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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DOS HOSPITAIS .................................................. 3 1.1 Da Antiguidade até o século XVIII .................................................................. 3 1.2 As mudanças para o hospital moderno .......................................................... 4 UNIDADE 2 - ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR ....................................................... 6 2.1 Conceito, características e seu desenvolvimento .......................................... 6 2.2 O hospital visto como organização ................................................................ 7 2.3 O hospital como foco de gestão ..................................................................... 8 2.4 A capacidade gerencial do administrador hospitalar ...................................... 9 UNIDADE 3 - ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO ADMINISTRATIVA HOSPITALAR ........................................................................................................... 12 3.1 Autoridade e responsabilidade ..................................................................... 12 3.2 Estrutura administrativa hospitalar ............................................................... 15 3.3 O regulamento hospitalar ............................................................................. 15 3.3.1 Os regimentos setoriais ............................................................................. 16 3.3.2 Os manuais de procedimento administrativo ............................................ 17 3.3.2.1 O Manual de Organização Administrativa .............................................. 18 3.3.2.2 O Manual de Normas Técnicas .............................................................. 19 3.3.3 As comissões hospitalares ........................................................................ 20 UNIDADE 4 - FERRAMENTAS OU INSTRUMENTOS DE SUPORTE PARA UMA GESTÃO EFICAZ E DE QUALIDADE ...................................................................... 22 4.1 O que se faz no Brasil com vistas à qualidade ............................................. 22 4.2 Avaliação Externa da qualidade ................................................................... 23 4.3 Avaliação Interna da Qualidade ................................................................... 25 4.4 Os indicadores ............................................................................................. 27 4.5 A satisfação do cliente ................................................................................. 27 UNIDADE 5 - A GESTÃO DO PATRIMÔNIO E SUPRIMENTOS ............................ 29 5.1 Recursos hospitalares .................................................................................. 30 5.2 Recursos humanos ...................................................................................... 30 5.3 Recursos financeiros .................................................................................... 30 5.4 Recursos materiais....................................................................................... 31 UNIDADE 6 - LOGÍSTICA HOSPITALAR ................................................................ 32 6.1 Introdução ao conceito de logística .............................................................. 32 6.2 Motivos que levam à utilização da logística ................................................. 34 6.3 Bens materiais e pacote produto-serviço ..................................................... 35 6.4 O planejamento e o controle de informações, estoque e impactos financeiros dos materiais ...................................................................................................... 36 6.5 Seleção e classificação, simplificação e padronização de materiais ............ 37 6.6 Previsão da demanda .................................................................................. 40 6.7 Reposição dos estoques .............................................................................. 41 6.8 Compras ....................................................................................................... 43 6.9 Armazenamento ........................................................................................... 46 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50 Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2 INTRODUÇÃO Não há dúvidas de que, no mundo atual, as empresas para se manterem competitivas devem se preocupar em obter uma maior padronização de qualquer processo. Com as instituições hospitalares não acontece diferente, mesmo porque, nenhum tipo de investimento é mais importante do que aquele que envolve vidas humanas e os hospitais, palcos cotidianos de situações limítrofes, percebem já algum tempo que precisam empreendem um movimento de modernização, quer seja para atender a demanda, quer seja para ultrapassar as barreiras impostas por crises econômicas, instabilidades político-sociais, globalização, entre outros fatores. Então, esperamos que ao longo desta apostila, alguns conceitos básicos e primordiais para o sucesso de uma gestão eficaz e eficiente sejam entendidos e incorporados, para que obtenham sucesso em sua gestão. Com relação à logística hospitalar, é perceptível para a sociedade, e especialmente para os usuários dos serviços médico-hospitalares, que os hospitais precisam estar sempre preparados para cuidar das demandas extremas. Portanto, gerenciar estoques para atender a demanda, que muitas vezes surge pela porta de emergência, sem marcar hora, tornará o hospital eficaz e eficiente, cumprindo com sua missão e seus objetivos. Enfim, você deverá estar preparado para administrar todo esse processo, com visão de futuro e comprometido com sua instituição. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 3 UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DOS HOSPITAIS Segundo Borba e Lisboa (2006) a origem da palavra “hospital” vem do latim hospitalis, que significa hospitaleiro, acolhedor. Na realidade é um adjetivo de hospes, que significa hóspede, estrangeiro, viajante. Estes termos: hospital e ospedale surgiram do latim primitivo, mas nos primórdios da Era Cristã, quando se pretendia identificar o lugar onde ficavam doentes era comumente chamado de nosocomium, e a recepção de doentes = nosodochium, palavras de origem grega. Watanabe (2007) afirma que desde a Antiguidade, o hospital mantinha uma forte ligação com a igreja, e, também, uma forte vocação altruísta de acolher pessoas, que naqueles tempos já eram marginalizadas pela sociedade vigente, podendo estes ser pobres, órfãos ou peregrinos. Com o passar dos séculos, foi tomando outro sentido, ou seja, assumiu a função de recepcionar e tratar doentes. 1.1 Da Antiguidade até o século XVIII Já nos tempos de Heródoto (480-420 a.C), considerado o Pai da História, encontramos escritos que se referiam a um local, o mercado, onde havia reuniões e conselhos para buscar a cura dos doentes da época. Mas, cabe aos egípcios o fornecimento das primeiras coleções de conhecimento da medicina, escritos em papiros, sendo os mais antigos decifrados até o momento. Ainda não existia referênciaao hospital, mas a classificação de doenças e o emprego de mais de 700 drogas, o que caracteriza a preocupação da civilização da época com a prática médica. Entretanto, havia leis civis e religiosas que recomendavam dar hospitalidade e facilitar o auxílio a desamparados. Aos budistas cabe a propagação das instituições hospitalares, onde registros históricos mencionam que Buda, por volta do ano 543 a.C., iniciou no Ceilão, a construção de vários hospitais. Em Israel, acontecia a mesma situação. Não havia menção a hospital, mas constavam deveres sagrados de proteção aos órfãos e viúvas, hospedagem a estrangeiros e amparo aos enfermos. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 4 Ao chegar à Idade Média, Borba e Lisboa (2006), afirmam que o Cristianismo trouxe uma nova visão humanística, alterando a organização social e as responsabilidades do indivíduo, com isto, desenvolveu-se rapidamente o conceito de serviços gerais de assistência aos menos favorecidos e aos enfermos, chegando ao ponto de Constantino, imperador romano por volta do ano 313 a.C. proclamar a liberação da Igreja Cristã para exercer suas atividades, mas obrigando-a a atender aos enfermos. Como se observa, desde a Antiguidade já havia uma preocupação com órfãos, enfermos e todos aqueles considerados sem sorte, embora não tivéssemos ainda a denominação de hospital e, observem, sempre com a presença da Igreja Cristã. Os primeiros estabelecimentos desse gênero foram as basílias, da fundação de São Basílio, bispo de Cesaréia. Durante as cruzadas, surgiram os hospitalários, ordens diversas de cavaleiros destinados especialmente ao tratamento dos enfermos em hospitais primitivos. Ainda na Idade Média, algumas cidades fundaram hospitais (épocas de grandes epidemias de peste e cólera). Foi só no século XVII que o serviço hospitalar começou a se desenvolver, quando surgiram a Charité de Paris (1602), as Charitas de Berlin (1710), o hospital de Lariboisière, também de Paris (1858), três estabelecimentos que, entre outros mais, fazem jus ao título de verdadeiros precursores dos modernos estabelecimentos hospitalares (MAGALHÃES,1951, p.874 apud COLLINA, 2001). 1.2 As mudanças para o hospital moderno Atualmente e de acordo com Gonçalves (1983) o hospital é parte integrante de uma organização Médica e Social, cuja função básica, consiste em proporcionar à população, assistência médica sanitária completa, tanto curativa como preventiva, sob qualquer regime de atendimento, inclusive o domiciliar, cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar, constituindo-se também, em centro de educação, capacitação de Recursos Humanos e de Pesquisas em Saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente. Ainda segundo o mesmo autor, podemos assim agrupar as funções hospitalares: Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 5 1. Prestação de atendimento médico e complementares aos doentes em regime de internação; 2. Desenvolvimento sempre que possível de atividades de natureza preventiva; 3. Participação em programas de natureza comunitária procurando atingir o contexto Sócio-Familiar dos pacientes, incluindo aqui a educação em saúde, que abrange a divulgação dos conceitos de promoção, proteção e prevenção da saúde. Por outro lado, as regras ditadas pelos novos rumos profissionais obrigaram o mercado a tomar inúmeras ações que vem modificando totalmente o sentido da atenção médica, especialmente nos últimos dez anos. Por um lado, a população tem se conscientizado dos seus direitos enquanto consumidores, ou seja, usuários de serviços, e por outro, alertou os hospitais, quer sejam públicos ou privados, de que precisavam reconhecer a necessidade de melhorar os seus serviços, otimizar os seus recursos e buscar profissionais cada vez mais capacitados. No segmento privado, estas alterações são ainda mais evidentes, pois os resultados comerciais são diretamente afetados pela concorrência, cada vez mais acirrada. Evidentemente, em um país em desenvolvimento, como o Brasil, nem sempre os projetos andam linearmente, dentro dos esquemas previstos. Porém, nota-se cada vez mais que as entidades buscam de todas as formas não apenas se atualizar em termos de tecnologia, mas também aprimorar ao máximo sua equipe profissional, de tal forma que o serviço oferecido à população seja o melhor possível. