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ETIOPATOGENIA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) - Doença hepática crônica e grave, causada pelo acúmulo excessivo de gordura no fígado de pessoas que consomem álcool em quantidades abaixo dos níveis de risco, ou seja, < 20 g/dia em mulheres e < 30 g/dia em homens; - Inclui todos os graus e estágios da doença, referindo-se a uma população que apresenta 5% ou mais dos hepatócitos com esteatose macrovesicular, na ausência de uma causa alternativa de esteatose (como medicamentos, fome, distúrbios monogênicos); - Espectro da doença: fígado gorduroso não alcoólico (NAFL – esteatose hepática macrovesicular acompanhado de inflamação leve), esteato-hepatite não alcoólica (NASH – presença de inflamação e lesão celular, com ou sem fibrose), cirrose (bandas de septos fibrosos levando a formação de nódulos cirróticos, podendo não apresentar as características da NASH) e carcinoma - a progressão da doença hepática é extremamente variável; - Mecanismos subjacentes: disfunção metabólica, resistência à insulina, obesidade e fatores genéticos; - A resposta do fígado à lesão lipotóxica inclui ativação e recrutamento de macrófagos residentes, que contribui ainda mais para a lesão hepatocelular e para a ativação de células estreladas, como parte de uma interação complexa entre os tipos de células hepáticas; - Esteatose simples – reflexo do metabolismo disfuncional não progressivo; - Esteato-hepatite não alcoólica (NASH) – doença hepática crônica, que evolui com insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular; Lipotoxicidade - O excesso calórico absoluto ou relativo iniciam o excesso de gordura hepática (NAFLD); - O aumento do fluxo de substrato sobrecarrega os compartimentos do tecido adiposo, gerando tecido adiposo disfuncional, com transbordamento de gordura livre em tecidos não adiposos (fígado, pâncreas, coração e artérias), lipogênese de novo e acúmulo de lipídios no fígado; - O excesso de oferta de energia e a expansão limitada do tecido adiposo contribuem para a resistência à insulina e doenças metabólicas - a resistência à insulina do tecido adiposo é caracterizada pelo aumento da liberação de gordura livre dos adipócitos (lipólise) em jejum, com piora da progressão da DHGNA para NASH; - A prática de atividade física limitada e os comportamentos sedentários complementam o desequilíbrio calórico; - O fígado, o tecido adiposo, o tecido muscular e o intestino interagem via citocina, com secreção do fator de crescimento e de adipocinas, fazendo com que o fígado tome palco central na regulação metabólica; - Os insultos múltiplos conduzem sinergicamente o desenvolvimento e a progressão da DHGNA em pessoas predispostas; - Os produtos tóxicos dos triglicerídeos, os lipídios lipotóxicos e o acúmulo de colesterol geram necroinflamação; - Duas possíveis vias para a morte celular na NASH são a oxidação lipídica descontrolada e incompleta, gerando estresse oxidativo, e a ativação da resposta proteica desdobrada; Disbiose - Um microbioma alterado pode contribuir para os danos hepáticos; - As alterações do microbioma aumentam a permeabilidade e alteram a modulação bacteriana do eixo do intestino a partir do receptor farnesóide x intestinal (FXR), que regula a transcrição dos genes envolvidos na síntese e - A avaliação inicial dos pacientes deve incluir a triagem para comorbidades metabólicas, avaliação da ingesta de álcool, exclusão de outras causas de doença hepática (medicamentos e causas raras) e exame físico para identificar sinais de resistência à insulina e doença hepática avançada; - Atípico – não se associa a comorbidades metabólicas ou é acompanhado de sinais ou sintomas adicionais, sugerindo etiologias alternativas; - Triagem – realizada em pacientes com doenças metabólicas, ou seja, pacientes de alto risco, com: dosagem de alanina aminotransferase, teste FLI, FIB-4, NFS, elastografia transitória - permite avaliar a probabilidade de fibrose significativa, prever riscos da progressão e descompensação da doença, tomar decisões de manejo e avaliar a resposta ao tratamento - Ultrassom – método operador dependente, não sensível para porcentagem < 20% de gordura hepática; - Não existe um tratamento específico para evitar a progressão da doença, assim o tratamento deve ser adaptado a cada indivíduo; - Baseia-se em tentativas de redefinir o equilíbrio de calorias e a homeostase lipídica e glicídica para reduzir o estresse oxidativo, os sinais inflamatórios sistêmicos e locais e para modular a ativação de células estreladas e a fibrogênese; Intervenção no Estilo de Vida - A dieta com restrição calórica, redução da ingestão de açúcares simples, frutose industrial e gorduras saturadas, com preferência pela cozinha mediterrânea, e a prática de atividade física aeróbica e de resistência são o único tratamento consolidada que exercem efeito comprovado sobre a histologia hepática, com redução da fibrose e possível remissão da DHGNA; - Regressão da fibrose se perda de peso > 10%; Cirurgia Bariátrica - Os efeitos sobre o peso corporal excedem a meta de perda de peso de 10% associada à depuração da gordura hepática, a resolução de NASH e a reversão da fibrose, diminuindo a chance de progressão da DHGNA para cirrose; - É indicado em pacientes com alto risco de progressão (fibrose F3), com IMC > ou = 40 ou IMC > ou = 35 com comorbidades; - Procedimentos de escolha: Bypass gástrico em Y de Roux e gastrectomia vertical; Tratamento Medicamentoso transporte de ácidos biliares, lipogênese e homeostase da glicose, via liberação de fator de crescimento de fibroblastos; - Pacientes com obesidade e NASH apresentam microbioma com aumento de Proteobacteria e Bacteroidetes, e diminuição de Firmicutes; Polimorfismos Genéticos - Genes correlacionados à maior suscetibilidade à NAFLD: polimorfismos na PNPLA3 - o polimorfismo I148M do PNPLA3 prejudica a lipólise dos triglicerídeos em gotículas lipídicas; - Os polimorfismos em outras proteínas que desempenham um papel no metabolismo da gordura dos hepatócitos são associados à prevalência e a gravidade da DHGNA, como a superfamília transmembrana 6 membro 2 (TM6SF2), que pode desempenhar um papel no metabolismo do colesterol; - Os genes agem por diferentes mecanismos, interagindo com fatores dietéticos, atividade física e comorbidades, produzindo efeitos epigenéticos; Álcool - Importante contribuinte para a progressão da doença hepática gordurosa; - O uso moderado de álcool aumenta a probabilidade de desenvolver fibrose, principalmente em pacientes com obesidade o DM2, uma vez que apresentam efeitos sinérgicos de resistência à insulina e progressão da doença hepática – esse sinergismo aumenta o risco de lesão hepática, cirrose, CHC e morte por doença hepática; - O uso pesado de álcool acelera a lesão hepática e a progressão da fibrose, devendo ser evitado em pacientes com DHGNA/NASH; - O uso leve de álcool se associa a menor melhora da esteatose e da aspartato aminotransferase (AST) e as menores chances de resolução da NASH; - Pacientes com fibrose hepática clinicamente significativa (> ou = F2) devem se abster completamente do uso de álcool; Comorbidades Relacionadas - Intimamente relacionada com as anormalidades metabólicas, como a resistência à insulina, dislipidemia, obesidade central e hipertensão; - A presença dos distúrbios metabólicos confere um risco ainda maior de progressão histológica de NASH; - Obesidade - a distribuição de gordura corporal Android, com aumento da gordura subcutânea troncular e da gordura visceral, confere maior risco de resistência à insulina, DCV e fibrose hepática, uma vez que a gordura visceral é metabolicamente mais ativa e inflamatória, independentemente do IMC, enquanto distribuição de gordura corporal ginóide, com aumento da gordura corporal subcutânea predominantemente nos quadris ou nádegas, é protetora contra NAFLD – a medida que o tecido adiposo se torna mais estressadometabolicamente, disfuncional e inflamado, a sinalização da insulina é prejudicada progressivamente, promovendo a liberação inadequada de ácidos graxos e levando ao acúmulo de lipídios intra-hepáticos e inflamação; - Diabetes melitus tipo 2 - fator de risco mais impactante para o desenvolvimento de DHGNA, progressão da fibrose e CHC, pois o controle glicêmico inadequado acentua a lesão hepatocelular e a fibrose hepática, apresentando relação bilateral, pois com o curso da DHGNA também ocorre redução da sensibilidade à insulina, mesmo na ausência de diabetes; - Biópsia Hepática – permite o diagnóstico definitivo e o estadiamento da NASH – (escore de atividade NAFLD) soma esteatose (0 a 3), a inflamação lobular (0 a 3) e o balonismo hepatocelular (0 a 2); (SAF Europeu) considera a estratose, a atividade e a fibrose, identificando os componentes de progressão da doença; - Não existem medicamentos aprovados para a DHGNA, porém alguns são prescritos de forma oof-label; - Pioglitazona (30 a 45 mg/dia) - agonista antidiabético para o PPAR-gama, que modula a sensibilidade à insulina, sendo a droga de escolha para reduzir a progressão da fibrose em pessoas com diabetes e usada de maneira off-label na NAFLD sem diabetes - reduz as concentrações de aminotransferase e diminui a esteatose e a inflamação lobular, podendo resolver o NASH e mudar o estágio da fibrose avançada – se descontinuada ocorre recorrência da NASH – efeitos adversos: aumento do peso corporal e risco aumentado de fraturas não osteoporóticas; - Vitamina E (800 UI/dia) - efeito antiapoptótico e propriedades antioxidantes, melhorando significativamente o NASH, reduzindo a esteatose e a inflamação lobular, sem efeitos significativos na fibrose – comumente usada de maneira combinada com a pioglitazona; Acompanhamento - O monitoramento e a vigilância de pacientes com DHGNA são adaptados conforme a gravidade da doença e a disponibilidade de recursos – busca detectar a descompensação hepática precoce, para introdução do tratamento imediato e se necessário inclusão na lista de espera para transplante; - Pacientes com baixo risco de progressão – acompanhados de 2 em 2 anos, ou de 3 em 3 anos com biomarcadores substitutos, ultrassonografia ou elastografia transitória; - Hipertensão arterial sistêmica; - Dislipidemia; - Apneia obstrutiva do sono - causa hipóxia intermitente, associada à disfunção mitocondrial, desregulação do metabolismo da glicose e dos lipídios, pior resistência à insulina e aumento do DNL hepático; - Doença cardiovascular; - Doença renal crônica; - Hipotireoidismo; - Deficiência de GH - associada à redistribuição da gordura corporal e ao aumento da massa de tecido adiposo, podendo resultar em resistência à insulina, hiperglicemia, hiperlipidemia e DHGNA; - Hipogonadismo - os baixos níveis de testosterona podem afetar negativamente a composição corporal, piorar a resistência à insulina e contribuir para o desenvolvimento da esteatose hepática; - SOP – hiperinsulinemia; - Menopausa - deficiência de estrogênio, excesso relativo de androgênio e diminuição dos níveis de proteína de ligação do hormônio sexual, associando-se ao aumento das enzimas hepáticas, a maior prevalência de DHGNA e fibrose avançada; Resposta Fibrinogênica e História Natural da Doença - A progressão para fibrose hepática reflete a convergência do impacto ambiental, metabolismo, microbioma, fatores de risco genéticos e comorbidades na determinação da morte celular; - Os hepatócitos doentes desencadeiam respostas que enriquecem o fígado em regeneração, a partir de miofibroblastos, células imunes e células hepáticas progenitoras; - A fibrose hepática é resultado de repetidas lesões e cicatrização prolongada de feridas impulsionada pelas células estreladas hepáticas, refletindo o balanço líquido entre a fibrogênese e a degradação da fibrose; - NASH – a fibrogênese em curso não prossegue linearmente de fígado gorduroso simples através de NASH para a cirrose, uma vez que a progressão resulta de surtos necroinflamatórios repetitivos interrompidos por respostas imunes anti-inflamatórias e reparadoras, porém, com o tempo, as respostas regenerativas fúteis perpetuam o estímulo para a neoplasia, aumentando o risco de câncer de fígado; - A NASH pode apresentar progressão mínima sob influência de fatores não farmacológicos, como consultas, monitoramento, aconselhamento ou mudanças dietéticas ou de estilo de vida; - Os pacientes com NASH evoluem para uma fibrose NAFLD em 7 anos, enquanto os pacientes com NAFL evoluem para esta em 14 anos; - A descompensação hepática é associada à mortalidade por todas as causas, principalmente às mortes por doenças cardiovasculares; ETIOPATOGENIA QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO DOENÇA PARENQUIMATOSA CRÔNICA DO FÍGADO / - Lesão definitiva e irreversível que é a via final comum de uma lesão hepática crônica e persistente em indivíduo - Pacientes com cirrose transitam entre o estágio compensado e o estágio descompensado (insuficiência hepática crônica), que evolui com complicações, como icterícia, ascite, síndrome Anamnese - Busca manifestação clínica da cirrose e fatores de risco; - Deve-se remover ou suprimir o fator etiológico primário, com resposta virológica sustentada (RVS) em pacientes com infecção por VHC, supressão de VHB na HEPATOPATIA CRÔNICA geneticamente predisposto e que independentemente da etiologia da lesão, acarretará fibrose e formação nodular difusa com consequente desorganização da arquitetura lobular e vascular do órgão; - Ciclo: morte e regeneração celular (rearranjo da arquitetura dos hepatócitos) < - > degradação e formação anormal de matriz extracelular (fibrose hepática); - Comumente o insulto perdura por meses a anos, apresentando como exceções a doença veno- oclusiva, a hepatite induzida por drogas e a colangite biliar secundária/CBS, especialmente neonatal; - Principais etiologias: álcool, HCV e NASH – causa de 80% dos transplantes; - Disfunção metabólica – ex.: galactosemia, tirosinemia, doença de Wilson, hemocromatose, deficiência de alfa 1-antitripsina, esteato-hepatite não alcoólica (NASH)/ doença hepática de depósito por difunção metabólica – evoluem para inflamação e para hepatocarcinoma; - Causas Infecciosas – hepatite B, hepatite C, esquistossomose, brucelose, sífilis e equinococose; - Causa Autoimune – hepatite autoimune; - Outras Causas: doença celíaca, deficiência de LAL, fibrose hepatorrenal, varizes esofagogástricas, hemorragia digestiva alta, encefalopatia hepática, coagulopatias, hepatocarcinoma, síndrome hepatopulmonar, hipertensão portopulmonar, cardiomiopatia cirrótico, coagulopatias, hipogonadismo, insuficiência adrenal, osteoporose e disfunção tireoidiana; - 40% dos cirróticos são assintomáticos; - Sintomas inespecíficos: anorexia, perda ponderal e fadiga; - Fatores desencadeantes da descompensação: perdas sanguíneas, distúrbio hidroeletrolítico, infecções espontâneas (PBE, bacteremi, empiema bacteriano do hidrotórax hepático), ITU; - A hipertensão arterial portal (CSPH) é uma das principais consequências da cirrose, sendo responsável pela sua forma mais grave, que cursa com complicações como ascite, sangramento de varizes gastroesofágicas e encefalopatia; Ascite - Sinal de alarme presente em 50% dos cirróticos, que indica a necessidade de transplante de fígado; - Fisiopatologia: até determinado ponto na cirrose compensada existe uma homeostase/equilíbrio da vasoconstrição extraesplânica e da vasodilatação intraesplânica, mantendo o débito cardíaco estável, porém com os anos surge uma maior vasoconstrição extra-esplânica, com redução da resistência vascular sistêmica e aumento da vasodilatação arterial esplânica, fazendo com que toda a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, do sistema nervoso simpático e do hormônio anti-diurético (ADH), ao longo do tempo, ocasione a ascite;- Classificação: (Grau I) não existe ascite clínica, sendo essa leve e dectável apenas na ultrassonografia; (Grau II) ascite moderada, - História pregressa: hemotransfusão, teste do pezinho, doenças infecciosas da região, icterícia ao nascimento (precoce ou tardia), história de IST, drogas injetáveis, práticas sexuais, diálise, viagens para áreas endêmicas, cirurgias, medicações e etilismo; - História familiar; Exame Físico - Sinais de insuficiência hepática e manifestações extra-hepáticas, como artrite (hepatite autoimune), xantelasma (doença colestática, como sepse CT), anéis de Kayser-fleischer (doença de Wilson), hemocromatose (escurecimento da pele), hipertrofia de parótida, contratura de duplo trein – deve-se realizar a palpação do fígado com lemos torres, mathieu e pinça, além da pesquisa de ascite com piparote e macicez móvel de decúbito; **na maioria dos casos o diagnóstico de cirrose é clínico, devido aos achados relacionados às complicações da hepatopatia** Exames de Propedêutica Básica - Inclui: hemograma, RNI, bilirrubinas, albumina, transaminases, GGT, fosfatase alcalina, glicemia, função renal e íons e urina rotina (avalia-se a função renal); Avaliação da Morfologia Hepática - Avaliação da morfologia hepática e do padrão de fluxo sanguíneo, buscando estabelecer a relevância clínica da hipertensão porta; - O diagnóstico exato é realizado pelo exame histopatológico do material de biópsia; Ultrassonografia - Avaliação da morfologia hepática: estabelecer se cirrose é evidente na imagem, com compensação de tamanho de lóbulo (hipotrofia do direito e hipertrofia compensatória do esquerdo), superfície nodular, bordas rombas, parênquima heterogêneo, padrão de fluxo sanguíneo na veia porta; ausência de coinfecção por VHD em pacientes com infecção crônica por VHB, abstinência prolongada de álcool em pacientes com doença relacionada ao álcool - leva a reduções potencialmente significativas no gradiente de pressão venosa hepática (HVPG) na maioria dos pacientes, reduzindo substancialmente o risco de descompensação hepática; - Deve-se também abordar outros fatores contribuintes para a progressão da doença hepática, como sobrepeso/obesidade, diabetes e consumo de álcool; - Estatina – diminui a pressão portal e melhora a sobrevida global, sendo usada nos pacientes Child B e C – sinvastatina 20 mg/dia; - Aspirina – reduz o risco de carcinoma hepatocelular e de complicações; - Albumina - indicação a curto prazo: peritonite bacteriana espontânea (PBE), lesão renal aguda (LRA) > estágio 1ª, paracentese de grande volume e para síndrome hepatorrenal (SHR); - Profilaxia: norfloxacino 400mg/dia até o transplante – indicação: PBE prévia, hemorragia digestiva alta (ceftriaxona até cessado o sangramento ou descontinuação do vasomotor, por no máximo 7 dias), proteína do liquido ascítico < 1g ou proteína entre 1 e 1,5 se houver disfunção renal (Cr > 1,5 g/dl), hiponatremia (Na < ou = 130 mcg) ou cirrose descompensada (Bb > ou = 3 ou Child B > ou = 9); - Paciente com doença hepática crônica compensada (cACLD) em terapia com betabloqueador sem HPCS evidente (LSM < 25 kPa), após a remoção/supressão do fator hepática idiopática, doença hepática granulomatosa e telangiectasia hemorrágica hereditária; - Causas de Obstrução ao Fluxo Venoso Hepático: Budd-Chiari, doença veno-oclusiva e pericardite constritiva; - Causas Congênitas: atresia de vias biliares, fibrose congênita e fibrose cística; - Doenças Genéticas – doença de Wilson (relação com o cobre), hemocromatose (metabolismo do ferro) e deficiência de alfa 1 antitripsina; - Diagnóstico neonatal – galactosemia e tirosinemia; - Esquistossomose – não é uma causa direta de cirrose hepática, mas pode se relacionar com doença hepática crõnica, devido à hipertensão porta e os choques hipovolêmicos causados pela hemorragia digestiva varicosa, que causam isquemia transitória do fígado e ao longo do tempo fibrose hepática; - Criptogênicas – 5 a 10% - não apresentam fatores etiológicos identificáveis; - Álcool – associa-se ao consumo de álcool por 5 a 10 anos > 400 g/semana no homem e > 200 g/semana na mulher, em média de 60g/dia - o metabolismo do álcool, gera componentes tóxicos para o hepatócito, como o evidente por elevação simétrica do abdome, mas não é tensa; (Grau III) ascite volumosa com elevação importante do abdome, ascite tensa; - Diagnóstico po Paracentese - confirmar que é uma ascite por hipertensão porta e descartar a possibilidade de peritonite bacteriana espontânea (PBE), realizando citologia, citometria, dosagem de glicose, cultura, LDH, dosagem de proteína e albumina (GASA), pesquisa de BAR ou ADA (se suspeita de tuberculose), triglicérides (se suspeita de ascite quilosa) e de amilase (se suspeita de ascite pancreática); - Gradiente de Albumina no Soro Ascítico (GASA) – (> ou = 1,1) ascite de etiologia porta, por cirrose ou ICC, com proteína total alta; (< ou = 1,1) pancreatite, tuberculose, síndrome metabólica ou carcinomatose; - Ascite Refratária – ocorre em 5 a 10% dos casos, reduzindo a sobrevida em 50% em 6 meses – tipos: (diurético resistente) ausência de resposta após tempo superior a 1 semana da dose máxima e dieta hipossódica, apresentando perda ponderal < 0,8 kg em 4 dias ou balanço positivo do sódio ou com rápida recorrência da ascite grau II/III < 4 semanas após paracentese total; (diurético intratável) cursa com complicações do uso de diurético, como encefalopatia hepática, IRA (Cr > 100% com valor > 2 mg/dL), hiponatremia (Na > 10 mmol/L, com valor < 125 mmol/L), hipocalemia < 3 mmol/L ou hipercalemia > 6 mmol/L; - Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE) - infecção do líquido ascítico na ausência de uma fonte contígua de contaminação, por translocação bacteriana, relacionada à defeitos da imunidade - complicação predominante, com mortalidade de 20 a 40%, cursando com febre, - Identifica-se sinais ecográficos de hepatopatia crônica fibrosante, como: ecogenicidade heterogênea, redução de volume, formações nodulares, esplenomegalia e ascite; - Colestase – identificada a partir da dilatação do sistema biliar - avalia se tem indícios de colangite esclerosante primária ou colangite biliar primária; - Rastreia nódulos suspeitos de carcinoma hepatocelular (CHC) semestral em pacientes cirróticos com nódulos suspeitos; - Avalia o direcionamento de fluxo sanguíneo e sua velocidade nos principais troncos do sistema porta a partir do Doppler da veia esplênica, veia mesentérica superior e veia porta – a trombose da veia porta é muito comum; - Identifica vasos colaterais e seu padrão de fluxo; Endoscopia Digestiva Alta (EDA) - Funções: avalia a presença de varizes esôfago- gástricas, infere sobre o risco de sangramento, identifica outras lesões potencialmente sangrantes, como a gastropatia por hipertensão porta e as lesões cloridropépticas; - As varizes de esôfago apresentam relação íntima com a hipertensão porta, inferindo sobre o risco de sangramento; Gradiente de Pressão Venosa Hepática (HVPG) - Padrão ouro para análise da hepatopatia crônica; - Se a pressão da veia hepática livre é superior a 2 mmHg acima da pressão da veia cava inferior, deve- se descartar a presença de uma obstrução de fluxo da veia hepática pela injeção de uma pequena quantidade de meio de contraste; - Descarta componente pós-hepático da hipertensão portal; - Diagnóstico de hipertensão portal clinicamente significativa (HPCS) em pacientes com cirrose: (HVPG > 5 mmHg) hipertensão portal sinusoidal; etiológico primario, deve ser considerado para repetição da endoscopia após 1 a 2 anos, de modo que se esta evidenciar ausência de varizes, a terapia com betabloqueador pode ser descontinuada; Ascite - Tratamento Inicial: tratar a doença de base (ex.: interromper álcool, tratar hepatite, suspender medicamentos