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1 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Vesícula 1M3 – VESÍCULA E VIAS BILIARES • Anatomia • Colelitíase • Colecistite • Polipose • Tumores ANATOMIA DA VESÍCULA BILIAR E DAS VIAS BILIARES: Os ductos biliares intra-hepáticos são uma rede de pequenos tubos que transportam a bile para fora do fígado. Os ductos menores, chamados dúctulos, juntam-se para formar os ductos hepáticos direito e esquerdo, que saem do fígado. Os dois ductos se juntam fora do fígado e formam o ducto hepático comum. O ducto cístico da vesícula biliar se junta ao ducto hepático comum para formar o ducto biliar comum ou ducto COLÉDOCO. O ducto biliar comum ou colédoco passa pela cabeça do pâncreas e termina no duodeno. A bile é produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar. Quando o alimento está sendo digerido, a bile é liberada da vesícula biliar até o duodeno, onde ajuda a digerir as gorduras. Vesícula biliar: A vesícula biliar está localizada dentro da fossa da vesícula biliar no aspecto inferior do fígado. Existem três partes anatômicas da vesícula biliar. De lateral para medial, são o fundo, o corpo e o colo (infundíbulo). O fundo é a parte mais lateral da vesícula biliar. Medial ao fundo está o corpo da vesícula biliar. O corpo da vesícula biliar afunila medialmente no colo ou no infundíbulo. É proximal à porta hepática e geralmente está associada a um mesentério curto que também contém a artéria cística. O infundíbulo se estreita no ducto cístico, que vai se unir ao ducto hepático comum formando o ducto colédoco. Em média, o ducto colédoco no adulto tem cerca de 6 mm de largura; no entanto, há relatos de que aumenta com a idade e nos pós-operatórios de colecistectomia. A vesícula biliar armazena a bile. A bile ajuda na digestão das gorduras e na absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, K). Saindo do colo tem o ducto cístico – meio espiralado. O ducto cístico se junta com o ducto hepático formando o colédoco (ducto comum). Colangiorressonância – avaliação dos ductos. Se tem líquido estático, cistos. Vesícula biliar – variantes anatômicas: 2 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Desenhos esquemáticos de variantes anatômicas da vesícula biliar com classificação por tipo. Exemplo de vesícula biliar dupla na ressonância (sequências em T2, T1 e T1 3D) COLELITÍASE: A colelitíase é a presença de cálculos no interior da vesícula biliar. A vesícula armazena a bile, que é produzido pelo fígado. A bile tem como função básica digerir as gorduras e auxiliar na absorção de nutrientes como as vitaminas A, D, E e K. Ela é composta por água, colesterol, sais biliares, bilirrubinato e lecitina. Quando o colesterol, os sais biliares ou os bilirrubinatos são produzidos em excesso pelo fígado, há precipitação formando pequenos grânulos. Estes grânulos iniciam a formação dos cálculos biliares. A formação destes cálculos está mais relacionada a fatores metabólicos, hereditários e orgânicos do que à ingestão alimentar, então a alimentação não interfere muito neste processo. Existem dois tipos de cálculos que podem ser encontrados na vesícula biliar, os de colesterol ou de sais biliares; podem ser únicos ou vários, que vão desde pequenos grãos à grandes cálculos. Fatores de risco são: • Anemia hemolítica crônica. • Uso de ACO; • Emagrecimento acentuado; • Gravidez; • Idade avançada. • Mulheres em idade fértil; • Mulheres que tiveram múltiplas gestações; • Obesidade; • Pacientes submetidos a cirurgias gástricas; • Sedentarismo; • Uso de dieta parenteral. Muitas vezes é assintomática e descobrem estes cálculos quando estão investigando alguma outra patologia. O sintoma inicial é a cólica biliar, que pode ocorrer após as refeições de alimentos gordurosos. A ultrassonografia abdominal é o exame de escolha para a detecção de cálculos de vesícula, com sensibilidade e especificidade de 95%. Não tem tratamento além de cirurgia – não existe tomar remédio e a pedra dissolver. O desenvolvimento de cálculos – “pedras” – na vesícula e sua migração para os canais que drenam a bile do fígado