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UNIT - Medicina P5- Bianca Lima de Souza Pancreatite TUTORIA “A pancreatite aguda corresponde à inflamação aguda do pâncreas, podendo envolver tecidos peripancreáticos ou órgãos à distância.” “A pancreatite aguda é definida como uma condição inflamatória aguda do pâncreas, com acometimento variável das estruturas peripancreáticas e órgãos à distância, cuja gênese depende da autodigestão tecidual pelas próprias enzimas pancreáticas.” ANATOMIA E HISTOLOGIA ● O pâncreas é um órgão de localização retroperitoneal, situando-se no abdome superior. ● Divide-se em três partes: cabeça, corpo e cauda. ● A cabeça encontra-se circundada pelo arco duodenal; ● A cauda possui íntimo contato com o hilo esplênico. ● Toda secreção pancreática drena para o ducto pancreático principal, ou ducto de Wirsung, desaguando o suco pancreático no duodeno, na estrutura denominada papila de Vater na segunda porção do duodeno. ● A papila de Vater também recebe o colédoco; ● Na maioria das pessoas, existe um pequeno segmento comum intrapapilar na convergência entre o Wirsung e o colédoco. ● A via biliar "mergulha" na cabeça do pâncreas antes de desembocar no duodeno; ● A papila de Vater contém um arranjo de fibras musculares lisas, o esfíncter de Oddi, que auxilia no controle da expulsão da bile e suco pancreático. ● O suprimento arterial é derivado de ramos provenientes do tronco celíaco e da artéria mesentérica superior. ● O tronco celíaco dá origem a três ramos: artéria hepática comum, artéria esplênica e artéria gástrica esquerda. ● A artéria esplênica dá origem aos ramos pancreáticos, responsáveis pela irrigação do corpo e cauda. 1 Introdução pâncreas 2 ● A drenagem venosa se faz para o sistema porta, através da veia esplênica ou diretamente para a veia porta. ● A drenagem linfática é feita principalmente para os linfonodos pancreatosplênicos. ● A inervação visceral eferente é feita pelo nervo vago e pelos nervos esplâncnicos, através dos plexos nervosos hepático e celíaco. ● Histologicamente, o parênquima pancreático é composto por uma porção exócrina e uma porção endócrina. ● A porção exócrina é formada por glândulas mistas tubuloacinares (80%); ● A porção endócrina é composta pelas ilhotas de Langerhans (20% de sua massa total). ● São três os principais tipos celulares que compõem o componente exócrino: ○ Células ductais; ○ Células centroacinares; ○ Células acinares. ● Estas células produzem dois tipos de secreção: hidroeletrolítica e enzimática. ● As células ductais e centroacinares são semelhantes em função: produzem a chamada secreção hidroeletrolítica, composta por água e eletrólitos e, principalmente, bicarbonato (HCO3 -). ● Já as células acinares são responsáveis pela produção da secreção enzimática, contendo as enzimas digestivas, como tripsinogênio, quimotripsinogênio, pró-carboxipeptidases, pró- fosfolipase A e B, pró-elastase, pré-calicreína, amilase, lipase e colipase. FISIOLOGIA ● O pâncreas é uma glândula do aparelho digestivo capaz de exercer uma dupla função: ○ Função exócrina (produção e secreção do suco pancreático, rico em bicarbonato e enzimas digestivas); ○ Função endócrina (liberação de hormônios, tais como a insulina, o glucagon e a somatostatina). ● A função pancreática exócrina está associada fundamentalmente ao processo de digestão de carboidratos, lipídios e proteínas. ● A produção exócrina do pâncreas não se limita aos períodos pós- prandiais precoces, mas também 2 3 se faz presente nos períodos interdigestivos; ● A secreção pancreática digestiva é semelhante à secreção gástrica, possuindo três fases: → Fase cefálica: os estímulos olfatórios e visuais vão até o córtex cerebral e desencadeiam aumento da produção exócrina pancreática através de sinais colinérgicos via nervo vago. → Fase gástrica: resulta da distensão gástrica causada pela chegada dos alimentos. Há um grande estímulo para a produção de enzimas. Além disso, a distensão do antro gera liberação de gastrina, a qual estimula a secreção pancreática; → Fase intestinal: O quimo rico em H+ induz a liberação de secretina pelas células S da mucosa duodenal e do jejuno proximal. Por outro lado, o quimo é também rico em aminoácidos, polipeptídeos e ácidos graxos, os quais estimulam as células I do duodeno e jejuno proximal a produzirem colecistoquinina (CCK). A secretina e a colecistoquinina são os principais secretagogos pancreáticos. → Secreção interdigestiva – inicia-se quando o trato gastrointestinal alto (TGI) encontra-se livre de alimentos. O