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 6 UNIDADE 2 - ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR 2.1 Conceito, características e seu desenvolvimento O conceito básico que podemos dar para administração hospitalar seria o conjunto de princípios e atividades que envolvem o planejamento, organização, direção e controle das ações praticadas por gestores de instituições de saúde das redes pública e privada. Em qualquer tipo de organização, essas quatro funções serão encontradas e correlacionadas com os conceitos universais da administração. De acordo com Cobra (2001) citado por Borba e Lisboa (2006), é importante deixar claro que os prestadores de serviço de saúde, no caso uma organização hospitalar, diferem das produtoras de bens, mantendo quatro características básicas: 1 Intangibilidade – caracteriza-se pela ausência de aspectos físicos, que não permitem um exame prévio antes da aquisição do serviço, ou seja, seu produto não pode ser armazenado, não tem aparência estética, gosto ou cheiro. 2 Inseparabilidade – caracteriza-se pelo consumo, que não pode ser separado dos seus meios de produção. Isso que dizer que o produtor de serviços de saúde e o usuário interagem de uma forma que o serviço é consumido pelo paciente ao mesmo tempo em que está sendo produzido. 3 Variabilidade – corresponde ao não estabelecimento de padrões rígidos de desempenho, pois o serviço de saúde, ao mesmo tempo em que é produzido é consumido, ou seja, a variação depende de uma série de circunstâncias que se apresentam no momento da prestação de serviço. 4 Perecibilidade – é o conceito de um serviço de saúde que não pode ser estocado, pois é preciso administrar a demanda em função da oferta. Se há disponibilidade de atendimento médico, odontológico, laboratorial ou hospitalar, faz-se necessário estimular o consumo do serviço, dentro dos princípios éticos. Historicamente, os hospitais eram organizações estruturadas e atendidas por padres e freiras, se constituindo numa prestação de serviços muito simplista, baseada no trabalho gratuito e voluntário. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 7 O desenvolvimento da profissionalização da enfermagem e, por conseguinte,da administração hospitalar, teve grande contribuição da inglesa Florence Nightingale que, na segunda metade do século XIX, durante a guerra da Criméia, instituiu uma série de práticas e procedimentos, tais como divisão de tarefas, princípios de prevenção à infecção, preocupações com higiene, limpeza, roupa e alimentação. Borba e Lisboa (2006) citando Trevizan (1988) salientam que estas medidas tomadas por ela, reduziram de 40% para 2%, o índice de mortalidade. Tais procedimentos se perpetuaram e aperfeiçoaram através dos tempos. Então, em 1929, é criado o primeiro curso de Administração hospitalar, na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos da América. No Brasil, o curso foi aprovado em 1946, pelo então presidente Vargas, conforme projeto apresentado pelo Dr. Theóphilo de Almeida, do Estado de Minas Gerais. Para enriquecimento sugere-se o site do Ministério da Saúde, <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd04_18.pdf>, onde detalhes de tal projeto podem ser encontrados. 2.2 O hospital visto como organização Para Teixeira (1983), o Administrador no hospital tem menos autoridade e poder que em outras organizações, porque o hospital não pode ser organizado com base em uma linha única de autoridade. A coexistência de linhas de autoridade legal, profissional e mista gera um sem número de problemas administrativos. Ele tem quatro centros de poder, a diretoria superior, os médicos, a administração e os demais profissionais, entre os quais destaca-se a enfermagem. Entretanto, numa contradição, a organização formal dos hospitais de modo geral, mostra que a direção superior tem toda a autoridade e a responsabilidade pela instituição. A diretoria delega ao administrador a gerência do dia-a-dia da instituição, o qual delega às chefias dos serviços sua autoridade de comando. O corpo clínico do hospital pode estar subordinado ao diretor e/ou administrador e o médico tem grande autonomia no seu trabalho e também autoridade profissional sobre outros na organização. Tal processo varia entre os tipos de hospitais. Ainda, de acordo com Teixeira (1983), o hospital tem pouco controle sobre seus públicos, principalmente os médicos e os pacientes. O trabalho hospitalar é Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 8 diversificado e com pouca padronização. São pessoas cuidando de pessoas, participando ativamente do processo produtivo. Os serviços de atenção e tratamento são personalizados a cada paciente. Nas situações de emergência, a instituição tem pouca tolerância aos erros. O valor econômico do produto organizacional é secundário ao valor social humanitário. É uma organização especializada, departamentalizada e profissionalizada, que não pode funcionar efetivamente sem uma coordenação interna, motivação, autodisciplina e ajustes informais e voluntários de seus membros. A coordenação de esforços e atividades é importante pela interdependência do trabalho que deve ser realizado. 2.3 O hospital como foco de gestão Peter Drucker (1999) em seu livro “Desafios gerenciais para o século XXI” diz que o gerenciamento na área de saúde é mais complexo do que em qualquer outro tipo de organização. Partindo dessa observação, podemos inferir que compreender a atividade hospitalar como um negócio e equilibrar esse conceito de negócio com a função social do hospital exige uma gestão empresarial ética, comprometida e desafiadora. A administração de hospitais constitui-se numa especialidade complexa e peculiar da administração, por envolver uma união de recursos humanos e procedimentos muito diversificados, tais como engenharia, alimentação, hotelaria, lavanderia e suprimentos e, ainda, a convivência com os complexos cuidados na área de saúde, interagindo com eles a fim de dar aos pacientes condições para sua recuperação. Deste modo, a alta administração tem o importantíssimo papel de facilitar, propiciar e conduzir as transformações. Para tanto é preciso que os hospitais se adaptem ao novo paradigma de qualidade, pois nos tempos atuais, é uma questão de sobrevivência. Dentre outros pontos, é preciso conscientização e entendimento sobre a importância do compromisso com os princípios da qualidade. É preciso buscar a melhoria da qualidade de vida e a satisfação das pessoas, praticando a melhor Medicina, numa Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 9 organização hospitalar auto-sustentável e voltada ao homem em desequilíbrio biopsicossocial. Os profissionais precisam estar comprometidos com propostas de trabalho visando a constantes melhorias nos hospitais porque o real motivo pelo qual existe um hospital é bem claro: as pessoas. São elas que prestam a assistência e usufruem dela, e, portanto, devem ser o foco da Gestão Hospitalar (GONÇALVES, 2006). 2.4 A capacidade gerencial do administrador hospitalar A tarefa básica da administração é fazer coisas e realizar eventos por meio de pessoas. Portanto, a ação humana dá forma ao pensamento e oportuniza a materialização do que se deseja realizar ou alcançar. Logicamente que o homem, como um ser eminentemente social, é o elemento e o fator primordial nos agrupamentos e desse modo, a administração se faz presente, pela organização da ação do homem, visando à interação sistêmica interorganizacional (BORBA E LISBOA, 2006). Ainda sobre a administração, podemos dizer que está alicerçada na lógica e na clareza do raciocínio humano, e deste modo, o administrador precisa assemelhar seu papel ao de um arquiteto, ordenando ideias, sintetizando, equacionando e equalizando o conjunto harmoniosamente, de tal forma que a realidade dos fatos seja alcançada. Ao administrador hospitalar cabe, dentre outros papéis: • Assumir sua função como executivo superior da instituição e adotar um comportamento profissional condizente, pois ele é o responsável direto pela sobrevivência e pelo desenvolvimento da instituição que dirige; • Deve implantar uma administração participativa, dinâmica, criativa e inovadora, capaz de manter a instituição atenta às mudanças ambientais e em condições de responder com agilidade às novas exigências delas decorrentes; • Deve estabelecer e implantar um sistema de aferição e avaliação do desempenho da instituição (quantitativo e qualitativo), a fim de adequá-lo aos resultados programados; Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 10 • Deve dedicar especial atenção à formação do quadro de pessoal da instituição e estabelecer uma política de recursos humanos capaz de manter elevada sua motivação pelo trabalho de qualidade; Essas providências levam o administrador hospitalar a desempenhar relevantes serviços na promoção e no desenvolvimento da administração da saúde, razão primeira da realização do seu trabalho, legitimando seu poder e sua autoridade, tornando-se credores das benéficas inovações que advirão ao processo administrativo dos hospitais e passando a respeitar a vida e a saúde, valores fundamentais da pessoahumana. Entretanto, para que se torne realidade tudo o que foi falado acima, é preciso que atendam a determinados pressupostos, como: • Administrar o hospital em tempo integral (o hospital é complexo demais para ser administrado nas horas vagas ou por períodos isolados); • Assumir a responsabilidade inerente à função, principalmente a responsabilidade pela sobrevivência e pelo desenvolvimento da empresa hospitalar; • Conhecer o instrumento básico do trabalho qualificado, que é o domínio da ciência e das técnicas administrativas; • Assumir a postura profissional exigida pela função, concentrando-se nas atividades prioritárias e fundamentais; • Compor uma equipe de trabalho motivada e comprometida com o desenvolvimento organizacional da instituição; • Fazer da educação continuada, tanto própria quanto da equipe de trabalho, um compromisso permanente em face da organização; • Desenvolver e aplicar uma adequada política de administração dos recursos humanos capaz de desencadear neles o compromisso de seu envolvimento na obtenção dos objetivos institucionais; • Angustiar-se com a obtenção de melhores resultados e com a melhor adequação da empresa ao atendimento das necessidades decorrentes do ambiente empresarial; • Administrar a empresa em função do futuro; Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 11 • Acreditar, profunda e permanentemente que sua ignorância ainda supera em muito sua ciência e que os resultados obtidos ainda são uma parcela limitada dos que poderão advir de um trabalho em maior profundidade. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 12 UNIDADE 3 - ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO ADMINISTRATIVA HOSPITALAR A organização do trabalho hospitalar deve ser encarada com muita seriedade e deve ser planejada de tal forma que obtenha o máximo de eficiência. Nos tempos atuais, não se admite que pacientes sofram as consequências da desorganização dos sistemas técnicos e administrativos de um hospital, ou que venham a ter o agravamento clínico, ou, mesmo, encontrem a morte por falta de material, pessoal, equipamento, ineficiência dos fluxos, ausência de métodos e desestruturação funcional do trabalho no hospital. Deste modo, fica claro a importância da organização de um hospital que deve se pautar num processo sistêmico, lógico e metódico, com vistas a atender sua finalidade máxima. Para guiar o hospital e atingir seus objetivos é preciso planificar suas funções. Os métodos e disciplina para tal, não se iniciam na atividade ou na tarefa em si, antecede a isto. Sua origem se estabelece na própria estruturação organizacional, administrativa e funcional. Contribuem para o sucesso, a autoridade e responsabilidade do gestor bem como de cada chefe de setor e funcionário, o que implica uma estrutura administrativa competente e atualizada, além de uma organização operacional e da implantação de todos os instrumentos que dêem suporte geral. 