou – o que dá no mesmo – tomar como ponto de partida da metafísica 
a afirmação de que as ideias produzidas pela razão correspondem exatamente a uma realidade externa, 
que existe em si e por si mesma. Dogmático é aquele que aceita, sem exame e sem crítica, afirmações 
sobre as coisas e sobre as ideias. 
Então, o que é despertar do sono dogmático? É indagar, antes de tudo, se a metafísica é possível e, 
se for, em que condições é possível. Despertar do dogmatismo é elaborar uma crítica da razão teórica, 
isto é, um estudo sobre a estrutura e o poder da razão para determinar o que ela pode e o que ela não 
pode conhecer verdadeiramente. 
Existe verdade? Como é possível conhecer? Perguntas como essas intrigavam os pensadores, que se 
debruçavam sobre elas, tentando resolver os problemas do conhecimento surgidos após a Revolução 
Científica do século XVII. A visão da totalidade constitutiva do ser dos pensadores antigos não era mais 
suficiente para responder às novas indagações do conhecimento. Não havia mais verdades absolutas, 
mas verdades múltiplas, o que gerava uma sensação de insegurança perante a capacidade do ser huma-
no de conhecer e sobre a validade do seu conhecimento. 
É isso o que se denomina “crise do pensamento metafísico”. A expressão “crise” não significa negação 
da metafísica como forma de conhecimento, mas uma revisão dos seus valores, uma ressignificação da 
função e validade desse conhecimento.
 Desenho do filósofo prussiano 
Immanuel Kant (1724-1804).
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Antes de continuar, vamos recapitular o que você já estudou sobre o tema.
A metafísica antiga e medieval baseava-se no argumento de que a realidade existe em si mesma e 
pode ser conhecida pelo pensamento, pela razão. A verdade é buscada pela correspondência existente 
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entre o pensamento e a realidade,afirmando que o sujeito do conhecimento tem acesso ao Ser. No 
século XVII, o filósofo René Descartes elaborou a metafísica moderna, afirmando as possibilidades do 
conhecimento da realidade por meio de raciocínios ou conceitos, que, representando as coisas, as 
transformam em objetos de conhecimento. O fundamento dessa constatação era a existência de Deus, 
um Ser infinito, que garantia a realidade e a inteligibilidade de todas as coisas pelos seres humanos, 
ao dotá-los de um intelecto capaz de conhecê-las em si mesmas. David Hume, por sua vez, afirmava 
que a atuação do pensamento ocorria pela associação entre as informações recebidas pelos sentidos e 
a memória, sendo, portanto, as ideias nada mais que hábitos mentais que se sucedem repetidamente. 
De acordo com sua teoria, a metafísica é uma construção mental, não tendo uma realidade objetiva. 
O filósofo alemão Kant também elaborou considerações importantes a respeito desse tema. Kant 
dizia que a leitura de David Hume o despertou do “sono dogmático”, ou seja, da sua crença inabalável na 
metafísica clássica. 
Na época de Kant, destacavam-se duas correntes de pensamento: os racionalistas e os empiristas. Para 
os primeiros, os objetos são conhecidos a priori, pela razão, ou seja, fundamentado em ideias inatas e no 
método dedutivo-matemático. Já os empiristas, ao contrário, criticam a concepção de ideias inatas e buscam 
compreender a ciência por meio dos juízos a posteriori, ou seja, após a experiência. Kant não discordava 
dessas formas de pensar; ele realmente acreditava que os sentidos e a razão eram importantes na busca do 
conhecimento, mas achava que ambas supervalorizavam seus objetos de conhecimento, sem observar outras 
relações entre eles. Defendia que a origem do conhecimento estava nas impressões captadas pelos sentidos, 
mas acrescentou que a razão também participa desse processo de alguma forma.
De acordo com a sua filosofia crítica, também conhecida como criticismo kantiano, aquilo que se 
encontra fora do universo da experiência não pode ser conhecido pelo homem. Considera que é possível 
conhecer o fenômeno quando este se encontra sujeito às formas a priori da sensibilidade, do entendi-
mento e da razão. 
Para Kant, essas duas posições, o racionalismo e o empirismo, separaram a razão da matéria, os conceitos 
do conteúdo, uma vez que, sem a sensibilidade (receptora das impressões sensíveis dos objetos percebidos 
pela experiência) nenhum objeto nos seria dado; e sem o entendimento (que vai configurar a realidade, como 
a categoria de causa e efeito, o peso de um objeto, as formas geométricas dos objetos percebidos) nenhum 
objeto seria pensado. Para que haja conhecimento, precisamos tanto da experiência, fornecida pela nossa 
faculdade de sensibilidade, como também do conceito, fornecido pela nossa faculdade de entendimento.