PAPEL DA SECRETINA ● A secretina é um polipeptídeo cuja função primordial é estimular as células ductais e centroacinares a produzir secreção hidroeletrolítica, fundamentalmente rica em bicarbonato de sódio. ● A secreção alcalina resultante tem como principais ações: ○ Proteger a mucosa duodenal contra o potencial lesivo do suco gástrico ácido; ○ Criar um pH alcalino ótimo para a máxima ação das enzimas pancreáticas. O PAPEL DA COLECISTOCININA (CCK) ● A CCK é um polipeptídeo que tem como principal finalidade estimular as células acinares a produzir secreção rica em enzimas que atuam no processo digestório. ● As enzimas produzidas são, em sua maioria, pró-enzimas. ● Apenas a amilase e a lipase já são liberadas em suas formas ativas. ● As demais enzimas são ativadas no interior do lúmen intestinal. ● A enteroquinase é uma importante enzima normalmente presente na borda em escova das células da mucosa duodenojejunal, tendo como função primordial converter o tripsinogênio em tripsina. ● A tripsina é uma potente enzima proteolítica, capaz de ativar todas as outras pró- enzimas pancreáticas em enzimas ativas. ● As enzimas pancreáticas são responsáveis pela digestão das proteínas (tripsina, quimiotripsina, elastase e carboxipeptidases), amido (amilase) e lipídios (lipase, colipase e fosfolipase A2), cujos subprodutos são absorvidos pela mucosa intestinal. 3 4 Resumindo: O tripsinogênio é convertido em tripsina pela enteroquinase. A tripsina por sua vez vai ativar todas as outras pró-enzimas. ● Amplo espectro, havendo desde formas leves, mais comuns e que respondem bem ao tratamento conservador, a formas graves, que requerem internações, antimicrobianos de amplo espectro e intervenções cirúrgicas. ● Morbidade e mortalidade são baixas nos casos leves (3%) e elevadas nos graves (até 35%), sobretudo naqueles com necrose pancreática infectada. ● Para a distinção entre as duas formas, utilizam-se critérios clínicos, laboratoriais e radiológicos isolados ou agrupados sob a forma de escores prognósticos. ● 80-90% dos casos de pancreatite aguda cursam apenas com edema do pâncreas, sem áreas extensas de necrose, sem complicações locais ou sistêmicas e de curso autolimitado em 3-7 dias. ● 10-20% restantes cursam com extensa necrose parenquimatosa, hemorragia retroperitoneal, um quadro sistêmico grave e uma evolução de 3-6 semanas. ● A fisiopatologia da pancreatite aguda é mal conhecida e as evidências de um tratamento ideal são poucas. ● A classificação mais amplamente adotada para estudo das pancreatites agudas é a classificação de Atlanta. ● ● A incidência da pancreatite aguda varia de 4,8 a 24,2 casos/100.000 habitantes em países desenvolvidos. ● Não há dados concretos a respeito de sua incidência no Brasil. ● A mortalidade na pancreatite aguda respeita um padrão bimodal: ○ Primeiras 2 semanas: decorre da resposta inflamatória sistêmica e das disfunções orgânicas por ela induzidas. ○ Após 2 semanas: costuma ocorrer por causa das complicações infecciosas da doença.● O melhor conhecimento da fisiopatologia da pancreatite aguda e implementação de novas medidas terapêuticas reduziram a mortalidade nos casos graves, embora ela ainda atinja 35% em algumas casuísticas. ● As pancreatites graves são, geralmente, de etiologia biliar. 4 Discutir os fatores de risco principalmente a relação entre a pancreatite aguda e alcoolismo e calculose biliar EPIDEMIOLOGIA FATORES DE RISCO 5 ● Na literatura, o álcool é responsabilizado por 30% das pancreatites agudas; ● Afeta predominantemente, homens jovens com relato de consumo alcoólico abusivo. ● Pacientes que apresentam pancreatite aguda por álcool já possuem, na maioria das vezes, evidências funcionais ou morfológicas de pancreatite crônica, sendo mais adequado usar a designação pancreatite crônica agudizada. ● A pancreatite alcoólica crônica é marcada por vários episódios recorrentes de pancreatite aguda, em geral, desencadeados após libação alcoólica. ● Diversos fatores são implicados: ○ Estímulo direto à liberação de grandes quantidades de enzimas pancreáticas ativadas; ○ Contração transitória do esfíncter de Oddi; ○ Lesão tóxica acinar direta do etanol ou de um metabólito; ○ Formação de cilindros proteináceos que obstruem os dúctulos. ● A migração de cálculos biliares é a principal causa de pancreatite aguda; ● Corresponde a aproximadamente 40% dos casos; ● O mecanismo pelo qual os cálculos provocam a pancreatite aguda é desconhecido, mas as hipóteses mais prováveis são: ○ A passagem de um cálculo gerando edema transitório da