e o pâncreas e têm grande repercussão nas doenças do sistema digestivo. A incidência de cálculos na vesícula biliar na população em geral é de aproximadamente 12%. Além da grande incidência, a afecção tem grande importância devido à possibilidade de complicações, geralmente relacionadas à migração dos cálculos e inflamações, tais como: #1 - Colecistite aguda - Inflamação da vesícula biliar secundária à impactação do cálculo no canal da própria vesícula biliar (ducto cístico). #2 - Icterícia obstrutiva - O cálculo migra para a via biliar principal (canal que liga fígado e duodeno - primeira porção do intestino delgado) e determina entupimento do canal biliar com consequente estagnação da drenagem de bile para o intestino. Isto gera o famoso “amarelão” ou icterícia. #3 - Colangite aguda - Infecção da via biliar principal. Esta doença é secundária à associação entre obstrução pelos cálculos e atividade bacteriana inflamatória na via biliar principal. Colangite = obstrução das vias biliares provocando dilatação dos vasos intra-hepáticos. #4 - Pancreatite Aguda - Doença determinada, em 75% dos casos, pela passagem ou obstrução do ducto pancreático na região do esfíncter de Oddi (esfíncter situado na saída duodenal, logo após a junção entre o ducto pancreático que vem do pâncreas com a via biliar principal que vem do fígado). Os cálculos podem estar presentes no interior da vesícula biliar (local onde normalmente se formam) e migrar por todo trajeto das vias biliares até o intestino. Via de regra, o local onde o cálculo impacta vai determinar o aparecimento dos sintomas. 3 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Colelitíase com colecistite Colecistite aguda na presença de lama biliar com cálculos no exame de ultrassom: Vesícula normal: Parede fina e conteúdo anecoico. Todo líquido no USG fica preto – anecoico ou hipoecoico. Vesícula com parede espessa indica processo inflamatório. Quando tem lama biliar ou cálculo biliar, tem diferença de ecogenicidade. A lama é mais cinza, mais densa do que a bile. A ecogenicidade da pedra é tão densa que forma sombra. Exemplos de cálculos biliares no exame ecográfico: Cálculo denso e com formação de sombra acústica posterior Cálculo é móvel! Exemplos de cálculos biliares no exame ecográfico: Múltiplos cálculos densos e com formação de sombra acústica posterior Cálculos branco no fígado pode ser cálculos – microcalculos nas vias biliares dentro do fígado. Exemplos de vesícula repleta de cálculos (sinal de WES) no exame ecográfico: Múltiplos cálculos densos e com formação de sombra acústica posterior Sinal de WES: vesícula biliar de paredes finas repleta de cálculos. Exemplos de cálculos biliares no exame tomográfico: Cálculo denso e com formação de parede calcificada. 4 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Halo calcificado. Sem contraste e com contraste. Cálculo 90% é colesterol – pode se confundir com a própria bile. Pode aparecer como bola de ar na vesícula – mas não é, ar seria bactéria, ruptura da vesícula. No caso a densidade do cálculo é tão baixa que chega a ser igual a da gordura peritoneal – cálculo de colesterol. Exemplos de cálculos biliares no exame tomográfico e por ressonância: Cálculos de colesterol (gordura) tipo ex-vácuo e pouco visíveis (a, c, d), confirmados na RM (b). T2 com ou sem saturação da gordura. Exemplos de cálculos biliares no exame por ressonância: Cálculos de colesterol (gordura) na sequência em T2, cortes axial e corona do abdome. No detalhe: ducto colédoco dilatado e contendo cálculos. Quando o cálculo está impactado no final do colédoco. Líquido dentro do colédoco – e alguma coisa preta indicando cálculo. Exemplos de cálculosbiliares no exame de ressonância: Cálculos de colesterol (gordura) preenchendo a vesícula biliar (a e b) e o colédoco (a). Exemplos de cálculos biliares no exame de RX: Cálculos biliares calcificados (seta vermelha) e alça sentinela (seta verde). Vesícula biliar com paredes calcificadas ou em porcelana (c) Vesícula em porcelana – inflamou e desinflamou – colecistite crônica – cicatriza/calcifica a parede da vesícula. Pode formar