Ao observar, por exemplo, que a lousa é retangular, é possível se perguntar: onde está a noção de 
retângulo? Kant responderia que está na mente. A mente sintetiza o conhecimento de que “a lousa é 
retangular”, com base na conexão realizada entre a sensibilidade (a percepção do quadro) e o entendi-
mento (a forma retangular). Para esse pensador, as leis da Física não estão no mundo, pois não podem 
ser percebidas, mas elas estão em nossa mente e estruturam a nossa experiência.
Portanto, o conhecimento é, para Kant, síntese entre o racionalismo e o empirismo. O que isso sig-
nifica? O fenômeno, que é intuído na sensibilidade, e o conceito, que é efetivado no entendimento, se 
fundem. O fenômeno fornece uma multiplicidade nas formas da sensibilidade e as formas do entendi-
mento fazem a síntese de forma a fornecer a unidade. Assim, todo o nosso conhecimento começa pelos 
sentidos, passa ao entendimento e termina na razão.
Então, o que é possível conhecer?
“Das coisas”, dizia Kant, “só conhecemos o que nelas colocamos”. A posição de Kant situa-se entre o empirismo 
do � lósofo escocês David Hume, que a� rma que as sensações e as experiências são a única fonte de nosso conhe-
cimento, e a posição racionalista que a� rma que a fonte do conhecimento advém da própria razão. A sensibilidade 
recebe os objetos do mundo e o entendimento pensa esses objetos. A crítica de Kant escapa, nesse sentido, ao 
ceticismo de Hume, para o qual não há como estabelecer uma ligação entre uma causa e um efeito teoricamente, 
e escapa, igualmente, do dogmatismo que dispensa as experiências sensíveis como fonte de conhecimento. Todo 
conhecimento que se pretende cientí� co deve se limitar a buscar o conhecimento dos elementos empíricos; assim, 
se procurarmos uma compreensão de elementos que estão para além do espaço e do tempo, devemos admitir que 
tal compreensão não pode ser cientí� ca, ou seja, se existe algo fora do mundo sensível, não podemos conhecê-lo. 
No entanto, a Filoso� a vem, há séculos, se dedicando a questões que não têm seus objetos dados pelo espaço e pelo 
tempo: a essa parte da Filoso� a chamamos metafísica, ou seja, um conhecimento daquilo que está para além (meta) 
da Física. Kant, com suas teorias da “Crítica da Razão Pura”, demonstrou que a metafísica não é possível como 
conhecimento teórico, pois somente podemos aplicar os elementos racionais, a priori, às sensações empíricas. No 
entanto, ele abre espaço para a metafísica no uso prático da razão.
REIS, Alexandre H. Filoso� a e ética. Belo Horizonte: Educacional, 2008. 
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4. (Uema) Na perspectiva do conhecimento, Immanuel Kant pretende superar a dicotomia racionalismo-empirismo. Entre as alternati-
vas abaixo, a única que contém informações corretas sobre o criticismo kantiano é:
a) A razão estabelece as condições de possibilidade do conhecimento; por isso independe da matéria do conhecimento.
b) O conhecimento é constituído de matéria e forma. Para termos conhecimento das coisas, temos de organizá-las a partir da forma a 
priori do espaço e do tempo.
c) O conhecimento é constituído de matéria, forma e pensamento. Para termos conhecimento das coisas temos de pensá-las a partir do 
tempo cronológico.
d) A razão enquanto determinante nos conhecimentos fenomênicos e noumênicos (transcendentais) atesta a capacidade do ser humano.
e) O homem conhece pela razão a realidade fenomênica porque Deus é quem a� nal determina este processo.
Parada obrigatória
7. (UFU-MG) O criticismo de Kant representa a reação do pensamento do Século das Luzes à polarização decorrente do racionalismo 
e do empirismo do século anterior. Logo, na introdução da sua obra Crítica da razão pura, Kant defende a realização da revolução 
copernicana na filosofia. Sobre esta revolução, analise as assertivas abaixo.
 I. A � loso� a, até então, sempre se guiou pelos instintos, deixando sempre no plano inferior o objeto do conhecimento.
 II. Nas atividades � losó� cas é preciso que o objeto seja regulado pelo conhecimento humano, o conhecimento a priori.
 III. O conhecimento a priori resulta da faculdade de intuição, cuja comprovação é alcançada com a experi•ncia.
 IV. Só é verdadeiro o conhecimento resultante da experiência, quando esta toma o objeto como a coisa em si mesma, sem o auxílio da razão.
Assinale a alternativa que contém as assertivas verdadeiras.
a) Apenas II e IV.
b) Apenas I, II e IV.
c) Apenas II e III.
d) Apenas I, III e IV.