papila, com discreta obstrução à drenagem do ducto pancreático principal; ○ Durante a passagem do cálculo através da ampola, a possibilidade de refluxo de bile face à obstrução transitória. ● A obstrução transitória da ampola de Vater por um pequeno cálculo ou pelo edema aumenta subitamente a pressão intraductal e estimula a fusão lisossomal aos grânulos de pró-enzimas, ativando a tripsina. ● Apesar da litíase biliar ser a principal causa de pancreatite aguda, apenas 3 a 7% dos pacientes portadores de cálculos desenvolvem a doença; ● A pancreatite biliar é mais comum no sexo feminino (2:1), em obesos e na faixa etária entre 50- 70 anos, dados próprios da doença litiásica biliar em geral. ● O barro biliar é uma suspensão viscosa de bile na vesícula biliar que pode conter cálculos pequenos ou microlitíase (cálculos < 3 mm). ● A ultrassonografia permite sua identificação, embora possa ser difícil identificar microcálculos em meio à lama biliar. 5 ALCOOLISMO CALCULOSE BILIAR 6 ● Em geral, surge em indivíduos com estase biliar funcional ou mecânica. ● Sua incidência nos portadores de pancreatite aguda idiopática é de, aproximadamente, 70%; colecistectomia e uso de ácido ursodeoxicólico reduzem a sua incidência. HIPERTRIGLICERIDEMIA ● Esta é uma importante causa de pancreatite aguda não traumática em pacientes sem litíase biliar ou antecedentes de uso de álcool. ● Os pacientes apresentam, geralmente, um soro lipêmico em razão de níveis de triglicerídeos plasmáticos superiores a 1.000 mg/dL, havendo claro predomínio de VLDL e quilomicron. ● A lesão pancreática parece decorrer da liberação de ácidos graxos livres com lesão direta das células acinares pancreáticas e do endotélio. ● É importante pesquisar a ocorrência de hiperlipidemia secundária a medicamentos (estrogênio, tamoxifeno, inibidores de protease, corticosteróides etc.), diabetes, hipotireoidismo, síndrome nefrótica e outras causas de hiperlipidemia. ● De maneira geral, três tipos de pacientes apresentam pancreatite aguda por hipertrigliceridemia: ○ Diabéticos mal controlados com antecedente de hipertrigliceridemia; ○ Alcoolistas com hipertrigliceridemia; ○ Indivíduos magros, não diabéticos e não alcoolistas, com hipertrigliceridemia induzida por drogas. HIPERCALCEMIA ● Trata-se de causa rara para pancreatite aguda. ● A doença surge pela deposição excessiva de cálcio no ducto pancreático com ativação prematura do tripsinogênio. ● Pode ocorrer em pacientes com hiperparatireoidismo, hipercalcemia paraneoplásica, sarcoidose, toxicidade por vitamina D ou no intraoperatório de cirurgias cardíacas, durante as quais utiliza-se, rotineiramente, infusão de altas doses de cálcio. DROGAS ● Medicamentos são uma causa incomum para pancreatite aguda; ● Aproximadamente 1,4% dos casos; ● Apesar de sua baixa frequência, são um problema emergente, pois são subestimadas, uma vez que, para seu diagnóstico, é necessário alto índice de suspeita. ● Casos leves podem não ser reconhecidos, pois a amilase não é dosada de modo rotineiro, como o são as aminotransferases; ● O período de latência entre a exposição à droga e o efeito adverso é variável entre os indivíduos e as medicações. ● Os mecanismos responsáveis pela pancreatite aguda medicamentosa são variáveis: ○ Efeito tóxico direto da droga; ○ Reações de hipersensibilidade; ○ Efeito tóxico indireto, mediado por hipertrigliceridemia ou outras anormalidades metabólicas. ● As principais drogas relacionadas às pancreatites agudas: 6 OUTRAS ETIOLOGIAS 7 INFECÇÕES ● Vários agentes infecciosos são potenciais causadores de pancreatite aguda; ● O diagnóstico etiológico, nesses casos, é complexo e depende da definição do quadro de pancreatite paralelamente à definição da existência da infecção. ● Pancreatite aguda de causa infecciosa deve ser cogitada se o paciente apresentar a síndrome causada pelo agente infeccioso, o que ocorre na maioria dos casos. COLANGIOPANCREATOGRAFÍA RETRÓGRADA ENDOSCÓPICA (CPRE) ● Quadro de pancreatite aguda pode ser observado após 5% das CPRE diagnósticas e 7% das CPRE terapêuticas. ● Os principais fatores de risco são história pregressa de pancreatite, sexo feminino, bilirrubinas séricas normais, ausência de pancreatite crônica, canulação difícil, dilatação biliar por balão, esfincterotomia, múltiplas injeções de contraste e suspeita de disfunção do esfíncter de Oddi. TUMORES ● Quaisquer tumores pancreáticos ou papilares que provoquem obstrução à drenagem do suco pancreático podem levar a quadros de pancreatite aguda; ● Ocorre sobretudo em indivíduos acima