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46 Máquinas elétricas Os materiais ferromagnéticos podem ser encontrados com uma ampla varie- dade de características. Em geral, o seu comportamento é não linear e suas curvas características B-H são muitas vezes representadas por famílias de laços (B-H) de his- terese. As perdas por histerese e por correntes parasitas são funções do nível de fluxo, da frequência de operação e também da composição dos materiais e dos processos de fabricação utilizados. Um entendimento básico da natureza desses fenômenos é muito útil na aplicação desses materiais em dispositivos práticos. Normalmente, as propriedades importantes estão disponíveis na forma de curvas características forne- cidas pelos fabricantes de materiais. Certos materiais magnéticos, em geral conhecidos como duros ou permanentes, os ímãs, são caracterizados por valores elevados de coercividade e de magnetização remanescente. Esses materiais produzem um fluxo magnético significativo, mesmo em circuitos magnéticos com entreferros de ar. Por meio de um projeto adequado, podem ser feitos para operar de forma estável em situações que os sujeitam a uma faixa ampla de variação de temperatura e de valores de FMM. Os ímãs permanentes encontram aplicação em diversos dispositivos de pequeno porte, como alto-falantes, motores CA e CC, microfones e instrumentos analógicos de medida. 1.8 Variáveis do Capítulo 1 μ Permeabilidade magnética [H/m] μ0 Permeabilidade do vácuo = 4π × 10−7 [H/m] μr Permeabilidade relativa μR Permeabilidade de recuo [H/m] φ, ϕ, φmax Fluxo magnético [Wb] ω Frequência angular [rad/s] ρ Densidade de massa [kg/m3] A Área da seção reta [m2] B, B Densidade de fluxo magnético [T] Br Magnetização residual/remanescente [T] e Força eletromotiva [V] e, E Tensão [V] E Intensidade de campo elétrico [V/m] f Frequência [Hz] F Força magnetomotriz [A] g Comprimento de entreferro [m] H, H, Hef Intensidade de campo magnético [A/m] Hc Coercividade [A/m] i, I Corrente [A] iϕ, Iφ, ef Corrente de excitação [A] J Densidade de corrente [A/m2] l Dimensão linear [m] L Indutância [H] N Número de espiras P Potência [W] Pc Perdas no núcleo [W] Pa Volts-ampères eficazes de excitação por massa unitária [W/kg] Capítulo 1 – Circuitos magnéticos e materiais magnéticos 47 Pc Densidade de perda no núcleo [W/kg] P Permeância [H] R Resistência [ ] R Relutância [H−1] S Volts-ampères eficazes de excitação [VA] Sa Volts-ampères eficazes de excitação por massa [VA/kg] t Tempo [s] T Período [s] T Temperatura [oC] V Tensão [V] Vol Volume [m3] W Energia [J] Índices: c Núcleo g Entreferro m, mag Ímã max Máximo ef eficaz tot Total 1.9 Problemas 1.1 Um circuito magnético com um único entreferro está mostrado na Fig. 1.27. As dimensões do núcleo são: Área da seção reta Ac = 3,5 cm2 Comprimento médio do núcleo lc = 25 cm Comprimento do entreferro g = 2,4 mm N = 95 espiras Suponha que o núcleo tenha permeabilidade infinita (μ → ∞) e despreze os efeitos dos campos de fluxo disperso e de espraiamento no entreferro. (a) Calcule a relutância do núcleo Rc e a do entreferro Rg. Para uma corrente de i = 1,4 A, calcule (b) o fluxo total φ, (c) o fluxo concatenado λ da bobina e (d) a indutância L da bobina. 1.2 Repita o Problema 1.1 para uma permeabilidade finita no núcleo de μ = 2350 μ0. Entreferro Núcleo: Bobina: N espiras g caminho médio lc, área Ac, permeabilidade μ λ i Figura 1.27 Circuito magnético do Problema 1.1. 48 Máquinas elétricas 1.3 Considere o circuito magnético da Fig. 1.27 com as mesmas dimensões do Problema 1.1. Supondo uma permeabilidade de núcleo infinita, calcule (a) o número necessário de espiras para obter uma indutância de 15 mH e (b) a corrente no indutor que resultará em uma densidade de fluxo de 1,15 T. 1.4 Repita o Problema 1.3 para uma permeabilidade de núcleo de μ = 1700 μ0. 1.5 O circuito magnético do Problema 1.1 tem um núcleo constituído de material não linear cuja permeabilidade, em função de Bm, é dada por em que Bm é a densidade de fluxo do material. a. Usando o MATLAB, faça o gráfico de uma curva de magnetização CC para esse material (Bm versus Hm) no intervalo 0 ≤ Bm ≤ 2,1 T. b. Encontre a corrente necessária para se obter uma densidade de fluxo de 2,1 T no entreferro. c. Novamente, usando o MATLAB, faça o gráfico do fluxo concatenado da bobina em função da corrente da bobina, quando essa varia de 0 até o valor encontrado na parte (b). 