correlacionados, como AINEs, beta-bloqueador, aminoglicosídeos, BRAe IECA) + dieta hipossódica (2g/dia ou 90 mmol/d) + restrição de água em caso de hiponatremia importante (Na < 120 meq/dl); - Tratamento farmacológico: espironolactona 100 mg, acrescentado ou não da furosemida 40 mg – dose única diária, via oral -pode-se aumentar a dose progressivamente a cada 3 a 5 dias, buscando manter as proporções entre espironolactona e furosemida (ex.: 200/80; 400/160), sendo o máximo 4-4 - suspenso em caso de infecção, encefalopatia, Na < 120 e disfunção renal (Cr > 2 mg/dL); - Avaliação da resposta diaria: apuração do peso diário pela manhã no mesmo horário, avaliação do edema e da natriurese em 24h, acompanhar função renal e eletrólitos na 1ª semana; Ascite Refratária - Derivação Intra-Hepática Porto-Sistêmica Transjugular (TIPS) – indicação: ascite refratária - procedimento temporário, que é ponte para o transplante, melhorando o controle da ascite e garantindo maior sobrevida - redução da PPG absoluta para < 12 mmHg, se associa a proteção quase completa contra sangramento portal acetaldeído, que geram ao longo do tempo processo inflamatório e processo de fibrose; dor abdominal, encefalopatia, HDA, diarreia, vômito, hipotensão, taquicardia e taquipneia – diagnóstico: citometria do liquido ascítico > ou = 250 PMN/mm3 (ascite neutrofílica) e/ou cultura positiva (bacteriascite) – com recorrência em 70% dos casos em 1 ano, tornando essencial a profilaxia; Síndrome Hepatorrenal (SHR) - Disfunção renal em pacientes com hepatopatia crônica avançada na ausência de causa identificável de insuficiência renal; - Fisiopatologia: na hepatopatia compensada existe compensação do fluxo, havendo débito cardíaco e volume plasmático compensado, com aumento do débito cardíaco para compensação da vasodilatação esplânica e do volume circulante efetivo, tentando manter a homeostase – quando há aumento da progressão da doença, piora da hipertensão porta e translocação bacteriana, aumenta-se a resposta inflamatória sistêmica a vasodilatação se torna mais grave, não conseguindo compensar do ponto de vista cardíaco, com redução do volume arterial efetivo, volume circulante inefetivo e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, de modo a gerar maior retenção de sódio e água, com impacto na função renal e cardíaca; - Critérios Diagnósticos: (1) Creatinina (Cr) > 1,5 mg/dL; (2) ausência de melhora da Cr após suspensão de diuréticos e expansão com albumina (1 g/kg, máximo 100 g por 48h); (3) ausência de choque; (4) uso de drogas nefrotóxicas; (5) ausência de doença parenquimatosa renal (proteinúria > 500 mg/dia, hematúria > 50 cél/campo e/ou anormalidades ultrassonográficas; (6) diagnóstico de injúria renal aguda (AKI), estágio 2 ou 3, ou seja, respectivamente, aumento da creatinina sérica 2 (HVPG > 10 mmHg) hipertensão portal clinicamente siignificativa (HPCS) em pacientes com cirrose viral e alcoólica, estando associada a um maior risco de descompensação e mortalidade em pacientes com cirrose submetidos a ressecção para carcinoma hepatocelular – a redução no HVPG em resposta aos betabloqueadores na cirrose relacionada ao álcool ou viral está associada a uma redução signficativa no risco de sangramento das varizes e de outros eventos descompensadores; Elastografia - Mede a rigidez hepática (LSM), estratificando o risco de HPCS e de descompensação, independentemente do estágio histológico ou da sua capacidade de identificar as fases evolutivas; - Ferramenta não invasiva que possibilita a identificação precoce de pacientes com doença hepática crônica não tratada em risco de ter CSPH, risco de descompensação e morte relacionada ao fígado; - Regra de 5 para LSM por elastografia – denota riscos relativos progressivamente maiores de descompensação e morte relacionada ao fígado, independentemente da etiologia da doença hepática crônica, se LSM maior, usando como parâmetros a LSM 10 – 15 – 20 – 25 kPa; - Critérios para identificar a doença hepática crônica compensada (cACLD): (exclui cACLD) < 10 kPa + ausência de outros sinais clínicos e de imagens - esses pacientes apresentam risco insiginificante em 3 anos de descompensação e morte relacionados à doença hepátia crônica, devendo ser acompanhados para caso de mudanças que indiquem a progressão para cACLD; (sugere cACLD) valores entre 10 e 15 kPa - devem ser encaminhados para especialista, podendo empregar métodos invasivos para investigação adicional, repetição da elastografia em condições hipertensivo, porém a redução relativa de PPG em pelo menos 50% da linha de base do pré-TIPS também é útil - pode se correlacionar com a encefalopatia, pois ao desviar o fluxo leva-se uma quantidade muito maior de sangue rico em amônia e subtâncias inflamatórias para o SNC; - Paracentese seriada – a cada 2 a 4 semanas – em pacientes que se retira volume igual ou maior a 5 litros precisa-se repor albumina. pois pode precipitar lesão renal; - Shunt peritonio venoso – realizado em pacientes que não podem realizar transplante, TIPS ou paracentese seriada – 3ª linha; - Midodrina oral – especialmente em pacientes com hipotensão – fator prognóstico; Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE) - Antibioticoterapia - cefalosporina de 3ª geração - cefotaxima 2g, 12/12h, por 5 a 7 dias, ou ceftriaxona – caso a PBE for nosocomial (> 48h), deve-se ampliar o espectro; - Reposição de albumina 20% EV – reduz mortalidade e previne SHR; - Paracentese de controle em 48h após o início da antibioticoterapia, tendo sucesso com diminuição de 25% do PMN; - Profilaxia: norfloxacino 400mg/dia até o transplante; Síndrome Hepatorrenal (SHR) - Terlpressina - dose inicial de 1 a 2 mg de 6 em 6 horas, aumentando para até 2 mg de 4 em 4 horas, se redução Cr < 25% no D3; - Albumina - 1 g/kg DI, 40 a 50 g/dia; - Noradrenalina - 0,5 a 3 mg/hora; a 2,9 vezes a creatinina basal e aumento da creatinina sérica > 3 vezes a creatinina basal ou creatinina sérica > ou = 1 mg/dL com uma elevação aguda > ou = 0,3 mg/dL; - Tipos de SHR: (tipo I – SGR-AKI) rapidamente progressiva, aumento > 100% na Cr e > 2,5 mg/dL em < 2 semanas, sobrevida se ausência de tratamento por menos 1 mês; (tipo II - DRC) perda renal mais lenta; Hemorragia Digestiva Alta Varicosa - Complicação mais letal e comum na hepatopatia crônica – acomete 50% desses pacientes, com incidência de 40% no Child A e 85% no Child C; - Fisiopatologia: a hipertensão porta favorece o desenvolvimento de varizes de esôfago, essas conforme a gravidade da doença hepática e do gradiente de pressão venosa hepática (10 a 12 mmHg) podem ocasionar a hemorragia varicosa; - Preditores do sangramento: tamanho das varizes, sinal de cor vermelha, Child B e C; - Prevenção: (endoscopia digestiva alta / EDA) realizada no diagnóstico da hepatopatia e posteriormente de forma bianual se ausência de varizes, anual se cirrose compensada com persistência do fator etiológico e varizes de esôfago finas ou a cada 3 anos se cirrose compensada sem varizes de esôfago – trata a etiologia da cirrose e a comorbidade; (beta- bloqueador) não indicado na ausência de varizes de esôfago, sendo indicados se varizes de esôfago finas e cirrose compensada, ou varizes de esôfago finas e Child C ou sinais preditores, ou varizes de esôfago médias ou grossas; Encefalopatia Hepática - Síndrome neuropsiquiátrica complexa, com quadro clínico heterogênero, potencialmente reversível; de jejum e identificação de marcador sérico de fibrose (ex.: fibro test > 0,58 para doença hepática viral ou relacionada ao álcool e fibro test > 0,48 para doença hepática gordurosa não alcoólica), devido a chance de resultados falsos positivos; (altamente sugestivo de cACLD) valores > 15 kPa; - Em pacientes com cACLS deve-se repetir a LSM a cada 12 meses para monitoração de mudanças, sendo que a diminuição de LSM > -20% associado com LSM < 20 kPa ou qualquer diminuição para um LSM < 10 kPa está associada a um riscosubstancialmente reduzido de descompensação e morte relacionada ao fígado; - Diagnóstico de hipertensão portal clinicamente significativa (HPCS) em pacientes com doença hepática crônica compensada (cACLD): (exclusão de HPCS) LSM por elastografia < 15 kPA + contagem de plaquetas > 150 x 109; (diagnostica HPCS) paciente com cACLD relacionada a vírus e/u álcool, não obeso, com cACLD relacionado a NASH, com LSM por elastografia > 25 kPa, sendo este um grupo de pacientes com risco de sinais endoscópicos de hipertensão portal e com maior risco de descompensação; (risco de HPCS) paciente com cACLD relacionado a vírus e/ou álcool, não obeso, relacionado a NASH, com LSM < 25 kPa, devendo-se empregar o modelo Anticipate para prever o risco de HPCS, uma vez que pacientes com LSM entre 20 e 25 kPa + contagem de plaquetas < 150 x 109/L ou LSM entre 15 e 20 kPa + contagem de plaquetas < 110 x 109/L tem risco de HPCS de 60%; Investigação Etiológica - Inquérito sobre álcool e outras drogas – mesmo em casos de alcoolismo, não se exclui outras possiveis etiologias; - Sorologias virais: HbsAg, anti-Hbc, IgG, anti-Hbs e anti-HCV; - Octreotide + midodrina; - Hemodiálise; - Transplante de fígado - tratamento de escolha, com sobrevida de 65%,duplo se HD por mais de 12 semanas - Critério de suspensão do tratamento: Cr < 1,5 mg/dL por 14 dias; Hemorragia Digestiva Alta Varicosa - Inicio do tratamento: (1) monitorização - PA, FC, débito urinário e oxigenação; (2) via aérea; (3) acesso venoso; (4) estabilização hemodinâmica, evitando grandes volumes (PAS 90 mmHg e Hb entre 7 a 8 g/dL – RNI não traduz real status de coagulação); (5) droga vasoativa - Octereotide bolus 50 Ug + 50 U/h, por 3 a 5 dias; (6) antibioticoprofilaxia – ceftriaxona; (7) prevenção de encefalopatia- lactulose ou manitol; (8) EDA nas primeiras 12 – realiza-se ligadura elástica de varizes de esôfago; (9) prevenção de ressangramento com beta-bloqueador; Encefalopatia Hepática - Suspende-se diuréticos, AINHS, benzodiazepínicos e narcóticos; - Rastreia infecção urinária, pneumonia e PBE; - Investiga desidratação, distúrbio hidroeletrolítico e ácido-básico, constipação, HDA, disfunção renal, pós-TPS, CHC e trombose; - Lactulose 20 a 30 ml, 2 a 3 vezes/dia, ou Lactitol 2 a 3 evacuações pastosas/dia; - Fisiopatologia: envolve fatores inflamatórios, mal processamento da amônia (chega diretamente ao SNC), hiponatremia, alterações no sistema NMDA e estresse oxidativo; - Classificação: episódica (fator precipitante, espontânea, recorrente), persistente e mínima; - Classificação de West Haven: (grau I) alterações leves de comportamento e de funções biorregulatórias como alternância do ritmo do sono, distúrbios discretos do comportamento como riso e choro fácil hálito hepático; (grau II) letargia ou apatia, lentidão nas respostas, desorientação no tempo e espaço, alterações na personalidade e comportamento inadequado, presença de flapping; (grau III) sonolencia e torpor com resposta aos estímulos verbais, desorientação grosseira e agitação psicomotora, desaparecimento do flapping; (grau IV) coma não responsivo aos estímulos verbais e com resposta flutuante a dor; - Diagnóstico: alteração do estado mental + ou – flapping, altos níveis de amônia (alto valor preditivo negativo, mas o nível não apresenta correlação direta com a gravidade da doença), eletroencefalograma e RNM com hipersinal no globus palidus (inespecífico)- deve-se excluir outras causas como isquemia, cauas metabólicas, infecciosas, tóxicas, traumáticas e demencial; - Ceruloplasmina para a doença de Wilson; - FAN, ASMA (antimusculíseo), anti-LKM e eletroforese de proteínas para hepatite autoimune; - AMA (antimitocôndria) para colangite biliar primária; - ANCA, fator reumatoide e CA 19-9 para colangite esclerosante primária; - Cinética de ferro para avaliação da hemocromatose primária; - Perfil metabólico para disfunção metabólica; - LAL-d e anti-TTG para doença celíaca; Escore de Child-Turcotte-Pugh - Parâmetros clínicos: ascite e encefalopatia hepática; - Parâmetros laboratoriais: bilirrubina, albumina e RNI/tempo de protrombina; - Child A - paciente compensado, pontuação entre 5 e 6; - Child B – paciente descompensado, com pontuação entre 7 e 9; - Child C – paciente descompenado, com pontuação entre 10 a 15; MELD - Prediz a disfunção hepatocelular, considerando o valor da bilirrubina, RNI e creatinina sérica; - Quanto maior o MELD, menor a chance de sobrevida ao final de 3 meses; - Posiciona os pacientes na fila de transplante - quanto maior o MELD, maior bilirrubina, maior INR e maior creatinina sérica, indicando descompensação; - Clister 150 ml lactulose em 350 ml glicerina VR; - Antibióticos: rifaximina (melhor), metronidazol (curto prazo, neurotoxicidade, intolerância GI) ou neomicina (otoxicidade); - Dieta proteíca 1,2 a 1,5 g/kg/dia; - LOLA 5 g, 2 a 3 vezes/dia VO ou EV; - Suplementos vitamínicos conforme a necessidade; - Profilaxia secundária – rifaximina – até o transplante; Transplante de Fígado - Única modalidade terapêutica eficaz e definitiva no tratamento da hepatopatia em fase terminal; - Indicação: icterícia, ascite, PBE, coagulopatia, HDA, encefalopatia hepática e hepatocarcinoma; - Sobrevida em 1 ano de 90% e em 5 anos de 70%; FISIOPATOLOGIA QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO DISPEPSIA FUNCIONAL - Distúrbio comum da interação cérebro-intestino (DGBI), que apresenta a manifestação crônica de sintomas centrados no abdômen superior, sendo afetado pela dieta, estresse, respostas cognitivas, comportamentais e emocionais; - Sintomas principais: plenitude pós-prandial, saciedade precoce, Critérios Diagnósticos de Roma IV - Presença de um ou mais dos 4 sintomas: plenitude pós-prandial (peso no abdômen pior após de comer), saciedade precoce (sente-se Tratamento de 1ª Linha Modificação no Estilo de Vida e da Dieta - Deve-se realizar dieta pobre em oligossacarídeos fermentáveis, - Fatores de risco: sexo feminino, idade mais jovem, tabagismo, uso de AINEs, infecção por H. pylori, polimorfismos de genes (GNB3 825C), abuso infantil (físico, sexual ou psicopical), gastroenterite pós-infecciosa aguda (chance 3 vezes maior em 6 meses), níveis mais altos de relato de sintomas do tipo somatoforme, outros DGBI, comorbidade psicológica (ansiedade e depressão); - É causada por problemas com a comunicação bidirecional entre o intestino superior (estômago e duodeno) e o cérebro; - Associa-se a anormalidades na motilidade (prejuízo da acomodação gástrica, esvaziamento gástrico tardio), hipersensibilidade visceral a estímulos físicos e químicos, processamento do sistema nervoso, psicopatologia, função imunológica, alterações no microbioma gástrico e do intestino delgado, permeabilidade e genética; Alteração da Função Motora - Retardo no esvaziamento gástrico – mais frequente em pacientes com saciedade precoce, inchaço, plenitude pós-prandial, náuseas e vômitos - 35% dos pacientes com DF; - Distúrbio de acomodação gástrica – associa-se a capacidade de beber reduzida, saciedade precoce, saciedade pós-prandial e perda de peso; - Pode haver hipomotilidade antral e motilidade duodenal anormal; Sensibilidade Visceral Alterada - Sensibilidade mecânica – a distensão do estômago aumenta após a ingestão de refeição, estando essa associada à dor pós-prandial e as sensações não dolorosas, como plenitude, inchaço e arrotos – o aumento da gravidade dos sintomas se associa com o aumento da sensibilidade mecânica; - Sensibilidade química a ácidos exógenos e endógenos – a infusão ácida e a exposição excessiva ao ácido duodenal endógeno pioram os sintomas dispépticos (ocorre náuseas), aumentam a sensibilidade visceral à distensão e inibem a acomodação gástrica após uma refeição, devido à diminuição da motilidade duodenal e a depuração do ácido do duodeno; - Apresença de ácido gástrico pode ser uma causa da DF, uma vez que as hipersensibilidades gástrica e duodenal ao ácido gástrico estão associadas a sintomas de DF - justifica a eficácia dos bloqueadores de ácidos para a dispepsia; Processamento do Sistema Nervoso Central - Vias vagais e espinhais transmitem os sinais mecânicos e químicos, juntamente com os sinais da microbiota, do sistema imunológico e do sistema endócrino do trato gastrointestinal para o cérebro, porém o processamento nos pacientes com DF parece ser desordenado; dor ou desconforto epigástrico e queimação epigástrica; - Pode cursar com esvaziamento gástrico acelerado ou atrasado, acompanhamento gástrico prejudicado e hipersensibilidade visceral; - Outros sintomas comumente associados: arrotos, náuseas ou distensão abdominal superior; - A azia pode coexistir, mas não é um sintoma da dispepsia; - O vômito é atípico, assim caso esteja presente deve-se considerar outro distúrbio; - Seus sintomas variam, mas são crônicos em cerca de 2/3 dos pacientes; - Subtipos: (Síndrome do Desconforto Pós- Prandial / PDS) engloba os pacientes com anormalmente cheio no início de uma refeição, atuando como fator de término), dor epigástrica e queimação epigástrica; - Os sintomas devem ser graves o suficiente para interferir nas atividades diárias; - Os sintomas devem ocorrer no mínimo 3 vezes por semana na síndrome do desconforto pós- prandial (PDS) e no mínimo 1 vez por semana na síndrome da doe epigástrica (EPS); - Sintomas presentes nos últimos 3 meses antes do diagnóstico, iniciados pelo menos 6 meses antes; - Ausência de qualquer doença orgânica, sistêmica ou metabólica que explique os sintomas; Anamnese - Características da dor, duração e a natureza dos sintomas; - Questiona-se todos os sintomas gastrointestinais superiores, como dor ou queimação epigástrica, saciedade precoce, plenitude pós-prandial, azia, náusea, vômito, hematêmese, eructação, regurgitação, disfagia (nível que o alimento fixa) e ruminação; - Recordatório alimentar; - Pode se sobrepor a outros distúrbios funcionais, com sintomas sobrepostos; - Rastreia-se os desencadeadores etiológicos potenciais, como infecção entérica aguda prévia (patógenos possíveis: Norovírus, Giardia lamblia, Salmonella spp, Escherichia coli e Campylobacter spp), infecção por H. pylori, fatores psicológicos, tabagismo; - Indaga-se sobre as intervenções cirúrgicas prévias; - Ao colher o histórico familiar pesquisa-se câncer gastroesofágico, doença inflamatória intestinal e doença celíaca; dissacarídeos, monossacarídeos e polióis (FODMAPs) – não existem evidências suficientes para recomendar terapias dietéticas; - Evita-se gordura na dieta – refeições ricas em gorduras induzem náusea e dor em pacientes com DF – papel ainda não se encontra claro; - Os pacientes comumente se adaptam a realizarem refeições menores e mais frequentes, com gordura reduzida; - É aconselhável evitar ou reduzir o consumo de álcool, cafeína, gordura, fibras e aditivos alimentares; - Cessar o tabagismo; - Hábito regular de realizar exercício aeróbico; Terapia de Erradicação para H. pylori - Tratamento com antibióticos eficaz para pacientes com H. pylori, melhorando os sintomas dispépticos em um subconjunto de pacientes com DF; - Reduz o risco relativo de permanecer sintomático aos 12 meses; Terapia de Supressão Ácida - Inclui: inibidores da bomba de prótons (IBPs – usados na menor dose possível) e antagonista do receptor de histamina tipo 2 (H2RAs); - Indicado para pacientes com EPS; - Baseia-se na suposição de que a fisiopatologia da DF esteja relacionada à superprodução do ácido gástrico, depuração duodenal prejudicada de ácido, hipersensibilidade ao ácido gástrico infundido e à inflamação - Existem anormalidades estruturais e/ou funcionais em regiões do cérebro responsáveis pela modulação sensorial da dor, da emoção e do processamento homeostático e modulação descendente da dor; Fatores Psicossociais - Estresse ou comorbidades psicológicas podem regular positivamente o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e aumentar os níveis de hormônio liberador de corticotrofina, que ativa os processos inflamatórios locais, afetando potencialmente a função intestinal, de modo a influir sobre a permeabilidade epitelial, a função imunológica e o microbioma; - A ansiedade se associa à duodeno eosinofilia, de modo que, em resposta ao estresse, os eosinófilos liberam substância P e hormônio liberador de corticotrofina, levando à ativação dos mastócitos e ao aumento da permeabilidade epitelial -> altera a sinalização aferente para o cérebro, aumentando o crosstalk bidirecional entre o intestino e o cérebro e a neuroplasticidade do cérebro; - O estresse e as comorbidades psicológicas podem se associar a disfunção do sistema nervoso autônomo – o tônus vagal se associa ao retardo do esvaziamento gástrico e com a respiração lenta e profunda, que ativa o vago, melhorando a tolerância ao volume de nutrientes e a qualidade de vida; Função Imune, Inflamação e Permeabilidade Epitelial - Inflamação da mucosa duodenal de baixo grau como importante mecanismo fisiopatológico em pacientes com DF; - Pacientes com DF apresentam aumento de eosinófilos e mastócitos no estômago e duodeno, tanto os EPS quanto os PDS – o aumento do número de eosinófilos ativados e mastócitos nas células da mucosa duodenal se correlacionam com o prejuízo da integridade da mucosa duodenal, com a expressão reduzida de proteínas de adesão célula a célula e com alterações neuronais submucosas funcionais e estruturais; - Pacientes positivos para H. pylori podem apresentar linfócitos intraepiteliais duodenais aumentados; - Os pacientes com DF apresentam expressão diminuída dos marcadores de ativação de linfócitos (CD96/Faz e HLA-DR); - O aumento de linfócitos T no intestino delgado e aumento dos níveis de citocinas se correlacionam com o atraso do esvaziamento gástrico e com a intensidade dos sintomas dispépticos, como dor epigástrica, náuseas e vômitos; Disbiose / Alterações no Microbioma saciedade precoce e plenitude pós- prandial, desencadeados pelas refeições; (Síndrome da Dor Epigástrica / EPS) engloba os pacientes com dor epigástrica e queimação, sendo essas comumente independentes das refeições; (Misto) sobreposição dos subtipos – 1/3 dos pacientes; - Deve-se pesquisar as mudanças na dieta, o consumo de álcool ou drogas que alteram a motilidade intestinal, como opioides ou AINEs; - Investiga-se possíveis sinais de alarme, como: perda de peso, novo início de sintomas em idade avançada, vômitos, sangramento, disfagia, dor ao engolir, massa abdominal, febre, história familiar de câncer gástrico ou de esôfago; - Condução na presença de sinais de alarme: realiza-se exame completo com amostragem de sangue, endoscopia digestiva alta e exames de imagem (ultrassonografia abdominal, tomografia computadorizada abdominal), buscando identificar doenças que causam sintomas associados com DF; Testes laboratoriais de Rotina - Existem poucas evidências sobre a necessidade desses testes para excluir outras doenças orgânicas em pacientes com dispepsia; - Hemograma completo – indicação: pacientes com idade > ou = a 55 anos (a contagem elevada de plaquetas nesses indica a necessidade de EDA não urgente); - Triagem para doença celíaca – não é recomendada em geral, exceto em caso de pacientes com dispepsia e sintomas do tipo SII; Endoscopia Digestiva Alta (EDA) - Não é necessária para diagnosticar DF, podendo iniciar o tratamento de DF sem sua realização; - Deve ser usada apenas em casos que se suspeite de doença orgânica, devido à sinal de alarme positivo; - Indicação EDA de urgência (até 2 semanas): (1) pacientes com idade > ou = 55 anos, com dispepsia e perda de peso; (2) em pacientes com idade > 40 anos com risco aumentado de duodenal com infiltração de eosinófilos e mastócitos; AgentesProcinéticos - Inclui: inibidor da acetilcolinesterase (AChE), como acotiamida; antagonista de dopamina, como itoprida; e os agonistas de receptores 5-HT4, como mosaprida e tegaserod; - Indicado para pacientes com PDS; - São bem tolerados em sua maioria, com eficácia sobre os sintomas; Tratamento de 2ª Linha - Reservados para os pacientes que não responderam aos tratamentos de primeira linha ou para pacientes positivos para H. pylori após a falta de resposta sintomática à terapia de erradicação, supressão ácida e/ou procinéticos; - Inclui os neuromoduladores do eixo intestino-cérebro, que apresentam propriedades periféricas de modificação da dor e efeitos sobre a motilidade gastrointestinal, em doses menores do que as utilizadas para tratar os transtornos mentais comuns; - Opções: antagonistas dos receptores de dopamina, antagonista do receptor de serotonina-4 (5-HT4), antidepressivo tricíclico e ansiolíticos (amitriptilina 10 mg, 1x/dia), antipsicóticos (sulprida 100mg, 4 vezes/dia), agonistas 5- hidroxitriptamina-1A (tandospirona 10 mg, 3 x/dia), pregabalina (75 mg, 1 x/dia) e mirtazapina (15 mg, 1 x/dia); - Essas drogas demoram para ter um benefício e se benéficos o tratamento - As alterações no microbioma podem levar a perturbação da motilidade, sensibilidade visceral, alterações na integridade da mucosa e na imunidade; - A disbiose microbiana do intestino delgado não se correlaciona com o supercrescimento bacteriano no intestino delgado; - A diversidade microbiana do intestino delgado se correlaciona inversamente com a permeabilidade do intestino delgado e com o aparecimento ou agravamento dos sintomas gastrointestinais; - A infecção por H. pylori se associa à dispepsia; Genética - O histórico familiar e os polimorfismos genéticos estão associados à DF, com herdabilidade de apenas 5% para a DF; - Os genes possivelmente relacionados estão envolvidos na transmissão sináptica, neuroplasticidade, desenvolvimento e integridade gastrointestinal; - Existe uma considerável sobreposição clínica e genética da DF com outros distúrbios gastrointestinais (como SII, DRGE) e com traços de personalidade, transtornos do humor, distúrbios reumatológicos e doenças cardiovasculares; Pós-Infecção e Microinflamação - Pacientes com DF apresentam sinais de microinflamação na mucosa duodenal, como a presença de eosinófilos e mastócitos; - O prejuízo da integridade da mucosa duodenal é associado à microinflamação duodenal nos pacientes com DF; Estilo de Vida - Fatores do estilo de vida envolvidos na fisiopatologia da DF: exercício insuficiente, distúrbios de sono, alta ingestão de gordura (agrava os sintomas clínicos de DF) e padrões de alimentação irregulares; - A ingestão de alimentos frequentemente desencadeia sintomas em pessoas com DF, com pico dos sintomas em 15 a 30 minutos após comer, podendo perdurar por cerca de 4 horas, com variações ao longo do curso, uma vez que apresentam picos precoces de plenitude pós-prandial e inchaço, picos intermediários de náusea e arrotos e picos para dor epigástrica e queimação – o mecanismo pelo qual os alimentos evocam sintomas na DF é heterogêneo e incompletamente compreendido, mas é possivelmente associado às alterações na motilidades gastroduodenal, acomodação gástrica, ativação imune, hipersensibilidade visceral, composição microbiana e percepção central; - Gatilhos alimentares mais frequentemente relatados: alimentos gordurosos, lacticínios, álcool, café, carne vermelha, refrigerante, vegetais, comida picante, carboidratos, trigo e frutas cítricas; câncer gástrico ou com história familiar de câncer gastroesofágico; - Indicação EDA não urgente: (1) pacientes com idade > ou = 55 anos, com dispepsia resistente ao tratamento; (2) com idade > ou = 55 anos com dispepsia com náuseas, vômitos ou contagem de plaquetas aumentada; Tomografia - Indicação: pacientes com idade > ou = 60 anos, com dor abdominal e perda de peso, buscando excluir câncer pancreático – urgente; Ultrassonografia - Indicação: (1) dor na região abdominal superior tenha característica de cólica biliar e tenha estado presente a pelo menos 1 ano; (2) pacientes > ou = 60 anos com dor abdominal de início recente e perda de peso, buscando excluir câncer pancreático; Pesquisa de H. pylori - Recomendado para todos os pacientes com dispepsia, pois 5% dos casos de dispepsia são causados por H. pylori - se infectados devem receber a terapia de erradicação; - Realizados a partir do teste respiratório carbono-ureia ou do antígeno fecal; Teste de Função Gastrointestinal - Avaliação da motilidade gastrointestinal – realizada por medições de pressão no trato gástrico, eletrogastrografia, teste de barostato, teste radioisotópico de evacuação gástrica, teste de expiração da capacidade de evacuação gástrica eultrassonografia de evacuação gástrica e refluxo duodenogástrico – o esvaziamento gástrico retardado se associa aos sintomas gastrointestinais superiores, porém a utilidade clínica desse teste no diagnóstico de DF não foi estabelecida, assim ele não é pode ser prolongado por 6 a 12 meses ou até por período maior; - Efeitos adversos: tontura (associada principalmente pregabalina) e sonolência (devem ser tomados a noite antes de dormir) – tendem a melhorar após 1 a 2 semanas de tratamento; Tratamento Dispepsia Funcional Grave ou Refratária - DF Refratária - Recomenda-se que o tratamento da DF refratária seja alterado após 4 (diretrizes japonesas) a 8 semanas (diretrizes americanas), sendo necessário uma investigação mais aprofundada; - DF grave – comumente se associa ao menor tempo de saciedade, retardo do esvaziamento gástrico, aumento da contratilidade do intestino delgado em wireless, maior tempo de semi- esvaziamento gástrico – ocorre principalmente em pacientes com ansiedade e depressão coexistente, sobreposição de DF com SII, sexo feminino; - Tratamento medicamentoso + terapia comportamental do intestino-cérebro – resultados superiores a longo prazo, com melhora na ansiedade e depressão; - Combinação de neuromoduladores (aumento) – considerada para dor refratária em EPS grave, porém exige atenção devido ao risco de síndrome serotoninérgica; - Os pacientes comumente se adaptam a realizarem refeições menores e mais frequentes, com gordura reduzida; - O aumento do consumo de álcool se relaciona com o agravamento dos sintomas dispépticos; - A cafeína induz os sintomas em 50% dos pacientes; - 50% dos pacientes com DF apresentam hipersensibilidade à capsaicina, que é um componente dos alimentos condimentados; - Pode ocorrer sensibilidade a produtos à base de trigo; Possíveis Fatores Correlacionados - O histórico de abuso na infância e/ou adolescência é associado à DF e à gravidade dos seus sintomas; - Anormalidades enzimáticas pancreáticas e disfunção pancreática exócrina – presente em alguns pacientes com DF, mas ainda não se sabe se explicam diretamente os sintomas – pacientes com DF refratária devem ser examinados com a endosonografia, buscando identificar a pancreatite crônica precoce; - Alergias alimentares - faz com que as células inflamatórias infiltrem na mucosa gastroduodenal de pacientes com DF; - Estômago em cascata e gastroptose – o estômago em cascata se associa aos sintomas da DF, enquanto a gastroptose está menos associada à dispepsia; recomendado como um procedimento clínico de rotina; - Avaliação da hipersensibilidade visceral – a partir do teste de barostato e do teste de ingestão de água; - O teste de esvaziamento gástrico ou monitoramento de pH de 24 horas não deve ser realizado rotineiramente em pacientes com sintomas típicos de DF; Diagnósticos Diferenciais - Doença celíaca, infecção por H. pylori, gastroparesia, câncer gástrico, de esôfago ou de pâncreas, doenças inflamatórias como esofagite de refluxo, úlcera gástrica e duodenal, pancreatite crônica, colecistite crônica, doenças endócrinas metabólicas(diabetes mellitus e doenças da tireoide), doenças induzidas por drogas causadas por anti-inflamatórios não esteroides e aspirina em baixa dosagem, história de cirurgia abdominal e doença pancreatobiliar; FISIOPATOGENIA QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO INFECÇÃO POR H. PYLORI - Os seres humanos são o único reservatório e fonte primária de transmissão de H. pylori - modo de transmissão interpessoal da H. pylori é desconhecido, mas pode ocorrer pelas vias fecal-oral, oral-oral e via gastro-oral; - Fatores de risco: condições de vida inadequada, situação sanitária e situação socioeconômica, grande Dispepsia - A infecção por H. pylori causa dispepsia, ou seja, dor persistente ou recorrente e/ou desconforto no abdome central e superior (epigástrio), com diagnóstico após 6 a 12 meses da resolução dos sintomas com o tratamento para H. pylori; - EDA deve ser realizada nas seguintes situações: (1) como triagem para H. pylori em pacientes com idade > 40 anos com dispepsia não investigada; (2) pacientes que não respondem ao tratamento empírico com bloqueadores de H2, IBPs ou procinéticos; (3) pacientes de qualquer idade com sinais de alarme; Associação com Anemia Ferropriva, Púrpura Trombocitopênica Idiopática e Deficiência de Vitamina B12 - Os níveis de hemoglobina e ferritina aumentam após a erradicação do H. pylori; - Recomendações gerais: (1) o uso dos inibidores de bomba de prótons (IBPs) deve ser interrompido até 2 semanas antes da realização de exames diagnósticos para infecção pelo H. pylori, exceto no exame de sorologia; (2) o uso de antibióticos e sais de bismuto deve ser descontinuado até 4 semanas antes de usar os testes diagnósticos – podem produzir efeitos falsos negativos, devido à atividade anti H. pylori; Teste Respiratório com 13-C Ureia (13C-UBT) - Método padrão-ouro para diagnóstico não invasivo de infecção por H. pylori – sensibilidade e especificidade > 95%; - Validado para adultos e crianças > 6 anos; - Indicação: pacientes com dispepsia e infecção por H. pylori; - A gastrite crônica secundária à infecção por H. pylori é uma doença infecciosa com indicação de terapia antimicrobiana independentemente da presença de sintomas; - Benefícios: alivio dos sintomas, menor risco de desenvolvimento tardio de sequelas clínicas e interrupção da transmissão de H. pylori; - Estratégia Testar e Tratar – indicação: pacientes com idade < número de pessoas morando na mesma casa, cama compartilhada entre crianças e adultos, ambientes insalubres, condições precárias de domicílio e peridomicílio, ausência de instalações sanitárias básicas (água potável e destinação adequada de lixo doméstico e esgoto), higiene pessoa e familiar inadequada, falta de sistemas adequados de conservação de alimentos, pais de baixo nível educacional ou de outros adultos que vivem na casa; - A infância é o período de maior risco de adquirir o patógeno, devido ao maior contato interpessoal nesta fase; - A H. pylori afeta a microbiota intestinal do estômago, modificando a fisiologia gástrica; - Inicialmente infecta o antro e aumenta a sua produção de gastrina, que estimula a secreção de pepsina por células enterocromafins (ECL) e promove hiperplasia e - Os níveis de plaquetas aumentam após a erradicação do H. pylori, sendo essa resposta mais forte em pacientes com grau leve de trombocitopenia – possivelmente a depleção plaquetária ocorre devido ao mimetismo molecular envolvendo proteína CagA da H. pylori e as glicoproteínas plaquetárias, particularmente GPI e GPII; - A infecção por H. pylori diminui principalmente a absorção de vitaminas B12, levando ao acúmulo de homocisteína sérica – deve-se ao fato de que a infecção por H. pylori gera uma pangastrite, com forte envolvimento da mucosa oxíntica, promovendo acloridria ou hipocloridria e diminuindo os níveis de pepsinogênio, de modo a comprometer a absorção de cobalamina; Eventos Cardiovasculares - Pacientes com infecção por H. pylori com cepas CagA positivo podem apresentar aumento da espessura médio-intimal da parede da carótida, com maior tendência a aterosclerose clínica ou subclínica; - Aumenta o risco de doença coronariana em 11%; Úlcera - A infecção por H. pylori é o fator etiológico mais importante da úlcera gastroduodenal; - Seu risco é aumentado com o uso de AINEs, AAS, anticoagulantes e antiplaquetários (fora a aspirina) em pacientes infectados por H. pylori – aumentam o risco de complicações hemorrágicas com sangramento da úlcera; - O risco de úlcera na infecção por H. pylori é aumentado em pacientes com mais de 65 anos, tabagismo atual e antecedente de úlcera; - O uso de IBPs é necessário para diminuir o risco de úlceras e sangramento da úlcera em pacientes de alto risco, mesmo que se tenha erradicado a H. pylori e mesmo que se empregue os coxibs (menos gastrotóxicos); Câncer Gástrico - A H. pylori é o principal fator etiológico (carcinógeno) para o câncer gástrico proximal e distal– 80% dos tumores gástricos malignos estão associados à infecção por H. pylori; - A erradicação do H. pylori está associada a uma diminuição na taxa de câncer gástrico (diminui 30 a 40% da incidência), pois interrompe a sequência de eventos da Cascata de Correa, impedindo o estabelecimento de lesões pré-neoplásicas como metaplasia ou displasia; - A erradicação do H. pylori é recomendada em indivíduos com lesões pré- neoplásicas, tratadas com endoscopia ou gastrectomia parcial; - É a 1ª escolha para o controle da erradicação do H. pylori (realizada 4 a 6 semanas após o fim do tratamento) e para implantação da estratégia testar e tratar; Teste de Antígeno Fecal (SAT) com ELISA - Sensibilidade e especificidade > 92%; - Utiliza o antígeno monoclonal como reagente; - Validade para o diagnóstico inicial da terapia de infecção e erradicação (ET) em adultos, 4 a 8 semanas após o tratamento; Teste Rápido de Urease (RUT) - Teste invasivo altamente preciso para o diagnóstico inicial da infecção por H. pylori – especificidade de 95% e sensibilidade de 87%; - Estuda o H. pylori a partir da coleta de uma biópsia do antro e uma do corpo; - Realizado em paciente com indicação de EDA; Exame Histológico - Método padrão-ouro para detectar a infecção por H. pylori, permitindo também a avaliação de características morfológicas da mucosa gástrica; - Recomenda-se a coleta de duas biópsias de antro e duas de corpo da pequena e da maior curvatura do estômago, para análise morfológica da mucosa – as biópsias do corpo são importantes para diagnóstico de H. pylori em casos de gastrite atrófica; - Fatores que determinam sua precisão: localização e número de biópsias, coloração técnica, uso de inibidores da bomba de prótons (IBPs – deve ser cessado 15 dias antes) e antibióticos (deve ser cessado 30 dias antes) e nível de experiência do patologista; - Isoladamente não é recomendado para o controle da terapia de erradicação; Testes Moleculares 40 anos, com dispepsia ainda sem diagnóstico de H. pylori e sem sinais de alarme – teste de escolha: 13C-UBT; - Regime de padrão triplo – tratamento de 1ª linha, que inclui amoxicilina 1g, 12/12h, claritromicina 500 mg, 12/12h e IBP por 14 dias para atingir altas taxas de erradicação – a resistência à claritromicina continua sendo a principal causa da falha das terapias triplas e a duração do tratamento não afeta as altas taxas de resistência à claritromicina na população em geral; - Terapia quádrupla – inclui tetraciclina 500 mg, 6/6h, metronidazol 400 mg, 8/8h, bismuto 240 mg, 12/12h e IBP, com duração de 10 a 14 dias, principalmente em áreas com altas taxas de resistência ao metronidazol, como o Brasil; **em paciente alérgico à amoxicilina, a recomendação é claritromicina 500 mg, 12/12h, levofloxacina 500 mg, 24/24h e IBP, por 14 dias (mais eficaz); ou doxiciclina 100 mg, 12/12h e IBP; ou tetraciclina 500 mg, 6/6h, metronidazol 500 mg, 8/8h, bismuto240 mg, 12/12h e IBP, por 14 dias** - Terapia de segunda linha – recomendada quando a terapia de primeira linha falha – (terapia hipertrofia em células oxínticas; - A maior secreção de pepsina previne o supercrescimento bacteriano no estômago e intestino e estimula diretamente a liberação de secretina, que aumenta a liberação de enzimas pancreáticas; - O pH baixo desencadeia a liberação de colecistocinina (CCK), que regula o fluxo biliar e a contração da vesícula biliar; - Sais biliares e pancreáticos ajudam a manter o equilíbrio da microbiota intestinal; - A motilidade intestinal pode ser indiretamente regulada pelos efeitos do H. pylori na grelina, GLP-1, GLP2, PYY e melatonina; - Quimiorreceptores gástricos e intestinais são afetados por mudanças de pH, afetando diretamente o eixo intestino-cérebro e todo o organismo; - A H. pylori deve ser erradicada de parentes de pacientes com câncer gástrico devido a sua possível exposição às mesmas cepas bacterianas e presença de origens genéticas, com benefícios potenciais; Linfoma MALT - O linfoma MALT do estômago é caracterizado pela expansão clonal de linfócitos da zona marginal extranodal de folículos linfoides, na qual características morfológicas, imunofenotípicas e comportamentais MALT são reproduzidos, juntamente com a triagem para H. pylori; - A infecção por H. pylori é o principal fator de risco para linfoma MALT, sendo que a maioria dos pacientes apresentam regressão da doença após a erradicação do H. pylori (70%); - Afeta principalmente pessoas de meia-idade e idosos de ambos os sexos; - Apresentam crescimento lento e superficial na mucosa e submucosa, com baixa incidência de linfa mesentérica, envolvimento linfonodal e disseminação extranodal; - Após a erradicação da H. pylori esses pacientes devem ser seguidos com avaliações histopatológicas periódicas – realiza-se 1ª EDA 3 a 6 meses após a erradicação, se resposta completa, a cada 12 meses; Lesões Pré-Neoplásicas - A H. pylori é o agente etiológico mais comum das alterações inflamatórias que evoluem como câncer gástrico não sindrômico; - A H. pylori coloniza a mucosa gástrica e induz a secreção de citocinas e radicais livres durante a inflamação ativa, levando ao desenvolvimento de lesões mucosas e mutações em células-alvo; - Esses fatores podem atuar como gatilho inicial ao processo cancerígeno, com continuação das alterações cancerígenas independentemente da presença da bactéria, de modo a reforçar a necessidade de acompanhamento em pacientes com essas lesões, mesmo na ausência de H. pylori; - Classificação das lesões: (1) atrofia gástrica, subdividida em leve, moderada e grave, que evolui para a metaplasia intestinal; (2) metaplasia intestinal, subdividida em completo e incompleto, conforme o padrão histológico e a secreção de mucinas, comumente na incisura angularis, relacionando-se à carcinogênese gástrica; (3) displasia gástrica, subdividida em baixo e alto grau; - Estadiamento – baseia-se em pelo menos 4 biópsias endoscópicas, usando o sistema OLGA para estadiamento histológico da gastrite – os pacientes OLGA III ou IV devem ser acompanhados por endoscopia a cada 2 anos; - Usados para avaliar a resistência do H. pylori aos antimicrobianos após falha do 2° ou 3° tratamento; - Métodos fenotípicos, como cultura bacteriana e antibiograma, permitem a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) de antibióticos, sendo considerada padrão-ouro; - Os testes genotípicos são rápidos, reprodutíveis e fáceis, podendo avaliar a resistência à claritromicina, levofloxacina e tetraciclina, porém ainda não está disponível para amoxicilina e metronidazol, pelo desconhecimento dos mecanismos de resistência a esses antimicrobianos; - Realização limitada pela falta de disponibilidade de culturas bacterianas e antibiogramas; Testes Sorológicos - Métodos de escolha para estudos de triagem de base populacional em estudos epidemiológicos; - Pode ser usada como teste inicial para o diagnóstico da infecção pelo H. pylori, principalmente na presença de sangramento gastrointestinal, gastrite atrófica, linfoma de tecido linfoide associado à mucosa gástrica e câncer gástrico; - Baseiam-se na detecção de anticorpos anti-HP e anticorpos IgG; - Não são invasivos, sendo amplamente disponíveis, baratos e fáceis de executar; - Limitação: incapacidade de distinguir entre infecções ativas e passadas, pois os níveis de anticorpos anti-HP IgG podem permanecer altos por longos períodos após a erradicação do H. pylori – impede seu uso para o controle da erradicação após o tratamento; - Indicação: pacientes com dispepsia e infecção por H. pylori; tripla) levofloxacino 500 mg, 24/24h, amoxicilina 1 g, 12/12h e IBP, com taxa de erradicação próxima a 80%; (terapia quádrupla) bismuto, 240 mg, 12/12h, tetraciclina 500 mg, 6/6h, metronidazol 400 mg, 8/8h e IBP, por 10 a 14 dias, com taxa de erradicação próxima a 80%; - Terapia de terceira linha – usa um dos esquemas não usados na terapia de 2ª linha; - Terapia de quarta linha – restrito a casos especiais, como em pacientes sabidamente aderentes ao tratamento, que a erradicação do H. pylori é crítica (pacientes com linfoma MALT, ressecção de câncer gástrico, histórico familiar de câncer gástrico), sendo guiado por testes fenotípicos ou genotípicos de suscetibilidade antimicrobiana – o uso de rifabutina é uma alternativa, sendo esse um antibiótico com alta atividade anti-H. pylori, com taxa de resistência de 1,3%, porém ainda não disponível no Brasil – esquema: rifabutina 150 mg e amoxicilina 1g, 12/12h, por 10 dias; - Em casos de úlcera gástrica ou úlcera gastroduodenal complicada realiza-se o tratamento com IBP por 4 a 8 semanas após o tratamento de erradicação, para promover a cicatrização da úlcera; ETIOPATOGENIA DIAGNÓSTICO DIARREIA CRÔNICA - Critérios para definição: (1) frequência de defecçãos > ou = a 3 movimentos intestinais/dia; (2) consistência das fezes mole, pastosa ou aquosa; (3) peso das fezes > 200 g/dia – presença de pelo menos 1 dos critérios por pelo menos 4 semanas; - Sintomas associados: urgência fecal, incontinência fecal, dor ao defecar, dor abdominal, cólicas intestinais; - Comumente é o sintoma de uma doeça; - Sintomas de alarme (bandeira vermelha): sangue nas fezes, despertar noturno por sintomas, perda de peso não intencional, história familiar de câncer gastrointestinal, início dos sintomas após os 50 anos de idade, diarreia contínua - útil na identificação de pacientes com sintomas abdominais que apresentam risco de doenças relevantes, como câncer GI, DII e doenças de má absorção, orientando o médico para diagnósticos adicionais; - Condições responsáveis: inflamatória, neoplásica, disabsortivo, infeccioso (causada por Clostridioides difficile, Giardia lamblia, ameba), funcional, intolerâncias alimentares, efeitos colaterais de medicamentos (magnésio ou drogas de promoção), condições pós-cirúrgicas, sintoma de uma doença sistêmica (diabetes ou hipertireoidismo), distúrbios de motilidade; - Diarreia Aquosa – características: fezes moles, sem leucócitos, lactoferrina, calprotectina, sangue e níveis elevados de gordura fecal - subdividida em: (secretora) diminuição da absorção de água, gerando altos volumes de fezes, com sintomas persistentes à noite e durante o jejum; (osmótica) retenção de água no intestino devido à presença de solutos mal absorvidos, com fezes com lacunas à análise; (funcional) classificadas com o Roma IV, sem etiologia orgânica clara; - Diarreia Gordurosa – características: níveis elevados de gorduras nas fezes, dividida em malabsortiva e maldigestiva conforma a etiologia; - Diarreia Inflamatória – características: presença de leucócitos fecais, lactoferrina, calprotectina e sangue – sua investigação inclui imagens avançadas e colonoscopia; Síndrome do Intestino Irritável (SII) - Diarreia aquosa funcional, com alteração na frequência ou formadas fezes, sem alterações comuns no peso das