dos 40 anos de idade; ● O comprometimento agudo do pâncreas pode ser até mesmo a primeira manifestação da neoplasia. ● Adenocarcinomas e neoplasias intraductais mucinosas do pâncreas são as principais responsáveis por tais quadros. “Na pancreatite aguda, detecta-se uma reação inflamatória aguda difusa do pâncreas, associada a áreas de necrose gordurosa, tanto ao longo do parênquima quanto nos tecidos peripancreáticos, incluindo o mesentério e o omento. Nos casos mais graves, formam-se extensas áreas de necrose glandular, com ruptura vascular e focos de hemorragia. Os achados patológicos indicam um processo "auto digestivo" do pâncreas.” ● Pancreatites agudas têm como evento inicial a ativação prematura do tripsinogênio no interior das células pancreáticas; ● Essa ativação ocorre por meio de um estímulo lesivo à célula acinar que gera a fusão dos grânulos contendo pró-enzimas com as vesículas lisossomais: "teoria da colocalização lisossomal". ● Esse tripsinogênio é ativado em quantidades suficientes para superar os mecanismos de defesa do pâncreas. 7 FISIOPATOLOGIA 8 ● O resultado disso é a ativação seriada das demais pró-enzimas e da fosfolipase A2, promovendo a autodigestão do parênquima pancreático. ● Enzimas fosfolipase A e lipase: são as responsáveis pela autodigestão da gordura pancreática e peripancreática. ● Ácidos graxos: formam complexos com o cálcio (saponificação), contribuindo para a hipocalcemia da pancreatite. ● Enzima elastase: é a responsável pela lesãodo tecido intersticial e pela ruptura da parede vascular. ● Essa agressão inicial leva a complicações inflamatórias locais e ao desencadeamento de uma resposta inflamatória sistêmica. ● A tripsina converte a pré- calicreína em calicreína, ativando o sistema de cininas; e o fator XII em fator XIIa, ativando o sistema da coagulação (responsável pela formação de microtrombos, que podem contribuir para a necrose). ● Os mecanismos incluem lesão endotelial, liberação de citocinas pró e anti-inflamatórias, estresse inflamatório e translocação bacteriana a partir do trato gastrintestinal, sobretudo o cólon. ● A migração de grandes contingentes de células inflamatórias para o pâncreas faz com que a agressão se perpetue e possa se generalizar. ● As alterações microcirculatórias são muito importantes na fisiopatologia das formas mais graves, observando-se vasoconstrição, estase capilar, shunts arteriovenosos, aumento da permeabilidade capilar e isquemia tecidual. ● Todos esses fatores podem levar a edema local e, nos casos mais graves, o processo pode se generalizar; ● Com a generalização há extravasamento de quantidades relevantes de água livre do plasma para o terceiro espaço, provocando hipotensão e hemoconcentração. ● A circulação sistêmica de citocinas (IL-1, IL-8, IL-6, TNF- alfa), fosfolipase A2 e ERO provoca lesões em órgãos à distância e disfunção; ● Com isso, pode ocorrer a síndrome do desconforto respiratório do adulto. ● Na fase tardia das pancreatites agudas graves, infecções dos tecidos pancreático e peripancreático surgem como principal causa de mortalidade. ● A hipotensão secundária ao extravasamento de água livre para o terceiro espaço resulta em isquemia intestinal e queda da barreira mucosa, provocando micro-fraturas epiteliais que permitem o deslocamento de microrganismos. ● Muitas vezes, esses pacientes possuem algum grau de supercrescimento bacteriano subclínico, seja por íleo prolongado ou uso concomitante de antimicrobianos de amplo espectro. ● Uma vez em contato com o tecido pancreático necrótico, tais microrganismos encontram um ambiente propício para proliferação. Pancreatite necrosante 8 9 ● Dor abdominal é a principal queixa da maioria dos pacientes, sendo sua intensidade variável. ● É contínua, mal definida, localizada no epigástrio ou no andar superior do abdome, irradiando-se para o dorso, podendo atingir o flanco direito ou esquerdo. ● O alívio da dor ocorre na posição genupeitoral e há agravamento com a adoção da posição supina ou com o esforço. ● Em 90% dos casos, a dor se acompanha de náuseas e vômitos, possivelmente relacionados à intensidade da dor ou à inflamação da parede posterior do estômago. EXAME FÍSICO ● Varia de acordo com a gravidade do quadro. ● Na doença leve, há desconforto abdominal à palpação do epigástrio e do andar superior do abdome; ● É possível notar um plastrão (massa) inflamatório; ● Habitualmente, não são observados sinais de distensão abdominal ou descompensação hemodinâmica. ● Nas formas graves, nota-se um paciente agudamente enfermo, com