1.6 O circuito magnético da Fig. 1.28 consiste em um núcleo e um êmbolo móvel de largura lp, ambos de permeabilidade μ. O núcleo tem uma área de seção reta Ac e um comprimento médio lc. A área da sobreposição Ag para os dois entreferros é uma função da posição x do êmbolo, e pode-se assumir que varie de acordo com Você pode desconsiderar os campos de espraiamento no entreferro e usar aproximações consistentes com a análise de circuitos magnéticos. a. Supondo que μ → ∞, deduza uma expressão que forneça a densidade de fluxo magnético Bg no entreferro, em função da corrente de enrolamen- to i e da posição do êmbolo x (assuma que x esteja limitada ao intervalo 0 ≤ x ≤ 0,5 X0). Escreva uma expressão para a respectiva densidade de fluxo no núcleo. b. Repita a parte (a) para uma permeabilidade finita μ. x Êmbolo i g X0 lp g μ μ Bobina: N espiras Núcleo: comprimento médio lc, área Ac, Figura 1.28 Circuito magnético do Problema 1.6. Capítulo 1 – Circuitos magnéticos e materiais magnéticos 49 1.7 O circuito magnético da Fig. 1.28 tem 125 espiras e as seguintes dimensões: Com x = 0,5 X0, a indutância medida é 52 mH. Usando aproximações ra- zoáveis, calcule a permeabilidade relativa μr do material do núcleo e do êmbolo. 1.8 A Fig. 1.29 mostra um indutor construído com dois núcleos em forma de C. Cada núcleo tem uma área Ac e comprimento médio lc. Há dois entreferros, cada um de comprimento g e área efetiva Ag. Finalmente, há duas bobinas de N espiras, uma em cada um dos núcleos em C. Assumido uma permeabilidade infinita do núcleo e as dimensões seguintes para os núcleos Área da seção reta: Ac = Ag = 38,7 cm2 Comprimento do núcleo: lc = 45 cm Comprimento de entreferro: g = 0,12 cm a. Calcule o número de espiras necessário para obter uma indutância de 12,2 mH, assumindo permeabilidade de núcleo infinita e que as bobinas estão conectadas em série. Como o número de espiras deve ser inteiro, a sua resposta deve estar arredondada para o inteiro mais próximo. Calcule o valor de indutância com base no número resultante de espiras. b. A indutância poderá ser ajustada com mais precisão se alteramos o com- primento do entreferro para obtermos a indutância desejada. Com base no número de espiras encontrado na parte (a), calcule o comprimento de entreferro necessário para obter a indutância de 12,2 mH. c. Com base nesse último cálculo de indutor, determine a corrente de indutor que produzirá uma densidade de fluxo no núcleo de 1,5 T. Bobina 1 N espiras Bobina N espiras Núcleo em C Área Ac comprimento médio lc permeabilidade μ Entreferro Área Ag comprimento g Figura 1.29 Circuito magnético do Problema 1.8. 50 Máquinas elétricas 1.9 Assumindo que as bobinas estão conectadas em paralelo, repita o Problema 1.8. 1.10 Repita o Problema 1.8, assumindo que o núcleo tem uma permeabilidade de 1800 μ0. 1.11 O circuito magnético da Fig. 1.28 e do Problema 1.6 tem as seguintes dimensões: espiras a. Supondo uma permeabilidade constante de μ = 3150 μ0, calcule a cor- rente requerida para obter uma densidade de fluxo de 1,25 T no entreferro quando o êmbolo está completamente retraído (x = 0). b. Repita os cálculos da parte (a) para o caso em que o núcleo e o êmbolo são constituídos de um material não linear cuja permeabilidade é dada por em que Bm é a densidade de fluxo do material. c. Para o material não linear da parte (b), use o MATLAB para plotar a den- sidade de fluxo do entreferro em função da corrente de enrolamento para x = 0 e x = 0,5X0. 