3.1 Autoridade e responsabilidade Segundo as abordagens de Chiavenato (2000), autoridade é o poder legítimo de realizar tarefas e responsabilidade é a obrigação de realizá-las. Numa visão ampliada, podemos dizer que existe uma relação íntima entre autoridade e responsabilidade, pois a primeira é o ato, o direito, o poder e, a segunda é a obrigação inerente a esse poder e direito. Uma não existe sem a outra e as duas se completam. Neste sentido, o direito, o poder e o comando em si, podem ser delegados, ou seja, estender-se de um para outro órgão, desde que realmente seja possuidor de tal prerrogativa, para que o trabalho se desenvolva natural e eficientemente; Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 13 entretanto, a responsabilidade não é delegável nem aleatória; ela permanece sob a tutela daquele que detém o poder. A descentralização é de vital importância para que a organização flua dentro das necessidades. Nesse ponto, distribuir autoridade é, então, primordial, mas determinar a amplitude correta, ideal é o problema, pois determinar o número ideal de subordinados a um chefe varia de sistema para sistema, de situação para situação e, nessa época de contingências que vivemos, não se pode afirmar princípios nem quantidade absolutas. A determinação dessa amplitude da autoridade e seu tipo de supervisão estão relacionados mais com aspectos operacionais do que com aspectos de resultados e eficácia, portanto, conforme Borba e Lisboa (2006), para que se possa determinar uma amplitude dentro da ótica do ótimo, deve-se considerar, no mínimo, os seguintes aspectos: 1. Diversidade e importância das atividades a supervisionar; 2. Estabilidade das operações; 3. Competência dos subordinados; 4. Aspectos relativos à tecnologia dos setores; 5. Complexidade da empresa; 6. Grau de maturidade e cultura da organização; 7. Funções relativas aos objetivos e às finalidades setoriais; 8. Realização e intensidade de centralização e descentralização; e, 9. Outras atribuições à administração e à supervisão setorial. Quanto aos tipos de autoridade, estes diferem e variam em princípio, forma, liderança, podendo ser classificados em: de linha, funcional e acessória. A autoridade de linha constitui-se a forma estrutural mais simples e antiga. É aquela que deriva de quem tem poder de decisão sobre os subordinados com a faculdade de delegar parte desse poder para que a atividade seja desenvolvida. De qualquer modo, os subordinados precisam saber claramente quem é seu superior hierárquico na cadeia, assim, a disciplina sendo obedecida, evita a ocorrência de conflitos e confusões entre os órgãos da cadeia de comando. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 14 Na autoridade funcional, existe uma linha de comunicação direta, dando maior rapidez às comunicações e informações, descentralizando as decisões e enfatizando os aspectos de especialização e de conhecimentos. Em um hospital ela é claramente visível no funcionamento do serviço médico, onde o profissional determina prescrições tais como dieta, higienização, controles de infecção. Na autoridade de assessoria, também conhecida como autoridade técnica, encontramos pessoas que tem como função, o aconselhamento especializado no auxílio ao desempenho das atividades realizadas no hospital ou das unidades administrativas. As principais assessorias em um hospital podem ser: a) Técnico-administrativa – para orientar na organização e na reorganização do hospital; b) Jurídica – para análises e orientações de contratos de prestação de serviços, locação, compra-venda, cobranças, convênios, alvarás, isenções, litígios, distratos e outros; c) Trabalhistas – para análises eorientações sobre os aspectos trabalhistas, segurança e prevenção, acordos trabalhistas e outros; d) Contábil-financeira – para o exame de contas de escrituração, desempenho financeiro e opções de investimentos; e) Estratégicas – para atuar junto à direção para o aconselhamento e resolução de assuntos político-estratégicos e institucionais (BORBA E LISBOA, 2006). Para finalizar este tópico, salientamos que em um mesmo hospital é encontrados os três tipos de autoridades, muito em virtude da alta especialização do trabalho hospitalar e em razão da situação, contudo, predomina a estrutura de autoridade mesclada entre a linear e a funcional, caracterizando o hospital como hierárquico-consultivo, completo e complexo. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 15 3.2 Estrutura administrativa hospitalar Se partirmos do entendimento que organização é um fenômeno de divisão e síntese, significa que, pela divisão do trabalho, um conjunto de atividades se reparte em funções e tarefas diferenciadas. Existe uma divisão dentro da organização, mas estas se agrupam e se completam no processo de execução. Neste sentido, o princípio da divisão do trabalho determina os planos direcionais do processo organizacional, fazendo surgir os canais de interligação das partes e a noção de hierarquia no conjunto estruturado. Com isto, são definidas as relações comunicativas de autoridade, assunto discutido acima, bem como se originam os níveis de assessoria e autoridade funcional, provocando o mapeamento organizacional, comumente denominado de “organograma”. O hospital é uma empresa por demais complexa e deve admitir que nele há uma gama de pessoas especializadas nas mais diversas funções, o que o torna diferente das demais empresas. Essas pessoas precisam ser classificadas e agrupadas de forma a manter reunidas as funções que possuem características e similaridades em comum, formando assim, os departamentos, serviços, secções e setores entrosados entre si, constituindo assim, a organização lógica e racional do hospital. 3.3 O regulamento hospitalar O Ministério da Saúde define o Regulamento Hospitalar como “ato normativo de caráter estável, baixado pela Administração superior que regula e amplia o Estatuto, para caracterizar a organização nos seus aspectos fundamentais. Contém as diretrizes básicas da organização” Hierarquicamente o regulamento vem abaixo das normas legislativas, tendo como finalidade explicitá-las, complementá-las e detalhá-las. Segundo Borba e Lisboa (2006) a sua existência poderá ser prevista na própria legislação ou no estatuto da instituição, a ser baixada pela direção da entidade mantenedora, podendo também ficar a cargo da direção executiva. O Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 16 Regulamento deve conter dois grupos de prescrição apresentados, um deles versando sobre a entidade mantenedora e o outro sobre o hospital. A parte que trata da entidade mantenedora deve abranger capítulos que tratem da sua denominação e finalidades, administração e departamentos. A segunda seção, que trata do hospital, deverá desenvolver ao menos, os capítulos abaixo. 1. Finalidade do Hospital; 2. Manutenção explícita das fontes de recursos que o hospital deve explorar para manter suas atividades; 3. Organização; 4. Funções das unidades administrativas; 5. Atribuições do pessoal; 6. Do pessoal; 7. Da Assistência; 8. Das disposições finais, gerais e transitórias. Uma vez que o Regulamento é um instrumento normativo de ato e uso da administração em suas relações interna e externas, incluindo terceiros, acaba funcionamento como normas das relações formais da empresa, podendo e devendo conter seções, capítulos, artigos, parágrafos e, quando necessário, números romanos e alíneas. Sem dúvida ele é o instrumento de maior importância no gerenciamento técnico-administrativo e funcional de um hospital, porque nele se incluem todas as normas referentes às atividades. 3.3.1 Os regimentos setoriais Em um hospital, as divisões, os departamentos e serviços são, na verdade, organizações internas e necessitam de instrumentos, chamados regimentos ou manual de normas, elaborados em consonância com os dispositivos regulamentados no instrumento superior e que lhes proporciona formalidade organizacional, legalizando-os para utilização na organização. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 17 São instrumentos de aplicação mais usual, estando sempre à disposição dos envolvidos e têm como finalidade, harmonizar os procedimentos em relação aos aspectos organo-estruturais, facilitando, com isso, o relacionamento formal, ao mesmo tempo proporcionando segurança e garantias aos níveis e fluxos hierárquicos na autoridade e nas comunicações administrativas (BORBA E LISBOA, 2006). Os regimentos mais comumente encontrados são: • Regimento do Corpo Clínico; • Regimento do Departamento Técnico; • Regimento do Departamento Administrativo; • Regimento do Departamento Financeiro; • Regimento do Serviço de Enfermagem; • Regimento de Recursos Humanos; • Regimento do S.N.D. (Serviço de Nutrição e Dietética) • Regimento do Serviço de Prontuários; • Regimento da Lavanderia, Rouparia e Costura; • Regimento do Serviço de Material e Suprimentos; • Regimento do Serviço de Farmácia; • Regimento da Pastoral da Saúde; • Regimento da Comissão Conjunta ou Comissão de Planejamento e Controle Operacional; • Demais Regimentos. 3.3.2 Os manuais de procedimento administrativo A palavra manual é originária da palavra latina manualis, referindo-se a coisa manuseável, ou seja, fácil de conduzir na mão. Na verdade, o manual é um instrumento que compila, agrega e consolida as normas e regras administrativas, organizacionais ou operacionais, permitindo uma consulta bem facilitada, ou seja, é o elemento que cataliza e integra as normas formais de todos os processos da organização. Nós sabemos que todo ser humano vive em grupo e nenhum agrupamento humano pode prescindir de suas normas, leis e condições de organização que o Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 18 mantenham como grupo organizado e em benefício do próprio grupo. Assim, da boa elaboração, divulgação, uso e controle de um manual, depende em grande parte, o sucesso de uma instituição. Outro fator importante com relação aos manuais é mantê-los sempre atualizados e espelhando com clareza e objetividade as diretrizes e normas da instituição, não esquecendo de preocupar e evitar procedimentos e normas rígidas e inflexíveis. Os tipos, a abrangência e os aspectos dos manuais são muitos e variados, cada um cuidandode assuntos pertinentes ao seu ambiente. Dentre os mais comuns encontrados nos hospitais temos: • Manual de organização; • Manuel de Processos Administrativos; • Manual de Sistema de Informações; • Manual de Controladoria e de Auditoria e Gerenciamento da Assistência; • Manuel de Processos Técnicos com: rotinas, normas, roteiros, instruções, procedimentos e outros aspectos de ordem técnico-operacional; • Manual de Gestão de Pessoas; • Manual de Planejamento; • Manual para Contratos e Convênios; 3.3.2.1 O Manual de Organização Administrativa O Manual de Organização Administrativa descreve de maneira formal e organizada, todos os elementos que envolvem a estrutura organizacional e o processo de organização, cobrindo os aspectos de hierarquia, fluxos e métodos organizativos da administração. Dentre as finalidades básicas do Manual de Organização Hospitalar encontramos: • Explicar os objetivos e as diretrizes básicas da organização hospitalar, sua participação no mercado e na sociedade em geral; • Relatar, sinteticamente, a história e a evolução do hospital, devendo realçar o desenvolvimento organizacional e os esforços empregados; Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 19 • Demonstrar a estrutura organizacional da empresa, de forma organizada, coordenada e coerente com os objetivos e finalidades da empresa; • Definir a função, a posição hierárquica, as responsabilidades, as relações de autoridade, os fluxos formais, a amplitude e importância dos departamentos, e, fundamentalmente, a cadeia de comando decorrente da estrutura (BORBA e LISBOA, 2006). Nestes manuais encontramos uma introdução com uma mensagem da diretoria expondo também os motivos que levaram à sua elaboração; os objetivos que se pretende alcançar com a divulgação do mesmo; as finalidades, ou seja, os elementos que se referem à filosofia, política, objetivos, finalidades, metas e diretrizes organizacionais; sua estrutura organizacional demonstrada em organogramas; a descrição pormenorizada de cada setor; a descrição dos cargos, sendo considerado o tópico mais importante, pois localiza os cargos na estrutura, evitando interpretações errôneas e, por fim, as considerações finais onde encontramos mensagens de esperança, confiança e expectativas otimistas em relação ao pessoal e à organização como um compromisso de todos. 