fezes; - Diagnóstico Segunda Roma IV - dor abdominal recorrente, com início há mais de 6 meses, ocorrendo em média 1 dia/semana nos últimos 3 meses, associado a 2 ou mais critérios: (1) relacionada à defecação; (2) associada a uma alteração na frequência das fezes; (3) associada a uma alteração da forma/aparência das fezes; - Exames solicitados: hemograma completo, PCR ou calprotectina fecal, painel metabólico e sorologia celíaca; - Níveis de calprotectina (marcador inflamatório) > 50 μg/g são associados ao maior risco de síndrome do intestino irritável; - Ausência de sinais de alarme; Diarreia Funcional - Diarreia aquosa funcional; - Diagnóstico Segundo Roma IV – evacuações soltas ou aquosas, sem dor abdominal predominante ou inchaço, ocorrendo em mais de 25% das evacuações nos últimos 3 meses, com início dos sintomas pelo menos 6 meses antes do diagnóstico – exclui os pacientes que atendem os critérios para SII; - Ausência de alteração em exames que investigam doenças orgânicas; - Tratamento: loperamida empírica (Imodium); Diarreia Ácida Biliar - Diarreia aquosa secretória; - Deve-se a falha na reabsorção êntero-hepática dos ácidos biliares no íleo terminal; - Comumente observada após colecistectomia; Anamnese - Escala Bristol para distinguir diarreia (Bristol tipo 5 a 7) de pseudodiarreia; - Deve-se delimitar a aparência das fezes, o odor, a presença de urgência ou tenesmo, dor, frequência e duração dos sintomas, acordares noturnos pela diarreia, persistência com jejum e fatores desencadeantes; - Caracteristicas das fezes na diarreia disabsortiva: fezes acompanhada de esteatorreia, fezes claras, volumosas e malcheirosas – forma mais branda sem alterações; - Características das fezes nas alterações colônicas inflamatórias ou secretoras: fezes líquidas e amolecidas, com sangue ou muco; - Busca-se histórico de viagens recentes ao exterior ou a outras fontes potenciais de patógenos gastrointestinais infecciosos; - Realiza-se o recordatório alimentar, buscando indicativos de intolerância alimentar e do consumo excessivo de cafeína, bebidas energéticas, leite em pacientes com deficiência de lactase, aditivos alimentares (sorbitol), frutose e outros FODMAPs (oligo fermentáveis, di, monossacarídeos e poilóis); - Deve-se buscar causas prováveis de diarreia, como medicamentos e toxinas associados à diarreia – realiza-se o histórico completo de medicamentos (suplementos de magnésio, anti-hipertensivos, AINEs, antibióticos, antiarritmicos e agentes antineoplásicos), drogas ilícitas, álcool e suplementos; **a antibioticoteraia recente se associa à infecção por Clostridium difficile** - Testes iniciais: soro 7alfa-hidroxi-4-colesten-3-ona, que se encontra elevado na má absorção de ácidos biliares; fator de crescimento de fibroblastos 19, que se encontra diminuído na má absorção de ácidos biliares; SeHCAT; - Manejada com os aglutinantes de ácidos biliares, como a colestiramina (Questran); Colite Microscópica - Diarreia aquosa secretória crônica não sanguinolenta, frequentemente com diarreia noturna e incontinência; - Condições associadas à colite microscópica: doenças autoimunes, como doenças reumáticas, doenças da tireoide e doença celíaca; uso de anti- inflamatórios não esteroides, inibidores da bomba de prótons e sertralina, doença ileal, como doença de Crohn, após colecistectomia, diarreia pós infecciosa, supercrescimento bacteriano, colite microscópica, quimiorradioterapia pélvica; - Diagnóstico: (1) exame histológico de biópsia da mucosa colônica, com avaliação de múltiplas biópsias para detecção das alterações histológicas; - Tratamento – (budesonida) induz e mantém a remissão da doença ativa para ambas as formas; (outras drogas empregadas) prednisolona, sequestrantes de ácidos biliares, esteroides e imunossupressores; Doença Intestinal Inflamatória (DII) - Diarreia aquosa inflamatória, podendo causar diarreia secretória; - Engloba o diagnóstico da doença de Crohn e da colite ulcerativa; Doença Celíaca - Estado de imunodeficiência em pessoas geneticamente suscetíveis, devido à responsividade ao glúten ingerido; - Geralmente causa diarreia gordurosa de mal absorção, mas também pode causar diarreia aquosa-osmótica através da bile, pela má absorção de ácido; - Manifestações extraintestinais: dermatite herpetiforme, sintomas neurológicos, anemia por deficiência de ferro e doença ósseo metabólica; - Iceberg Celíaco – (parte visível acima da linha d’água) retrata pacientes com sintomas gastrointestinais típicos, como diarreia (40 a 85%) e perda de peso; (estado subsequente abaixo da linha d’água) pacientes com apresentações atípicas, podendo ter sintomas gastrointestinais vagos e inespecíficos, como inchaço ou condições associadas, como anemia por deficiência de ferro, osteoporose e testes de função hepática persistentemente anormais; - Diagnóstico: (1) análise de amostras de soro para anticorpo-transglutaminase tecidual (TTG IgA) e anticorpo endomisial (EMA) para diagnóstico da doença celíaca na má absorção, em todos os pacientes sem diagnóstico alternativo ou que preencham critérios para SII ou diarreia funcional, com sensibilidade e especificidade de mais de 90%, exceto quando grau histológico menor que Marsh 3 (atrofia vilosa); (2) confirma-se o diagnóstico com EDA com biópsias duodenais, sendo essa realizada após a sorologia alterada; Má Digestão de Carboidratos - A má digestão de oligo, di, monossacarídeos fermentáveis e polióis (FODMAPs) é uma causa de diarreia em pacientes com SII e em outros sem SII; - Frutose – monossacarídeo encontrado nos alimentos como o dissacarídeo sacarose, formadora de cadeias longas de frutanos, sendo absorvida no epitélio pelo transportador GLUT5 e pelo cotransportador de frutose e glicose GLUT2, porém em casos de dieta com altos níveis de frutose isolada ou frutose em excesso de glicose pode exceder a capacidade de absorção intestinal, assim a frutose não digerida passa para o cólon, onde é fermentada pelas bactérias colônicas, gerando intolerância – justifica a intolerância ao trigo (altas concentrações de frutanos) em pacientes sem doença celíaca; - Indivíduos com deficiência intestinal da enzima lactase, fermentam a lactose no intestino delgado – ocorre principalmente na presença do genótipo 13910C/C, sendo predominante em caucasianos; - Sorbitol e outros álcoois de açúcar não absorvidos que são usados em adoçantes artificiais passam inalterados para o cólon, podendo gerar diarreia quando ingeridos em grandes quantidades; - Define-se os diagnósticos médicos prévios, como a doença pancreática prévia, e as doenças sistêmicas atuais, como a tireotoxicose, doença hipoparatireoidiana, diabetes melitus, doença adrenal ou esclerose sistêmica, que podem predispor à diarreia; - Procedimentos cirúrgicos anteriores, como: ressecções extensas do íleo e cólon (diarreia devido à falta de superfiície de absorção, com má absorção de gordura e carboidratos, diminuição do tempo de trânsito ou alterações no pool de ácidos biliares), operações de bypass jejunoileal para obesidade mórbida (supercrescimento bacteriano), ressecções curtas do íleo terminal (diarreia ácida após refeições, respondendo ao jejum e aos sequestradore de ácidos biliares), colecistectomia (aumento do trânsito intestinal, diarreia ácida biliar e aumento da ciclagem dos ácidos biliares entero-hepática); - Obtem-se um histórico comportamental psicossocial; - Define-se a história familiar, particularmente de doença neoplásica, inflamatória intestinal ou celíaca; - Na revisão de sistemas busca-se manifestações extraintestinais da doença; Exame Físico - A medição da pressão arterial, frequência cardíaca e inspeção das mucosas podem ajudar a detectar anemia ou desidratação; - O exame abdominal pode revelar massas que desviam as hipóteses de causas funcionais; - Deve-se realizar a inspeção do ânus e da pele perianal; - Realiza-se o toque retaldigital – indicado para qualquer paciente que relata diarreia crônica; - Diagnóstico: teste respiratório de carboidratos, permitindo identificar a causa dos sintomas e prever a resposta terapêutica; Insuficiência Pancreática Exócrina - A insuficiência pancreática exócrina pode levar à má absorção ou má digestão e diarreia devido à deficiência das enzimas pancreáticas e secreção de bicarbonato; - Causas: pancreatite crônica, carcinoma pancreático ou cirurgia pancreática; - A má digestão de gordura resulta em esteatorreia e perda de peso; - Diagnóstico: sugerido pela história clínica e confirmado com imagem e testes de função pancreática indireta; - Elastase Fecal – teste de função pancreática, que substitui amplamente os testes de função pancreática invasivos e indiretos, requerendo uma única amostra de fezes de 100g, não sendo afetado pela terapia enzimática simultânea, nem pela dieta - valores: normais de 200 a 500 Ug/g, leve a moderada insuficiência de 100 a 200 Ug/g e insuficiência grave < 100 Ug/g; - Imagem pancreática – a alteração inflamatória progressiva da pancreatite leve gera mudanças significativas na estrutura pancreática, com destruição focal segmentar ou difusa do parênquima nas fases iniciais e posterior dilatação do ducto e calcificação na doença tardia – a TC é o exame de escolha para avaliação inicial, podendo aumentar a sensibilidade ao realizar a colangiopancreatografia por RM; - MRCP com secretina – aumenta o rendimento diagnóstico em pacientes assintomáticos com hiperamilasemia, mostrando-se equivalente aos testes diretos de função pancreática – não recomendado para investigação diagnóstica inicial para pancreatite; - EUS – detecta anormalidades parenquimatosas e ductais leves, não vistas na TC, sendo utilizada de forma complementar; - Teste de função pancreática invasiva – mede diretamente as secreções pancreáticas ao aspirá-las por cateter após estimulação com secretina, colecistocinina ou teste de Lundh (padrão refeição) – são padrão ouro na determinação da função pancreática exócrina, porém são de difícil realização; - Teste de função pancreática não invasivo – avalia as enzimas pancreáticas ou as consequências de má digestão por medição de fezes, soro, urina ou respiração, ao medir a gordura, elastase e quimiotripsina nas fezes, teste de urina para detecção de marcadores ou teste de respiração liberada do intestino e absorvida são a digestão de substrato sintético pelas enzimas pancreáticas – para serem positivos requerem a perda significativa da função pancreática, com baixa sensibilidade e especificidade em doença leve; Colite Clostridoides Difficile - Diarreia inflamatória; - Comumente associada ao uso de antibióticos e aos ambientes de cuidados de saúde; - Quando os antibióticos alteram a flora intestinal normal, cepas toxigênicas de C. difficile podem crescer e produzir as toxinas A e B, que causam diarreia inflamatória e levam à formação de pseudomembranas bacterianas; - Diagnóstico – (1ª etapa- teste sensível) identifica a presença do patógeno com imunoensaio da enzima glutamato desidrogenase (EIA), teste de amplificação do ácido nucléico ou PCR; (2ª etapa – teste específico) demonstra a produção ativa da toxina C. difficile através da toxina EIA – essa combinação garantes altos valores preditivos negativos e positivos; Supercrescimento Bacteriano do Intestino Delgado (SIBO) - Fatores predisponentes: diabetes, esclerodermia, pseudo-obstrução intestinal, cirurgia prévia (principalmente as relacionadas a loop cego), diverticulose, estenoses dos pequenos vasos, acloridria (ocorre na velhice e na terapia com IBP); - Cultura do aspirado do intestino delgado – método direto de investigação da SIBO, sendo padrão-ouro no diagnóstico – presença > 106 ufc/mL de aeróbicos ou anaeróbicos confirma o diagnóstico – indivíduos saudáveis podem apresentar supercrescimneto bacteriano de coliformes e enterococos; - Anuscopia – indicada em casos supeitos de distúrbios inflamatórios; Testes Laboratoriais Gerais - Solicita-se inicialmente: hemograma completo, proteína C-reativa(PCR), nível de imunoglobulina A (IgA) anti-transglutaminase tecidual (doença celíaca), nível de IgA total, painel metabólico básico, função tireoidiana; - Triagem básica para evidência de má absorção: hemograma completo, ureia e eletrólitos, testes de função hepática, vitamina B12, folato, cálcio, ferritina, velocidade de hemossedimentação e proteína C reativa; - Análise de cromogranina A (CgA) para o diagnóstico de tumores neuroendócrinos raros na diarreia aquosa; Exame de Fezes - Teste imunoquímico de sangue oculto nas fezes (FOBT) e técnica imunoquímica fecal (FIT) que permite o diagnóstico de câncer colorretal; - Calprotectina fecal - leucócitos ou lactoferrina – doença inflamatória intestinal; - Gordura fecal - coloração de Sudão; - Teste de química fecal - pH, osmolaridade, eletrólitos e fosfato; - Elastase fecal – pancreatite exócrina; - Estudo das fezes – (diarreia aquosa) tipos secretora, como a má absorção de ácidos biliares, colite microscópica e distúrbios pós- cirúrgicos, tipo osmótica, como na síndrome de má absorção de carboidratos e abuso de laxantes, e funcional, como a síndrome do intestino irritável; (diarreia gordurosa) causada pela má absorção ou má digestão, que ocorre na doença celíaca, giardíase e insuficiência pancreática exócrina; (diarreia inflamatória) causada por doença inflamatória intestinal, Clostridioides difficile, colite e câncer colorretal; - Testes respiratórios com hidrogênio – baseia-se na capacidade de algumas bactérias em fermentar carboidratos, gerando hidrogênio, que não é produzido pelas células de mamíferos – sensibilidade e especificidade ruim, com 3 a 25% de falsos negativos; Imunodeficiência - A diarreia crônica é um sintoma comum em pacientes recentemente diagnosticados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV); - Na identificação de uma imunodeficiência deve-se investigar potencial infecção crônica com patógenos como criptpsporídios ou norovírus; Inflamações Primárias: Parasitoses - Os parasitas são mais prováveis do que as bactérias e vírus de causar diarreia crônica em pacientes imunocompetentes; - Fatores de risco: viajar para ambientes com poucos recursos, consumo de água não tratada, produtos não lavados, lacticínios crus, carne malpassada; - Giardíase – infecção não invasiva por protozoários no intestino delgado, sendo uma doença de veiculação hídrica, que gera diarreia mal absortiva – diagnóstico: teste de antígeno nas fezes ou exame de fezes para óvulos e parasitas, com uso de ELISA nas fezes em caso de infecção persistente por Giardia – tratamento: metronidazol ou tinidazol; - Entamoeba histolytica – infecção protozoária invasiva, adquirida via fecal-oral, gerando diarreia inflamatória – diagnóstico: exame de fezes para ovos e parasitas e confirmação com sorologia ou biópsia tecidual; - Cryptosporidium e Cyclospora – causas comuns de diarreia dos viajantes, podendo ser adquirido domesticamente; - Trichuris trichi ura (whipworn) e Ascaris lumbricoides (lombriga) – infecções por helmintos – diagnóstico: exame de fezes ou sorologias específicas quando a suspeita clínica é alta; - Comumente apresenta eosinofilia no hemograma; - Deve-se testar mais de uma amostra para conseguir maior rendimento diagnóstico; - Diagnóstico: exame de fezes em 3 amostras frescas para ovos, cistos e parasitas – sensibilidade de 60 a 90% para detecção desses organismos; Distúrbios Endócrinos - Diarreia secretória; - Causas: hipertireoidismo, doença de Addison e diabetes mellitus – podem causar motilidade intestinal desordenada ou enteropatia autoimune; - Tumores endócrinos como carcinoide, VIPomas e gastrinomas (síndrome Zollinger-Ellison) são raros - deve-se obter os níveis de peptídeos séricos, como gastrina, calcitonina e intestinal vasoativa; Trânsito Intestinal Rápido - Situações que aumenta o trânsito intestinal: estados pós-cirúrgicos (ex.: vagotomia),condições endócrinas (ex.: hipertireoidismo), diarreia por ácido biliar, neuropatia autonômica (diabetes) e diarreia funcional; - Diagnóstico: (manometria intestinal ou colônica) mede detalhadamente a motilidade, visualizando claramente os movimentos propulsivos e retrógrados que inibem o trânsito, sendo que medições anormais indicam obstrução ou disfunção neuromuscular grosseira; Diarreia Pós Radiação - Comum em pessoas que foram tratadas para tumores gastrointestinais com radioterapia; Causas Estruturais de Diarreia Incontinência Fecal - Fatores de risco: idade avançada, trauma obstétrico, cirurgia pélvica, obesidade, diabetes e acidente vascular cerebral; - Diagnóstico – (exame anorretal) identifica impactação e prolapso retal; (exames adicionais) radiografia simples ou estudos de marcadores radiopacos, manometria anorretal, US endoanal; Diarreia Pós-Cirúrgica Exames de Imagem - RM ou TC com enterografia ou enteróclise – indicação: pacientes com características de alarme, valores anormais de exames laboratoriais ou suspeita de doença estrutural – avalia do intestino delgado, com alta precisão; - US – avaliação do intestino, com alta sensibilidade na detecção de patologia ileal terminal; - Endoscopia (EDA) - em pacientes > 40 anos, sem sintomas típicos de doença funcional e/ou sintomas e diarreia – útil principalmente em casos de má absorção e doença celíaca; - EDA por cápsula de vídeo – avalia melhor o intestino delgado após RM ou TC negativa – não e recomendada em pacientes com suspeita de doença celíaca,; - Enteroscopia do intestindo delgado – exame complementar para distinguir anormalidades do intestino delgado ou para avaliar mais o intestino delgado após investigação radiológica negativa – avalia a inflamação ou sangramento obscuro, tendo papel importante no diagnóstico por biópsia jejunal de infecções ou má absorção/aumento de IgA; - Colonoscopia completa com múltiplas biópias de mucosa do cóln direito e esquerdo, mesmo se aparência normal da mucosa – realizada em paciente com características de alarme ou em casos que a investigação inicial não produziu diagnóstico – indicada principalmente em pacientes mais velhos devido à elevada incidência de neoplasia colônica, devendo ser evitada como primeira linha em pacientes com menos de 40 anos, sem sangramento retal e com calprotectina fecal normal – permite o diagnóstico de neoplasia colônica, IBD e colite microscópica; - A etiologia subjacente pode ser atribuída a disfunção pilórica, má absorção de sais biliares, supercrescimento bacteriano ou by-pass intestinal, reduzindo a capacidade de absorção; - A cirurgia do TGI superior pode gerar dano no nervo vago, acompanhado pela redução da capacidade do estômago devido á ressecção gástrica, assim o esvaziamento gástrico rápido pode gerar diarreia osmótica e sintomas associados de síndrome de dumping; - A cirurgia pode fornecer um ambiente ideal para colonização bacteriana e supercrescimento, gerando diarreia crônica; - Procedimentos cirúrgicos que criam uma alça cega podem predispor à estase e ao supercrescimento bacteriano, devido à motilidade anormal e eliminação ineficaz de alimentos e secreções retidos – o maior risco ocorre em pacientes submetidos a derivação jejunoileal, anastomose enteroentérica término-lateral, criação de uma Koch distal ou estenose do intestino delgado; - A ressecção do intestino delgado e grosso reduz a capacidade de absorção, resultando na síndrome do intestino curto, com diarreia crônica, desidratação, anormalidades eletrolíticas e desnutrição – a gravidade depende do local e extensão da ressecção, da presença de doença no intestino residual e do grau de adaptação do restante do intestino; Tumores Neuroendócrinos - Tumores em tecido gastroenteropáncreático secretores de hormônios podem causar diarreia; - Diagnóstico – demonstração de uma concentração elevada de hormônios séricos; - VIP - tumor secretor suspeitado no contexto de diarreia secretora de grandes volumes (> 1 litro/dia), desidratação e hipocalemia – os valores normais para VIP circulante são < 170 pg/mL, enquanto concentrações séricas médias em tumores funcionantes variam de 675 a 965 pg/mL; - Gastrinomas – os níveis séricos de gastrina atingem cerca de 1000 pg/mL, enquanto os valores normais são de 50 pg/mL – na anemia perniciosa, gastrite atrófica ou terapia supressora de ácido pode-se encontrar valores comparáveis; Diarreia Factícia - Causada pelo abuso de laxantes ou pelo uso espúrio; - Diagnóstico: (1) análise repetida de fezes pode ser afetada pela ingestão intermitente de laxantes; (2) ensaios de alcalinização não são sensíveis; (3) detecção de antraqianos, bisacodil e fenolfatelína na urina e magnésio e fosfato nas fezes; - Sigmoidoscopia flexível – indicado em pacientes jovens com suspeita de transtorno funcional do intestino, pois a maioria dos casos apresentam patologia no cólon distal, como colite microscópica, doença de Crohn e colite ulcerosa; Testes para Má Absorção - Detecção de compostos nas fezes ou detecção de uma substância absorvida no sangue, urina ou outros tecidos; (2) teste respiratório, que se baseia na degradação e fermentação bacteriana da substância testada; - Causas: ambiente luminal defeituoso, devido ao ácido biliar inadequado ou função enzimática; falha de transporte epitelial devido à doença da mucosa ou distúrbios estruturais, como fístula e ressecção cirurgica; ETIOPATOGENIA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO CONSTIPAÇÃO INTESTINAL - Dificuldade na defecação, incliundo movimentos intestinais infrequentes, fezes duras ou irregulares, esforço excessivo, sensação de evacuação incompleta ou bloqueio e uso de manobras manuais para facilitar a evacuação; - Os sintomas podem ser agudos, durando menos de uma semana – comumente precipitados por mudança na dieta e/ou estilo de vida, como ingestão reduzida de fibras, diminuição Anamnese - Informações necessárias na anamnese: duração e natureza da constipação, frequência do esvaziamento/movimento intestinal, consistência das fezes, peso diário das fezes (< 35 g/dia), sintomas e sinais associados (dor abdominal, inchaço, vômito, sinais de alarme, grau de esforço na defecação, sensação de evacuação incompleta), hábitos alimentares, história de abuso físico/sexual, eventos obstétricos, história familiar de câncer de cólon ou síndrome de polipose familiar, explora-se doenças sistêmicas; - Bristol Stool Form Scale (BSFS) – avalia a consistência das fezes em 7 tipos, sendo os tipos 1 e 2 correspondentes a fezes duras ou irregulares, enquanto os tipos 6 e 7 são de fezes moles ou aquosas - Passos: (Ia) hábitos de vida; (Ib) agentes de volume; (II) laxantes osmóticos ou estimulantes, sozinhos ou em combinação com agentes de volume; (III) procinéticos, secretagogos ou antagonistas opióides; (IV) combinação dos laxantes osmóticos, estimulantes, procinéticos, secretagogos, antagonistas de oipioides, enemas e lavagem; (V) estimulação do nervo sacral ou cirurgia; - Terapia Conservadora – inclui: compreensão clara do paciente sobre o diagnóstico, esclarecendo suas preocupações e defenindo metas realistas, modificação de estilo de vida, que se falha, emprega-se laxantes volumosos ou osmóticos, que se falha, emprega-se pedra lubipro e linaclotida; Medidas de Estilo de Vida - Ingestão suficiente de fibras de 20 a 30 g/dia – as fibras se dividem em solúveis (psyllium) e insolúveis (farelo) - não são digeridas, sendo entregues ao cólon, da atividade física, estresse e uso do banheiro em ambientes desconhecidos; - Os sintomas podem ser crônicos, quando persistem por pelo menos 3 meses; - Fatores de risco: idade, gênero feminino, depressão, inatividade, baixa ingestão calórica, baixa renda e baixa escolaridade, efeitos colaterais de certos medicamentos, abuso físico