1.12 Um indutor com a forma da Fig. 1.27 tem as dimensões:Área da seção reta Ac = 3,8 cm2 Comprimento médio do núcleo lc = 19 cm N = 122 espiras Supondo uma permeabilidade de núcleo de μ = 3240 μ0 e desprezando os efeitos do fluxo disperso e dos campos de espraiamento, calcule o comprimen- to de entreferro necessário para se obter uma indutância de 6,0 mH. 1.13 O circuito magnético da Fig. 1.30 consiste em anéis de material magnético dispostos em uma pilha de altura h. Os anéis têm raios interno Ri e externo Re. N espiras Ri g Re i Figura 1.30 Circuito magnético do Problema 1.13. Capítulo 1 – Circuitos magnéticos e materiais magnéticos 51 Suponha que o ferro tenha permeabilidade infinita (μ → ∞) e despreze os efeitos de dispersão e de espraiamento magnéticos. Para Ri = 3,2 cm Re = 4,1 cm h = 1,8 cm g = 0,15 cm calcule: a. O comprimento médio lc do núcleo e a área da seção reta Ac do núcleo. b. A relutância do núcleo Rc e a do entreferro Rg. Para N = 72 espiras, calcule: c. A indutância L. d. A corrente i requerida para operar com uma densidade de fluxo no entre- ferro de Bg = 1,25 T. e. O respectivo fluxo concatenado λ da bobina. 1.14 Repita o Problema 1.13 para uma permeabilidade de núcleo de μ = 750 μ0. 1.15 Usando o MATLAB, faça o gráfico da indutância do indutor do Problema 1.13 em função da permeabilidade relativa do núcleo quando essa varia de μr = 100 até μr = 100.000. (Sugestão: Plote a indutância versus o logaritmo da permeabilidade relativa.) Qual é a permeabilidade relativa mínima do nú- cleo para assegurar que a indutância esteja a menos de 5% do valor calculado, supondo que a permeabilidade do núcleo seja infinita? 1.16 O indutor da Fig. 1.31 tem um núcleo de seção reta circular uniforme de área Ac, comprimento médio lc, permeabilidade relativa μr e um enrolamento de N espiras. Escreva uma expressão para a indutância L. 1.17 O indutor da Fig. 1.31 tem as seguintes dimensões: Ac = 1,1 cm2 lc = 12 cm g = 0,9 mm N = 520 espiras a. Desprezando os campos de espraiamento e dispersão e supondo μr = 1.000, calcule a indutância. b. Calcule a densidade de fluxo do núcleo e o fluxo concatenado do indutor para uma corrente de enrolamento de 1,2 A. Bobina de N espiras g Núcleo: comprimento médio lc, área Ac, permeabilidade relativa μr Figura 1.31 Indutor do Problema 1.16. 52 Máquinas elétricas 1.18 O indutor do Problema 1.17 deve operar com uma fonte de tensão de 60 Hz. (a) Supondo uma resistência de bobina desprezível, calcule a tensão eficaz no indutor que corresponde a uma densidade de fluxo de pico no núcleo de 1,5 T. (b) Com essa condição de operação, calcule a corrente eficaz e a energia arma- zenada de pico. 1.19 Assuma que o material do indutor do Problema 1.17 tem a permeabilidade dada no Problema 1.5. Escreva um script de MATLAB para calcular a densidade de fluxo no núcleo e o fluxo concatenado do indutor com uma corrente de 1,2 A. 1.20 Considere o circuito magnético cilíndrico da Fig. 1.32. Essa estrutura, conhe- cida como pot-core, é constituída em geral de duas metades cilíndricas. A bobina de N espiras é enrolada em um carretel e, quando as duas metades são montadas, ela pode ser facilmente inserida na coluna disposta no eixo central do núcleo. Como o entreferro está no interior do núcleo e se este não entrar em saturação excessiva, um fluxo magnético relativamente baixo se “dispersará” do núcleo. Isso faz essa estrutura ter uma configuração especialmente atraente para uma ampla variedade de aplicações em indutores, como o da Fig. 1.31, e também em transformadores. Suponha que a permeabilidade do núcleo seja μ = 2.300 μ0 e que N = 180 espiras. As seguintes dimensões são especificadas: a. Embora a densidade de fluxo nas seções radiais do núcleo (as seções de es- pessura h) diminuam na realidade com o raio, assuma que a densidade de fluxo permanece uniforme. Encontre o valor de R3 para o qual a densidade de fluxo média na parede externa do núcleo é igual àquela no interior do cilindro central. b. Escreva uma expressão para a indutância da bobina e calcule-a para as dimensões dadas. c. O núcleo deve operar com uma densidade de fluxo de pico de 0,6 T, em uma frequência de 60 Hz. Encontre (i) o respectivo valor eficaz da tensão g l h h l i R3 R2 R1 μ ν C/L Enrolamento de N espiras Figura 1.32 Indutor pot-core do Problema 1.20. Capítulo 1 – Circuitos magnéticos e materiais magnéticos 53 induzida no enrolamento, (ii) a corrente eficaz na bobina e (iii) a energia armazenada de pico. d. Repita a parte (c) para a frequência de 50 Hz. 1.21 Uma forma de onda quadrada de tensão, com frequência fundamental de 60 Hz e semiciclos positivos e negativos iguais de amplitude E, é aplicada a um enrolamento de 575 espiras em um núcleo fechado de ferro de seção reta igual a Ac = 9 cm2 e comprimento lc = 35 cm. Despreze a resistência do enro- lamento e todos os efeitos de fluxo disperso. a. Faça um esboço da tensão, do fluxo concatenado no enrolamento e do flu- xo no núcleo em função do tempo. b. Encontre o valor máximo admissível para E se a densidade máxima de fluxo não puder ser superior a 0,95 T. c. Calcule a corrente de pico no enrolamento se o núcleo tiver uma permeabi- lidade magnética de μ0. 