metaplasias. Vesícula biliar com paredes calcificadas ou em porcelana nos exames de TC e RX. Primeiro exame para fazer diagnóstico de cálculo é USG, o segundo não é TC (cálculo pode ser invisível). O segundo exame de escolha é a Ressonância com colangiorressonância. Colelitíase com colecistite: Colecistite aguda na presença de lama biliar sem cálculo vista no exame de ultrassom Vesícula inflamada de paredes espessas e com edema ao redor. Edema na ultrassom é caracterizado pela diminuição da ecogenicidade de toda estrutura em volta. Dentro tem diferença de ecogenicidade entre a bile normal e a lama biliar. A formação da lama biliar nem precisa ter cálculo e já pode causar processo inflamatório – colecistite. A lama impacta e impede que a bile progrida – icterícia obstrutiva sem pedra. Colecistite aguda no exame de ultrassom: cálculos formando sombra acústica posterior com espessamento e edema parietal O mais comum é ter parede espessa, edema peribiliar com cálculos. 5 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Colecistite aguda na presença de lama biliar com cálculos no exame de ultrassom. COLECISTITE: Colecistite litiásica aguda: Colecistite aguda na tc com contraste com edema parietal (círculo vermelho). Cálculo biliar calcificado (b) e cisto renal direito (seta vermelha). Borramento da gordura peritoneal é comum a quase todo tipo de processo inflamatório abdominal. Processo inflamatório intenso faz hiperemia da gordura. Ressonância magnética (RM) típica de colecistite aguda com tomografia computadorizada (TC) com contraste. Homem de 40 anos com colecistite aguda devido a cálculos biliares. São mostradas RM e TC com contraste dinâmico. Fase inicial (a) e fase venosa portal (b) da RM com contraste. Fase inicial (c) e fase venosa portal (d) da TC com contraste. Numerosos vazios de sinal são visíveis na vesícula biliar (a, ponta de seta que indica os cálculos biliares). É evidente realce nítido da parede da vesícula biliar pelo contraste (b, setas). Esse realce de contraste da parede é mais claramente visualizado na RM em comparação com a TC com contraste, e a visualização dos cálculos biliares também é melhor na RM do que na TC. Para identificar cálculos biliares, a ressonância magnética ponderada em T2 também é útil. Quando são processos inflamatórios iniciais, pode não ver na USG ou TC, mas na RM com contraste sim. Colecistite alitiásica aguda: Imagens típicas de tomografia computadorizada (TC) de colecistite gangrenosa. Mulher na casa dos 70 anos com colecistite gangrenosa (colecistite aguda acalculosa). TC com contraste dinâmico (a, simples; b, fase inicial; c, fase de equilíbrio). Aumento da vesícula biliar, espessamento da parede da vesícula biliar e lesões edematosas abaixo da serosa da vesícula biliar são evidentes na TC simples (setas). Na TC com contraste (b, c), a irregularidade da parede da vesícula biliar e a falta parcial de realce do contraste podem ser vistas (setas) como a aparência característica da colecistite gangrenosa. Coloração transitória de fase inicial do parênquima hepático (b) e alterações edematosas no ligamento hepatoduodenal (c, ponta de seta) também são aparentes, sugerindo a disseminação da inflamação. Processo inflamatório sem cálculo – não tem pedra, mas a vesícula está inflamada. Parede espessada, bile homogênea e borramento da gordura da vesícula (tinha que estar preto, mas está densa). Colecistite aguda: Colecistite aguda no US - gás na parede (Colecistite enfisematosa seta azul). Presença de gás nas vias biliares dentro do fígado - aerobilia (setas verdes). Inflamação tão grave que a parede da vesícula encheu de gás. Pode confundir na USG – alça intestinal. 