e sexual, nível socioeconômico mais baixo, depressão; - Fatores de proteção: atividade física e dieta rica em fibras; - Fatores queafetam sua prevalência: uso de drogas, fatores interculturais, hábitos alimentares, tolerâncias a problemas de saúde, genética, microbioma, higiene ambiente, citocinas e sistema nervoso; Constipação Primária / Constipação Crônica Idiopática (CIC) - Divide-se em: constipação com tempo de trânsito normal, constipação com tempo de trânsito atrasado e disfunção anorretal; - A causa da CIC é multifatorial, podendo ser causada por distúrbios de motilidade do cólon, disfunções do assoalho pélvico, dieta, mudanças no microbioma, anatomia, estilo de vida, comportamento, fatores psicológicos e medicamentos; - Distúrbio da interação cérebro- intestino com vários fatores de relevância, como hipersensibilidade visceral, anormalidades sensorial e/ou – a forma das fezes é uma medida indireta do tempo de trânsito colônico, mudanças na função intestinal e facilidade de defecação; - Sinais e Sintomas de Alarme: idade > 50 anos sem triagem para câncer de cólon, anemia, sangramento gastrointestinal, perda significativa de peso não intencional (> 10% em 3 meses), massas palpáveis no abdome e reto, início recente da constipação, história familiar positiva para câncer colorretal, doença inflamatória intestinal, alterações no calibre das fezes, prolapso retal, sintomas obstrutivos, sangramentos retais (na ausência de sangramento de hemorróidas ou fissuras anais), anemia por deficiência de ferro– muitas vezes esses ocorrem como consequência de doenças orgânicas graves que requerem exame gastroenterológico rápido e detalhado – devem ser pesquisados ativamente; - Pesquisa-se o uso de medicmentos relacionados à constipação, como opiáceos, bloqueadores dos canais de cálcio e antidepressivos tricíclicos; - Pesquisa-se sinais e sintoams de outras doenças que cursam com constipação, como a doença de Parkinson; - Diário das fezes – anotação dos hábitos intestinais; Exame Físico - Exame abdominal – avalia a distensão abdominal, sensibilidade dolorosa, visceromegalia, presença de fezes duras, massa no cólon ou massas abdominais palpáveis e peristaltismo; - O exame dos outros órgãos e sistemas é importante para excluir constipação secundária; - Exame anorretal – importante em pacientes com sinais ou sintomas de doença anorretal, podendo ser muito útil para determinar a causa da constipação – (inspeção) avalia o períneo em repouso e após tensões como como ao simular evacuação, pode identificar cicatrizes, eflorescências, marcas anais, verrugas, presença de sangue e pus, hemorróidas, abscesso, fístula, assimetria anal e prolapso anal durante as tentativas de evacuação; (palpação/toque retal) presença de massas no canal anal e reto e presença de fissuras, avalia o tônus do esfíncter anal, provando a sinergia em pacientes com constipação, de modo a direcionar outros testes fisiológicos, apresentando sensibilidade de 75% e especificidade de 87% para defecação dissinérgica – permite identificar impactação fecal, estenose anal ou massa retal, devendo aumenta as propriedades de retenção de água das fezes, aumentando a lubrificação das fezes, fornecendo volume e estimulando o peristaltismo; - Ingestão adequada de líquidos 2 a 3 L/dia; - Ativiade física – podem modular os mecanismos anti-inflamatórios e anti- oxidantes – realizadas conforme tolerado, começando com caminhadas de 20 minutos/dia; - Evitar alimentos e medicamentos que causem constipação; Farmacoterapia - Indicada se apenas as mudanças no estilo de vida não forem suficientes; Agentes Formadores de Volume ou de Massa/Fibra Solúvel - Aumentam o volume e reduzem a consistência das fezes, ajudando a reter água – comumente é o tratamento inicial; - Inclui fibras solúveis, como plantago ovata e metilcelulose – psyllium e casca de ispagula; - Deve-se iniciar com doses baixas de 3 a 4 g/dia, aumentando gradualmente até a dosagem de 20 a 30 g/dia; - Gera melhora dos sintomas globais, diminui o esforço e dor ao defecar, melhora a consistência e a frequência das fezes; - Efeitos adversos: dor abdominal e inchaço – deve-se as propriendades fermentáveis dentro da fibra; - Quando não são suficientes deve-se avaliar se houve sintomas de distúrbios de evacuação, sendo que se suspeita de constipação causada por difunção do assoalho pélvico, procedimentos diagnósticos como manometria anal, teste de expulsão de balão, defecografia e estudo do trânsito do cólon devem ser aplicados, passando para o próximo passo, apenas, se não houver distúrbio de evacuação; Laxantes Osmóticos - Moléculas inabsorvíveis e íons, que puxam água osmoticamente para o lúmen intestinal; - Aumentam o volume das fezes, reduzem sua consistência e melhoram o peristaltismo; - Inclui: polietilenoglicol (PEG – preferido para a constipação crônica), lactulose, sorbitol, manitol, citrato de magnésio, hidróxido de magnésio, sulfato de magnésio e sulfato de sódio; - Fáceis de usar e baratos, podendo ser usados como medicamento de primeira linha para constipação crônica – tipicamente bem tolerados; motora, atraso no trânsito colônico e percepção central; Constipação com Tempo de Trânsito Normal (NTC) - Geralmente ocorre como constipação funcional, sendo que essa juntamente à síndrome do intestino irritável forma o grupo dos distúrbios intestinais funcionais; - Características: esvaziamento raro e difícil, tensão e sensação de evacuação incompleta; - Diferencia-se da síndrome do intestino irritável pois, além da constipação, a SII apresenta dor mais frequentemente do que 1 vez por semana, que diminui após evacuações e flatulência; Constipação com Tempo de Trânsito Atrassado / Constipação por Trânsito Lento (STC) - Passagem lenta do conteúdo pelos intestinos, com atraso no esvaziamento do cólon proximal e redução ou ausência de alta amplitude propagação da contração (HAPCs); - Pode ser consequência de distúrbios do sistema plexo mioentérico ou da neurotransmissão; Disfunção Anorretal / Defecação Dissinérgica (DD) - Ocorre como consequência da disfunção do assoalho pélvico e músculos do esfíncter – apresenta prejuízo da coordenação dos músculos retais, com falha de relaxamento anal ou fora inadequada retal e propulsiva abdominal; ser realizado antes do encaminhamento para manometria anorretal, apesar do seu resultado normal não excluir distúrbios defecatórios; Testes Laboratoriais - Hemograma, função tireoidiana, cálcio sérico; - Investiga-se doença celíaca; Exames de Imagem - Ultrassonografia transabdominal/vaginal – realizada em mulheres pós-menopáusicas com constipação de início recente, dor localizada na parte inferior do abdome, inchaço ou distensão – em alguns casos, a neoplasia de ovário pode ser a causa subjacente; - Colonoscopia - busca excluir câncer de cólon e doença intestinal inflamatória - reservada para pacientes com sinais e sintomas de alarme e par pacientes com 45 anos ou mais; Testes Fisiológicos Avançados Manometria Anorretal - Indicação: paciente com suspeita distúrbio funcional da defecação com propulsão defecatória inadequada e/ou defecação dissinérgica, após exame retal digital inicial ou quando a terapia médica padrão falha; - Mede as mudanças de pressão durante as tentativas de defecação; - Avalia o tônus esfincteriano em repouso e contração, permite quantificar as funções do esfíncter anal interno e externo, sensação retal, reflexo anorretal e complacência retal; - Padrões de Distúrbios em Pacientes com Defecação Dissinérgica: (tipo I) pressão propulsiva intrarretal adequada, mas aumento paradoxal em pressão e pressão intrarretal > ou = 45 mmHg; (tipo II) incapacidade de produzir força expulsiva suficiente, sem aumento a pressão intrarretal e com aumento paradoxal da pressão intra-anal residual, ou seja, aumento da pressão do esfíncter anal; (tipo III) poder expulsivo suficiente, com pressão propulsiva intrarretal adequada, mas com redução insuficiente da pressão intra-anal (< 20%), ou seja, relaxamento do esfíncter analausente ou insuficiente; (tipo IV) incapacidade de alcançar potência/pressão expulsiva adequada, sem aumento da pressão intrarretal e ausência/redução insuficiente da pressão intra-anal; Teste de Expulsão de Balão - Efeitos adversos: cólicas abdominais, inchaço, gases, fezes soltas, desequilíbrio eletrolítico, cefaleia e sobrecarga de volume em insuficiência cardíaca e renal – são dependentes da dose; - Podem ser usados diariamente e a longo prazo; - Podem ser empregados sozinhos ou em combinação com agentes de volume, se o paciente não responder apenas aos agentes formadores de volume; Laxantes Estimulantes - Inclui: bisacodil, picossulfato de sódio, senósido; - Estimulam o peristaltismo, causando o esvaziamento do intestino; - São usados em pacientes que não respondem a laxantes formadores de volume e/ou osmóticos; - Não são recomendados como terapia de resgate; - Bisacodil e Picossulfato de sódio – são convertidos por enzimas da mucosa deacetilase e dessulfatase da microbiota colônica, respectivamente, em bis-(p- hidroxifenil)-piridil-2-metano, que previne a reabsorção de água e inicia a alta amplitude de propagação da contração (HAPCs) no cólon; - Docusato Sódio – diminui a tensão superficial nas fezes na interface óleo=água e permite que a água penetre nas fezes; - Efeitos adversos: dor abdominal, cólicas, distensão, diarreia, náusea e vômito; - Podem ser empregados sozinhos ou em combinação com agentes de volume, se o paciente não responder apenas aos agentes formadores de volume; - Usado principalmente na constipação funcional; Laxantes Secretores / Secretagogos - Usados como tratamento de 2ª linha após os laxantes padrão; - Causam a secreção de cloreto no lúmen intestinal; - Inclui: lubiprostone (8 a 24 Ug, 2 vezes/dia), linaclotide (145 Ug, 1 vez/dia) e plecanatide; - Efeitos Adversos: diarreia (20% - pode ser reduzida tomando a medicação 30 a 60 min antes do café da manhã), náusea (leve e bem tolerada, sendo menos frequente se tomada com comida e água); Procinéticos - Agonista 5-hidroxitriptamina 4 agonista (5HT4) ou Prucaloprida, que atua sobre esses receptores, acelerando a peristalse e, consequentemente, o trânsito intestinal; - Mecanismo de Ação: a serotonina (5-HT) acelera a motilidade gastrointestinal, assim a prucaloprida exerce seu efeito sendo um agonista do receptor 5HT4; - Relaciona-se à melhora da dor abdominal, desconforto e inchaço, podendo contribuir para atingir pelo menos 3 movimentos intestinais/semana; - Comumente resulta de: hábitos higiênicos disfuncionais, história de abuso físico e sexual (29% dos homens e 32% das mulheres), prolapso retal, intussucepção retal, retocele; - Manifesta-se como sensação de defecação incompleta ou obstrutiva, urgência para defecar, alterações no calibre das fezes, dor perianal e aparecimento de sangue e muco nas fezes; - Os sintomas das doenças anorretais ocorrem em condições funcionais ou em transtornos orgânicos desta região; - Sintomas de distúrbios funcionais ocorrem devido à ativação dissinérgica dos músculos do assoalho pélvico, esfíncteres e reto; - Os sintomas de doenças anorretais orgânicas ocorrem na presença de substrato orgânico, como inflamações, tumores, fissuras anais e hemorróidas; Secundária - Ocorre como consequência de outras doenças e condições, que podem ser distúrbios intra ou extra-intestinal; - Exemplos: obstrução mecânica, doenças anorretais, miopatias, neuropatias, endocrinopatias, distúrbios metabólicos, dieta pobre em fibras, imobilidade e distúrbios psiquiátricos; - Medicamentos que causam constipação: antidepressivos, antiepilépticos, antipsicóticos, bloqueadores dos canais de cálcio, antiespasmódicos, anti-histamínicos, drogas antiparkinsonianas, agentes - Indicação: suspeita de distúrbio evacuatório retal, como a defecação dissinérgica, em pacientes que falharam com os laxantes; - Realizado com a colocação de um balão cheio de água morna (50 mL) no reto, cronometrando o tempo necessário para evacuá-lo – a maioria dos indivíduos normais o expulsa em menos de 1 min; - Paciente capaz de evacuar o balão, apresenta diagnóstico de dissinergia improvável, com sensibilidade de 50% e especificidade de 89%; Estudos de Trânsito Colônico - Indicação: (1) pacientes que falharam na terapia médica, podendo orientar as próximas medidas; (2) ausência de distúrbios defecatórios nos testes anorretais; - Fornece informações úteis sobre a função motora geral do cólon; - Métodos de realização: (teste de marcador radiopaco) paciente infere uma cápsula com 24 marcadores radiopacos, 5 a 6 dias consecutivos, seguido de radiografia de abdome na manhã do dia 7 para contar o número de marcadores restantes, permitindo calcular o tempo de trânsito colônico em dias, ao dividir o número de marcadores retidos com a dose diária, de modo a ser considerado anormal se mais de 20% do marcadores permanecerem retidos no cólon; (cintilografia colônica) infunde-se marcador radiomarcado no ceco, realizando imagem 24 a 48 horas depois com medições cronometradas de radioatividade residual para calcular o trânsito em vários segmentos gastrointestinais; (cápsula de motilidade sem fio) emprega-se cápsula de motilidade sem fio para calcular os tempos de trânsito gastrointestinal segmentar através da detecção das mudanças no pH; - O uso de laxante deve ser interrompido pelo menos 3 dias antes do exame; Defecografia por Imagens de Fluoroscopia ou RM - Indicação: manometria anorretal e expulsão do balão retal inconclusivas; - Imagens do reto e do assoalho pélvico durante a tentativa de defecação; - Detecta anormalidades estruturais, como retocele, prolapso retal e intussuscepção; - Apresenta segurança e tolerabilidade favorável; - Utilizados para o tratamento da constipação primária e secundária, aumentando a frequência do esvaziamento intestinal, reduzindo a consistência das fezes e estirpe; - Não apresenta potencial arritmogênico; - Dose de 2 a 4 mg, 1 vez/dia; - Efeitos adversos: diarreia, náusea e dor de cabeça – comumente desaparecem na primeira semana de tratamento; - Usados apenas se os laxantes não tiverem efeito, pois apresentam maior custo e mais efeitos adversos; Antagonistas dos Receptores MU-Opioides de Ação Periférica (PAMORA) - Inclui: metilnaltrexona, nalexagol, nalde medine; - Receptor MU-opióide seletivo e um antagonista, que atua nos receptores opioides periféricos, como do TGI, enquanto sua passagem através da barreira hematoencefálica é limitada; - Antagoniza o efeito periférico dos opioides, sem apresentar interferência no seu efeito analgésico central; - Aplicado pr via subcutânea, na dose de 8 a 12 mg (0,15 mg/kg), no segundo dia ou em 24h; - Eficaz no tratamento da constipação causada por uso de opióides; - Efeitos adversos: dor abdominal e flatulência; - Usados apenas se os laxantes não tiverem efeito, pois apresentam maior custo e mais efeitos adversos – ocorre em 50% dos casos; Probióticos - Estudos demonstram que as alterações na microbiota intestinal podem contribuir para o desenvolvimento de distúrbios intestinais funcionais secundários à disbiose da microbiota intestinal, assim a administração de probióticos melhora os movimentos; Terapia de Biofeedback Anorretal - Técnica de treinamento comportamental que pode ser usada de forma eficaz para manejar indivíduos com defecação dissinérgica - apresenta resposta em 70% dos casos; - Pode ser usada para melhora a constipação de trânsito lento, que surge como fenômeno secundário à defecação dissinérgica; - Técnica: pacientes com manometria anorretal ou sonda EMG inserida, treinando-se o comportamento defecatório anorretal anormal, por instruções em técnicas de reversão apropriadas – busca reaprender o comportamento adequado durante a tentativa de defecação, que é aumentar o esforço de antidiarreicos, suplementos de cálcio e ferro, diuréticos, inibidores de monoamina oxidase, AINEs, opiáceos, simpaticomiméticose antidepressivos tricíclicos; - Contipação induzida por opióides (OIC) - o agonismo dos receptores opioides no trato gastrointestinal gera redução da secreção intestinal e motilidade - ocorre em 51 a 87% dos pacientes que recebem opioides para câncer e entre 41 a 57% dos pacientes que recebem opioides para dor crônica não oncológica; - Avalia parâmetros funcionais, como a função anorretal em repouso e esforço; Roma IV - Síndrome do Intestino Irritável com Constipação (IBS-C) – dor abdominal pelo menos 1 dia/semana, estando a dor associada a pelo menos dois dos sintomas: (1) mudança na frequência das fezes para evacuações pouco frequentes; (2) mudança na forma das fezes para fezes mais duras; (3) dor relacionada com a defecação - pelo menos 25% das fezes devem ser dos tipos Bristol 1 e 2 e menos de 25% dos tipos 6 e 7; - Constipação Funcional (CF) – pacientes não preenchem critérios para SII, pois a dor abdominal está ausente ou não predomina, ocorrendo menos de 1 dia/semana, e também não consomem opiáceos – presença de 2 ou + dos sintomas, por mais de 1/4 ou 25% das defecações, nos últimos 3 meses, com início dos sintomas há pelo menos 6 meses, sem patologia gastrointestinal orgânica: (1) esforço; (2) fezes irregulares ou duras, Bristol tipo 1 ou 2; (3) sensação de evacuação incompleta; (4) sensação de obstrução/bloqueio anorretal; (5) manobras manuais para facilitar a evacuação; (6) menos de 3 evacuações espontâneas/semana; - Constipação Induzidas por Opioides (OIC) – os sintomas novos ou agravados de constipação iniciaram, alteraram ou aumentaram após a terapia com opioide; - Distúrbios Funcionais da Defecação – devem satisfazer os critérios para IBS-C ou CF, mas também demonstrar características de evacuação retal prejudicada, conforme demonstrado por 2 dos 3 testes: teste de expulsão de balão normal, padrão de evacuação anorretal normal com manometria (EMG) e evacuação retal prejudicada com defecografia, mas sem lesões estruturais; empurrar ao aumentar a pressão intra-abdominal e retal, enquanto se relaxa os músculos do assoalho pélvico; - É superior à terapia padrão para a defecação dissinérgica; - Limitações: pouca disponibilidade; Irrigação Transanal/Enema - Intervenção segura usada no contexto da disfunção intestinal neurogênica; - Considerada em indivíduos com constipação funcional, em que as terapias farmacológicas falharam, antes das medidas cirúrgicas irreversíveis; - Procedimento demorado, que precisa ser realizado a cada dois dias, por 30 a 45 minutos; - Seu efeito depende da quantidade de líquido entregue ao reto (geralmente entre 5 e 150 mÇ de glicerina, solução salina), a pressão intraluminal e a temperatura do enema; - Melhora a função intestinal e a qualidade de vida, porém mais de 1/3 descontinua o tratamento ainda no 1º ano, devido as respostas inadequadas; Tratamento Cirúrgico - Reservado para casos de contipação refratária, com trânsito intestinal retardado – último recurso em pacientes com constipação funcional intratável, com evidência de trânsito lento, mesmo com as terapias farmacológicas empregadas em dose e tempo adequado; - Técnicas: colectomia segmentar mental com anastomose ileorretal, ileossigmóide ou cecoretal, proctocolectomia com anastomose ileoanal; - Colostomia Sigmoide Final – opção para pacientes com trânsito colônico normal e disfunção da saída pélvica refratária grave; - Ileostomia – considerada para pacientes com STC e disfunção pélvica concomitantes; - Apresenta baixa evidência de benefício – beneficia alfuns pacientes, mas ao custo de morbidade substancial de curto e longo prazo; - 25% dos pacientes cursam com complicações, como obstrução do intestino delgado (15% a longo prazo); - Deve ser evitado em pacientes com disfunção panentérica, SII-C, OIC ou defecação dissinérgica; ETIOFISIOPATOGENIA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO BLOATING - Sensação subjetiva de excesso de gases no intestino ou sensação de abdômen distendido, gerando pressão abdominal, sensação de plenitude e dor, com ou sem aumento visível e mensurável na circunferência abdominal; - Fenômeno sensorial no intestino delgado, que geralmente não é acompanhado da maior produção de gases; - Pode ocorrer acompanhado da sensação de plenitude ou de desconforto na área epigástrica; - Distensão Abdominal – manifestação física objetiva do aumento da circunferência abdominal; - FABD Primária - diagnosticada como entidade única, que não se sobrepõe a outros distúrbios gastrointestinais funcionais (FGID), como a constipação crônica idiopática (CF), síndrome do intestino irritável (SII) e dispepsia funcional (DF); - Inchaço Gástrico - ocorre 30 minutos após comer ou incapacidade de terminar uma refeição, sendo atribuído à dispepsia, doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), infecção por Helicobacter pylori, gastroparesia, disfunção de acomodação gástrica ou obstrução de saída gástrica; - Inchaço do Intestino Delgado – distensão abdominal que ocorre mais de 30 minutos após a ingestão, originando-se no intestino delgado e no cólon proximal, sendo atribuído a causas funcionais, síndrome do intestino irritável (SII), doença celíaca e sensibilidades alimentares não celíacas; - A fisiopatologia da FABD é multifatorial e não completamente compreendida, podendo incluir hipersensibilidade, comportamento anormal induzido por reflexos frênicos da parede abdominal, efeito de carboidratos fermentáveis mal absorvidos e alterações da microbiota, que podem se sobrepor ou ocorrer individualmente; - Conteúdo intraluminal: gás, ar, água e material fecal - o ar e o gás tornam-se abundantes dentro do lúmen por aerofagia, superprodução de gás causada pelas bactérias colônicas ou do intestino delgado (supercrescimento bacteriano intestinal - SIBO), dieta rica em fermentáveis com subabsorção de gás e por carboidratos mal digeridos e absorvidos; - O volume de gás retido por pacientes com inchaço funcional é relativamente pequeno e não pode explicar completamente os sintomas induzidos pela retenção de gases; Dieta - Principal causa dos sintomas de bloating e distensão; - Uma história alimentar completa e detalhada pode ser importante para a avaliação do bloating, permitindo a identificação de alimentos correlacionados; Anamnese - Categoriza-se os sintomas como representando inchaço gástrico, inchaço do intestino delgado e inchaço com constipação ou arrotos - podem ser diferenciados a partir de perguntas como: (1) você consegue comer um prato cheio de comida?; (2) você regularmente tem uma boa evacuação?; - Deve-se questionar sobre a cronicidade, aumento e diminuição dos sintomas, relações temporais, eventos precipitantes ou agravantes, doenças e estressores psicossociais; - Deve-se excluir qualquer causa orgânica para inchaço e distensão, incluindo doença celíaca, distúrbio de má absorção, dismotilidade intestinal e pseudo-obstrução intestinal; - Pesquisa-se períodos de piora dos sintomas e de menos sintomas, assim como sintomas funcionais presentes; - História Alimentar - indaga-se o tempo e os padrões de refeições (como refeições maiores ou menos frequentes, hábito de engolir comida, alimentos mal mastigados), correlação dos sintomas com o turno, relação com certos alimentos ou componentes alimentares (produtos lácteos, trigo, frutas, gorduras, fibras e carboidratos) - o FABD costuma ser mais baixo durante a manhã e noite e maior no período pós- prandial (após o café da manhã) e durante o início da noite; - Hábito Intestinal - rotina e alterações; - Sinais de Alarme: (1) sinais ou sintomas de hemorragia gastrointestinal; (2) anemia por deficiência de ferro inexplicada; (3) perda de peso não intencional; (4) massa abdominal palpável ou linfadenopatia ao