1.22 Assuma que o núcleo de ferro do Problema 1.21 pode ser descrito por uma permeabilidade magnética dada por em que B é a densidade de fluxo do núcleo. a. Plote a curva B-H do material do núcleo para densidades de fluxo no inter- valo −1,8 T ≤ B ≤ 1,8 T. b. Uma tensão senoidal eficaz de 110 V e 60 Hz é aplicada ao enrolamento. Usando MATLAB, plote um ciclo da corrente de enrolamento resultante em função do tempo. Qual é a corrente de pico? c. A tensão da parte (b) é dobrada para 220 Vef. Acrescente um gráfico da corrente resultante em função do tempo para o gráfico da parte (b). Qual é a corrente de pico nesse caso? 1.23 Repita as partes (b) e (c) do Problema 1.22 se um entreferro de 10 mm for inserido no núcleo magnético. 1.24 Um indutor deve ser projetado usando um núcleo magnético com a forma dada na Fig. 1.31. O núcleo tem seção reta uniforme de área Ac = 6,0 cm2 e compri- mento médio lc = 28 cm. a. Calcule o comprimento do entreferro g e o número de espiras N tais que a indutância seja 23 mH e de modo que o indutor possa operar com correntes de pico de 10 A sem saturação. Suponha que a saturação ocorra quando a densidade de fluxo de pico do núcleo exceda a 1,7 T e que, abaixo da satu- ração, o núcleo tenha permeabilidade μ = 2700 μ0. b. Para uma corrente de indutor de 10 A, use a Eq. 3.21 para calcular (i) a energia magnética armazenada no entreferro e (ii) a energia magnética ar- mazenada no núcleo. Mostre que a energia magnética armazenada total é dada pela Eq. 1.46. 1.25 Escreva um script de MATLAB para projetar indutores com base no núcleo magnético da Fig. 1.31. Assuma que o núcleo tem uma seção reta com área de 54 Máquinas elétricas 10,0 cm2, um comprimento de 35 cm e uma permeabilidade magnética rela- tiva de 1.700. O indutor deve funcionar com uma corrente senoidal de 50 Hz e deve ser projetado de tal forma que o pico da densidade de fluxo no núcleo seja igual a 1,4 T quando o pico da corrente no indutor for 7,5 A. Escreva um programa simples para projeto por computador na forma de um script de MATLAB. Ele deve calcular o número de espiras e o comprimen- to do entreferro em função da indutância desejada. O script deve ser escrito de modo que solicite do usuário um valor de indutância (em mH) e que a saída seja o comprimento do entreferro em milímetros e o número de espiras. Escreva o seu script de modo que rejeite os projetos nos quais o comprimento do entreferro esteja fora do intervalo de 0,05 mm a 6,0 mm, ou nos quais o número de espiras seja menor do que 10. Usando o programa, encontre as indutâncias (a) mínima e (b) máxima (com o valor mais próximo em mH) que satisfaça às especificações dadas. Para cada um desses valores, determine o comprimento de entreferro necessário, o númerode espiras, assim como a tensão eficaz correspondente ao fluxo de pico do núcleo. 1.26 Considere um indutor composto de dois núcleos em C, como mostrado na Fig. 1.29. Cada núcleo em C tem um seção reta de área Ac = 105 cm2 e um compri- mento médio de lc = 48 cm. a. Assumindo que as bobinas estão conectadas em paralelo, calcule o número de espiras N por bobina e o comprimento do entreferro g tal que a indutân- cia seja 350 mH e tal que a corrente no indutor possa ser aumentada para 6,0 A sem ultrapassar uma densidade de fluxo no núcleo de 1,2 T, evitando assim a saturação do núcleo. Você pode ignorar a relutância do núcleo e os efeitos de espraiamento no entreferro. b. Repita a parte (a) assumindo que as bobinas estão conectadas em série. 1.27 Assumindo que os núcleos em C do Problema 1.26 têm uma permeabilidade magnética de μ = 3,500 μ0, repita o Problema 1.26. 