3.3.2.2 O Manual de Normas Técnicas O manual de Normas Técnicas, também conhecido como Manual de Instruções é o mais comum nos hospitais, utilizado principalmente nos serviços técnicos e nos serviços médicos auxiliares de diagnóstico e tratamento. O hospital não fabrica ou vende produtos que possam ser estocados ou de venda através de pronta entrega, ao contrário, é uma instituição que presta serviços assistenciais, portanto, seu manual não será compilado em uma forma de técnicas organizacionais, mas de acordo com a promoção e campanhas de saúde mantidas junto à população. Existe nesse sentido, dois tipos de manuais mais comumente utilizados pelos hospitais que são: • O Manual de Instruções e Procedimentos Administrativos, o qual engloba as rotinas e os métodos administrativos de realização do trabalho, em suas unidades, abrangendo o hospital ou detalhando por níveis hierárquicos. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 20 • O Manual de Instruções Técnicas que é elaborado por áreas específicas. Por exemplo: Manual do Laboratório de Análises Clínicas, da Fisioterapia, do Serviço de Radiologia, do Serviço de Nutrição e Dietética, dentre outros. Este manual praticamente é o arquivo mais importante da organização, uma vez que cada técnico e profissional de sua área apresenta-se como um patrimônio, um acervo incomensurável do hospital, depositando nestes manuais toda uma bagagem de vida, portanto, com a saída de algum funcionário do hospital, os manuais guardam essa experiência. 3.3.3 As comissões hospitalares Uma comissão é um grupo de pessoas designado para o estudo e a solução de terminado problema. Acabam por constituir-se numa forma de administrar, quer no plano de assessoria ou consultoria, no funcional técnico ou administrativo, sendo uma ferramenta valiosa da organização em seu processo administrativo, principalmente nos grandes hospitais, onde a decisão depende de conhecimentos técnicos de várias áreas do saber científico. Desde que bem estruturadas, organizadas e com bom planejamento de atividades, metas e objetivos, as comissões podem apresentar inúmeras vantagens, nos seguintes aspectos: • Tomada de decisões e julgamentos grupais favorecidos pelo intercâmbio de opiniões, enriquecimento de ideias, alternativas e amplitude das soluções apontadas; • Facilidade de coordenação com participação conjugada de vários especialistas; • Formação e facilidades de transmissões de informações, de maneira ágil aos principais interessados; • Delegação de autoridade, facilitando o desenvolvimento da tarefa; e • Capacitação técnica sobre o assunto em virtude de reunir vários especialistas envolvidos no problema. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 21 O trabalho das comissões hospitalares, desde as obrigatórias até as criadas por conta de necessidades inerentes à proposta de qualidade desenvolvida em uma instituição, pode constituir elemento decisivo para a disseminação e efetivação de uma iniciativa em prol da qualidade (SCHIESARI E MALIK, 2006). Para liderar a comissão, Borba e Lisboa (2006) inferem que é preciso um presidente com características de um grande coordenador, capaz de vencer as intransigências ou as acomodações dos participantes e, principalmente, com muito ânimo para vencer a “lentidão democrática”, o que é normal acontecer nesse tipo de grupo de trabalho. Ainda de acordo com Schiesari e Malik (2006) em muitos casos, as comissões existem mais para cumprir a legislação, sem que sejam visualizados reflexos reais de sua atuação na prática cotidiana. De fato, sua existência não quer dizer que surtam efeito, portanto, é necessário a formação de uma equipe engajada, que tome decisões, que as ações implicadas nessas decisões sejam perseguidas e que sua implantação seja monitorada para deixar de ser uma instância formal e burocrática. Algumas comissões encontradas nos hospitais de médio e grande porte são: • Comissão de ética médica ; • Comissão de controle de infecção hospitalar; • Comissão de prontuários; • Comissão de verificação de óbitos; • Comissão de controle de eventos adversos; • Comitê de humanização; • Comitê de mortalidade materna e infantil; • Comitê de comunicação. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.22 UNIDADE 4 - FERRAMENTAS OU INSTRUMENTOS DE SUPORTE PARA UMA GESTÃO EFICAZ E DE QUALIDADE São diversos os instrumentos empregados para a melhoria da qualidade das instituições, dos seus serviços e/ou de seus processos. Estes instrumentos podem ser divididos em dois grandes grupos, os chamados modelos de avaliação externa e as ferramentas de avaliação interna da qualidade. Em ambos os tipos, a intenção é avaliar, para, na sequência, agir. O resultado da avaliação orienta os processos de melhoria no sentido de atingir patamares superiores de qualidade do produto ou prestação de serviços. 4.1 O que se faz no Brasil com vistas à qualidade Desde final dos anos 80, o Brasil promove e participa de um amplo debate sobre a qualidade hospitalar, perpassando por modelos considerados estrelas (tentando seguir aqueles utilizados pela rede hoteleira), outros voltados à certificação e esforços no sentido de seguir a acreditação hospitalar. Mas ainda nos anos 90, observou-se que os esforços eram poucos e concentrados geograficamente. Segundo Schiesari e Malik (2006) a acreditação, por exemplo, desde 1990, foi trabalhada por diversos núcleos no país, inspirando-se primeiramente na Organização Pan-Americana de Saúde, chegando-se à constituição de alguns grupos responsáveis por sua difusão e implantação no ambiente hospitalar. Estudo realizado em São Paulo em 2000 mostrou que 23% dos hospitais, em uma amostra de 159 distribuídos entre grandes, médios e pequenos, públicos, privados e universitários, tinham alguma atividade ou programa de qualidade. Embora 28% dessas instituições fossem públicas, 32% das que afirmaram ter “qualidade” eram governamentais, o que aponta uma maior propensão de hospitais públicos para esse tipo de atividade. A partir de tal premissa, foi feita nova pesquisa em São Paulo, em 2003, orientada para 35 hospitais públicos vinculados ao governo do estado na região metropolitana da Grande São Paulo, 21 administrados diretamente pela secretaria e 14 gerenciados por organizações sociais. Nessa segunda pesquisa verificou-se que, dos 25 hospitais respondentes, 76% apresentavam algum tipo de atividade voltada à qualidade. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 23 Isso vem nos mostrar que a preocupação com a qualidade está numa curva crescente, visto o quão importante são estas questões. Schiesari e Malik (2006) apontam algumas informações necessárias para um programa efetivo de garantia da qualidade, na área da saúde, as quais estão reproduzidas no quadro abaixo. Componentes ou fontes de informações de um sistema de qualidade • Relatórios de avaliadores externos (vigilância sanitária inclusive) • Auditorias • Relatórios de gerenciamento de riscos • Relatórios dos departamentos clínicos • Avaliação de determinados serviços e tipos de assistência • Revisão de utilização de recursos • Consultas de repetição • Relatórios de manutenção preventiva • Avaliação da medicina do trabalho • Relatórios de morbidade e mortalidade • Análise de diagnósticos de pacientes egressos • Avaliação do uso de sangue e hemoderivados • Avaliação do uso de laboratório e relatórios do controle de qualidade • Relatórios da farmácia e terapêutica • Avaliação do perfil de uso de medicamentos • Revisão de biópsias • Registro de tumores • Uso de antimicrobianos • Avaliação nutricional • Avaliação de enfermagem • Avaliação de prontuário • Informações sobre o credenciamento dos profissionais Fonte: Kovner e Neuhauser (1990, p. 93) citado por Schiesari e Malik (2006, p. 122). 4.2 Avaliação Externa da qualidade Dentre os modelos de avaliação externa temos a acreditação hospitalar, a certificação e os critérios de excelência. A Acreditação Hospitalar é uma metodologia de consenso, racionalização e de ordenamento dos hospitais e, principalmente, de educação permanente do pessoal de serviço e de seus chefes, com vistas a garantir a qualidade do atendimento e dos serviços de saúde. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 24 A acreditação é um processo ético e que visa a garantia do atendimento e implantação de melhorias contínuas para todos os prestadores de serviços de saúde. Além disso, o Sistema Brasileiro de Acreditação é a única ferramenta de avaliação da qualidade reconhecida pelo Ministério da Saúde. A prática da acreditação hospitalar implica uma visita de avaliação realizada por técnicos especialmente preparados para tal fim, com base no modelo preconizado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). Segundo Schiesari e Malik (2006), muitos hospitais brasileiros têm utilizado o manual da ONA e seus padrões como guias para a auto-avaliação e para o planejamento de ações a serem desencadeadas no futuro próximo. O uso desse manual pode representar o primeiro passo rumo a um futuro processo de acreditação. A auto-avaliação pode ser conduzida dentro de cada serviço e, posteriormente, sistematizada, a fim de denotar a visão institucional. A certificação é baseada na ISO que é a sigla da Organização Internacional de Normalização (International Organization for Standardization), com sede em Genebra, Suíça e que cuida da normalização (ou normatização) em nível mundial. A ISO cria normas nos mais diferentes segmentos, variando de normas e especificações de produtos, matérias-primas, em todas as áreas (existem normas, por exemplo, para classificação de hotéis, café, usinas nucleares, etc.). A ISO ficou popularizada pela série 9000, ou seja, as normas que tratam de Sistemas para Gestão e Garantia da Qualidade nas empresas. O trabalho envolvido no preparo para a certificação é minucioso, uma vez que há necessidade de formalizar muitos processos, seu monitoramento e aprimoramento. A auditoria de certificação é realizada por uma certificadora, mas o processo requer auditorias internas, nas quais uma área deve avaliar a outra. Por fim, os critérios de excelência dizem respeito a prêmios como o Prêmio Nacional da Qualidade e suas vertentes estaduais, tendo na auto-avaliação um instrumento essencial para uma futura avaliação externa. Assim, muitos hospitais utilizam os critérios propostos para sua auto-avaliação e para o aprimoramento constante da gestão. No momento em que determinado patamar é atingido essas instituições se inscrevem para participar do ciclo de premiação. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 25 4.3 Avaliação Interna da Qualidade A avaliação interna corresponde ao desenvolvimento de processos internos, envolvendo diretamente as pessoas com o objeto de estudo. Um exemplo é a metodologia dos ciclos de melhoria continua aplicada através da técnica PDCA (plan, do, chek, act, ou planeje, faça, avalie e consolide). A ideia básica do PDCA é trabalhar em torno de um problema, ou situação, que careça de melhoria, por meio da utilização de um método simples e adequado à gestão cotidiana. Assim, definido o problema, ele deve ser bem estudado e as ações de melhoria devemser planejadas, para, então, serem implementadas. Nesse aspecto, um problema pode ser visto como algo que precisa ser corrigido ou como uma oportunidade de melhoria. Quanto à sua importância, esta pode ser dada por sua elevada frequência, pela magnitude do risco aos pacientes e profissionais ou pelo potencial de insatisfação do cliente. Em termos de inovação, encontramos hoje uma nova maneira de mensurar ou quantificar tais problemas: determinando quantas e quais as queixas relacionadas aos pacientes cirúrgicos, por exemplo, é uma boa maneira de visualizar o que se passa na organização e obter um material precioso para planejar a melhoria desse processo (SCHIESARI e MALIK, 2006). Outra ferramenta que temos é o Brainstorming, destinado a gerar ideias, sugestões criativas, possibilitando a discussão dos problemas entre os membros da equipe. Seu objetivo é obter a opinião de todos os envolvidos no processo, sem julgamentos de valor sobre o que é dito, para justamente não inibir a participação das pessoas. Ainda como ferramenta para avaliação interna da qualidade, encontramos o plano de ação que é a base para concretizar melhorias. Ele serve de referência às decisões tomadas e permite o acompanhamento do projeto. Esse plano de ação nasce da ferramenta 5W2H (what, why, where, who, when, how e how much – o que? Por quê? Como? Quando? Onde? Quem? Quanto custa?) (quadro 1) que aponta de forma clara os elementos necessários à implementação de um projeto (quadro 2). Abaixo um exemplo de aplicação da ferramenta 5W2H. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 26 Why Por que o projeto ou tarefa escolhida deve ser realizada (justificativa)? What O que será feito (etapas)? How Como deverá ser realizada cada tarefa ou etapa (método)? Where Onde cada tarefa será executada (local)? When Quando cada uma das tarefas deverá ser executada (tempo)? Who Quem realizará as tarefas (responsabilidade)? How much Quanto custará cada etapa do projeto (custo)? Fonte: Gonçalves (2006) O quê? Por quê? Como? Quando? Onde? Quem? Quanto custa? Realizar inventário de material existente. Revisar as caixas. Verificar disponibilidade de material. Há caixas com material inadequado. Contagem de instrumental e caixas. Listagem de material por cirurgia com participação das equipes cirúrgicas. Junho. Julho a agosto. Central de material esterilizado. Centro cirúrgico e central. Equipe da central. Cada membro da equipe responsável por uma especialidade. 20 horas de toda a equipe. 20 a 40 horas por especialista. Fonte: Gonçalves (2006) Para finalizar os instrumentos de avaliação interna da qualidade, temos os fluxogramas que representam graficamente todos os passos de um processo, descrevendo-o, através de símbolos, e os 5S, ferramenta japonesa bem recebida pelos hospitais brasileiros. Estas correspondem a uma maneira sistematizada de colocar ordem nos serviços e setores. Ela organiza o espaço físico, estimulando as pessoas a manter seu espaço de trabalho em ordem. Os 5S são: Seiri – senso de organização; Seiton – senso de ordem; Seiso – senso de limpeza; Seiketsu – senso de padronização; Shitsuke – senso de autodisciplina. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 27 4.4 Os indicadores O monitoramento das atividades pode acontecer por meio dos indicadores, que não é uma proposta nova, mas bem valorizada para mensuração de antes e depois e os avanços das ações de melhoria, em se tratando da gestão de qualidade. Entretanto, o fato de existir uma gama de indicadores, tornou-se difícil escolher aqueles mais importantes e condizentes com a realidade. Entre os modelos mais conhecidos, nós temos os indicadores do CGQ – Sistema de Indicadores Padronizados para Gestão Hospitalar e do Sistema Integrado de Indicadores Hospitalares da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp). Kaplan e Norton criaram o balanced scorecard (BSC) com o intuito de, pelo emprego da visão sistêmica, reduzir o insucesso de implementação das estratégias, buscando um equilíbrio entre diferentes indicadores, uma vez que a confiança exclusiva em indicadores financeiros estaria induzindo as empresas a opções errôneas. A título de exemplo nós temos os indicadores propostos pela Anahp, que são: taxa de ocupação; tempo médio de permanência; mortalidade geral; funcionários por leite crítico e não-crítico; índice de rotatividade; índice de absenteísmo; horas de treinamento por funcionário; frequência de acidentes de trabalho em 10.000 horas; índice de glosas; taxa de inadimplência sobre a receita e índice de escaras. 4.5 A satisfação do cliente A princípio, a satisfação do cliente era apenas um indicador, mas veio ganhando vida própria e passou a se destacar dentro da gestão de qualidade. Não sem razão é claro, pois em tempos atuais percebe-se claramente que os mesmos estão mais críticos, participativos e cobram seus direitos em todos os setores da sociedade e a todo o momento. A opinião e satisfação do cliente têm sido utilizadas para comparar diferentes atores e situações: desde programas ou sistemas de saúde; a qualidade da assistência; aspectos da assistência que carecem de mudanças ou melhorias; até a intenção dos pacientes de não mais utilizar determinado serviço de saúde. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 28 A pesquisa recebe os mais variados nomes pelo país, dentre eles nós temos a “pesquisa de satisfação” e “opinário”. Outro fator importante quando da pesquisa de satisfação é levar em consideração os diferentes aspectos: características demográficas, pessoais, experiências anteriores, expectativas, resultados, recursos físicos do serviço de saúde, percepção e respeito da gestão hospitalar, do tempo de internação, das características do hospital e da doença. Isso nos leva a observar que a satisfação é um conceito complexo e para utilizá-lo é preciso entender suas vantagens e limitações. Segundo Schiesari e Malik (2006), a maior parte dos estudos sugere que o paciente é pouco crítico com os serviços prestados. A satisfação do cliente tende a ser alta, normalmente acima de 90%. Por isso, os gestores não deveriam se sentir recompensados com resultados próximos a 80%. Pelo contrário, deveriam acompanhar mais de perto os 20% insatisfeitos. Nos hospitais brasileiros, os serviços costumam ser avaliados pelos seguintes questionamentos: a) Recepção; b) Atendimento geral; c) Atendimento de enfermagem; d) Atendimento médico; e) Alimentação; f) Higiene; g) Acomodações. Estes serviços são avaliados segundo diferentes escalas que vão de ótimo a ruim, utilizando ainda notas, “caretinhas”, totalmente satisfeito a totalmente insatisfeito, concorda ou discorda, etc. O que importa ao final, é colher informações que possam ser utilizadas para melhorar os serviços prestados ao paciente. Todos os direitos reservadosao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 29 UNIDADE 5 - A GESTÃO DO PATRIMÔNIO E SUPRIMENTOS Enquanto a discussão sobre gestão de suprimentos caminha a passos largos, a gestão patrimonial é um assunto pouco estudado na literatura técnica contemporânea. Até poucos séculos atrás, o principal patrimônio valorizado era a terra. Com o advento do comércio em grande escala, os metais preciosos, e, mais tarde, na era industrial, os equipamentos passaram a constituir bens relevantes. Ainda assim, a expressão patrimônio remonta à imagem de latifúndio, de atividade estática. Patrimônio é conceituado como o conjunto de bens e direitos, tangíveis ou intangíveis, de uma pessoa física ou jurídica. Os bens patrimoniais são todos os recursos que permitem à empresa desenvolver suas atividades. Se não forem corretamente adquiridos, conservados e preservados, a entidade não poderá exercer suas funções satisfatoriamente (MACHLINE E CARREIRA, 2006). Os objetivos da gestão do patrimônio são: • Maximizar o valor do patrimônio existente, por meio de medidas de preservação e controle adequados; • Maximizar o uso do patrimônio, mantendo-o sempre disponível para uso, em perfeitas condições. É preciso entender que os bens patrimoniais são aqueles pertencentes ao ativo permanente e com vida útil superior a um ano. Quando a vida útil é inferior a um ano, são classificados como material ou bem de consumo. Por exemplo, roupas de cama, ferramentas manuais e termômetro de mercúrio, que raramente sobreviveriam mais de um ano num hospital. O gestor precisa levar em conta para cada item, o valor e duração provável em termos de quebra e furto. Como por exemplo: um oxímetro é bem patrimonial; um esfingmomanômetro fixo também. Mas, o esfingmomanômetro portátil é um bem de consumo. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 30 5.1 Recursos hospitalares Para que os hospitais alcancem suas metas, não basta apenas serem administrados eficientemente, devem ser conduzidos de forma eficaz, ou seja, utilizando todas as metodologias, ferramentas e recursos disponíveis. Principalmente no caso dos hospitais públicos, os recursos geralmente são escassos e as necessidades infinitas, por isso, usados com eficiência e eficácia, poderão obter melhores resultados, que no final, é o atendimento à saúde pública. Na visão moderna, além de seu objetivo geral que é melhorar as condições físicas e mentais dos cidadãos, ele deve proporcionar benefícios indiretos como o aumento da capacidade produtiva da população economicamente ativa, cuja contribuição para a economia do país é bastante óbvia (BARBUSCIA, 2006). 5.2 Recursos humanos Em qualquer empresa, a administração dos recursos humanos é algo complexo, não sendo diferente no setor hospitalar, principalmente por constituir-se de uma enorme variedade de funções, considerando que todas as atividades, inclusive as considerações técnicas e operacionais, requerem grande capacidade de gestão administrativa. Por isso, quanto mais claros e conhecidos forem os processos de trabalho, mais facilmente serão desempenhadas as atividades a eles inerentes. O capital humano, na gestão hospitalar, é um conjunto de fatores que afeta a estrutura organizacional, no qual os funcionários são agrupados conforme a especialidade, o processo de trabalho e a forma como atuam no contexto geral. Deste modo, é preciso agregar a força de trabalho, e o resultado a ser alcançado, será a eficácia desse recurso para atingir os objetivos e metas do hospital. 