exame; (4) história familiar de câncer de cólon e não ter feito rastreamento de câncer de cólon apropriado para a idade; (5) início - Tratamento sintomático: antiespasmódicos, simeticona (propriedades surfactantesque impedem o aprisionamento de gás) e óleo de hortelã-pimenta; - Exercício físico – melhora a depuração de gases, o inchaço abdominal e a distensão abdominal; Intervenção Dietética - Identifica os alimentos a que o paciente é intolerante, principalmente pelos testes respiratórios para orientação da dieta, devendo essa ser acompanhada pelo nutricionista; - Dieta FODMAP - apresenta baixo consumo de oligossacarídeos fermentáveis, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis, que são flatulogênicos; Alívio da Constipação - Evita-se alimentos que causem sensação de inchaço e distensão abdominal; - Trata-se a disfunção do assoalho pélvico; - Emprega-se pró-cinéticos que estimulam a motilidade intestinal, produzindo uma depuração imediata do gás retido no intestino; - Secretagogos – considerados em pacientes com constipação refratária aos tratamentos mais conservadores – ex.: lubiprostona, prucaloprida, linaclotida, neostigmina, plecanatida – efeitos adversos: diarreia; Modulação Microbiana - Melhora o número de bactérias benéficas (pré- bióticos ou pró-bióticos) ou diminui o total de bactérias intestinais (antibióticos); - Busca-se reduzir as bactérias produtoras de gás, causando alterações das suas atividades metabólicas, de modo a diminuir a fermentação excessiva e o inchaço; - Quando não se identifica uma etiologia, realiza-se o tratamento com antibióticos, sendo a rifaximina a mais aceita; - Adoçantes Artificiais - contêm sorbitol, manitol e glicerol, que produzem gases intestinais - deve-se evitar produtos que os apresente como refrigerantes dietéticos, gomas de mascar, adoçantes; - Lactose - o dissacarídeo lactose composto por glicose e galactose, presentes nos derivados de leite, depende da enzima lactase para sua absorção, de modo que a deficiência desta causa má digestão, com consequente excesso de gases intestinais e diarreia - a intolerância a lactose apresenta prevalência de 68% no mundo, sendo mais prevalente em pacientes com DGBI; - Frutose - monossacarídeo, que compõe juntamente a glicose, o dissacarídeo sacarose, presente em frutas, vegetais e adoçantes e absorvido parcialmente pelo GLUT5 no intestino delgado; - Glúten - proteína de armazenamento encontrada em grãos, que pode ser fonte de sintomas de inchaço e distensão em pacientes com doença celíaca, mas também em pacientes com sensibilidade ao glúten que não apresentam doença celíaca (70%) e em pacientes com DGBI; Supercrescimento Bacteriano no Intestino Delgado (SIBO) - Presença de excesso de bactérias dentro do intestino delgado, de modo a aumentar a produção de gás colônico por fermentação ou diminuição do consumo de gás, que gera sintomas gastrointestinais como o inchaço e distensão; - A interrupção do equilíbrio hospedeiro-microbiota afeta o sistema imunológico intestinal e leva à inflamação, de modo a gerar uma disfunção sensitiva e motora do intestino que pode contribuir para o inchaço; - A flora colônica determina a composição química do gás colônico, como por exemplo o inchaço em baixos produtores de metano, após a ingestão de sorbitol e fibras; - Deve ser considerada em pacientes que apresentem fatores de risco identificáveis para SIBO, como: anormalidades anatômicas, desordem gastrointestinal e de motilidade, desordem sistêmica e em uso de medicações; Constipação Idiopática Crônica (CIC) - O inchaço é um sintoma recorrente em indivíduos com constipação crônica e obstrução funcional do fluxo de saída, prejudicando a qualidade de vida; - Fezes retidas no reto podem prejudicar a evacuação de gás e lentificar o trânsito intestinal; Hipersensibilidade Visceral - Aumento da sensibilidade intestinal e atenção anormalmente aumentada para o conteúdo intraluminal podem causar inchaço e distensão abdominal funcional; dos sintomas com idade > ou = 50 anos e sem rastreamento de câncer de cólon apropriado para a idade; (6) início súbito ou agudo de nova mudança no hábito intestinal; (7) sintomas sugestivos de obstrução intestinal - determinam avaliação clínica para outros diagnósticos, mesmo na ocorrência de inchaço/distensão abdominal funcional; Exame Físico - Realiza-se avaliação cuidadosa do abdômen, podendo revelar deiscência do reto abdominal, aumento da circunferência abdominal e sinais de obstrução intestinal; - Deve-se realizar o exame retal e pélvico em pacientes constipados; Exames Adicionais - Não existem testes específicos para FGID, assim os testes são feitos para excluir diagnósticos específicos; - Testes diagnósticos básicos pelo Roma IV 2016: (hemograma completo) se suspeita de anemia; (outros exames de sangue) ferro, vitamina B12, ácido fólico, zinco; (sorologia celíaca) se positiva, realiza-se biópsias duodenais; (radiografia abdominal) descarta obstrução; (teste de respiração) diagnostica a má absorção de carboidratos; (estudos de motilidade) testes de função anorretal, estudos de esvaziamento ou manometria gastrointestinal; Pletismografia de Indutância Abdominal - Pode avaliar objetivamente a distensão abdominal de forma ambulatorial, medindo continuamente a circunferência abdominal dos pacientes; SIBO - Aspiração com cultura de líquido no intestino delgado - técnica invasiva, com amostra obtida a partir da endoscopia digestiva alta, do jejuno, sendo padrão ouro; - Rifaximina (550 mg, 3x por dia, 14 dias) - antibiótico de amplo espectro, que é mal absorvido, ajudando a controlar o inchaço e a flatulência - demonstram a diminuição da excreção respiratória de hidrogênio no teste respiratório e melhora no inchaço – medicamento caro e pouco disponível; - Outros antibióticos empregados na prática: (1) sulfametazol trimetropina;(2) quinolonas; - Probióticos - apresentam resultados mistos, existindo alguns estudos que demonstram a melhora do inchaço em pacientes não constipados com FGID Terapia de Biofeedback Abdominal - Indicação: anormalidade abdominal, com relaxamento da parede e contração diafragmática, gerando a redistribuição intrabdominal do gás, com protusão e distensão da parede anterior; - A terapia permite que o indivíduo seja educado sobre como usar os músculos abdominais e diafragmáticos; - Gera redução da contração dos músculos diafragmático e intercostal, aumento da atividade muscular da parede anterior e redução na sensação subjetiva de distensão abdominal e da circunferência abdominal; - Respiração Diafragmática ou Abdominal - simplificação do treinamento de biofeedback, que deve ser realizado 5 minutos antes e 5 minutos após as refeições, sendo responsável por relaxar os músculos intercostais e o diafragma, enquanto contrai os músculos abdominais anteriores - recurso usado no tratamento da aerofagia, arrotos e síndrome de ruminação, que pode apresentar benefícios semelhantes ao biofeedback, visando reflexos visceromotores desadaptativos; Modulação da Hipersensibilidade Visceral - Antiespamódicos - substâncias que agem como relaxantes musculares lisos, melhorando o inchaço abdominal; - A gravidade desses sintomas são determinados pela hipersensibilidade, uma vez que quantidades levemente aumentadas de gás intraluminal ou outro conteúdo intestinal geram a percepção de inchaço; - Pacientes com SII apresentam maior consciência do conteúdo intestinal e motilidade, podendo experimentar o conteúdo intraluminal ligeiramente alterado como inchaço; Distúrbios Gastrointestinais Funcionais /Distúrbio de Interação Intestino Cérebro (DGBI) - Diafragma se contrai (desce) e os músculos da parede abdominal anterior relaxam, em resposta ao aumento do gás intraluminal, ou seja, ocorre uma resposta contrária ao normal, em que o diafragma relaxaria e os músculos abdominais anteriores se contrairiam para aumentar a capacidade craniocaudal da cavidade abdominal; - Devido a resposta contrária, o gás abdominal é redistribuído, gerando a protrusão da parede anterior e distensão visível; - A razão para a dissinergia não é compreendida, podendo estar relacionadacom uma resposta viscerossomática anormal a estímulos intraluminais inócuos; - Não existe nenhum teste para diagnosticar clinicamente a dissinergia abdominofrênica Obesidade - O ganho de peso rápido está associado com o agravamento do inchaço, enquanto a perda de peso se associa a sua melhora; - Mecanismo: o tecido adiposo abdominal gera um reflexo viscerossomático anormal, que modula o eixo cérebro-intestino, resultando em FABD; Comorbidades Psicológicas - O estresse pode contribuir para o aumento da percepção de inchado abdominal; - Teste de respiração - método alternativo, seguro, não invasivo, menos dispendioso, com sensibilidade entre 20 e 93%, que é o mais utilizado na prática clínica; Teste Respiratório de Hidrogênio com Lactose - Teste padrão ouro, em que o aumento de pelo menos 20 ppm de hidrogênio respiratório acima da linha de base é positivo; Roma IV - Sintomas de inchaço e/ou distensão ocorrendo pelo menos semanalmente (> ou = 1 vez/semana) e relatados como sintomas predominantes nos últimos 3 meses, em indivíduos que não preenchem os critérios diagnósticos para síndrome do intestino irritável (SII), diarreia funcional, constipação crônica idiopática (CF) ou síndrome de angústia/desconforto pós-prandial; - Permite a coexistência da dor abdominal leve e ou anormalidades do movimento intestinal; - O início dos sintomas deve ocorrer pelo menos 6 meses antes do diagnóstico e o sintoma predominante deve estar presente durante os últimos 3 meses; - Neuromoduladores (agente de ação central) - tratamentos que atuam em diferentes níveis do eixo cérebro-intestino - ex.: antidepressivos, que tratam a hipersensibilidade visceral e melhoram os fatores emocionais, que podem amplificar a percepção de inchaço e distensão; - Antidepressivos - antidepressivos tricíclicos (TCA), inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), inibidores seletivos da recaptação de noradrenalina (SNRI) podem modular o eixo cérebro- intestino; - Antipsicóticos - melhora o inchaço em pacientes com dispepsia funcional - (levosulpirida) age como agonista dopaminérgio D2 e agonista 5HT4; - Gabapentina e Pregabalina (agente de ação periférica) - ligantes alfa-2-delta propostos para o tratamento da dor em pacientes com síndrome do intestino irritável, aumentando o limiar para o inchaço; - Hipnoterapia e Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) - podem ser eficazes - mesmo sem identificar o mecanismo exato (acredita-se que abordam o eixo cérebro-intestino), melhoram os sintomas gastrointestinais ETIOFISIOPATOGENIA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO DISFAGIA - Deglutição difícil ou anormal; - Subdividida em causas ofaríngeas e esofágicas; - Disfagia Orofaríngea / Disfagia de Transferência – dificuldade em transferir alimentos ingeridos do anel da boca para o esôfago – comumente é uma manifestação de distúrbios neuromusculares, como acidente vascular cerebral, esclerose múltipla, doença de Parkinson, esclerose amiotrófica lateral ou demência, apresentando outros achados físicos que indicam doença neuromuscular subjacente; Anamnese Localização - Disfagia orofaríngea - relaciona-se a outros distúrbios neuromusculares, apresentando como sintomas associados a tosse, engasgo, salivação, disartria, disfonia, pneumonia por aspiração ou regurgitação esofaríngea; - Disfagia esofágica - provável na ausência de distúrbios neuromusculares, causada por obstrução mecânica (dificuldade em engolir alimentos sólidos) ou por distúrbios de motilidade (dificuldade em engolir sólidos e líquidos); - A maioria dos pacientes apresenta resolução dos sintomas ao longo do tempo, mesmo sem qualquer tratamento; - O tratamento varia conforme a etiologia; - Contratilidade ausente – tratamento da DRGE com inibidores da bomba de prótons; - Espasmo do esôfago distal e do esôfago hipercontrátil – redução da contratilidade do músculo liso com nitratos, canal de cálcio, - Disfagia Esofágica – dificuldade com a passagem de alimentos e/ou líquidos entre a parte superior do esfíncter esofágico até o estômago, ou seja, afeta o corpo esofágico ou a junção esôfago- gástrico (EGJ) – causas: (obstrução mecânica) causados por estenose, anel, teia ou malignidade, geralmente em paciente com dificuldade em engolir alimentos sólidos; (distúrbios de motilidade) distúrbio de motilidade primário ou secundária em paciente com dificuldade em engolir sólidos e líquidos no início dos sintomas; (distúrbios do esôfago superior) divertículo de Zenker; - Tem como principais etiologias a esofagite eosinofílica (EOE) e a acalasia; - Câncer de esôfago – 0,9% dos casos - alta morbidade e mortalidade; - Estenose benigna – patologia esofágica em sua maioria péptica, em etiologia relacionada ao refluxo crônico de ácido, sendo predispostas pela história de esofagite erosiva, esclerodermia coexistente ou síndrome CREST, acalasia tratada e síndrome de Sollinger-Ellison; - Outras etiologias: radioterapia, estenoses anastomóticas pós- cirurgias, medicamentos (tetraciclinas, bisfosfonatos, anti- inflamatórios não esteroides e suplementos de potássio); Curso dos Sintomas - Sintomas gradualmente progressivos - mais consistentes com etiologias benignas; - Progressão rápida - malignidade do esôfago ou cárdia gástrica, especialmente se acompanhada de perda de peso, anemia ou anorexia; - Disfagia intermitente - sugere esofagite eosinofílica ou anel esofágico de abertura ampla, sendo obstrutivo apenas ao engolir um bolo alimentar maior, como carne; Comportamentos Alimentares Adaptativos - Pacientes adotaram ao longo do tempo, buscando reduzir a incidência da disfagia; - Exemplos: mastigar com mais cuidado, refeições mais longas, beber mais água durante as refeições, mudanças no posicionamento da cabeça e pescoço durante a deglutição - esses sinais podem indicar a cronicidade dos sintomas; Outros Fatores - Indaga-se a presença de azia ou regurgitação ácida – sugere doença do refluxo gastroesofágico (DRGE); - História alimentar; - Presença de alergias medicamentosas e ambientais, dermatite atópica, rinite e asma– podem apontar para um diagnóstico subjacente de esofagite eosinofílica (EOE); - Pesquisa-se o uso de álcool e o tabagismo – avalia o risco de câncer de esôfago; - Investiga-se a presença de sintomas de alarme, como: disfagia, odinofagia, sangramento, perda de peso e anemia – podem se associar ao câncer de esôfago; Exame Físico - Alterações cutâneas como erupções cutâneas, Raynaud, calcinose cutânea, telangiectasias e esclerodactilia – pode permitir um diagnóstico de esclerodermia ou de outra doença do tecido conjuntivo; - Identifica-se perda de massa muscular, perda de peso, patologia de gânglios linfáticos, sinais de anemia por deficiência de ferro (pele e palidez conjuntival) – sinais que aumentam a preocupação com malignidade; Exames Complementares bloqueadores, inibidores da fosfodiesterase ou injeções de toxina botulínica; Esofagogastroduodenoscopia (EGD) - Melhor teste para avaliação da disfagia, pois avalia qualquer disfunção estrutural, anormalidades e malignidade; - Permite a visualização direta de estenoses, anéis, esofagite e características mucosas de EOE ou de esôfago de Barret; - Pode ser associado a uma dilatação esofágica, se necessário; - Possibilita a obtenção de biópsias da mucosa que podem ser obtidas para avaliar EOE, metaplasia, infecção ou suspeita de malignidade; Esofagograma de Bário - Indicação: história sugere obstrução esofágica proximal, estenose muito apertada, impossibilidade de exclusão da etiologia orofaríngea; - Delineia melhor a compressão extrínseca do esôfago, que pode ocorrer com anomalias como uma decolagem aberrante da subclávia arterial direita (disfagia lusória); Manometria de Alta Resolução (HRM) - Indicado para pacientes com exame endoscópico normal, sem sintomas de refluxo significativos ou que não respondem ao ensaio terapêutico de IBPs; - Avalia os distúrbios de motilidade,como a presença de acalasia; - Permite a melhor compreensão da acalasia e dos outros distúrbios do peristaltismo, como: espasmo do esôfago distal (20% das deglutições apresentam contrações prematuras), esôfago hipercontrátil (pelo menos 20% das deglutições com ICD > 8.000 mmHg/s/m, com DL normal), contratilidade ausente (deglutição com falha no peristaltismo – associada a distúrbios do tecido conjuntico, como esclerodermia, amiloidose, mixedema, diabetes, esclerose múltipla ou DRGE), motilidade esofágica ineficaz e peristalse fragmentada (significado clínico não é claro, pois pode ser encontrado em pessoas assintomáticas);; Sonda de Imagem de Lúmen Funcional (FLIP) - Mede a distensibilidade esofágica e avalia a motilidade, permitindo avaliar o prognóstico de doenças a partir da distensibilidade esofágica, uma vez que a distensibilidade reduzida se associa ao maior risco de impactação alimentar; Exames de Imagem - Emprega-se ultrassom e/ou TC para detectar condições como malignidades submucosas, doenças infiltrativas como a sarcoidose ou malformação vascular; Ensaio Terapêutico - Intervenção diagnóstica/terapêutica inicial após uma EGD não diagnóstica na avaliação da disfagia; - Emprega-se o inibidor da bomba de prótons (IBP) em pacientes com sintomas proeminentes de refluxo; ESOFAGITE EOSINOFÍLICA (EOE) - Condição infamatória causada por alérgenos; - Cursa com disfagia, vômitos, impactação alimentar, azia, dor no peito e/ou dor abdominal e estenoses esofágicas; - 7% dos pacientes com disfagia; - Genética – 31 genes associados, sendo comum entre parentes de 1º grau; - Fatores ambientais – exposição a antibióticos na infância, parto por cesariana, alimentação com fórmula, exposição a leite e trigo; - Ocorre infiltração da mucosa esofágica com população mista de granulócitos, como eosinófilos, mastócitos e basófilos; - A inflamação da mucosa esofágica diminui a integridade da barreira epitelial, danifica a mucosa e está associada à fibrose do esôfago ao longo do tempo; Anamnese - Lactentes e Jovens – são mais propensos a apresentarem sintomas ou sinais inespecíficos, como incapacidade de prosperar, dificuldades de alimentação e vômitos; - Adolescentes e Adultos – possuem sintomas associados à fibrose esofágica, com mais de 70% dos adultos apresentando disfagia e 30% apresentando impactação alimentar; - 50% dos pacientes que apresentam impactação alimentar esofágica de emergência que requerem remoção endoscópica apresentam esofagite eosinofílica; - Pacientes com EOE que apresentam períodos mais longos de inflamação não tratada possuem maior prevalência de fibrose esofágica, disfagia e impactação alimentar; - Pacientes com sintomas de esofagite eosinofílica por muitos anos, apresentam em maiores proporções o desenvolvimento de estenoses e impactações alimentares esofágicas EDA com Biópsia - Achados endoscópicos em pacientes com EOE: sulcos (linhas verticais dentro da mucosa), traquealização (anéis concêntricos de estreitamento esofágico), exsudatos (placas brancas), edema (diminuição da vasculatura da mucosa) e estenose – resultam do processo inflamatório crônico que leva à fibrose e ao remodelamento progressivo da parede esofágica; - 10 a 25% dos pacientes com EOE podem apresentar uma aparência normal na endoscopia; - O American College of Gastroenterologia (ACG) recomenda a obtenção de um mínimo de 6 biópsias (proximal e distal do esôfago) de qualquer paciente que possa ter EOE; - O EOE requer histologia para confirmar o diagnóstico – deve-se evidenciar 15 ou mais eosinófilos por campo de alta potência afetado pelo campo energizado, sendo esse valor 100% sensível e 96% específico para o diagnóstico; Outros Exames Complementares - Objetivo: reduzir e manter a contagem de eosinófilo para menos de 15 eosinófilos por campo de alta potência; Dieta - Tentativa de eliminar alérgenos; - Dieta Elementar - beber exclusivamente uma fórmula, sem qualquer proteína intacta, composta de aminoácidos, gorduras, açúcares, vitaminas e nutrientes que são prontamente assimilados e absorvidos - após o fim da dieta alimentar, a reintrodução de grupos de alimentos deve ser coordenada por um alergista, devido ao risco de desenvolvimento de novo IgE mediado por alergias a comida; - Eliminação Empírica de Alimentos - elimina- se alimentos comumente relacionados à esofagite eosinofílica, como: leite, trigo, ovos (principais), soja, amendoim/nozes e peixe/marisco; - Os pacientes podem optar pela dieta gradual, começando com a eliminação de um, dois ou quatro alimentos; - Testes de Alergia Direcionados a Alimentos - buscam detectar possíveis gatilhos alimentares, que possam orientar a eliminação dietética; Inibidores da Bomba de Prótons (IBP) - Na EOE, os IBP podem ter efeitos anti- inflamatórios independentes da supressão do ácido gástrico, devido às suas propriedades antioxidantes, inibição da função das células - Cápsula contendo uma esponja de malha com um barbante preso; - Teste do fio esofágico; - Endoscopia transnasal; - Fenótipo esofágico; - Functional luminal imaging probe (FLIP); Diagnóstico pelo AGREE - A esofagite eosinofílica é definida por sintomas de disfunção esofágica como vômitos, disfagia ou dificuldades de alimentação em um paciente com biópsias esofágicas demonstrando pelo menos 15 eosinófilos/campo de alta potência na ausência de outras condições associada à eosinofilia esofágica, como doença do refluxo gastroesofágico, acalasia, vasculite, síndrome hipereosinofílica, doença de Crohn, síndrome de Danlos de Ehler, enxerto versus doença do hospedeiro, infecções e hipersensibilidade a drogas; imunes e redução da expressão das citocina inflamatória das células epiteliais; - Terapia de primeira linha razoável; - Efeitos adversos da terapia prolongada com IBP: pneumonia, demência, infarto do miocárdio, doença renal crônica, fratura, infecções entéricas, supercrescimento bacteriano intestinal, infecção associada a Clostridium difficile e anemia por deficiência de micronutrientes; Esteroides Tópicos - Base da terapia da EOE, apesar de não aprovados pelo FDA; - Opções: fluticasona 880 Ug, 2 x/dia, em inalador multidose (remissão em 64%); budesonida viscosa oral 1 mg, 2 x/dia, por 8 semanas (remissão em 71%); - A duração ideal da terapia com esteroides tópicos é de aproximadamente 12 semanas; - São em geral bem tolerados; - Efeitos adversos: infecção esofágica assintomática por Candida e insuficiência adrenal; Dilatação - É uma opção terapêutica para o tratamento de estenoses esofágicas, anéis e esôfago de calibre estreito em pacientes com EOE; - Essa medida não melhora a inflamação eosinofílica esofágica, fazendo com que o dano da mucosa continue, assim faz-se necessário realizar a remissão histológica, com controle da inflamação, antes de iniciar a dilatação; - Situações em que se pode considerar a dilatação antes do tratamento da inflamação: não adesão à medicação, estenoses que não respondem à terapia médica, estenose de alto grau ou compactação recorrente de alimentos; - Possíveis efeitos adversos: perfuração (taxa de 0,033%), sangramento (0,028%), hospitalização (0,680%), desconforto torácico (23,6%); Terapia Combinada - Abrange os esteroides, IBPs e eliminação dietética; Terapia de Manutenção - A EOE é uma doença inflamatória crônica, que quando não tratada progride, gerando estenoses e estreitamento esofágico; - Comumente após a interrupção do tratamento ocorre recidiva sintomática, endoscópica e histológica, com nº > ou = a 15 eosinófilos por campo de alta potência; - Corticoides – tempo médio de recorrência em 1 ano – recomenda-se a continuação