1.28 Escreva um script de MATLAB para fazer o cálculo automático dos Proble- mas 1.26 e 1.27. As entradas do seu script devem ser a área do núcleo, o com- primento médio do núcleo, a permeabilidade do núcleo e o tipo de conexão dos enrolamentos (paralelo ou em série), assim como a indutância desejada, a densidade de fluxo máxima no núcleo e a corrente. Use o seu script para pro- jetar um indutor de 220 mH cujos núcleos têm seção reta com área de 40 cm2 e comprimento médio de 35 cm. O indutor deve ser capaz de suportar uma corrente de até 9,0 A com uma densidade de fluxo que não excede 1,1 T. 1.29 Um mecanismo proposto para armazenar energia consiste em uma bobina de N espiras, enrolada em torno de um grande núcleo toroidal de material não magnético (μ = μ0), como mostrado na Fig. 1.33. Como se pode ver na figura, o núcleo tem uma seção reta circular de raio a e um raio toroidal r, medido até o centro da seção reta. A geometria desse dispositivo é tal que o campo mag- nético pode ser considerado nulo em qualquer ponto fora do toro. Supondo que a � r, então pode-se considerar que o campo H no interior do toro esteja orientado acompanhando o toro e que tenha magnitude uniforme dada por Capítulo 1 – Circuitos magnéticos e materiais magnéticos 55 Para um bobina com N = 12.000 espiras, r = 9 m e a = 0,55 m: a. Calcule a indutância L da bobina. b. A bobina deve ser carregada com uma densidade de fluxo magnético de 1,80 T. Para essa densidade de fluxo, calcule a energia magnética total armazenada no toro. c. Se a bobina tiver de ser carregada a uma taxa constante (isto é, di/dt cons- tante), calcule a tensão necessária nos terminais para que a densidade de fluxo requerida seja atingida em 40 s. Suponha que a resistência da bobina seja desprezível. 1.30 A Fig. 1.34 mostra um indutor enrolado em um núcleo de seção reta retangular feito de chapas de ferro. Suponha que a permeabilidade do ferro seja infinita. Despreze o espraiamento e a dispersão magnética dos dois entreferros (com- primento total de entreferro = g). O enrolamento de N espiras é de fio de co- bre isolado cuja resistividade é ρ ·m. Suponha que uma fração fenr do espaço de enrolamento esteja disponível para o cobre e que o restante do espaço seja usado na isolação. a. Calcule a área da seção reta e o volume do cobre no espaço de enrolamento. b. Escreva uma expressão para a densidade de fluxo B no indutor, em termos da densidade de corrente Jcobre no enrolamento de cobre. c. Escreva uma expressão para a densidade de corrente Jcobre no cobre, em termos da corrente I do enrolamento, do número de espiras N e da geome- tria da bobina. d. Deduza uma expressão para a potência elétrica dissipada na bobina, em termos da densidade de corrente Jcobre. e. Deduza uma expressão para a energia magnética armazenada no indutor, em termos da densidade de corrente aplicada Jcobre. + λ 2a r i Figura 1.33 Enrolamento toroidal do Problema 1.29. g/2g/2 Núcleo: espessura h para dentro da página a a w w w b i Figura 1.34 Indutor com núcleo de ferro do Problema 1.30. 56 Máquinas elétricas f. A partir das partes (d) e (e), deduza uma expressão para a constante de tempo L/R do indutor. Observe que essa expressão é independente do nú- mero de espiras da bobina e não se altera quando a indutância e a resistên- cia da bobina são alteradas ao se variar o número de espiras. 1.31 O indutor da Fig. 1.34 tem as seguintes dimensões: a = h = w = 1,8 cm b = 2,2 cm g = 0,18 cm O fator de enrolamento (isto é, a fração do espaço de enrolamento ocupado pelo condutor) é fenr = 0,55. A resistividade do cobre é 1,73 × 10−8 ·m. Quando a bobina opera com uma tensão aplicada CC constante de 40 V, a densidade de fluxo no entreferro é medida como sendo 1,3 T. Encontre a potência dissipada na bobina, a corrente da bobina, o número de espiras, a resistência da bobina, a indutância, a constante de tempo e o diâmetro do fio, expresso pela bitola de fio mais próxima. (Sugestão: A bitola do fio pode ser obtida com a expressão em que AWG é o diâmetro do fio, expresso em termos da norma American Wire Gauge e Afio é área da seção reta do condutor em m2.) 