5.3 Recursos financeiros Não há como duvidar que para a sobrevivência do hospital, ele precisa coordenar esforços para sua saúde financeira, ou seja, o hospital precisa apresentar resultados financeiros, como os esperados de uma atividade empresarial, embora tenha a missão de cuidar e salvar vidas. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 31 Ele precisa ser visto, em última instância, como um prestador de serviços, cujo sucesso, do ponto de vista financeiro, é manter o equilíbrio entre custeio e receita, para o bem de sua saúde financeira. Para que isso seja possível, é necessário haver um mínimo de infra-estrutura físico-financeira que permita gerenciar os recursos adequadamente diante das necessidades sempre crescentes do hospital. Enfim, em termos gerais, a atividade financeira em qualquer organização concentra-se em conseguir resultados positivos que permitam desenvolver suas atividades, sempre buscando o aprimoramento, sem, contudo, prejudicar os resultados conquistados (BARBUSCIA, 2006). 5.4 Recursos materiais Os recursos materiais são igualmente importantes para que os hospitais viabilizem sua atuação, permitindo o atendimento público. Segundo Barbuscia (2006) atender às necessidades das pessoas significa não somente dispor de pessoal técnico adequado, como também de equipamentos hospitalares, medicamentos e outros materiais em quantidade suficiente e no momento adequado. Para que isso ocorra de maneira satisfatória, é fundamental uma adequada infra-estrutura de suprimentos, sem a qual o desempenho da instituição, assim como a saúde do paciente, ficam seriamente prejudicados. Genericamente, quando se fala em materiais, em gestão hospitalar, inclui-se também, além dos materiais de manutenção em geral, os medicamentos da farmácia, os alimentos do setor de nutrição e dietética, os materiais do setor de lavanderia e os materiais médico-hospitalares. Reservamos o capítulo seguinte para tratar exclusivamente da logística de distribuição dos insumos às áreas solicitantes. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 32 UNIDADE 6 - LOGÍSTICA HOSPITALAR 6.1 Introdução ao conceito de logística Cada vez mais temos ouvido em todos os meios empresariais, o uso da palavra logística, e indo mais longe, ela tem sido exposta como responsável pelo sucesso ou insucesso de uma organização. Contudo, observamos também, que no mercado muito pouco se sabe sobre as atividades logísticas e como as mesmas devem ser definidas nas organizações. Para dar início às nossas discussões sobre essa função tão presente e utilizada, vamos conceituar logística. Começando pelo dicionário Aurélio, encontramos Logística, uma palavra que vem do francês logistique e tem como uma de suas definições, “a parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realização de: projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material (para fins operativos ou administrativos)”. Ferraes Neto e Kuehne (2007) definem como sendo a junção de quatro atividades básicas: aquisição, movimentação, armazenagem e entrega deprodutos. Para que essas atividades funcionem, é imperativo que as atividades de planejamento logístico, quer sejam de materiais ou de processos, estejam intimamente relacionadas com as funções de manufatura e marketing. “Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo de armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes” (COUNCIL OF LOGISTICS MANAGEMENT). A logística pode ser vista como uma ferramenta com o potencial de desenvolver a efetividade da organização propiciando a introdução de inovações estratégicas capazes de melhorar o serviço prestado ao cliente, limitando ao máximo os custos operacionais. Uma das possibilidades de inovação ocorre pela coordenação das atividades ao longo da cadeia e do processo de suprimento como um todo. A logística remonta pelo menos ao século 19 quando um engenheiro francês enunciou como substituir custos de transporte por custos de estocagem. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 33 Dupuit, em 1844, desenvolveu um processo decisório para a escolha entre modais de transporte rodoviário e aquaviário considerando a estocagem entre essas variáveis. Atualmente se trata de uma das técnicas de gestão essenciais para as organizações operarem num mundo globalizado (SOUSA, 2007). De acordo com Sousa (2007), manter uma estrutura organizacional de atividades tão diversas, dinâmicas, e com objetivos tão complexos como nas empresas prestadoras de serviços não é uma tarefa simples e fácil. Há a necessidade de uma boa estrutura física, um acompanhamento sistemático das evoluções tecnológicas e uma excelente efetividade operacional. Obter esta efetividade operacional nas empresas prestadoras de serviço, na área de material, passa pela definição do melhor momento da compra, armazenamento e distribuição dos recursos materiais utilizados nas atividades desenvolvidas dentro da organização. As organizações implementaram mudanças em sua gestão com o desenvolvimento das novas tecnologias de informação, fazendo com que atinjam seus objetivos de maneira econômica e rápida. Para Sousa (2007), um bom sistema informatizado na gestão de material ajuda a empresa realizar políticas mais eficientes de compra, armazenamento, e distribuição, isto porque permite que ela identifique rapidamente os parâmetros ideais de ressuprimento para uma reposição de seus estoques de forma semi-automática. Existem inúmeros benefícios do gerenciamento da logística interna nas organizações prestadoras de serviço. Dentre elas, Sousa (2007) destaca as seguintes: A - Aumento da eficiência operacional com a diminuição dos custos. O número de pedidos processados tende a aumentar fazendo com que a empresa absorva a filosofia do just in time. B - Manutenção e crescimento no número de clientes. Quando os produtos passam a não faltar durante o processo de prestação do serviço ao cliente, este percebe que a empresa mantém padrões de qualidade que são incorporados aos serviços, agregando assim valor para ele. C - Preservação do meio ambiente. Um dos maiores desafios de toda a sociedade contemporânea é a preservação do meio ambiente. O sistema de Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 34 ressuprimento ideal não tem por objetivo somente a redução dos custos e o aumento na agilidade dos processos, mas também evitar que ocorra prejuízo pelo armazenamento em excesso ou subutilização dos materiais. D - Mudanças no comportamento das empresas fornecedoras ao longo do tempo. 6.2 Motivos que levam à utilização da logística No caso das instituições hospitalares, com certeza o principal motivo que leva à utilização da logística é o resultado causado pela falta de um insumo na rede hospitalar que pode, numa situação extrema, levar a óbito o paciente. Mas existem outros motivos, outras perdas que podem afetar vários departamentos e por fim, as relações custo-benefício e o insucesso financeiro de um hospital. Estas perdas poderiam ser o desperdício por mau uso, evasão, avaria ou prazo de validade vencido. Em relação ao desperdício, este pode ser causado pela falta de gestão dos fluxos de materiais dentro do hospital, uma vez que a sua distribuição pode acontecer através de critérios empíricos e sem controle real do consumo, causando abastecimento desigual e consumo excessivo de material, devido ao excesso de disponibilidade dos mesmos e trocas entre áreas que causam perda da rastreabilidade dos materiais dentro das áreas. Sobre a falta de planejamento, quando acontece no setor de suprimentos, pela falta de informação real do consumo da unidade, sendo as compras baseadas em previsões equivocadas e gerando excesso de estoque de alguns produtos e falta de outros, acaba acarretando, consequentemente, desperdício e desabastecimento e indo mais além, podem desencadear uma sequência de erros em outras unidades. Recursos humanos desqualificados, equipamentos desatualizados, falta de sistema de informação e baixa capacidade resolutiva, acentuam os problemas de gestão do fluxo de materiais, contribuindo para o desperdício e o desabastecimento. Enfim, vários são os motivos que levam à implementação de processos de trabalho a fim de garantir o atendimento eficiente, humanizado e digno, atenuando a pressão do desabastecimento que afeta de médicos a enfermeiros, de auxiliares de limpeza a nutricionistas, com vistas a: Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 35 • Padronizar o consumo, reduzir e otimizar estoques; • Melhorar as formas de armazenagem; • Garantir dados quantitativos e qualitativos confiáveis ao Setor de Compras; • Economizar um importante valor em custos diretos de pessoal, materiais e sistemas, e indiretos de compras erradas, desperdício, armazenagem inadequada, horas de enfermagem usadas nas tarefas de gestão e controle de materiais. Disponibilizar nas áreas solicitantes em tempo hábil os materiais e medicamentos necessários ao atendimento dos pacientes é a função básica da logística. 6.3 Bens materiais e pacote produto-serviço Por bem material, entende-se qualquer coisa constituída por matéria, ou seja, qualquer coisa que possui massa. Especialidades farmacêuticas, fios cirúrgicos, gêneros alimentícios, cateteres, gases medicinais, respiradores, vaporizadores, instrumentos cirúrgicos, balanças, compressores, móveis e utensílios são exemplos de bens materiais, mas apenas alguns, pois a lista é extremamente grande. Como falamos no capítulo cinco, os bens materiais podem ser classificados em bens de consumo e bens patrimoniais, sendo os primeiros tratados integralmente pela administração de materiais. A administração de materiais lida com os materiais que circulam pela organização, ou seja, eles são adquiridos e consumidosdurante os processos realizados pela organização, podendo ser ou não estocados em diferentes locais e momentos. Muitos deles não são consumidos integralmente, podendo retornar ao fluxo após passar por processos de higienização, a exemplo dos campos cirúrgicos, cateteres, etc. Alguns deles, ao serem consumidos, passam a integrar os custos diretos do hospital, sendo que, uma vez adquiridos, porém ainda não utilizados, eles integram a conta estoque no Balanço Patrimonial da organização, uma das contas que integram o ativo circulante. Sobre os estoques podemos dizer basicamente que são constituídos de todo material mantido pela organização para atender a uma demanda futura. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 36 Assim, enquanto a administração dos bens de consumo baseia-se na lógica da circulação dos fluxos, a administração dos bens patrimoniais baseia-se na sua permanência e conservação. Alguns bens materiais suscitam dúvidas quanto à sua correta categorização, como certos instrumentos de trabalho, utensílios e peças de reposição. Entre os critérios para solucionar impasses dessa ordem estão o valor do bem e o tipo de uso. A rigor, bens que se destinam a uso repetitivo e permanecem por muito tempo antes de serem descartados, deveriam ser considerados patrimoniais. Para Barbiere e Machline (2006), apesar de lógicas, objetivos e recursos distintos, essas duas administrações especializadas interagem em diversos momentos. Pontos importantes de interseção entre elas são as atividades de compra, pois quem compra um tipo de material pode comprar o outro, embora haja muita diferença nos processos de compra entre eles. As decisões sobre certos materiais de consumo a serem adotados pela organização devem levar em conta os bens patrimoniais em que serão utilizados. Em relação ao pacote produto-serviço, pode-se dizer que é o conjunto de bens tangíveis e intangíveis em diferentes proporções, ou de serviços que uma organização oferece aos seus clientes. Nos hospitais, esse pacote é formado pelos serviços médicos e correlatos, pelos bens patrimoniais (instalações, equipamentos e outros presentes no local onde o serviço é prestado) e pelos bens materiais que dão suporte aos serviços. 