sinais de toxemia, abdome doloroso, distendido, com respirações superficiais em razão da irritação frênica e evidências de irritação peritoneal. ● Outros sinais de gravidade incluem: hipotensão, taquicardia, febre e íleo paralítico; alterações sensoriais também podem surgir (encefalopatia pancreática). ● Aproximadamente 30% dos pacientes desenvolvem SIRS nas primeiras 48 horas. ● Hemorragia digestiva pode ocorrer por úlceras de estresse ou presença da síndrome de Mallory- Weiss secundária a vômitos intensos. ● Até 25% dos pacientes com quadro de pancreatite aguda encontram-se ictéricos em função da litíase biliar. ● Alguns sinais cutâneos podem acontecer na pancreatite aguda, de forma incomum: ○ Equimose em flancos – sinal de Grey-Turner; ○ Equimose periumbilical – sinal de Cullen; ○ Necrose gordurosa subcutânea – paniculite; ○ Equimose na base do pênis – sinal de Fox. 9 2. Conhecer o quadro clínico e critérios de gravidade e prognósticos na pancreatite aguda (Critérios de Ransom) QUADRO CLÍNICO CRITÉRIOS DE GRAVIDADE/ PROGNÓSTICO 10 ● Na abordagem da pancreatite aguda, é fundamental realizarmos o quanto antes uma avaliação formal do prognóstico. ● Assim, poderemos guiar melhor nossa conduta terapêutica. ● Deve-se classificar a pancreatite como "leve", "moderada" ou "grave". ● No caso da pancreatite "grave" é mandatório realizar uma TC abdominal com contraste endovenoso após as primeiras 72h do início do quadro, a fim de detectar a presença ou não de necrose; CRITÉRIOS DE RANSON ● São muito antigos e cada vez menos utilizados na prática; ● Destes, cinco são avaliados na admissão do paciente e refletem a gravidade e a extensão do processo inflamatório, assim como a idade. ● Os outros seis critérios são avaliados ao longo das 48h iniciais e refletem o desenvolvimento das complicações sistêmicas e o grau de perda volêmica para o "terceiro espaço". ● A maioria dos pacientes com pancreatite aguda tem a forma leve da doença. ● A minoria com a forma grave tem uma média não muito alta (2,4). ● A média nos casos fatais é de 5,6. ● Os 11 critérios devem ser buscados, pois caso contrário, reduz-se a sensibilidade do escore – tais critérios predizem 60-85% e omitem 15-30% das pancreatites graves. ESCORE APACHE II ● Foi criado para a avaliação de pacientes graves em geral. ● Considera-se como "grave" a pancreatite que soma oito ou mais pontos. ● O APACHE II consta de 14 parâmetros (sendo 12 variáveis fisiológicas), que levam em conta diversas funções orgânicas. ● Para torná-lo prático, o cálculo pode ser feito online ou com programas de computador. ● O APACHE II possui a vantagem de poder ser calculado já nas primeiras 24h da admissão. ESCORE BISAP ● O BISAP é um escore de fácil aplicação à beira do leito; ● São cinco parâmetros importantes para a definição de pancreatite aguda "grave". ● Observe a composição do "BISAP": ○ (B) Blood urea (ureia sérica) > 44 mg/ml; ○ (I) Impaired mental status ou "alteração do estado mental"; ○ (S) SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica); 10 11 ○ (A) Age ou "idade" > 60 anos; ○ (P) Derrame pleural. ESCORE DE ATLANTA ● Este é um dos escores mais utilizados na prática atual. ● Preconiza que a pancreatite aguda pode ser classificada em três subtipos, dependendo da gravidade. ● O que define se a pancreatite aguda é "grave" ou não é a presença da Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) desencadeada pela inflamação pancreática; ● Evidentemente, quanto mais intensa a inflamação sistêmica maior a chance de falência orgânica múltipla e, por conseguinte, pior o prognóstico. ● O diagnóstico de pancreatite aguda pode ser facilmente estabelecido diante de um caso clínico típico com o auxílio da dosagem sérica de amilase e lipase. ● Métodos de imagem são úteis nos casos duvidosos, podendo confirmar o diagnóstico de pancreatite ao demonstrarem a presença de edema/necrose do parênquima pancreático. ● Os exames de imagem não são obrigatórios para o diagnóstico em todos os casos. AMILASE SÉRICA ● Esta enzima pancreática costuma se elevar já no primeiro dia do quadro clínico (2-12h após o início dos sintomas); ● Mantém-se alta por 3-5 dias. ● Sensibilidade é de 85-90% entre 2-5 dias. ● Especificidade de 70-75%. ● O normal da amilase sérica geralmente é abaixo de 160 U/L. ● A especificidade aumenta muito quando considerados níveis acima de 500 U/L e principalmente 1.000 U/L. ●A amilase pode estar normal nos casos de pancreatite crônica avançada agudizada (como na pancreatite alcoólica), pois o parênquima pancreático