1.32 O circuito magnético da Fig. 1.35 tem dois enrolamentos e dois entreferros. Pode-se supor que o núcleo tenha permeabilidade infinita. As dimensões do núcleo são indicadas na figura. a. Supondo que a bobina 1 esteja conduzindo uma corrente I1 e a corrente na bobina 2 seja zero, calcule (i) a densidade de fluxo magnético em cada um dos entreferros, (ii) o fluxo concatenado do enrolamento 1 e (iii) o fluxo concatenado do enrolamento 2. b. Repita a parte (a), supondo uma corrente zero no enrolamento 1 e uma corrente I2 no enrolamento 2. c. Repita a parte (a), supondo que a corrente do enrolamento 1 seja I1 e a corrente do enrolamento 2 seja I2. d. Encontre as indutâncias próprias (autoindutâncias) dos enrolamentos 1 e 2 e a indutância mútua entre os enrolamentos. i2 i1 g1 g2 N1 espiras N2 espiras Área A1 Área A2Núcleo, μ → ∞ Figura 1.35 Circuito magnético do Problema 1.32. Capítulo 1 – Circuitos magnéticos e materiais magnéticos 57 1.33 O circuito magnético simétrico da Fig. 1.36 tem três enrolamentos. Os enrola- mentos A e B têm N espiras cada um e são enrolados nas duas pernas inferio- res do núcleo. As dimensões do núcleo estão indicadas na figura. a. Encontre a indutância própria de cada um dos enrolamentos. b. Encontre as indutâncias mútuas entre os três pares de enrolamentos. c. Encontre a tensão induzida no enrolamento 1 quando as correntes iA(t) e iB(t) dos enrolamentos A e B estão variando no tempo. Mostre que essa tensão pode ser usada para medir o desequilíbrio (diferença) entre duas correntes senoidais de mesma frequência. 1.34 O gerador alternador (recíproco) da Fig. 1.37 tem um êmbolo móvel (de posi- ção x) montado de tal modo que desliza para dentro e para fora de uma estru- tura magnética, conhecida como yoke*, mantendo o espaçamento g constante nos dois lados entre o êmbolo e o yoke. Esses dois podem ser considerados com permeabilidade infinita. O movimento do êmbolo está restringido de tal modo que sua posição limita-se a 0 ≤ x ≤ w. Há dois enrolamentos nesse circuito magnético. O primeiro enrolamento tem N1 espiras e conduz uma corrente CC constante I0. O segundo de N2 espi- ras está em circuito aberto e pode ser conectado a uma carga. a. Desprezando os efeitos de espraiamento, encontre a indutância mútua en- tre os enrolamentos 1 e 2 em função da posição x do êmbolo. b. O êmbolo é acionado por uma fonte externa de tal modo que o seu movi- mento é descrito por em que � ≤ 1. Encontre uma expressão para a tensão senoidal gerada como resultado desse movimento. * N. de T.: Alusão à canga, ou jugo, devido à sua forma. iB g N espiras N1 espiras iA i1 N espiras l1 l2 lA Núcleo: Área Ac Permeabilidade μ Figura 1.36 Circuito magnético simétrico do Problema 1.33. 58 Máquinas elétricas 1.35 A Fig. 1.38 mostra uma configuração que pode ser usada para medir as carac- terísticas magnéticas do aço elétrico.O material a ser testado é cortado ou per- furado, produzindo chapas em formato de anéis circulares que então são em- pilhadas (intercalando camadas isolantes para evitar a formação de correntes parasitas). Dois enrolamentos envolvem essa pilha de chapas: o primeiro, com N1 espiras, é usado para produzir um campo magnético na pilha de chapas; o segundo, com N2 espiras, é usado para captar o fluxo magnético resultante. A exatidão dos resultados requer que a densidade de fluxo magnético seja uniforme dentro das chapas. Isso será conseguido se a largura dos anéis w = Re − Ri for muito menor que o raio das chapas e se o enrolamento de excitação envolver uniformemente a pilha de chapas. Para os propósitos desta análise, suponha que haja n chapas, cada uma de espessura �. Suponha tam- bém que o enrolamento 1 seja excitado com uma corrente i1 = I0 sen ωt. x Êmbolo N1 espiras N2 espiras ν2 I0 g g w μ → ∞ μ → ∞ h >> g x(t) = (1 + � sen ωt)w 2 Yoke Profundidade D + Figura 1.37 Gerador alternador do Problema 1.34. i2 = 0 + v2 v0 = G∫v2 dt ∫dt i1 Enrolamento 2, N2 espiras Pilha de n chapas, cada uma de espessura � Enrolamento 1, N1 espiras t << Ri Ri Re Figura 1.38 Configuração para medição das propriedades do aço elétrico. Capítulo 1 – Circuitos magnéticos e materiais magnéticos 59 a. Encontre a relação entre a intensidade de campo magnético H nas chapas e a corrente i1 no enrolamento 1. b. Encontre a relação entre a tensão v2 e a razão, no tempo, da variação de fluxo magnético B nas chapas. c. Encontre a relação entre a tensão v0 = G ∫ v2dt e a densidade de fluxo. Nesse problema, mostramos que a intensidade do campo magnético H e a densidade do fluxo magnético B nas chapas são proporcionais à corrente i1 e à tensão v0, por meio de constantes conhecidas. Assim, no aço elétrico, B e H podem ser medidas diretamente e as curvas características B-H, como discuti- das nas Seções 1.3 e 1.4, podem ser determinadas. 