de esteroides tópicos; - A abordagem da terapia de manutenção envolve a tomada de decisão compartilhada, porém o retorno rápido dos sintomas e das complicações anteriores favorecem a necessidade da terapia de manutenção; DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE)- Doença gastrointestinal crônica em que pirose e regurgitação são as principais manifestações clínicas, podendo também ocorrer sintomas esofágicos e pulmonares; - Pode ocorrer de forma assintomática, com diagnóstico a partir de achados endoscópicos e de pHmetria esofágica; - Inclui: doença do refluxo gastroesofágico não erosiva (NERD), esofagite de refluxo (ER) e doença do esôfago de Barrett (EB); - Associa-se à disfagia esofágica mesmo na ausência de estenose pelos mecanismos de esofagite erosiva, hipersensibilidade ou motilidade esofágica ineficaz; - Ocorre invasão do conteúdo do estômago, devido à formação gástrica de bolsas ácidas e ao esvaziamento gástrico retardado; Anamnese - Sintomas: azia ou regurgitação (sintomas esofágicos típicos), dor torácica não cardíaca (sintomas esofágicos atípicos) e sintomas extra- esofágicos como tosse, disfonia, dor de garganta e globus; Exames Complementares - Indicações para testes objetivos: (1) presença de azia, regurgitação e/ou dor torácica não cardíaca que não responde adequadamente a um IBP; (2) sintoma de alarme, investiga-se com endoscopia, porém na ausência de doença com refluxo erosivo ou segmento longo de esôfago de Barret, realiza-se o monitoramento de pH sem fio prolongado por 96 horas para confirmar o fenótipo ou para descartar GERD; (3) pacientes com sintomas extra-esofágicos isolados com suspeita de etiologia de refluxo e pacientes com DRGE não - Medidas recomendadas para pacientes com hérnia de hiato conhecida e/ou carga de sintomas após refeições ou durante o sono: elevar a cabeceira da cama, evitar refeições dentro de 3 horas antes de dormir; Teste com Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs) - Indicação: pirose incômoda, regurgitação e/ou dor torácica não cardíaca, ausência de sintomas de alarme; - Testa dose única de IBP, por 4 a 8 semanas, ingerido 30 a 60 minutos antes de uma refeição; - Cursa com disfunção da barreira antirrefluxo esofágica, por disfunção do esfíncter esofagiano inferior, com aumento da frequência do relaxamento transitório, gerando a disfunção da remocão do ácido esofágico; Fatores de Dieta e Estilo de Vida - Fatores positivamente relacionados.ao início da DRGE e outros tipos de refluxo: hábito de lanchar à meia-noite, pular o café da manhã, comer rapidamente, comer alimentos muito quentes, comer além da plenitude, consumo de carne, proteína e gordura, intervalo de menos de 3 horas entre o jantar e a hora de dormir, tabagismo, consumo de álcool, café e chá forte, estado mental ruim, menos tempo de sono, ingestão pouco frequente de leite e refrigerante, consumo de frutas cítricas entre as refeições, ingestão de alimentos doces e picantes, alimentos condimentados (a capsaicina aumenta a pressão, a contração esofágica e a velocidade de transmissão em indivíduos saudáveis, assim, à medida que o tempero aumenta, o impacto no esôfago e no estômago se torna mais significativo), maus hábitos alimentares, sedentarismo, trabalho noturno, aumento da pressão abdominal (aperto do cinto, uso de cintas ou espartilhos, constipação e obesidade central); - Fatores negativamente relacionados ao início da DRGE e outros tipos de refluxo: dietas vegetarianas, nenhuma ingestão de carne, exercício físico adequado, ingestão de antioxidantes, consumo de frutas cítricas e vitamina C, consumo de cerveja, sentar ou caminhar após uma refeição, altitude, tempo de residência no ambiente de vida, estado civil, atividade ocupacional permanente; - A relação do posicionamento assumido após a refeição com a predisposição ao refluxo varia conforme o tipo de refluxo, por exemplo: (1) indivíduos com refluxo bidirecional e esofagite apresentam aumento do refluxo na posição supina; (2) pacientes com refluxo vertical sem esofagite apresentam redução do refluxo na posição supina; - Fatores clínicos adicionais que podem explicar a geração de sintomas: obesidade central e/ou hérnia de hiato (apontam para uma etiologia mecânica do refluxo gastroesofágico), ansiedade e/ou estresse (sugere hipersensibilidade visceral e/ou hipervigilância), distúrbios comportamentais (ruminação e comprovada que permanecem com sintomas mesmo com a terapia empírica de IBP devem realizar testes objetivos de refluxo inicial; Endoscopia Digestiva Alta (EDA) - Inspeção para esofagite erosiva, hiato diafragmático, comprimento axial da hérnia de hiato e inspeção do esôfago de Barrett; - Indicada em pacientes com terapia com IBP prolongada, após suspensão do IBP por 2 a 4 semanas; - Evidências confirmatórias de refluxo erosivo na endoscopia: esofagite (Los Angeles B ou maior) e/ou presença de segmento longo (3 cm) de esôfago de Barrett, esofagite constituindo doença erosiva grave com Los Angeles C ou D; - As evidências confirmatórias de refluxo erosivo na endoscopia são encontrados na minoria dos pacientes – 80% dos pacientes sintomáticos não apresentarão evidência objetiva de refluxo na endoscopia; Monitoramento Ambulatorial do Refluxo e do PH - Monitoramento de Ph Sem Fio - usa um medidor de pH capsular, que é introduzido por um cateter transoral durante a esofagogastroduodenoscopia, em sedação, com adesão da cápsula ao esôfago distal (6 cm proximal à junção escamocolunar, identificada endoscopicamente), usando um mecanismo de sucção à vácuo - mede a exposição ácida no esôfago distal por até 96 horas e avalia a relação entre os sintomas relatados pelo paciente e os episódios de refluxo ácido - método preferido para avaliação objetiva do DRGE em um paciente sintomático; - Monitoramento de PH Baseado em Cateter - usa um cateter transnasal colocado sem sedação para medir a exposição ácida no esôfago distal e a associação de sintomas de refluxo por até 24 horas- é combinado com múltiplos pares de eletrodos de impedância intraluminal para avaliar o movimento de ar e líquido ao longo do esôfago, independentemente do pH - indicação: monitoramento sem fio não estiver disponível; avaliação de sintomas extraesofágicos em pacientes sem IBP; pacientes sintomáticos com DRGE previamente comprovada com o teste realizado em terapia com IBP 2 vezes/dia; Teste de Refluxo - Os médicos devem inicialmente realizar testes de refluxo objetivos sem medicação em pacientes com sintomas extraesofágicos isolados e suspeita de etiologia de refluxo; - Os sintomas devem ser reavaliados após o teste de 4 a 8 semanas, para recondução do tratamento; - Manejo conforme a resposta: (resposta inadequada) pode-se aumentar a dosagem para 2 vezes por dia ou trocar o IBP por um supressor ácido mais eficaz (IBP mais potente, menos metabolizados via CYP2C19, como rabeprazol e esomeprazol, ou formulação de liberação prolongada, como dex lansoprazol, ou ácido competitivo de bloqueadores de potássio), uma vez por dia; (resposta adequada) reduz o IBP para a menor dose eficaz; - Se a terapia com IBP for continuada em paciente sem DRGE comprovada, os médicos devem avaliar a adequação e a dosagem em até 12 meses após o início do tratamento, realizando endoscopia com monitoramento de refluxo sem fio, sem a terapia com IBP, para estabelecimento diagnóstico e definição da adequação do tratamento com IBP de longo prazo – deve-se suspender o IBP por 2 a 4 semanas antes da EDA e os antibióticos por 30 dias; - Até 50% dos pacientes com suspeita de DRGE não se beneficiam da terapia empírica com IBP – causas: ausência de DRGE patológica ou fisiopatologia dos sintomas insuficientemente direcionada com a supressão ácida; Farmacoterapia Ajduvante - É ajustada para o fenótipo da DRGE; - Inclui: antiácidos de alginato para avanço dos sintomas, antagonistas noturnos do receptor H2 para sintomas noturnos, baclofeno para regurgitação ou sintomas eructação supragástrica), distúrbio misto do tecido conjuntivo (gera suspeita de dismotilidade e depuração reduzida do refluxo); Doença do Refluxo Gastroesofágico Não Erosiva (NERD) - Fatores positivamente relacionados.ao início: maus hábitos alimentares(lanches noturnos e comer demais), consumo de alimentos crus, frios ou picantes, alimentos gordurosos ou com alto teor calórico, tabagismo, consumo de álcool, estado mental ruim, insônia, aumento da pressão abdominal, ronco, estado de cansado; - Fatores negativamente relacionados ao início: consumo de vegetais, frutas, leite e chá; Esofagite de Refluxo (ER) - As alterações patológicas associadas são causadas pela ativação das vias inflamatórias por substâncias de refluxo, gerando danos na mucosa; - Fatores positivamente relacionados.ao início: consumo frequente de líquidos, café e chá forte, ingestão de amido, proteína, gordura e energia, tabagismo, consumo de álcool, estado mental ruim, estado civil casado e divorciado; - Fatores negativamente relacionados ao início: consumo de vitaminas e micronutrientes, ingestão de vinho; Doença do Esôfago de Barrett (EB) - As alterações patológicas associadas são causadas pela ativação das vias inflamatórias por substâncias de refluxo, gerando danos na mucosa; - Fatores positivamente relacionados ao início: consumo de café, chá e frutas, vitamina B12 (derivada principalmente da carne e leite), tabagismo, consumo de álcool; - Fatores negativamente relacionados ao início: ingestão de vegetais, vitaminas, micronutrientes e fibra, consumo de vinho e cerveja e atividade ocupacional em pé; Impedância do PH - O monitoramento ambulatorial de impedância do pH de 24h em PPI é recomendado para pacientes sintomáticos com DRGE comprovada; - Determina o mecanismo de persistência dos sintomas esofágicos apesar da terapia; predominantes de arroto e procinéticos para gastroparesia coexistente Cirurgias - Para serem discutidas deve-se ter confirmado o diagnóstico de DRGE, com exclusão de acalasia e avaliação da função peristáltica esofágica; - Fundoplicatura laparoscópica; - Fundoplicatura Transoral; - Aumento do esfíncter magnético; - Bypass Gástrico em Y-de-Roux; Tratamentos Alternativos - Neuromodulação farmacológica; - Encaminhamento para a hipnoterapia e terapia cognitivo-comportamental; - Pode-se empregar a respiração diafragmática e estratégias de relaxamento em pacientes com azia funcional ou doença do refluxo associada à hipervigilância esofágica, hipersensibilidade ao refluxo e/ou distúrbios comportamentais; ACALASIA - Doença rara do músculo liso esofágico definida como a presença de obstrução no fluxo de saída do esôfago, devido ao relaxamento prejudicado do esfíncter esofágico inferior (EEI) e ausência de contrações ou espásticas no corpo esofágico, na ausência de obstrução estrutural no corpo esofágico ou junção esofagogástrica; - Pseudoacalasia – relaxamento do EEI e peristalse anormal do corpo esofágico; Anamnese - Cursa com: disfagia para sólidos e líquidos, regurgitação de alimentos não digeridos e saliva (especialmente noturno), tosse e/ou engasgo durante a alimentação, dor torácica (acalasia tipo 3 – correlaciona-se à fermentação de alimentos retidos no esôfago, a subprodutos ácidos que estimulam os receptores quimioterápicos, à inflamação esofágica relacionada à estase, à contração espástica e descoordenada do músculo liso e/ou hipersensibilidade esofágica), - Objetivos: alívio da obstrução EGJ para restaurar o esvaziamento gástrico, aliviar os sintomas esofágicos, melhorar a qualidade de vida e reduzir o risco de acalasia em estágio terminal; - Na ausência de tratamento eficaz, os pacientes correm risco de desnutrição, pneumonia aspirativa, infecção do trato - A principal hipótese é de que ocorre um ataque autoimune direcionado aos neurônios mioentéricos esofágicos, a partir de mecanismos mediados por células e anticorpos contra um antígeno ainda não totalmente identificado, em pacientes geneticamente predispostos; - Bolos deglutidos atravessam a faringe e a parte superior do esôfago sem dificuldade, chegando nos 2/3 inferiores não funcionais do esôfago, que dilata e retém o conteúdo, devido à insuficiência da força de esvaziamento contrátil e à um EEI obstrutivo não relaxante; - Acalasia Precoce – nesta apesar da obstrução incompleta do EEI, ocorre retenção do tônus muscular esofágico e hidrostática, de modo que as forças geradas pelo bolo ingerido possam superar a resistência esfincteriana, permitindo a manutenção adequada da nutrição, apesar do esôfago nunca se esvaziar completamente; - Em fases posteriores, o esvaziamento compreende apenas um pequeno fluxo de fluido que escoa através do esfíncter obstruído; Controle Neural Anormal da Função Motora - A falha na inibição neural da motilidade esofágica é a principal razão para o peristaltismo anormal e para o relaxamento incompleto do EEI; - Existe uma relação inversa entre a extensão da inibição neural e a velocidade de propagação do peristaltismo esofágico durante a deglutição, de modo que quanto menor a inibição, mais rápido a propagação; - No caso extremo de inibição ausente ou quase ausente ocorrem contrações do corpo esofágico que eventualmente levam à aperistalse; - A inibição deglutiva pode ser avaliada por múltiplas deglutições rápidas (MRS), uma vez que, em circunstâncias normais, a deglutição repetitiva inibe as contrações do músculo liso esofágico e induz o relaxamento completo do EEI, a deglutição final da série MRS é seguida por uma poderosa sequência peristáltica no corpo esofágico e restabelecimento do tônus do EEI – em pacientes com acalasia, durante a MRS, o relaxamento do EEI pode ser incompleto, sendo que no estágio inicial da acalasia o esôfago encontra-se desordenado ou com contrações corporais simultâneas, enquanto perda de peso, bronquite, pneumonias recorrentes por aspiração, dificuldades alimentares, recusa alimentar e atraso no crescimento; - Complicações a longo prazo: esôfago dilatado e não funcionante, câncer de esôfago; - A acalasia pode existir em indivíduos com obesidade mórbida, devido à hiposensibilidade esofágica associada, que limita a sensação de disfagia; Exames Complementares Endoscopia Digestiva Alta - Possui baixo rendimento diagnóstico na identificação da acalasia, porém seu papel principal é descartar os mecanismos alternativos para a obstrução do esôfago; - Pistas para a presença de acalasia: (1) presença de líquido ou resíduo de comida dentro de um esôfago dilatado; (2) um EGJ enrugado e apertado que resiste, mas não obstrui a passagem do endoscópico; (3) sinal da roseta esofágica e sinal da taça de champanhe; (4) saliva espumosa e candidíase dentro de um esôfago não dilatado; Manometria de Alta Resolução (HRM) - Deve ser realizada quando os sintomas semelhantes ao refluxo não melhorarem apenas com os medicamentos anti-refuxo; - Demonstra o relaxamento anormal do EEI e a aperistalse, com ausência de contrações peristálticas, apesar das contrações prematuras ou espásticas; - Deve ser realizada na ausência de opioides ou outros medicamentos que podem alterar a motilidade esofágica; - Baseia-se em 3 principais métricas derivadas da topografia dos gráficos da pressão esofágica + avalia a integridade do peristaltismo do esôfago + define a pressurização anormal dentro do esôfago após engolir; - Diferencia 3 subtipos de acalasia com base nos padrões de motilidade esofágica (padrão de pressurização ou contração dentro do corpo esofágico do músculo liso) – possui valor prognóstico e ajuda a orientar a abordagem do tratamento; - Acalasia Tipo 1 / Clássica – caracterizada por 100% de falha nas contrações (DCI < 100 mmHg/s/cm), com ausência de peristaltismo e sem pressurização esofágica – a IRP pode ser manometricamente respiratório inferior, malignidade esofágica (depuração esofágica pobre, que promove o crescimento bacteriano, irritação química e inflamação da mucosa, gerando alterações displásicas e desenvolvimento de carcinoma de células escamosas - ocorrem cerca de 10 anos após o diagnóstico, sendo mais comum no sexo masculino e nos pacientes com doença de Chagas), esôfago de Barret e mortalidade;Farmacoterapia Oral - Resposta clínica inconsistente, incompleto e de curta duração - reservada para pacientes que não são candidatos a cirurgia endoscópica ou cirurgia invasiva ou para os que recusam a terapia invasiva; - Testa-se bloqueadores dos canais de cálcio, nitratos, anticolinérgicos e inibidores de fosfodiesterase – podem reduzir a pressão do EIE e aliviar temporariamente a disfagia, mas não melhora o peristaltismo esofágico ou aumenta o relaxamento do EEI; - Efeitos adversos: cefaleia, hipotensão, edema periférico – limita o uso continuado; Injeção de Toxina Botulínica - Opção de curto prazo para o alívio dos sintomas ou até a administração de terapias mais duradouras; - Prejudica a liberação de acetilcolina, levando à inibição da contração das fibras musculares lisas do EEI, diminuindo o tom do LES; - Pode melhorar os sintomas de acalasia, diminuindo a pressão do EEI e melhorando o esvaziamento esofágico, com benefício perdurando por cerca de 6 a 9 meses; - São necessárias repetidas injeções para manutenção dos benefícios; na fase tardia da acalasia ocorre a aperistalse e a pressurização esofágica; - Apresentam redução ou ausência de neurônios inibitórios contendo peptídeo intestinal (VIP) e óxido nítrico sintase, que possuem um papel para o óxido nítrico na inibição da transmissão neural, assim as tiras circulares de músculos do EEI mostram uma resposta contrátil anormal à estimulação de campos elétricos, devido à falta de ativação de neurônios inibitórios contendo óxido nítrico; - A colecistocinina que normalmente relaxa o EEI por ativação de nervos inibitórios, provoca contração paradoxal do EEI na acalasia, uma vez que se encontram preservados na acalasia; Autoimunidade Mediada por Anticorpos e Citocinas Séricas - O ataque imune ao plexo mioentérico está associado à produção de anticorpos antineuronais por plasmócitos e células B51-53; - Anticorpos para neurônios mioentéricos podem ser encontrados em pacientes com acalasia com alelos HLA-DQA1*0103 e HLA- DQB1*060351; - Os anticorpos antineuronais para acalasia não apresentam como alvo seletivo os neurônios da mioentérica esofágica, além de poderem ser encontrados em pacientes com doença do refluxo gastroesofágico (DRGE); - Os anticorpos podem ser uma consequência do processo inflamatório inespecífico e não um fator causal na patogênese da acalasia; Infecção Viral - O DNA viral e os anticorpos direcionados ao vírus HSV-1, vírus do sarampo e papilomavírus humano foram encontrados no tecido esofágico e no soro de pacientes com acalasia; - HSV-1 – DNA-vírus neurotrópico com predileção por epitélio escamoso – foi demonstrado no tecido esofágico de pacientes com acalasia; Genética - Encontra-se associação entre HLA-DQw1, HLA-DQA1 e HLA-DQB1 (mais comum) e a acalasia; - A acalasia familiar é incomum, porém como a acalasia tem associações com genes HLA, irmãos e pais afetados podem ser ocasionalmente encontrados; normal, tornando necessário os testes alternativos para confirmação da acalasia; - Acalasia Tipo 2 – pressurização pan-esofágica que ocorre em pelo menos 20% das deglutições supinas com água – subtipo mais comum, com as maiores taxas de sucesso do tratamento; - Acalasia Tipo 3 – presença de contração prematura (latência distal/DL < 4,5s) e/ou espásticas por pelo menos 20% das deglutições – contratilidade retida, mas peristaltismo não é normal – resposta à terapia padrão abaixo do padrão; **todos os 3 subtipos apresentam IRP > 15 mmHg** - Diferenças na disfunção neuronal – (tipo 1 e 2) ocorre perda de células ganglionares, com um gradiente de perda mais severa; (tipo 3) prejuízo na função do neurônio inibitório, induzida por citocinas na expressão gênica; - Obstrução da Saída de EGJ (EGJOO) – fenótipo adicional de comprometimento do relaxamento EGJ - pacientes com sintomas semelhantes aos da acalasia que respondem ao tratamento da acalasia, mas com peristaltismo do corpo esofágico preservado, DCI normal ou entre 100 e 450 mmHg/s/cm (peristaltismo fraco) e evidência de obstrução do fluxo esofágico na forma de um IRP (IRP elevado) – poderia estar relacionado ao relaxamento deglutitivo EGJ comprometido (EGJOO motor) ou a anormalidades estruturais do ECG, associadas à obstrução mecânica (plicadura do fundo ou cirurgia bariátrica, câncer ou outra infiltração, estenose luminal ou compressão extraluminal devido à hérnia paraesofágica) – indicativos diagnósticos: persistência da elevação do IRP na deglutição vertical, compartimentalização da pressão intrabolo no esôfago distal e características obstrutivas nos testes provocativos - se confirmado EGJOO motor, sem obstrução mecânica, representa acalasia precoce, em que o corpo esofágico ainda não se desenvolveu, ou é uma entidade diferente – a inalação de nitrito de amila durante a HRM demonstra relaxamento do EEI na acalasia ou no EGJOO motor, podendo ajudar a distinguir acalasia de EGJOO induzido por opioides ou elevação de IRP devido a mecanismos não acalásicos- para o diagnóstico conclusico de EGJOO é essencial usar a radiografia de bário ou a sonda de imagem lúmen funcional (FLIP), porém quando diagnóstico inconclusivo tenta-se aplicar uma injeção de toxina botulínica no EEI durante a endoscopia; - Efeitos adversos: dor no peito, azia, perfuração de esôfago, mediastinite – são raros; Manejo Cirúrgico - Inclui: dilatação pneumática, miotomia endoscópica perioral e miotomia de Heller laparoscópica; - A acalasia em estágio terminal com esôfago dilatado e não funcionante pode exigir esofagectomia ou alimentação enteral no estômago; - Efeitos adversos: DRGE (47%), esofagite endoscópica, estenose péptica, esôfago de Barrett, câncer de esôfago, disfagia, refluxo patológico, esofagite erosiva; Terapia de Resgate com Recorrência dos Sintomas - Como nenhuma das opções de tratamento para acalasia são uniformemente eficazes e o distúrbio de motilidade subjacente não é curável, muitas vezes é necessário aplicar terapia de resgate; - Avaliação objetiva da recorrência dos sintomas: endoscopia, HRM, TBE ou FLIP, avaliação isolada dos sintomas; - A dilatação pneumática é segura após falha da miotomia de Heller Laparoscópica, com sucesso de 89%, ou falha de miotomia endoscópica perioral; - A miotomia endoscópica perioral é uma opção segura e eficaz após a falha de LHM, com sucesso de 94%; Esofagectomia - Apesar da interrupção adequada do EEI, a acalasia progride para doença em estágio terminal em 5% dos pacientes; - Estágio terminal da acalasia: sigmoide dilatado (> 6 cm) e esôfago tortuoso na - A acalasia pode ser parte de uma síndrome de herança genética, como a síndrome de Algrove (síndrome AAA – envolve acalasia, alacrimia e insuficiência adrenal) de mutação missense ou truncamento no cromossomo 12; Subtipos - O relaxamento anormal do EEI é um pré-requisito, porém os padrões de motilidade, os padrões de contração do músculo longitudinal e os mecanismos de esvaziamento esofágico do corpo esofágico diferem entre os 3 subtipos de acalasia; Acalasia Tipo 1 - Imparidade do relaxamento do EEI em associação com a ausência de peristalse; - A contração muscular dos músculos circulares e longitudinais fica substancialmente comprometida, com mínima ou nenhuma contração muscular; - O esvaziamento esofágico ocorre com a gravidade e a partir de medidas únicas que o paciente desenvolve para aumentar a pressão intratorácica para fechamento do LES; - No MRS não apresenta relaxamento do EEI; - Consequência de um ataque imune citotóxico levando a uma progressiva morte neuronal do plexo