já está destruído, exaurido de suas enzimas. ● Os níveis de amilase podem estar falsamente reduzidos na hipertrigliceridemia (quando os triglicerídeos aumentam, aumenta também um fator solúvel que inibe a amilase...). ● Uma amilase colhida após o quinto dia dos sintomas frequentemente é negativa. ● A especificidade da amilase é comprometida por quatro fatos: ○ Amilase salivar: a maior parte da amilase existente no organismo não é pancreática, mas sim salivar (55-60%); ○ Absorção intestinal: existe amilase pancreática na luz intestinal, podendo haver absorção luminal pelo intestino inflamado ou obstruído; ○ Macroamilasemia: uma entidade caracterizada pela ligação de uma proteína sérica à amilase 11 3. Caracterizar os recursos diagnósticos da pancreatite aguda 12 plasmática, impedindo que ela seja normalmente filtrada pelos rins; ○ Insuficiência renal: uma parte da amilase é eliminada pelos rins, logo, a insuficiência renal grave cursa com hiperamilasemia. ● Doenças da glândula salivar e outras doenças intra-abdominais agudas podem cursar com aumento da amilase. Ex.: colecistite aguda, coledocolitíase, perfuração de qualquer víscera oca, isquemia mesentérica, obstrução intestinal aguda, apendicite aguda, salpingite aguda, gravidez ectópica. ● Entretanto, apesar de existirem diversas causas de hiperamilasemia, raramente elas elevam a amilase acima de 3-5 vezes o limite da normalidade (> 500 UI/L). ● A determinação da isoforma pancreática da amilase não é específica da pancreatite, visto também estar aumentada nas lesões intestinais e na insuficiência renal. LIPASE SÉRICA ● Esta outra enzima pancreática se eleva junto com a amilase na pancreatite aguda, porém, permanece alta por um período mais prolongado (7-10 dias). ● Possui sensibilidade igual à da amilase (85%), sendo mais específica (80%). ● A lipase também existe dentro do lúmen intestinal e as mesmas condições abdominais que fazem aumentar a amilase também podem fazer aumentar a lipase. ● Normal: até 140 U/L; 3x o normal: > 450 U/L, variando conforme o método laboratorial usado). AMILASE + LIPASE SÉRICAS ● Tanto a amilase quanto a lipase, se acima de três vezes o limite superior da normalidade, são altamente específicas para pancreatite aguda. ● Se as duas estiverem aumentadas, a especificidade é de 95%. OUTRAS DOSAGENS LABORATORIAIS ● Diversos fatores vêm sendo estudados como substitutos da amilase e lipase para o diagnóstico de pancreatite aguda; ● Exemplos: peptídeo ativador do tripsinogênio, tripsinogênio 2 e tripsinogênio urinário. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA CONTRASTADA ● A Tomografia Computadorizada (TC) com contraste venoso é o melhor método de imagem para avaliar a presença de complicações locorregionais num quadro de pancreatite aguda; ● Indicada nos casos classificados como "graves". ● A TC pode ser normal em 15-30% dos casos de pancreatite "leve", logo sua realização não se justifica nestes pacientes. ● Pode mostrar aumento focal ou difuso do pâncreas, borramento da gordura peripancreática e perirrenal, coleções líquidas peripancreáticas, pseudocistos e áreas não captantes de contraste indicativas de necrose. ● Possui elevada sensibilidade e especificidade, e pode esclarecer os casos de dúvida diagnóstica. 12 13 ● O exame ideal é a TC helicoidal, que é capaz de revelar imagens com maior definição da captação do contraste endovenoso. ● O melhor momento para a realização de TC na pancreatite aguda grave é após o terceiro dia do início do quadro, quando as complicações como a necrose costumam estar bem estabelecidas. ● Deve-se evitar a TC contrastada em pacientes que evoluem com injúria renal aguda. ULTRASSONOGRAFIA ● O pâncreas pode ser visualizado, mostrando sinais ecogênicos clássicos de pancreatite aguda. ● A frequente interposição de alças intestinais repletas de gás torna a ultrassonografia de abdome um exame de baixa sensibilidade. ● Por outro lado, a USG abdominal é o método de escolha para o diagnóstico da litíase biliar, a causa mais comum de pancreatite aguda. RADIOGRAFIA SIMPLES ● É um importante exame a ser pedido nos pacientes com quadro de "abdome agudo". ● O RX de tórax pode revelar derrame pleural à esquerda ou atelectasia em bases pulmonares; ● Em casos mais graves pode haver um infiltrado bilateral compatível com SDRA. ● A pancreatite aguda pode determinar várias alterações no RX de abdome, assim como outras causas de abdome agudo inflamatório – são elas: ○ Alça sentinela (íleo localizado); ○ Sinal do cólon amputado: ○ Paucidade de ar no cólon