1.36 Da curva de magnetização CC da Fig. 1.10, é possível calcular a permeabili- dade relativa μr = Bc /(μ0Hc) do aço elétrico M-5 em função do valor de fluxo Bc. Supondo que o núcleo da Fig. 1.2 seja feito de aço elétrico M-5 com as dimensões dadas no Exemplo 1.1, calcule o intervalo de densidade de fluxo tal que a relutância do núcleo nunca exceda em 5% a relutância do circuito magnético total. 1.37 Para testar as propriedades de uma amostra de aço elétrico, chapas com a for- ma dada na Fig. 1.38 foram estampadas a partir de uma chapa de aço elé- trico de espessura igual a 3,0 mm. Os raios das chapas são Ri = 80 mm e Re = 90 mm. Elas foram montadas em uma pilha de 15 chapas (separadas por isolamento apropriado para evitar as correntes parasitas) com o propósito de testar as propriedades magnéticas, na frequência de 50 Hz. a. O fluxo na pilha de chapas será produzido com uma fonte de tensão de 50 Hz de amplitude variável com 20 V de amplitude de pico. Desprezando qualquer queda de tensão na resistor de enrolamento, calcule o número necessário de espiras N1 do enrolamento de excitação para assegurar que a pilha de chapas possa ser excitada até atingir uma densidade de fluxo de pico de 1,8 T. b. Com um enrolamento secundário de N2 = 10 espiras e um ganho de inte- gração G = 1.000, observa-se que a saída do integrador é de 7,5 V de pico. Calcule (i) o respectivo fluxo de pico da pilha de chapas e (ii) a respectiva amplitude da tensão aplicada ao enrolamento de excitação. 1.38 As bobinas do circuito magnético mostrado na Fig. 1.39 são conectadas em série de modo que os valores de FMM dos caminhos A e B tendem ambos a estabelecer fluxos na perna central C com o mesmo sentido. As bobinas são enroladas com o mesmo número de espiras, N1 = N2 = 120. As dimensões são: Área das seções retas das pernas A e B = 8 cm2 Área da seção reta da perna C = 16 cm2 Comprimento do caminho A = 17 cm Comprimento do caminho B = 17 cm Comprimento do caminho C = 5,5 cm Entreferro = 0,35 cm 60 Máquinas elétricas O material é do tipo aço elétrico M-5 de 0,012 polegadas. Desconsidere o espraiamento e a dispersão. a. Quantos ampères são necessários para produzir uma densidade de fluxo de 1,3 T no entreferro? b. Dada a condição da parte (a), quantos joules de energia são armazenados no campo magnético do entreferro? Com base nessa energia armazenada, calcule a indutância desse enrolamento conectado em série. c. Calcule a indutância do sistema assumindo que o núcleo tenha permeabili- dade infinita. Compare a sua indutância com o valor calculado na parte (b). 1.39 A seguinte tabela mostra dados da metade superior de um laço de histerese simétrico de 60 Hz para uma amostra de aço magnético: B, T 0 0,2 0,4 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 0,95 0,9 0,8 0,7 0,6 0,4 0,2 0 H, A·espiras/m 48 52 58 73 85 103 135 193 80 42 2 −18 −29 −40 −45 −48 Usando o MATLAB, (a) plote esses dados, (b) calcule a área do laço de histe- rese em joules e (c) calcule a respectiva densidade de perdas no núcleo a 60 Hz em watts/kg. Assuma que a densidade do aço M-5 é 7,65 g/cm3. 1.40 Um circuito magnético conforme mostrado na Fig. 1.27 tem as seguintes dimensões: Área da seção reta Ac = 27 cm2 Comprimento médio do núcleo lc = 70 cm Comprimento do entreferro g = 2,4 mm N = 95 espiras e é feito com aço elétrico M-5 tendo as propriedades descritas nas Figs. 1.10, 1.12 e 1.14. Suponha que o núcleo esteja operando com uma densidade de fluxo senoidal de 60 Hz cuja densidade de fluxo eficaz é 1,1 T. Desconsidere a resistência do enrolamento e a indutância de dispersão. Para essas condições de operação, obtenha a tensão do enrolamento, a corrente eficaz do enrola- mento e as perdas no núcleo. A densidade do aço M-5 é 7,65 g/cm3. 