6 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Setas verdes: gás dentro das vias biliares do fígado. Colecistite aguda na tc com contraste com gás na parede (Colecistite enfisematosa). Formação de nível líquido significa perfuração parietal Colecistite xantogranulomatosa: A colecistite xantogranulomatosa é uma variante incomum da colecistite crônica, caracterizada por um processo inflamatório carregado de lipídios comparável à pielonefrite xantogranulomatosa. Os exames de imagem mostram espessamento acentuado da parede da vesícula biliar, muitas vezes contendo nódulos intramurais, hipoecogênicos à ultrassonografia e hipoatenuantes à TC, representando abscessos ou focos de inflamação xantogranulomatosa. Essas características se sobrepõem às do carcinoma da vesícula biliar, tornando muitas vezes impossível a distinção pré- operatória entre essas entidades. Inflamação muito reativa – espessa muito a parede, edema em volta. Perfura com muita facilidade – tem que tratar rápido. Colecistite Xantogranulomatosa. À ESQUERDA: US mostra espessamento da parede marcado com nódulos hipoecóicos intramurais (setas) e um cálculo intraluminal (seta). DIREITA: TC com contraste mostra uma parede da vesícula biliar deformada e espessa contendo nódulos hipoatenuantes. Colecistite Xantogranulomatosa. Nódulos hipoatenuantes (setas) representam abscessos. O lúmen contém várias pedras (seta). Nesse caso, homem de 71 anos com colecistite xantogranulomatosa. A TC com contraste mostra uma parede da vesícula biliar deformada e espessa contendo nódulos hipoatenuantes. Estes representam abscessos ou focos de inflamação. Colecistite perfurada: TC de abdome com contraste axial. Há espessamento da parede da vesícula biliar e líquido pericolecístico consistente com colecistite aguda. Há um defeito na parede medial da vesícula biliar com coleção hipoatenuante no segmento 5 do fígado (seta). As aparências são consistentes com perfuração da vesícula biliar e abscesso hepático. Vesícula totalmente inflamada com nódulo dentro do fígado – inflamação do fígado / abcesso hepático. 7 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P TC de abdome com contraste axial. Vesícula biliar repleta de cálculos com um defeito na parede medial que comunica com a 1ª porção do duodeno. Seta laranja mostrando a fístula colecistoduodenal. Síndrome de Bouveret: Ultrassonografia (a), TC (b, c), RM (d) e imagens endoscópicas (e). Demonstrando um grande cálculo biliar calcificado no duodeno proximal com um estômago massivamente dilatado. Os achados são compatíveis com uma obstrução intestinal proximal consistente com a síndrome de Bouveret. Obstrução intestinal por cálculo que migrou da vesícula biliar para dentro do intestino Íleo biliar: TC coronal (a) e axial (b) com contraste do abdome demonstrando múltiplas alças dilatadas do intestino delgado. Há um cálculo biliar obstrutivo hiperatenuante periférico de 3 cm no flanco esquerdo (seta 1). Há extenso processo inflamatório no leito da vesícula com ar na vesícula (seta 2) compatível com fístula colecistoentérica. As aparências são consistentes com uma obstrução intestinal secundária a um íleo biliar. Cálculo perfura o jejuno e para no íleo. Cólon biliar: Visão coronal da tomografia computadorizada mostrando fístula colecistocolônica entre a vesícula biliar e a flexura hepática do cólon (seta laranja). O grande cálculo biliar também pode ser visto (seta azul) no cólon sigmóide. Visão sagital da tomografia computadorizada mostrando o cálculo biliar impactado (seta azul) na junção retossigmóide ao nível do promontório sacral (seta laranja). Perfurou para dentro do colon – colon dilatado. Vesícula comunicandocom o intestino. Colecistite perfurada: TC de abdome com contraste axial (a) e coronal (b). Há extenso espessamento da parede da vesícula biliar com processo inflamatório estendendo-se pelo peritônio até a parede abdominal anterolateral direita com fístula para a pele (setas). Abcesso de parede abdominal por conta de perfuração intestinal. – processo inflamatório da vesícula intenso que perfura a parede – fístula. Síndrome de Mirizzi: A síndrome de Mirizzi pode ocorrer como uma apresentação de colelitíase ou numa colecistite aguda. Ocorre quando um cálculo biliar impactado no infundíbulo biliar ou no ducto cístico causa obstrução da árvore biliar e colestase. A colestase é o resultado de qualquer compressão direta do ducto 8 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P hepático comum ou inflamação local secundária causando edema da parede do ducto biliar com ou sem