distal à flexura esplênica, devido a um espasmo do cólon descendente; ○ Dilatação das alças (íleo paralítico inflamatório); ○ Aumento da curvatura duodenal (aumento da cabeça do pâncreas); ○ Irregularidades nas haustrações do transverso, devido ao espasmo difuso. ● As alterações intestinais da pancreatite aguda são decorrentes da extensão do exsudato inflamatório pancreático para o mesentério, mesocólon transverso e peritônio. RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA ● A RM é provavelmente equivalente à TC em termos de acurácia para o diagnóstico de pancreatite aguda. ● Vantagens: (1) na suspeita de pancreatite biliar, a colangiorressonância pode identificar mais de 90% dos cálculos na via biliar; (2) no paciente que evolui com IRA no contexto da PA "grave", a RM evita a exposição ao contraste iodado endovenoso. ● Limitações: elevado custo e menor disponibilidade. 13 14 ● A RM é superior à TC na análise de coleções líquidas. MEDIDAS GERAIS ● A avaliação dos sinais vitais (frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória, saturação periférica de oxigênio, temperatura e diurese) deve ser realizada de quatro em quatro horas nas primeiras 24 horas. ● Oxigênio suplementar deve ser fornecido se narcóticos forem administrados ou se houver queda da saturação de oxigênio. ● A gasometria arterial deve ser realizada se a saturação de oxigênio for menor ou igual a 95%, se houver hipotensão ou alteração do parâmetro respiratório. ● Nessas situações, controle radiográfico também é necessário. TRATAMENTO DA FORMA LEVE ● A forma leve não indica internação em serviço de Terapia Intensiva. ● O paciente pode ser internado em uma unidade intermediária, permanecer em dieta zero até a melhora do quadro clínico (principalmente a dor) e até que haja peristalse audível. ● A realimentação oral em geral é possível com 3-5 dias de evolução na forma leve. ● critérios para iniciarmos dieta são a melhora da dor abdominal, o retorno da peristalse, a ausência de vômitos e o paciente manifestar desejo de se alimentar. ● A forma leve geralmente é a manifestação da pancreatite intersticial (edematosa) e nesses casos a TC não é necessária (exceto se houver alguma complicação tardia). O tratamento de suporte nesses casos se resume a: → Analgesia: meperidina ou outros opiáceos. → Hidratação venosa para reposição volêmica (perdas para o terceiro espaço e pelos vômitos). → Controle eletrolítico e acidobásico (ex.: hipocalemia e alcalose metabólica devido aos vômitos, hipocalcemia, hipomagnesemia, esta última comum na pancreatite alcoólica). → Dieta zero (se sentir fome e RHA voltarem, pode voltar a dieta, no paciente leve por via oral e no grave parenteral). TRATAMENTO FORMA GRAVE ● Os casos graves podem evoluir com complicações orgânicas sistêmicas importantes, como: choque misto, insuficiência renal, quedado sensório, insuficiência cardíaca congestiva e SDRA. ● Estas devem ser agressivamente tratadas. ● Às vezes, é necessária intubação traqueal com ventilação mecânica e a monitorização hemodinâmica completa. ● Deve ser feita uma reposição volêmica vigorosa, com os objetivos principais de normalizar a diurese, a pressão arterial, a frequência cardíaca e a pressão venosa central. ● Estes pacientes perdem uma grande quantidade de líquido para o retroperitônio. ● Na pancreatite grave, pelo menos seis litros de cristaloide devem ser repostos nas primeiras 24h. 14 4. Discutir as principais condutas frente ao paciente com pancreatite, as possíveis complicações e diagnóstico diferencial CONDUTA 15 ● O fluido de escolha pode ser o Ringer lactato ou o soro fisiológico. ● Estes pacientes ficarão em dieta oral zero por períodos prolongados, tornando necessário outro tipo de suporte nutricional, que deve ser iniciado de preferência nas primeiras 48h. ● A nutrição enteral (por cateter nasojejunal ou nasogástrico) é a mais indicada atualmente. ● A dieta deve ser rica em proteínas e pobre em lipídeos. ● A noradrenalina (associada ou não à dobutamina), em veia profunda, deve ser utilizada nos casos de choque refratário à reposição volêmica vigorosa REPOSIÇÃO VOLÊMICA ● Entende-se que a hipovolemia secundária ao sequestro de grandes quantidades de líquido para o terceiro espaço implica acentuação dos fenômenos isquêmicos no pâncreas inflamado, aumentando o risco de necrose e outras complicações secundárias à hipovolemia, como insuficiência renal aguda. ● A reposição volêmica deve ser iniciada precoce e agressivamente, visando a manter estabilidade hemodinâmica. ● Nas primeiras 24 