8. (UFT-TO)
Conhecemos somente o nosso modo de perceber a natureza dos objetos em si mesmos, modo que nos é peculiar, mas pode muito bem não 
ser necessariamente o de todos os seres, embora seja o de todos os homens. É deste modo apenas que nos temos de ocupar. O espaço e o tempo 
são as formas desse modo de perceber; a sensação em geral é a sua matéria.
Fonte: KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste, 2013, p. 79.
 O trecho ilustra alguns aspectos da teoria kantiana do conhecimento. Sobre esta mesma teoria, assinale a opção CORRETA.
a) Os progressos da experiência (e da ciência moderna) nos permitirão ultrapassar os seuslimites; desta forma, o nosso conhecimento vencerá 
a distância que nos separa das coisas.
b) Entre o sensível e o inteligível há uma diferença apenas de grau, isto é, de antemão nada nos impede de passar de um ao outro pelo 
aprofundamento dos nossos conhecimentos.
c) O fenômeno é a coisa como esta nos aparece, cumpre então lembrar que Kant pensa, sobretudo, na estrutura do aparelho sensorial 
e no seu valor geral para todo sentido humano.
d) Há, pode-se dizer, um relativismo kantiano, mas diferente, por exemplo, do de Protágoras, pois, em Kant, a nossa intuição do objeto 
depende da constituição geral da sensibilidade.
Parada complementar
Teste seu conhecimento: 7
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Complete o quadro com as informações que aprendeu no capítulo, seguindo os exemplos já preenchidos.
REVOLUÇÃO NO PENSAMENTO
Pascal:
condição humana
Homem de fé
Está na aprendizagem em 
que recebe, 
acolhe e cuida. 
Homem de ciência
Aprendizagem de 
controle e dominação 
da natureza.
Método científi co
Transformação na ciência
Valorização do poder da 
intervenção humana e 
do controle tecnológico 
da natureza por parte da 
atividade científi ca.
Objetividade
Criticismo kantiano
Transformação no 
pensamento
Ruptura com o quadro 
de pensamento em que 
a metafísica e a ciência 
aristotélica se encontravam 
fundamentadas há mais de 
mil anos.
Empirismo
Racionalismo
Síntese
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1. (UEL-PR) A ONU declarou 2009 o Ano Internacional da As-
tronomia pelos 400 anos do uso do telescópio nas investi-
gações astronômicas por Galileu Galilei. Essas investigações 
desencadearam descobertas e, por sua vez, uma nova ma-
neira de compreender os fenômenos naturais. Além de suas 
descobertas, Galileu também contribuiu para a posteridade 
ao desenvolver o método experimental e a concepção de 
uma nova ciência física.
 Com base nas contribuições metodológicas de Galileu Galilei, 
é correto afirmar:
a) A experiência espontânea e imediata da percepção dos 
sentidos desempenha, a partir de Galileu, um papel meto-
dológico preponderante na nova ciência.
b) A observação, a experimentação e a explicação dos fenô-
menos físicos da natureza desenvolvidos por Galileu apri-
moram o método lógico-dedutivo da � loso� a aristotélica.
c) A observação controlada dos fenômenos na forma de experi-
mentação, segundo o método galileano, consiste em interro-
gar metodicamente a natureza na linguagem matemática.
d) A veri� cação metodológica da verdade das leis cientí� -
cas pelos experimentos aleatórios defendida por Galileu 
fundamenta-se na concepção � nalista do Universo.
e) O método galileano rea� rma o princípio de autoridade das 
interpretações teológico-bíblicas na de� nição do método 
para alcançar a verdade física.
2. (Cespe/UnB-DF)
Do princípio do século XVII ao � m do século XVIII, o aspecto 
geral do mundo natural alterou-se de tal forma que Copérnico teria 
� cado pasmo. A revolução que ele iniciara desenvolveu-se tão rápi-
do e de modo tão amplo que não só a astronomia se transformou, 
mas também a física. Quando isso aconteceu, dissolveram-se os 
últimos vestígios do universo aristotélico. A matemática tornou-se 
uma ferramenta cada vez mais essencial para as ciências físicas.
A visão do universo adotada por Galileu – morto em 1642, 
ano do nascimento de Isaac Newton – baseava-se na observação, 
na experimentação e numa generosa aplicação da matemática. 
Uma atitude de certa forma diferente daquela adotada por seu 
contemporâneo mais jovem, René Descartes, que começou a for-
mular uma nova concepção � losó� ca do universo, que viria a 
destruir a antiga visão escolástica medieval.
Em 1687, Newton publicou os Principia, cujo impacto foi 
imenso. Em um único volume, reescreveu toda a ciência dos cor-
pos em movimento com uma incrível precisão matemática. Com-
pletou o que os físicos do � m da Idade Média haviam começado e 
que Galileu tentara trazer à realidade. As três leis do movimento, 
de Newton, formam a base de todo o seu trabalho posterior.