fibrose. Os pacientes podem ou não experimentar dor abdominal no quadrante superior direito, febre, e leucocitose. A Síndrome de Mirizzi é a causa mais comum de icterícia obstrutiva aguda. A diferenciação desta condição de outras causas de icterícia obstrutiva é fundamental para direcionar adequadamente tratamento clínico e cirúrgico. Pode ser causada por cálculo, tumor, doença inflamatória. Dois pacientes com síndrome de Mirizzi. A, Em homem de 86 anos com dor no quadrante superior direito e icterícia obstrutiva de início recente (bilirrubina total = 3,8mg/dL), imagem axial de TC com contraste mostra dilatação biliar intra-hepática moderada (setas). B, imagem axial de TC com contraste ligeiramente inferior a A mostra espessamento da parede da vesícula biliar, edema pericolecístico e distensão anormal da vesícula biliar. C, TC coronal confirma a presença de cálculos biliares grandes no colo da vesícula biliar (seta). D, Mulher de 68 anos também com síndrome de Mirizzi, imagem coronal ponderada em T2 mostra grande cálculo biliar no colo da vesícula biliar (seta). Algumas pedras pequenas e não obstrutivas também estão presentes distalmente no ducto colédoco (cabeça de seta) E, CPRE realizada no mesmo paciente de D mostra compressão extrínseca no ducto hepático comum (seta) por cálculo biliar grande dentro do colo da vesícula biliar. A dilatação biliar intra-hepática (cabeças de setas) também está presente. Síndrome de Mirizzi. Ultrassonografia da vesícula biliar mostra moderada dilatação das vias biliares biliar intra-hepática (setas vermelhas), espessamento da parede da vesícula biliar (setas verdes), cálculo impactado no infundíbulo biliar (setas amarelas) com distensão anormal da vesícula biliar. COLEDOCOLITÍASE: Caracterizada pela presença de cálculos no trajeto do ducto colédoco, com ou sem processo inflamatório associado. Muitas vezes apresentam uma tétrade de fezes acólicas (pálidas), urina escura, icterícia intermitente e prurido (coceira excessiva). Esses são os sinais patognomônicos da icterícia obstrutiva. No entanto, essas características também podem estar presentes em outros distúrbios, como tumor na cabeça do pâncreas, tumor periampular ou tumor da ampola de Vater. Colangio RM mostrando ductos hepáticos nas setas amarelas e ducto pancreático nas setas vermelhas. A colangioRM mostra um defeito de enchimento no colédoco distal causado por um cálculo biliar. A dilatação do colédoco e dos ductos intra-hepáticos acima do cálculo indica obstrução biliar. Nenhuma pedra é visível dentro da vesícula biliar distendida. O preto é a falta da bile – se tive bile estaria branco 9 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Imagem MIP de ressonância magnética coronal da árvore biliar (colangioRM). A vesícula biliar está ausente de acordo com uma colecistectomia prévia. Há um defeito de enchimento no ducto colédoco distal (seta) com dilatação associada do ducto biliar consistente com um cálculo biliar obstrutivo. Tomografia computadorizada corte coronal demonstrando litíase biliar no colédoco distal (seta). Microlitíase biliar intra-hepática: Imagem MIP de ressonância magnética coronal da árvore biliar (colangioRM). A vesícula biliar está ausente de acordo com uma colecistectomia prévia. Há um defeito de enchimento no ducto colédoco distal (seta) com dilatação associada do ducto biliar consistente com um cálculo biliar obstrutivo. PÓLIPOS E POLIPOSE BILIAR: Os pólipos na vesícula são pequenos nódulos que crescem na parede da vesícula biliar. São fixos na parede Eles se originam, geralmente, por excesso de colesterol ou devido a processos inflamatórios crônicos. A maioria dos pólipos de vesícula é de pólipos de colesterol e não causam nenhum sintoma. Pólipos de colesterol, adenomiomatose e pólipos inflamatórios, nessa ordem de frequência, constituem os principais pseudotumores polipóides. Estão presentes em cerca de 5% da população em geral. O tamanho é o preditor mais importante de malignidade: 100% dos pólipos > 20 mm são malignos; 43-77% dos pólipos de 10-20 mm são malignos; 94% dos pólipos benignos são < 10 mm. Fatores de risco para