mioentérico sem seletividade entre subconjuntos de neurônios do plexo mioentérico; Acalasia Tipo 2 - Imparidade do relaxamento do EEI em associação com a pressurização panesofágica; - Ocorre forte contração muscular longitudinal, apesar de parte da pressurização pan-esofágica está preservada; - A pressurização pan-esofágica contra um LES fechado é o principalmecanismo de esvaziamento intermitente do esôfago, gerado por uma combinação de contração muscular estriada proximal, contração muscular longitudinal e da musculatura circular distal não oclusiva, sendo uma contração contra a obstrução aumentada do fluxo de saída do EGJ; - No MRS aumenta a pressão de contração do EEI; - Consequência de um ataque imune citotóxico levando a uma progressiva morte neuronal do plexo mioentérico sem seletividade entre subconjuntos de neurônios do plexo mioentérico; Acalasia Tipo 3 Radiografia Baritada / Esofagograma Cronometrado (TBE) - Possui diagnóstico e valor prognóstico na acalasia; - A deglutição de bário pode demonstrar um esôfago dilatado com um EGJ em “bico de pássaro” afilado; - Permite prever a probabilidade de futuras recorrência dos sintomas após terapia para acalasia; - Utilidade: julga descobertas inconclusivas de HRM (no contexto de EGJOO) e avalia a adequação do manejo da acalasia; Sonda de Imagem do Lúmen Funcional (FLIP) - Permite estudar as propriedades biomecânicas do lúmen dos órgãos, em particular, do esôfago e o EGJ, sendo um exame complementar para diagnóstico de acalasia e obstrução EGJ; - Pode diagnosticar com segurança a acalasia, mesmo quando o relaxamento EGJ é manometricamente normal; - Detecta uma resposta anormal à distensão esofágica em 50% dos pacientes diagnosticados com motilidade esofágica ineficaz (IEM); - Pode caracterizar subtipos de acalasia detectando contrações esofágicas não oclusivas que não são observadas com HRM, em graus variados nos subtipos da acalasia, permitindo a subclassificação adicional de paciente com obstrução esofágica; Escore de Eckardt - Escala simples de pontuação dos sintomas cardinais de acalasia (disfagia, regurgitação, dor no peito e perda de peso), graduando-os de 0 a 3, com pontuação máxima de 12, que ajuda a quantificar a resposta do sintoma à terapia; - Pontuação < ou = 3 indica resultado adequado ao tratamento; - Deve ser registrado no diagnóstico inicial da acalasia como uma medida da gravidade dos sintomas; Questionário de Disfagia Esofágica (BEQD) - Ferramenta rápida, confiável e validada para avaliar a disfagia esofágica independentemente do mecanismo subjacente – pode ser mais sensível que o Escore de Eckardt; - Explora a frequência e a gravidade da disfagia para alimentos líquidos, sólidos em macios, em escalas Likert, de 5 pontos, abordando 6 itens durante os 14 dias anteriores; - Dois itens medem a frequência de dor e tosse durante a deglutição em 14 dias, em escala de 5 pontos; ingestão de bário – gera a formação de uma cavidade no esôfago inferior, que leva ao acúmulo de alimentos e líquidos – quadro clínico: desnutrição, aspiração, pneumonia e esofagite crônica grave; - Sugere-se testar todos os métodos invasivos na acalasia em estágio terminal, porém a esofagectomia com tração gástrica ou a interposição colônica pode ser indicada em pacientes que são candidatos para a remoção cirúrgica do esôfago dilatado, sem função; - Apresenta morbidade (50%) e mortalidade (0,9%) altas; - Opção para pacientes em estágio terminal que não apresentam indicação de esofagectomia: alimentação enteral, contornando o esôfago; - Imparidade do relaxamento do EEI em associação com as contrações espásticas e prematuras do esôfago distal; - Descoordenação entre a contração dos músculos circulares e longitudinais; - O trânsito esofágico pode ser adequado, mas segmentado e descoordenado nessa; - No MRS manifesta relaxamento do EEI em extensão quase normal; - Consequência de uma imunidade resposta que afeta a função neuronal, mas sem causar morte neuronal – soro desses pacientes podem induzir a regulação negativa da expressão de óxido nítrico sintase e o aumento da sensibilidade colinérgica, sem afetar o número de neurônios – a IL-8 circulante pode mediar a resposta, ou seja, a liberação local de citocinas pode induzir um equilíbrio entre a função neuronal pós-ganglionar inibitória e excitatória; - Dois itens avaliam o número de impactações alimentares com duração superior a 30 min e o número de emergências departamentais no ano interior; DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL (DII) ETIOFISIOPATOGENIA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO DOENÇA DE CROHN - Multifatorial, progressiva, incapacitante; - Acomete qualquer parte do TGI, sendo segmentar, assimétrica e transmural - 30 a 40% dos pacientes acomete íleo, colon direito e região perianal; - Sinais e sintomas: diarreia e dor abdominal; - Inflamação crônica persistente, não tratada, mesmo que assintomático, gerando desfechos ruins – quanto maior inflamação maior chance de prognóstico ruim, maior - Interrogatório sintomático; - Exame de imagem; - Procurar imetizadores; - Evitar AINE e isotretinoina; - Aferição da atividade – maneiras mais concretas de aferir: CDA (mais usado), índice de RB (indicado pela secretaria de saúde), escore de Rutgeerts (usado após ileoctomia para avaliar o nível da estenose no restante dos segmentos), SES-CD (avaliação endoscópica que considera as ulcerações, extensão do acometimento e número de lesões) – permite a classificação em doença ativa, em remissão clínica/laboratorial/endoscópica, exacerbação frequente/continua/precoce, paciente cortico-dependente, cortico-refratário, recorrência clínica/cirúrgica, doença localizada/sistêmica – orienta a proposta de tratamento; - Objetivo: melhora clínica dos sintomas, melhora laboratorial, redução das complicações e cicatrização da mucosa; - Terapia individualizada, com otimização de custo – avalia a idade, a remissão, a adesão ao tratamento, a gravidade da doença, a localização, as doenças associadas, as manifestações extraintestinais, o acesso as medicações, o trip to tarcket e o desfecho final desejado; - Deve-se estabelecer um alvo do tratamento (trip to tarcket) para o paciente de forma individualizada, conforme os fatores definidores da doença; - Perguntas a serem feitas para definição do tratamento após o diagnóstico: (1) o paciente está em atividade da doença? (2) classificar o paciente como doença leve, moderada a grave? Tratamento hospitalar ou ambulatorial? (3) avaliação do status inflamatório da doença com interrogatório sintomatológico, número de evacuações/dia, dor, manifestações extraintestinais, exames laboratoriais marcadores de inflamação, calprotectina e exame de imagem endoscópico, enterografia, colonoscopia; (4) comorbidades, intercorrências, mimetizadores, complicações da doença e contra- indicações ao tratamento; (5) risco do paciente; - Não é suficiente apenas tratar os sintomas, sendo necessário intervenção precoce e monitorização para prevenir complicações e reestabelecer qualidade de vida; chance de complicações irreversíveis, como estenose, neoplasia, perda da função intestinal e doença fistulizante; - Evolução em longo prazo; - Classificação do fenótipo (Montreal): (categoria A) A1 < 16 anos, A2 17 a 40 anos, A3 > 40 anos; (categoria L) localização; (categoria B) comportamento, ex doença exclusivamente luminal, doença estenosante ou penetrante – prediz prognóstico e impacta na escolha e na resposta ao tratamento; **a doença no trato alto é mais rara, ocorrendo geralmente em criança** - Classificação de Paris – segmenta mais a idade, principalmente a faixa etária pediátrica; - As intervenções precoces devem ocorrer em meio a uma janela de oportunidade, de poucos meses, entre o início dos sintomas e o diagnóstico, tornando possível reverter o processo; - Medicamentos atuam na parte inflamatória da doença, ou seja, fase inicial da doença (janela de oportunidade) que perdura por poucos meses após o início dos sintomas – o tratamento inclui corticoide, terapia biológica e imunomodulador; - A maioria dos pacientes perdem a janela de oportunidade, evoluindo para as complicações – tratamento inclui a terapia imunológica, mas não atua tanto na parte inflamatória da doença; - Risco: (baixo) idade > 30 anos ao diagnóstico,envolvimento limitado da doença, úlceras superficiais, ausência de acometimento perianal, sem passado ciúrgico e doença exclusivamente luminal, de modo a apresentar boa resposta ao tratamento com budesonida; (alto) envolvimento extenso da doença, úlceras profundas, doença perianal, passado de cirurgia, comportamento penetrante ou estenosante da doença, de modo a ser indicado o step up acelerado, inciando com budesonida e evoluindo rapidamente com azatioprina, ou preferencialmente top down, que inicia com anti-TNF acrescentado da azatioprina; - Orientar estilo de vida, com adequação da dieta, álcool e tabagismo; - Vacinas e rastreios infecciosos (HVB. HVC, tuberculose) e de neoplasias conforme a idade; - Em mulheres em idade fértil indagar sobre as expectativas a cerca da fertilidade e sobre o uso dos métodos contraceptivos; - Correção de distúrbios nutricionasi e hidroeletrolíticos, conforme sua presença, de forma concomitante ao tratamento da doença de Crohn; Indução da Remissão - Indicação: doença leve a moderada; - Salicilato – não é mais recomendado na indução e na remissão da doença de Crohn; - Antibiótico – não recomendado, exceto para tratar complicação infecciosa, como ITU; Corticoide - Budesonida - 9 mg/dia, na terapia primária de doença leve à moderada, com acometimento de segmentos curtos, como no íleo terminal, cólon direito, com remissão em 8 semanas em 50 a 60%, e menos efeito sistêmico, sendo recomendado principalmente em paciente com sobrepeso, diabetes, alteração da mineralização óssea e fáscie cushingoide; - Corticoides convencionais - usados principalmente na forma colônica ativa ou em pacientes com forma colônica ativa e acometimento extenso do delgado até realizar o step up acelerado, em que se inicia com o corticoide e se prepara para iniciar a azatioprina, não sendo eficaz para a doença perianal, comumente emprega-se a prednisona na dose de 0,5 a 1 mg/kg/dia, com dose máxima de 60 mg/dia, pois a partir disso não se garante beneficio adicional, apenas efeitos adversos, apresentando resposta definica de forma clínica após 30 dias de tratamento, com desmame lento após esse período, devido ao risco de insuficiência adrenal; Tiopurinas - Ex: azatioprina, 2 a 2,5 mg/kg/dia; - Não é recomendada como monoterapia, não aguardar falha de tratamento prévio para iniciar imunomodulador e/ou terapia biológica, realizando tratamento precoce; **top down e step up acelerado – conforme o fenótipo do paciente, já inicia imunomodulador e terapia biológica, se for paciente grave, doença perianal ou extensa, fator de pior prognóstico – não se espera uma piora para sua introdução** Metotrexate - 25 mg/semana, remissãoo 15 mg; - Alternativa para os pacientes que não toleram a azatioprina e para os pacientes corticodependentes, em que outras opções não estão disponíveis; - Uo subcutâneo ou intramuscular; - Não é recomendado como monoterapia; Inibidores de calcineurina - Tacrolimus - recomendado em doença grave refratária a anti-TNF, em pacientes internados, como terapia de resgate; - Ciclosporinas - sem indicação em doença de Crohn;; Terapias biológicas - Infliximabe / anti-TNF - mais recomendado, anticorpo IgG1 monclonal quimérico, usado na dose de 5 mg/kg, endovenoso, nas semanas 0, 2 e 6, com manutenção a cada 6 semanas, podendo ser usado juntamente com a azatioprina para evitar imunogenicidade; - Adelimumabe / anti-TNF - anticorpo IgG1 monoclonal totalmente humano, usado na dose de 60 mg subcutâneo, 80 mg após 2 semanas e manutenção a cada 15 dias; - Certolizumabe / anti-TNF - fragmento Fab PE Guilado de um anticorpo monoclonal humanizado, produzido em E.coli, com efeito inferior a outros anti-TNF, sendo comumente usado em gestantes; - Ustequimumabe / inibidor da IL12/23 - anticorpo monoclonal IgG1 que age no p40 nas IL-12 e IL-23 nas células T-helper, sendo específico para as células intestinais, com indução endovenosa até 50kg com 2 frascos, de 55 a 85 3 frascos e acima de 85 kg 4 frascos, com manutenção subcutânea a cada 8 semanas, com 1 seringa, indicado para pacientes com contra-indicação ao anti-TNF ou não responderam a terapia convencional; - Vedolizumabe / anti-integrina - anticorpo monoclonal anti-integrina, que age especificamente na mucosa intestinal, com melhor efeito tardio, inicio de ação demorado e menor ação na doença perianal, realizado na dose de 200 mg, endovenosa em 0, 2 e 6 semanas e manutenção a cada 8 semanas, sendo indicado em caso de resposta inadequada a terapia convencional; - Natalizumabe - maior risco de leucoencefalopatia multifatorial progressiva, não sendo recomendado; Manutenção da Remissão - Objetivo: prevenir recaída; - Tiopurina ou metotrexate em pacientes corticodependentes ou em pacientes já com Top Down inicialmente, devido à fenótipo grave da doença ou prognóstico reservado; - Mantém-se os tratamentos biológicos utilizados na indução, como o infliximabe e azatioprina, ustequimumabe, entre outros; **a terapia combinada de infliximabe e azatioprina tem maior eficácia na manutenção livre de corticoide, comparada à monoterapia com terapia biológica ou imunossupressor** - Manutenção em longo prazo – ocorre em pacientes com remissão clínica, laboratorial e endoscópica do paciente - mantém o anti-TNF, de preferência imunoterapia, caso se tenha alcançado a remissão com ele em monoterapia– aumenta o risco de linforma e câncer de pele não melanoma; - Não se emprega salicilato e corticoide; Doença de Crohn Fistulizante - O acometimento perianal define prognóstico reservado; - Conduta: ressonância da pelve ou ultrassonografia endoanal, exame da pelve sob raquianestesia, drenagem de abscesso, curetagem de fístulas e implante de seton (material inerte para manter o pertuito da fístula aberto até a iniciação da terapia biológica); - Usam antibióticos por 3 a 4 semanas, preferencialmente o ciprofloxacino e/ou metronidazol; - Tratamento da doença luminal do reto; - Infliximabe – 1ª opção – pode ser associado a azatioprina para aumentar o efeito da terapia biológica ou se houver indicação por outra razão, como a doença luminal; Tratamento das Demais Fístulas - Inclui: fístulas entero-entéricas, entero-vaginais, reto-vaginais e entero-cutaneas; - Envolve tratamento cirúrgico, terapia biológica, acompanhamenro nutricional; RETOCOLITE ULCERATIVA (RCU) - Doença inflamatória intestinal crônica; - Caracterizada por episódios recorrentes de inflamação que acomete predominantemente a camada mucosa do cólon e eventuamente a submucosa; - Usualmente afeta o reto e porções proximais do cólon, de forma contínua ascendente na mucosa, sem áreas de mucosa normais entre as porções afetadas, iniciando no reto e ascendendo; - Hematoquezia – diarreia com sangue presente em 90% dos pacientes; - Sintomas associados: dor abdominal em cólica, tenesmo, urgência evacuatória e exsudato mucupurulento nas fezes; - Os casos mais graves são acompanhados de sintomas sistêmicos, como febre, anemia e emagrecimento; - Os sintomas tendem a variar conforme a extensão da doença, evidenciando-se manifestações locais nos pacientes com proctite, enquanto pacientes com colite extensa apresentam febre, emagrecimento, perda sanguínea significativa e dor abdominal; - Até 10% dos casos apresentam manifestações extraintestinais – pode ocorrer comprometimento articular, cutâneo, hepatobiliar, oftalmológico, hematológico e influenciar no metabolismo ósseo – podem ou não estar relacionadas à atividade - Objetivo: atingir remissão clínica livre de corticoide e manter a remissão em longo prazo, evitando recidivas; - É dividido em indução de remissão (trata fase aguda) e manutenção da remissão – busca atingir a remissão clínica livre de corticoide; - A abordagem terapêutica é dividida conforme a extensão da doença e gravidade da agudização; - Pacientes que atingem a cicatrização da mucosa (subsecore endoscópico de Mayo 0 ou 1, com mucosa normal ou eritema, redução datrama vascular e friabilidade leve) apresentam melhores desfechos, menor risco de colectomia e melhor curso clínico da doença; - Deve-se identificar: (1) fenotipo, extensão do acometimento, prova de atividade inflamatória, comorbidades, acesso à possíveis medicações; (2) status inflamatório do paciente por interrogatório sintomatológico, procurar manifestação extraintestinal, provas de atividade inflamatória, exclusão de mimetizadores e exames de imagem; - Solicita-se rastreio infeccioso, orienta sobre drogas que não devem ser utilizadas, avalia reações adversas; Indução da Remissão - Proctite leve - salicilato tópico, como o supositório de mesalazina – droga de escolha, com resposta na maioria dos pacientes; - Proctite grave – emprega salicilato tópico e oral de 4 a 4,8 g/dia; - Muitos pacientes permaecem em remissão por longos períodos, mas a probabilidade de ausência de recidiva por 2 anos é de 20% - as recidivas ocorrem na mesma região do cólon das outras agudizações; - 20 a 50% dos pacientes apresentam extensão proximal da doença ao longo do seguimento; - A doença pode iniciar em qualquer idade, com primeiro pico de incidência entre 20 e 40 anos e segundo pico nos idosos; - Discreto predomínio no sexo masculino; - Maioria dos pacientes apresentam forma leve da doença; inflamatória e em alguns casos apresentam sintomas mais severos do que os intestinais; - Os pacientes com colangite esclerosante primária e RCU apresentam maior risco de câncer colorretal e doença mais extensa; - Apresentam maior risco de eventos tromboembólicos, de câncer, de megacólon tóxico ou colite fulminante; - O diagnóstico é estabelecido pela avaliação da história clínica, exames laboratoriais, exame endoscópico e achados histopatológicos; - A dosagem sanguínea da proteína C reativa (PCR) e a velocidade de hemossedimentação (VHS) auxiliam na avaliação diagnóstica, mas podem não estar alteradas na doença distal (retite), não sendo recomendados como forma de confirmação do diagnóstico; Categorias das Agudizações - Leve: menos de 3 evacuações/dia, com ou sem sangue, sem comprometimento sistêmico e com velocidade de sedimentação globular normal; - Moderada: mais de 4 evacuações/dia com mínimo comprometimento sistêmico; - Grave: mais de 6 evacuações/dia com sangue e com evidência de comprometimentos sistêmicos, como febre, taquicardia, anemia e velocidade de sedimentação globular acima de 30 – inclui casos de suspeita de megacólon tóxico, sendo indicado internação; - Fulminante – quadro extremamente grave, com alta mortalidade e alto risco de colectomia – paciente internado; Colonoscopia - Achado típico: comprometimento da mucosa desde a margem anal, estendendo-se proximalmente de uma forma contínua e simétrica, com clara demarcação entre a mucosa inflamada e normal; - Inicialmente a mucosa se apresenta com diminuição ou perda da trama vascular submucosa com eritema e edema; - Colite leve à moderada extensa (prova) – emprega salicilato tópico e oral – quando refratária ou que não tolera as doses altas, inicia-se o corticoide sistêmico, como a prednisona ou budesoninsa NNX de liberação específica para o cólon; - Pancolite leve à moderada (prova) – emprega salicilato tópico e oral, acrescentando a prednisona; - Retocolite moderada à grave - emprega salicilato tópico e oral, prednisona (corticoide sistêmico) e considera-se imunossupressor em pacientes com corticodependência – na corticodependência administra-se imunossupressor (tiopurina) por 12 semanas, até a iniciação da terapia biológica; **segue o step up convencional, se não houver remissão da doença** - Paciente de alto risco sem remissão – avalia se houve falha ao corticoide, podendo empregar azatioprina seguida de TNF,com stpe up acelerado; - Colite aguda grave – internação hospitalar e corticoide venoso, com cuidados gerais evitando fenômenos tromboembólicos, distúrbios hidroeletrolíticos e desidratação – avalia mimetizadores e condições associadas, pois é paciente potencialmente cirúrgico - aguarda-se 7 a 10 dias de tratamento endovenoso com corticoide para iniciar a ciclosporina EV + infliximabe; Manutenção da Remissão - Proctite – único episódio que não necessita de manutenção – geralmente manejado reduzindo a dose ou aumentando os intervalos; - Em pacientes que usam salicitado oral, passa para a dose de manutenção de 2 a 2,4 g/dia; - Se a indução da remissão foi com corticoide venoso, realiza-se step up com tioporina e em um segundo momento avalia se há indicação de TNF ou não; - Não utiliza corticoide na manutenção; - Tiopurinas são eficazes em longo prazo, em pacientes corticodependentes e corticorefratários; - Metotrexate não é utilizado; - Se a indução da remissão foi realizada com ciclosporina venosa, realiza-se a ciclosporina oral por 12 semanas, até a implantação da azatioprina (anti-TNF); - Se a indução da remissão foi com influximabe, realiza-se a manutenção com o mesmo; - Se a indução com anti-TNF, o mantém na manutenção; **terapia combinada é superior à terapia isolada** - Se falha na manutenção com indução por corticoide e azatioprina, mede-se o nível sérico do metabólito da tiopurina, para acrescentar medicamento que aumente o seu nível sérico, como salicilato e alopurinol; - Em pacientes com perda da resposta, guia-se pelo nível terapêutico da droga, realizando sweet de medicação ou sweet de classe, ou aumentar a dose do infliximabe se não houver anticorpo presente; - Em caso de recaída, deve-se avaliar tudo novamente, como a troca de biológico e mimetizadores; Colectomia - Risco cumulativo de colectomia, de modo que quanto maior a gravidade da doença e maior a necessidade de hospitalização, maior a chance de colectomia; - Com a progressão da doença a mucosa se torna granular, friável, recoberta por exsudato mucopurulento e, nos casos mais severos, se visualiza úlceras; - Pacientes com RCU de longa duração podem apresentar perda das haustrações, pseudopólipos inflamatórios e encurtamento do cólon; - Pacientes com doença distal apresentam comprometimento periapendicular; - Seus achados não influenciam no índice de remissão, recidivas ou progressão proximal; Escala de Gravidade de Mayo - Considera padrões endoscópicos, presença de úlceras profundas ou superficiais e extensão do acometimento; - Completo – considera parâmetros de sangramento; Avaliação Histológica - Baseia-se no achado de distorção arquitetural difusa de criptas, infiltrado inflamatório transmucoso com plasmocitose basal, eventualmente associado à componente de atividade evidenciado por criptites e abscessos crípticos; - A depleção da mucina é menos específica, mas auxilia no diagnóstico; **mesmo na presença de achados típicos, a histologia deve ser avaliada em conjunto com os demais aspectos** Classificação de Montreal - Classifica conforme a maior extensão de comprometimento macroscópico na colonoscopia; - Classe 1 / Proctite ou Retite – doença limitada ao reto; - Classe 2 / Colite Esquerda – afeta o colon distalmente até a flexura esplênica e pancolite, com envolvimento de porções proximais à flexura esplênica; - Classe 3 / Colite Extensa – além da flexura esplênica, incluindo a pancolite; - Fatores de pior prognóstico e maior risco de colectomia: idade ao diagnóstico, atividade endoscópica acentuada, presença de manifestações extraintestinais, uso de corticoide frequente, marcadores inflamatórios alterados, cursou com Clostridium ou Citomegalovírus;