Ronan Colin A. História ilustrada da ciência: da Renascença à revolução cientí� ca. 
S‹o Paulo: Círculo do Livro, s/d, p. 73, 82-3 e 99 (com adaptações).
Os trabalhos de Aristóteles e Galileu representam dois mo-
mentos marcantes do desenvolvimento das ciências naturais 
no Ocidente. Assinale a opção que sintetiza corretamente as 
contribuições de cada um deles para a história da ciência. 
a) Aristóteles produziu conhecimento acerca do universo de 
modo empírico e experimental, ao passo que Galileu de-
fendeu o uso da matemática como ferramenta de desco-
berta, relegando a lógica a uso apenas argumentativo.
b) O conhecimento de Aristóteles acerca do universo era 
especulativo, embasado na lógica que ele mesmo criara, 
diferentemente do conhecimento de Galileu, que defen-
dia o uso da matemática como ferramenta de descoberta, 
relegando a lógica a uso apenas argumentativo.
c) A despeito de diferenças quanto à percepção do universo, 
como heliocêntrico ou geocêntrico, tanto Galileu quanto 
Aristóteles atribuíam à lógica o poder de desvelar relações 
de causalidade entre os fenômenos naturais.
d) O conhecimento de Aristóteles acerca do universo era 
empírico, e o de Galileu, contemplativo, diferindo ambos 
quanto ao grau de manipulação dos fenômenos naturais 
na construção dos conceitos cientí� cos.
3. (Enem)
TEXTO I
Os segredos da natureza se revelam mais sob a tortura dos 
experimentos do que no seu curso natural.
BACON, F. Novum Organum, 1620. In: HADOT, P. O véu de Ísis: ensaio sobre a 
história da ideia de natureza. São Paulo: Loyola, 2006.
TEXTO II
O ser humano, totalmente desintegrado do todo, não per-
cebe mais as relações de equilíbrio da natureza. Age de forma 
totalmente desarmônica sobre o ambiente, causando grandes 
desequilíbrios ambientais.
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas: Papirus, 1995.
 Os textos indicam uma relação da sociedade diante da natu-
reza caracterizada pela
a) objeti� cação do espaço físico.
b) retomada do modelo criacionista.
c) recuperação do legado ancestral.
d) infalibilidade do método cientí� co.
e) formação da cosmovisão holística.
4. (Enem)
Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora 
nossa memória possua todas as demonstrações feitas por ou-
tros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de 
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problemas; não nos tornaríamos � lósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre 
o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias.
DESCARTES, R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
 Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da
a) investigação de natureza empírica.
b) retomada da tradição intelectual.
c) imposição de valores ortodoxos.
d) autonomia do sujeito pensante.
e) liberdade do agente moral.
5. (Enem)
Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos 
fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes, 
ouro e montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos 
próprios sentimentos, e podemos unir a isso a � gura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar.
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.
 Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que
a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na sensação.
b) o espírito é capazde classificar os dados da percepção sensível.
c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais determinadas pelo acaso.
d) os sentimentos ordenam como os pensamentos devem ser processados na memória.
e) as ideias têm como fonte específi ca o sentimento cujos dados são colhidos na empiria.
6. (Enem)
TEXTO I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se � ar inteiramente em quem já nos enganou 
uma vez.
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum signi� cado, precisaremos apenas in-
dagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para con� rmar 
nossa suspeita.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
 Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assu-
mir que Descartes e Hume
a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.
b) entendem que é desnecessário suspeitar do signifi cado de uma ideia na refl exão fi losófi ca e crítica.
c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.
e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.
7. (Enem)
Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, 
algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão me-
lhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).
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 O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas 
posições filosóficas que
a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.
b) defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.
c) revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a refl exão fi losófi ca.
d) apostam, no que diz respeito às tarefas da fi losofi a, na primazia das ideias em relação aos objetos.
e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
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Anotações
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BILAC, Olavo. Conferências Literárias. Rio de Janeiro: Francisco Alves e Cia, 1912.
BUZZI, Arcângelo R. Introdução ao pensar: o ser, o conhecimento e a linguagem. Petrópolis: Vozes, 2006.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofi a. São Paulo: Ática, 2000.
DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Nova Cultural, 1987. 
DESCARTES, René. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Coleção Os Pensadores).
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofi a. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.
HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Coleção 
Os Pensadores)
MARAVALL, José Antonio. A cultura do Barroco: análise de uma estrutura histórica. São Paulo: Edusp, 1997.
MORIN, Edgar. O problema epistemológico da complexidade. Lisboa: Publicações Europa-América, 1996.
PASCAL, Blaise. O homem perante a natureza, s.d. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/cv000039.pdf. Acesso em: 7 jun. 2020.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofi a: do humanismo a Kant. São Paulo: Paulus, 2004.
Referências
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