6.4 O planejamento e o controle de informações, estoque e impactos financeiros dos materiais Quanto maior for a capacidade do hospital em gerir os materiais de forma adequada, maior será a sua capacidade de oferecer à sua clientela bens e serviços de qualidade com baixos custos operacionais. No caso dos hospitais, é preciso evitar o excesso e a falta de materiais, duas situações prejudiciais ao bom desempenho da organização, pois geram gastos adicionais que não agregam valor aos serviços prestados por motivos diversos. A falta de material pode provocar a paralisação dos serviços, com todos os problemas decorrentes, como por exemplo, se faltar em um momento necessário, Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 37 obriga a instituição a incorrer em gastos adicionais para realizar compras urgentes que, via de regra, são mais dispendiosas que as compras normais, além de prejudicar a sua imagem entre a clientela atual e potencial. Por outro lado, o excesso não é menos nocivo, pois dentre outro problemas, pode estar gerando despesa financeira desnecessária, depósitos maiores que elevam as despesas, perdas por perecibilidade e obsolescência. Em relação aos impactos financeiros, quanto mais longo for o tempo em que os materiais permanecerem dentro do hospital, maior será o montante de capital aplicado em estoques. Desse modo, o estoque médio e o giro dos estoques são as primeiras informações a serem obtidas do ponto de vista financeiro para orientar o planejamento e o controle de suprimentos de materiais, dentro da uma abordagem logística. 6.5 Seleção e classificação, simplificação e padronização de materiais Em qualquer organização, a administração de materiais tem por objetivo primário, disponibilizar o material certo, na quantidade certa e no tempo certo para o seu usuário, quer seja ele cliente interno ou externo. Barbieri e Machline (2006) afirmam que em relação à escolha do material certo, torna-se necessária a realização de um conjunto de atividades, denominadas genericamente de seleção e classificação de materiais, cujos principais objetivos específicos são os seguintes: • Identificar o material certo para o usuário e a organização; • Organizar o processo de aquisição, guarda e manuseio dos materiais; • Facilitar a comunicação com fornecedores, usuários e os setores contábil e financeiro; • Estabelecer instrumentos de planejamento e de controle apropriados; • Reduzir custos com materiais; • Melhorar o nível de serviço. Os hospitais, dependendo de sua especialidade e complexidade, movimentam em geral, um universo em torno de 5 a 7 mil itens. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 38 Estes itens geralmente são classificados segundo sua natureza e aplicação, segregando os materiais para facilitar seu controle, uma vez que cada categoria deverá ser gerenciada de forma diferenciada. Classificação segundo a natureza dos materiais Classificação segundo a aplicação dos materiais Material geral; Material médico-hospitalar; Medicamentos; Equipamentos. Itens de consumo regular; Itens de consumo ocasional ou esporádico; Itens de consumo único ou de aplicação direta; Itens patrimoniais. De acordo com Barbuscia (2006) essas classificações permitem planejar as compras da melhor forma possível em termos de prazo, preço e qualidade. Em relação à especificação, atividade voltada para a identificação e individualização dos materiais, ela vem definir os requisitos que um material, produto ou processo deve apresentar para cumprir uma dada finalidade. Os elementos constantes numa especificação são muito importantes para identificar um produto ou processo sem equívocos, eliminando confusões entre produtos similares e facilitando a comunicação entre pessoas. Deve-se observar os seguintes critérios: • Descrever o material do geral para o particular; • Apresentar todos os dados necessários para identificá-lo de modo inequívoco; • Evitar características desnecessárias ou redundantes; • Usar terminologia padronizada. Como exemplo de especificação temos: álcool absoluto etílico P.A. 95%, frasco com 1.000 ml. Uma tática de descrição de materiais pode passar pela utilização da seguinte estrutura básica: nome básico / nome modificador / características físicas / unidade metrológica / identificações suplementares. Para medicamentos, as especificações devem conter, entre outros elementos: denominação genérica do produto / forma farmacêutica / concentração / prazo de validade / registro no Ministério da Saúde / tipo de embalagem. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzidaou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 39 Dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), as prescrições devem usar obrigatoriamente a Denominação Comum Brasileira (DCB), ou, na sua falta, a Denominação Comum Internacional (DCI). A simplificação busca reduzir a variedade desnecessária de materiais que atendem às mesmas finalidades. Como os fabricantes estão sempre oferecendo produtos novos e similares, é preciso proceder a uma rigorosa avaliação das opções existentes para selecionar as mais convenientes para o usuário, mesmo porque, quanto mais variedade de produtos com mesma finalidade, maior será o estoque médio da organização e, por conseguinte, maior volume de recursos aplicados na aquisição e manutenção dos materiais. Nos hospitais, a inclusão ou exclusão de um medicamento deve ser realizada de acordo com um processo de seleção estruturado a partir de uma política de seleção de medicamentos e itens afins visando: • Redução da variedade desnecessária, ou seja, menor número de fórmulas farmacêuticas; • Qualidade farmacológica em consonância com as normas da vigilância sanitária; • Garantia das prescrições médicas. Dentre os critérios básicos para reduzir a variedade desnecessária temos a qualidade, o preço e as condições de fornecimento, bem como a margem de contribuição relativa (MCR), dada pela seguinte fórmula: MCR = Margem de contribuição - Preço - Custo Preço Preço Padronização de materiais é o processo pelo qual a organização torna obrigatório o uso, a compra ou a produção de um certo material. Ela resulta das atividades de especificação e simplificação. Os objetivos da padronização são: • Reduzir os custos de obtenção dos materiais, vindo a gerar reflexos sobre o nível de estoque e, consequentemente, sobre o giro do mesmo, bem como sobre os custos de efetuar as compras. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 40 • Facilitar as operações de compra e as interações com os fornecedores; • Reduzir os custos de produção e de manutenção de estoques; • Facilitar as operações de transformação, de armazenagem e de transporte e manuseio. Dentre as ferramentas de análise e gestão de materiais temos o método da curva ABC, que relaciona a quantidade de itens com seu consumo e seu custo unitário, medindo os resultados em relação aos planos na perseguição das metas; a classificação XYZ, método de análise qualitativa que determina a criticidade dos materiais e medicamentos no hospital, ou seja, os produtos são analisados segundo sua importância (os que farão mais falta ou tem dificuldade de ser adquiridos) tendo entre outros objetivos, auxiliar no estabelecimento de políticas de estoque e lotes de compras. Nos dias atuais a Gestão de materiais é quase toda executada por meio da informática, existindo softwares desenvolvidos especificamente para essa finalidade. Suas vantagens são óbvias, principalmente porque propicia mecanismos automáticos de acompanhamento e controle dos materiais. 6.6 Previsão da demanda A previsão da demanda é um processo pelo qual se procura antever o que irá acontecer no futuro, para antecipar as providências necessárias para atender aos objetivos que consistem em prover o usuário do material certo, na quantidade solicitada e nas melhores condições operacionais e financeiras. A previsão faz parte do planejamento da organização e, quanto melhor for a capacidade de antevisão das demandas futuras, tanto melhor será o desempenho da gestão de material. É óbvio que planejar, é sempre uma atividade voltada para o futuro, e este, só se pode prever, daí, segundo Barbieri e Machline (2006) vem a importância das previsões de modo geral e da demanda em particular. Os mesmos autores acima conceituam demanda como a quantidade de um bem ou serviço que as pessoas estariam dispostas a adquirir sob determinadas condições, existindo várias dimensões em qualquer previsão de demanda, dentre elas a dimensão do produto, dispersão espacial e temporal. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 41 No caso dos hospitais, pode-se considerar apenas a demanda espacial, de curto prazo, que pode variar desde o próximo mês até no máximo um ano à frente. Esse processo de previsão sempre irá contemplar: informações, hipóteses sobre o futuro, método de previsão, interpretação, uso e avaliação. Vários dos métodos envolvem cálculos e estatísticas. Sugere-se maior aprofundamento no livro “Logística Hospitalar: teoria e prática” de José Carlos Barbieri e Claude Machline, o qual traz pormenorizado os vários métodos e suas fórmulas de previsão. 6.7 Reposição dos estoques Sistema de reposição de estoques é o conjunto articulado de informações processadas capazes de garantir o suprimento de materiais necessários ao atendimento da demanda com o mínimo custo possível. Para construir esse sistema é preciso manipular diversos tipos de informações como itens que devem ser estocados, demandas previstas, prazos de entrega dos fornecedores, classificação dos itens, objetivos e metas para a administração de materiais, tais como giro de estoque desejado, nível de serviço desejado e metas de redução dos níveis de estoque. Deste modo, qualquer esquema pelo qual os estoques são repostos, deve responder a duas questões fundamentais: Quando repor os estoques? Quanto repor a cada pedido? Percebe-se que o sistema estabelece quando as ordens de compra devem ser emitidas. Segundo Barbieri e Machline (2006), no caso dos hospitais, eles utilizam as duas formas de demanda existentes: a independente e a dependente. A demanda independente tem relação com os medicamentos, os suprimentos de enfermagem, os itens de alimentação, os materiais administrativos e as peças de reposição, ou seja, a demanda é gerada no mercado, isto é, fora do sistema produtivo. A demanda dependente ocorre nos casos das matérias-primas usadas para a produção ou a manipulação de bens de consumo no próprio hospital. Como exemplo, nós temos a produção de um medicamento via manipulação de insumos Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 42 farmacêuticos nas dependências do próprio hospital. Outro exemplo é a compra de detergentes e desinfetantes concentrados para proceder à sua diluição à medida que for necessário. As matérias-primas, embora sejam itens de demanda dependente, pois sua demanda, se dará conforme a programação da produção dos itens, que as compõem, poderão ser tratadas como se fossem independentes, caso sejam de pouca monta ou restrita a uns poucos itens. A decisão sobre quando comprar refere-se ao momento