1.41 Repita o Exemplo 1.8 supondo que todas as dimensões do núcleo sejam duplicadas. 1.42 Usando as curvas de magnetização do samário-cobalto dadas na Fig. 1.19, encontre o ponto de produto energético máximo e os respectivos valores de densidade de fluxo e intensidade de campo magnético. Usando esses valores, repita o Exemplo 1.10 substituindo o ímã de Alnico 5 por um de samário- A B C N1 N2 I1 I2 Figura 1.39 Circuito magnético do Problema 1.38. Capítulo 1 – Circuitos magnéticos e materiais magnéticos 61 -cobalto. De quanto isso reduz o volume de ímã necessário para se obter a densidade de fluxo desejada no entreferro? 1.43 Usando as características de magnetização do neodímio-ferro-boro dadas na Fig. 1.19, encontre o ponto de produto energético máximo e os valores corres- pondentes de densidade de fluxo e intensidade de campo magnético. Usando esses valores, repita o Exemplo 1.10 substituindo o ímã de Alnico 5 por um de neodímio-ferro-boro. De quanto isso reduz o volume de ímã necessário para se obter a densidade de fluxo desejada no entreferro? 1.44 A Fig. 1.40 mostra o circuito magnético de um alto-falante de ímã permanen- te. A bobina móvel (não mostrada), produtora de som, tem a forma cilíndrica e se ajusta ao entreferro. Um ímã de samário-cobalto é usado para criar um campo magnético CC no entreferro. Esse campo interage com as correntes da bobina móvel produzindo o movimento. O projetista determinou que o entre- ferro deve ter raio R = 2,2 cm, comprimento g = 0,1 cm e altura h = 1,1 cm. Supondo que a estrutura em yoke e a peça polar tenham permeabilidade magnética infinita (μ → ∞), encontre a altura hm e o raio Rm do ímã de modo que seja fornecida uma densidade de fluxo magnético de 1,3 T no entreferro e seja requerido um volume mínimo de ímã. (Sugestão: Refira-se ao Exemplo 1.10 e à Fig. 1.19 para determinar o ponto de produto energético máximo para o samário-cobalto.) 1.45 Repita o Problema 1.44 substituindo o ímã de samário-cobalto por um de neo- dímio-ferro-boro e utilizando as características de magnetização da Fig. 1.19. 1.46 Com base nas características de magnetização do material neodímio-ferro- -boro da Fig. 1.24 e da Tabela 1.1, calcule o produto energético máximo para esse tipo de neodímio-ferro-boroem cada uma das temperaturas da Tabela 1.1, além dos respectivos valores de H e B. (Sugestão: Escreva uma expressão analítica para o produto energético máximo em termos de H usando o fato de que a permeabilidade de recuo é 1,04 μ0.) 1.47 No entreferro do circuito magnético da Fig. 1.41, deseja-se obter uma densida- de de fluxo magnético variável no tempo de acordo com Bg = B0 + B1 sen ωt em que B0 = 0,6 T e B1 = 0,20 T. O campo CC B0 deve ser criado por um ímã de neodímio-ferro-boro com a característica de magnetização da Fig. 1.19. O Ímã Peça polar μ → ∞ μ → ∞ R g Yoke Entreferro h hm Rm C/L Figura 1.40 Circuito magnético do alto-falante do Problema 1.44 (bobina móvel não mostrada). 62 Máquinas elétricas campo variável no tempo deve ser criado por uma corrente variável no tempo. Para Ag = 7 cm2, g = 0,35 cm, N = 175 espiras e com a característica de mag- netização da Fig. 1.19, encontre: a. o comprimento d e a área Am do ímã que permitirão obter a densidade de fluxo desejada no entreferro e minimizar o volume de ímã. b. A amplitude da corrente variável no tempo necessária para se obter a den- sidade desejada de fluxo de entreferro variável no tempo. 1.48 Um circuito magnético com a forma da Fig. 1.41 deve ser projetado usando ma- terial neodímio-ferro-boro com as características da Fig. 1.24 e da Tabela 1.1. O núcleo do circuito magnético terá uma área de seção reta Ag = 9 cm2 e o comprimento do entreferro será g = 0,32 cm. O circuito deve ser projetado para operar com temperaturas de até 180o C. a. Encontre o comprimento d e a área Am do ímã que correspondem ao vo- lume mínimo de ímã que produzirá uma densidade de fluxo magnético de 0,8 T com o sistema operando a uma temperatura de 180o C. b. Para o ímã da parte (a), encontre a densidade de fluxo no entreferro quando a temperatura de operação é 60o C. N espiras Ímã Entreferro: área Ag Área Am d g μ → ∞ μ → ∞ i(t) Figura 1.41 Circuito magnético do Problema 1.47.