malignidade: • Idade > 60, • cálculos biliares, • coexistência de colangite esclerosante primária (PSC). Fatores tranquilizadores: • estabilidade ao longo do tempo, • múltiplos pólipos, • morfologia pediculada (versus séssil). No US, os pólipos de colesterol aparecem como pequenas, redondas e lisas lesões arredondadas, intraluminais que estão presas à parede. No US, os adenomas da vesícula biliar podem variar em tamanho (até 20 mm), têm um corpo séssil ou pedunculado, podem demonstrar vascularização interna ao Doppler colorido e são tipicamente solitários. Pólipo único maior que 2cm pode ser sinal de tumor. Pólipos biliares: Ao estudo ecográfico notamos pólipos biliares típicos, que se apresentam imóveis, de contornos regulares e sem formar sombra posterior. Na última imagem estudo Doppler mostra vascularização do pólipo. Polipose biliar caracterizada por nódulos hipo e hiperecogênicos nas paredes da vesícula biliar no ultrassom. Pólipos podem provocar lama biliar e inflamar a vesícula. Um pólipo pode entupir o infundíbulo. 10 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Polipose biliar caracterizada por nódulos com hipossinal nas paredes da vesícula biliar nos cortes axial e coronal em T2 e na sequência colangiográfica mostrando as falhas de enchimento. Pólipos são menos densos que cálculos Pólipos adenomatosos da vesícula biliar em dois pacientes. (a) imagem de um homem de 81 anos com cólica biliar mostra pólipo intraluminal (ponta de seta) com frondes papilares e vascularização interna que provou ser um adenoma na cirurgia. (b) Imagem axial de TC obtida em um homem de 74 anos para avaliar uma hérnia mostra uma grande massa realçada (4 cm) (cabeça de seta) que era diferencial para câncer. Análise patológica do espécime cirúrgico indicou adenoma. ADENOCARCINOMA: O pólipo maligno mais comum da vesícula biliar é o adenocarcinoma primário da vesícula biliar. É a quinta neoplasia gastrointestinal mais comum em todo o mundo, com maior incidência entre mulheres e idosos. O carcinoma da vesícula biliar tem um prognóstico muito ruim porque é frequentemente detectado em um estágio avançado. Tem forte associação com cálculos biliares; inflamação crônica da vesícula biliar e com vesícula biliar em porcelana, com colangite esclerosante. O adenocarcinoma da vesícula biliar é dividido em múltiplos subtipos, sendo o mais comum é a forma papilar. O carcinoma da vesícula biliar tem várias aparências de imagem, variando de uma lesão intraluminal polipóide a uma massa infiltrante substituindo a vesícula biliar, podendo também apresentar-se como espessamento mural difuso. Achados associados, como invasão de estruturas adjacentes, dilatação secundária do ducto biliar e metástases hepáticas ou nodais, podem ajudar a diferenciar um carcinomade uma colecistite aguda ou xantogranulomatosa. Na ausência desses achados associados, pode não ser possível diferenciar um carcinoma de uma colecistite xantogranulomatosa. Câncer de vesícula biliar em um homem de 74 anos. (a) A imagem mostra uma massa de base larga de 3 cm (cabeça de seta) com espessamento focal da parede adjacente (setas). (b) A imagem axial de RM com contraste mostra a massa em forma de fronde (ponta de seta), que demonstra aprimoramento. (c) Imagem axial de PET/CT mostra a massa (cabeça de seta), com intensa captação de FDG (FluoroDesoxiGlicose). À ESQUERDA: Carcinoma da vesícula biliar. O US mostra espessamento generalizado acentuado da parede (pontas de seta), substituindo o lúmen da vesícula biliar. Múltiplos cálculos da vesícula biliar (seta) indicam a provável localização do lúmen preenchido. DIREITA: TC com contraste mostra uma vesícula biliar de paredes espessas (ponta de seta), com infiltração local da massa no fígado adjacente (seta). Vesícula biliar anormal com pedras e lama e uma parede irregular espessada. Massa hepática adjacente a fossa biliar e trombo da veia porta esquerda compatível com invasão tumoral. Vesícula biliar anormal com pedras e lama e uma parede irregular espessada. Massa hepática adjacente a fossa biliar e trombo da veia porta esquerda compatível com invasão tumoral.