em que o processo de compra é desencadeado; é o início do processo de compra, podendo ocorrer em períodos fixos predeterminados ou em períodos variáveis. Para as quantidades a serem adquiridas tambémnão há meio-termo, ou são previamente fixadas ou são variáveis. É preciso discorrer um pouco sobre o estoque de segurança, estoque mínimo ou ainda, estoque de reserva, que já tem no nome seu objetivo, ou seja, é a quantidade de material estocada, além do estoque operacional, para reduzir o risco de falta, em decorrência de aumento imprevisto da demanda, atrasos nas entregas dos fornecedores externos e internos, quebras de máquinas e outros eventos fortuitos. Quando os fornecedores efetuam entregas frequentes e regulares, estão contribuindo para reduzir o risco de falta e o tamanho do estoque de segurança ou até mesmo a sua necessidade. Não custa lembrar que estoques desnecessários representam custos adicionais para o hospital na medida em que elevam os estoques médios e não agregam valor, podendo muitas vezes, esconder problemas administrativos e operacionais. Dentre os vários sistemas de reposição, encontramos em Barbieri e Machline (2006), o sistema do ponto de pedido e o sistema de revisão periódica, os quais apresentam vantagens e desvantagens. O sistema do ponto de pedido é do tipo lote fixo e período variável. O início de um processo de compra ou de produção ocorre sempre que o estoque existente atingir um determinado nível preestabelecido, denominado ponto de pedido, ponto de suprimento ou de encomenda. Já o sistema de revisão periódica é do tipo período fixo e lotes variáveis. Nesse sistema, o nível dos estoques é revisto em intervalos regulares de tempo e as Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 43 quantidades das ordens de compra são variáveis, pois dependem do estoque existente no momento da revisão. Abaixo temos um quadro sintetizando as vantagens e desvantagens desses sistemas. Sistema Vantagens Desvantagens Sistema do ponto de pedido -Permite usar o lote econômico que minimiza o custo total de um item; -Gera menos estoque médio, pois este é dado apenas em função do prazo de espera. Portanto, tende a gerar um CMA (custo de manter anual) menor do que o sistema de reposição periódica; -O sistema incorpora a sazonalidade, de modo que não é preciso se preocupar com ela. -O sistema gera solicitações de compra aleatórias, o que dificulta programar a carga de trabalho do departamento de compras. Por isso, tende a gerar um COA (custo de obter anual) maior do que no sistema de reposição periódica; -A chegada aleatória de solicitações dificulta a emissão de pedidos contendo vários itens para um mesmo fornecedor, o que não favorece a obtenção de descontos. Sistema de revisão periódica -Permite elaborar calendários de compras, facilitando o planejamento das atividades do departamento de compras e reduzindo o custo anual de obter; -Permite estabelecer uma política de compras baseada nas classificações ABC e XYZ combinadas. -O estoque médio fica maior do que no sistema do ponto do pedido, pois leva em conta o prazo de revisão e o de espera; -Quando há sazonalidade expressiva, é preciso considerá-la na hora de determinar os parâmetros do sistema. Fonte: Barbieri e Machline (2006, p. 182) 6.8 Compras A função compras tem por finalidade adquirir e suprir os materiais e medicamentos necessários ao desempenho operacional, na quantidade correta e ao menor custo, abastecendo seus centros de consumo no momento certo, com a melhor qualidade possível. Já a função contratação visa principalmente adquirir serviços de apoio ou específicos, necessários ao suporte das atividades fundamentais do hospital, de modo a assegurar sua continuidade e manutenção com a qualidade desejada. Dentre os objetivos da função compras tem-se: • Estabelecer um fluxo contínuo de suprimentos, atendendo às necessidades do hospital em sua prestação de serviços; Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 44 • Adquirir material de boa qualidade, ao menor preço possível, na quantidade desejável e no tempo certo; • Manter bom relacionamento comercial com os fornecedores, assegurando a boa atuação destes, no que diz respeito a prazos de entrega, qualidade dos produtos e condições de pagamento; • Desenvolver novas fontes de fornecimento, por meio de uma política de compras dinâmica e eficaz; • Elaborar e manter atualizados os cadastros de fornecedores e produtos. A seguir temos um fluxo geral da função compras, que ilustra bem o fluxo de trabalho, a sequência das atividades inerentes á função, relevando suas principais atividades. Planejamento (demanda) Reposição (consumo) Especificação Preços máximos Condições de pagamento Requisição (necessidade) Pedido de suprimento Empenho Prepar./Divulg. de licitação Abertura de licitação Análise da proposta Declar. De vencedor Publicação Contrato Fonte: Barbuscia (2006, p. 209) No caso dos hospitais públicos, o suprimento, a compra de medicamentos e serviços será sempre solicitado por um pedido de suprimento formal, atendendo as normas de licitação contidas na Lei nº. 8.666/93, em suas diversas modalidades, a saber: Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 45 • Concorrência; • Tomada de preços; • Convite; • Dispensa de licitação; • Inexigibilidade; • Registro de preços; • Leilão. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 46 Abaixo temos um exemplo de um processo simplificado de compra de itens regulares. Gestão de estoques Compras Fornecedores Local de estocagem Solicitação de compra Elabora solicitação de compra Pedido de Cotação Seleciona o fornecedor com a melhor cotação Negocia com o fornecedor pré-selecionado Seleção definida Pedido de compra Seguimento (follow-up) Cotações Recebe o pedido Confirma o pedido Envia o material Recebe Confere Informa: -compras; -gestão de estoque; -contas a pagar Fonte: Barbieri e Machline (2006, p. 203) 6.9 Armazenamento Os materiais e medicamentos recebidos pelo hospital são armazenados em centros capazes de estocá-los e distribuí-los quando solicitados pelas unidades consumidoras. Tais atividades rotineiras que ocorrem no dia-a-dia do hospital devem ser precedidas por estudos que objetivem identificar a localização adequada dos pontos de estocagem (farmácia, almoxarifado, depósitos de gêneros alimentícios e outros), a capacidade de armazenamento destes pontos, bem como as instalações e equipamentos e o lay-out. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convençãointernacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 47 Segundo Barbieri e Machline (2006), esses pontos devem estar localizados em local controlado do ponto de vista ambiental, por exemplo, com baixa umidade, baixa temperatura, boa ventilação, pisos que não transmitem vibrações e iluminação adequada. Segundo Barbuscia (2006), esses centros, no caso de materiais hospitalares e materiais diversos são denominados almoxarifados e quando se trata de medicamentos em geral, medicamentos controlados e aqueles que necessitam de refrigeração ou outro processo especial de estocagem, são chamados de farmácia. De acordo com a estrutura organizacional do hospital, podem existir outros subcentros, criados com a finalidade de agilizar o atendimento, como por exemplo, as farmácias de cada ala ou setor. Além dos almoxarifados e farmácias, como locais de estoque de serviços, temos o setor de nutrição e dietética, a lavanderia hospitalar, os serviços de manutenção e almoxarifado geral. Dentre os objetivos dos almoxarifados temos: • Suprir os centros ou unidades do hospital com o material necessário a suas atividades rotineiras ou específicas; • Distribuir os materiais e medicamentos de forma contínua, na quantidade desejada e no tempo adequado; • Criar e manter controles de estoque e estoques de segurança bem como estabelecer o ponto de reposição dos materiais; • Estruturar-se e equipar-se com recursos adequados às funções de modo a abastecer as unidades do hospital de forma eficiente e eficaz. As farmácias têm por objetivo: • Produzir, armazenar, distribuir e controlar todos os medicamentos e produtos afins, utilizados pelo hospital; • Propiciar meios de restabelecer a saúde dos pacientes internos e externos do hospital, facultando-lhes, por meio de seus préstimos, a medicação prescrita pelo corpo clínico; • Assessorar o corpo clínico do hospital em relação aos aspectos farmacodinâmicos, farmacotécnicos e farmacocinéticos dos medicamentos, bem como elaborar pesquisas em assuntos farmacêuticos; Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 48 • Servir de órgão controlador dos produtos químicos adquiridos pelo hospital; • Servir como base de capacitação para a educação em serviços, no intuito de propiciar orientação técnica de enfermagem e aprendizado de estudantes; • Selecionar e preparar as doses individualizadas, segundo a prescrição médica, para um período de 24 horas; • Coordenar os trabalhos de padronização de medicamentos. Ao Serviço de Nutrição e Dietética, cabem duas funções básicas: (1) formular dietas para pacientes necessitados de regimes especiais e, de modo geral, para os demais pacientes, refeições regulares; (2) produzir e servir refeições para pacientes, lactentes, visitantes, funcionários. A lavanderia abastece a instituição de roupa em condições adequadas, sob os aspectos de quantidade e qualidade. Uma vez que a circulação e processamento de roupas, uniformes e campos usados são atividades propícias à infecção hospitalar, foram criados vários instrumentos normativos que devem ser observados desde o projeto arquitetônico relativos aos recintos da lavanderia até os procedimentos operacionais e administrativos. Todos nós sabemos da importância e da complexidade das atividades hospitalares; uma falha na distribuição dos materiais e medicamentos pode acarretar um desastre irreparável, tanto para os pacientes como para o hospital. E, para garantir o bom funcionamento da logística, é fundamental estudar a fundo os processos de trabalho, assim como o melhor layout para atender a essa distribuição da forma mais eficiente possível (BARBUSCIA, 2006). É natural, em logística, pensar em um esquema racional de distribuição dos medicamentos. Tanto isso é verdade que todos os hospitais de forma racional procuram estocar os medicamentos em pontos e alas estratégicas, tais como enfermarias, farmácias auxiliares, etc. A premissa para implementar esse tipo de estoque intermediário é usá-lo de maneira racional e atender, com flexibilidade e rapidez, os pacientes que necessitam dos medicamentos. Contudo, é muito importante, para atingir esse mesmo objetivo, Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 49 que a localização da farmácia seja tal de modo que diminua o tempo de distribuição dos medicamentos e os custos a ele associados. Os materiais médico-hospitalares, assim como os equipamentos de pequeno porte e portáteis, devem ficar o mais próximo possível de sua área de utilização. Materiais utilizados em cirurgia, perto dos centros cirúrgicos; kits pré-parto, perto da maternidade e assim por diante. Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA BÁSICA: BARBIERI, José Carlos; MACHLINE, Claude. Logística Hospitalar: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 2006. 325 p. GONÇALVES, Ernesto Lima (org.). Gestão Hospitalar: administrando o Hospital Moderno. São Paulo: Saraiva, 2006. 327 p. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: BORBA, Valdir Ribeiro; LISBOA, Teresinha Covas. 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