horas, infunde- se 30 a 40mL/kg de cristaloides, sendo metade deste volume nas primeiras seis horas de observação. ● A via periférica pode ser utilizada com segurança nos pacientes com pancreatites leves, mas recomenda-se uso de veia central em portadores de pancreatites agudas graves. ANALGESIA ● Dor abdominal é o sintoma predominante na maioria dos pacientes, devendo ser combatida de maneira eficaz. ● Analgésicos opióides por via venosa são preferíveis. ● A meperidina foi tradicionalmente favorecida em relação à morfina em razão do conceito de esta última pode promover espasmo do esfíncter de Oddi e agravamento da pancreatite. NUTRIÇÃO ● É considerado tratamento-padrão para os quadros leves, repouso pancreático com jejum oral. ● Sua adoção baseia-se no conceito fisiológico de que a alimentação aumenta a secreção de enzimas pancreáticas; e isso, no contexto de uma pancreatite aguda, aumentaria o processo inflamatório local e perpetuaria a agressão sistêmica. ● Pacientes com pancreatite aguda leve são mantidos, habitualmente, em jejum oral por 3 a 7 dias. ● De modo geral recomenda-se realimentação quando há melhora da dor e retorno de ruídos hidroaéreos. ● Na pancreatite aguda grave, sempre que possível, deve-se optar pela introdução da dieta por via enteral após estabilização hemodinâmica. ANTIMICROBIANOS ● Não há consenso a respeito do uso profilático de antimicrobianos nos casos graves, só usa ATB se a necrose estiver infectada. MANEJO DA NECROSE PANCREÁTICA ● O tratamento é o desbridamento, por necrosectomia cirúrgica convencional ou procedimentos menos invasivos (drenagem percutânea guiada por tomografia, drenagem 15 16 endoscópica, retroperitoneoscopia etc.). ● Idealmente, deve ser realizada nas primeiras 48 a 72 horas do início do quadro. RETINOPATIA DE PURTSCHER ● É uma rara complicação da pancreatite aguda. ● Manifesta-se como escotomas e perda súbita da visão. COMPROMETIMENTO RESPIRATÓRIO ● Pode piorar após os primeiros dias, se instalando derrame pleural (com preferência pelo lado esquerdo), atelectasia (pela dor ou obesidade) ou mesmo a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA). ● SDRA se caracteriza pela hipoxemia refratária à administração de altos fluxos de O2 , associado a infiltrado pulmonar bilateral, em geral assimétrico. CHOQUE ● Na maioria dos casos tem dois componentes: → Hipovolêmico: estima-se a perda de 6-10 litros para o retroperitônio ou para o peritônio nos pacientes com pancreatite grave. → Vasodilatação sistêmica (choque distributivo): exatamente a mesma fisiopatologia do choque séptico, porém, sem haver infecção. INSUFICIÊNCIA RENAL ● É comum na pancreatite grave, manifestando-se como azotemia no exame laboratorial (aumento de ureia e creatinina). ● A causa na maioria das vezes é pré-renal, devido à hipovolemia e desidratação por causa dos vômitos (perda para o 3º espaço), portanto, é reversível com a reposição volêmica agressiva. NECROSE TUBULAR AGUDA ● No entanto, em alguns casos, os rins são lesados pela reação inflamatória sistêmica (enzimas ativadas e mediadores liberados por leucócitos) ou pela isquemia prolongada. ● Neste caso, a azotemia não reverte com a reposição volêmica e pode vir a ser grave a ponto de causar síndrome urêmica e distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos indicativos de diálise. ● As doenças que se manifestam com intensa dor abdominal aguda devem ser afastadas, entre elas: ● Doença péptica/úlcera perfurada; ● Colelitíase, coledocolitíase, colecistite aguda; ● Isquemia mesentérica aguda: pode ser facilmente confundida com pancreatite aguda ● Obstrução intestinal aguda; ● IAM inferior: ● /dissecção aórtica abdominal; ● Gravidez ectópica. ● Na colelitíase e na doença péptica a dor costuma ter menor duração. ● A dor da colecistite aguda pode ser muito semelhante à dor da pancreatite. ● Um histórico de fibrilação atrial, pós-IAM, a ausência de vômitos incoercíveis, a presença de diarreia ou sangue no toque retal e uma acidose metabólica proeminente, são dados que sugerem o diagnóstico de isquemia mesentérica. ● Na úlcera perfurada, o exame abdominal em geral mostra irritação peritoneal proeminente, achados não esperados na pancreatite aguda, que é uma 16 COMPLICAÇÕES DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 17 causa de inflamação predominantemente retroperitoneal. ● Há casos em que os critérios clínicos e laboratoriais não são capazes de diferenciar com certeza a pancreatite aguda de seus diagnósticos diferenciais, sendo indicada a laparotomia exploradora. 17