Prévia do material em texto
AULA 4 PESQUISA SOCIAL E PROJETOS INTERVENTIVOS Profª Larissa Marsolik 2 INTRODUÇÃO Nesta aula, abordaremos questões referentes a indicadores sociais, apresentando conceitos, utilidade, características, classificação e natureza como pontos fundamentais para o trabalho de planejamento, implementação, execução, avaliação dos programas, projetos e políticas sociais. O presente conteúdo contempla a necessidade de alunos pesquisadores no processo de aprimoramento de práticas de pesquisas sociais e a realização de projetos interventivos, considerando o papel fundamental na formulação, implementação e avaliação de políticas públicas dos indicadores sociais. Discutiremos a utilização desses indicadores como ferramenta que permite estimar a efetividade das ações governamentais e avaliar em que medida o dinheiro público está sendo eficientemente utilizado, uma vez que se trata de “um instrumento operacional para monitoramento da realidade social para fins de formulação e reformulação de políticas públicas” (Januzzi, 2004, p. 15). TEMA 1 – INDICADORES SOCIAIS: CONCEITO De acordo com o Ministério do Planejamento, em sua publicação Guia metodológico de indicadores (2010), a definição de indicador: é uma abstração que expressa uma dada realidade, mas não é a única; sempre que possível o gestor de uma política pública deve buscar outras formas de medição (pesquisas amostrais, contratação de avaliações externas, auditoriais etc.) dos efeitos esperados no público-alvo do Programa. (BRASIL, 2010, p. 19) Na atualidade, pensar em políticas públicas, programas ou projetos sociais e até mesmo outros tipos de intervenção pressupõe a referência quase que obrigatória de indicadores de situação, de desempenho e de resultado. Entretanto, por um período, no Brasil, discutir a aplicabilidade de indicadores, especialmente os sociais, permeou apenas o meio acadêmico e especialistas (estatísticos e matemáticos). Assim, podemos afirmar que os indicadores são ferramentas que objetivam apontar algo, expressando significados mais amplos, ou seja, produzir informações. São, de fato, “medidas” que, por vezes, expressam ou quantificam resultados ou características de um processo. Considerando tais afirmativas, torna-se evidente a utilização e emergência da cultura dos indicadores, das avaliações permanentes, sistemáticas e consistentes. 3 Isto posto, torna-se possível compreender que os indicadores, em geral, buscam retratar aspectos da realidade, sendo instrumentos fundamentais para a implementação e monitoramento de políticas públicas, considerando o retrato da realidade que evidenciam e a sua apresentação sobre o fenômeno concreto. Neste sentido, podemos afirmar que os indicadores sociais possuem fundamental importância na discussão política e social do cotidiano nacional e internacional. São considerados por pesquisadores e gestores uma excelente ferramenta de análise, sendo balizadora no processo de tomada de decisão, uma vez que possibilitam acompanhar limites e possibilidades de intervenção com base no retrato das condições de vida e vulnerabilidades da população. Portanto, buscam mensurar os resultados, gerir o desempenho, subsidiar o processo de tomada de decisão, facilitar o planejamento e proporcionar análise comparativa de desempenho. Conforme Jannuzzi, indicador social É uma medida em geral quantitativa dotada de significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação de políticas). É um recurso metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se processando na mesma (Jannuzzi, 2004, p. 15). Sendo assim, no processo de planejamento, monitoramento e avaliação de políticas públicas, a organização de dados é essencial e quanto mais objetiva ela for, mais precisas serão as informações utilizadas para compor o indicador. Segundo Januzzi (2004), podemos compreendê-lo como uma medida normalmente quantitativa dotada de um significado social e utilizado para quantificar, substituir, operacionalizar um conceito social abstrato. Ainda, afirmá- lo como recurso metodológico que informa algo sobre um aspecto da realidade social e que possibilita aos governos a otimização da comunicação dos resultados de suas ações. Destarte, são vantagens da utilização de indicadores na execução de programas e projetos a possibilidade de uma melhor compreensão dos papéis desempenhados e melhor qualidade em seu planejamento e avaliação. Também o fortalecimento de resultados, a uniformidade em conceitos, abordagens e diretrizes e a otimização da comunicação de resultados. Compreendendo os diferentes conceitos de indicadores, vale lembrar que, de acordo com o Guia metodológico de indicadores (BRASIL, 2010), a implementação de indicadores possibilitaria gerar a compreensão dos papéis 4 desempenhados pelos atores do processo e a melhoria do planejamento, implementação e avaliação de diferentes programas, considerando a uniformidade de conceitos, diretrizes e abordagens. Desta forma, seria possível a melhoria da comunicação dos resultados das ações desenvolvidas além do fortalecimento de resultados na perspectiva da eficiência e eficácia de ações governamentais. TEMA 2 – INDICADORES SOCIAIS: UTILIDADE Segundo Romera (2008, p. 134), O indicador social tem importante função exploratória no diagnóstico de situações concretas, na definição de metas prioritárias e no direcionamento das ações contínuas, na medida em que, com o uso constante de indicadores adequados, estes oferecem informações concretas para o conhecimento da realidade e orientam as ações, dando sustentação ao processo de gestão. Desta forma, as diferentes esferas de governo, bem como fundações e institutos passaram a desenvolver e implementar indicadores considerando a sua utilidade no processo de planejamento, gestão e controle. Assim, torna-se evidente que conhecimento e aplicabilidade dos indicadores sociais resultam do entendimento da dinâmica da totalidade, da configuração das sociedades e da perspectiva ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa de um programa ou projeto social. De acordo com o Guia referencial para medição de desempenho e manual para construção de indicadores, do Ministério do Planejamento (2010), os indicadores são extremamente úteis, considerando as capacidades de facilitar processos de planejamento e controle de desempenho, bem como, de maneira continuada, colaborar para processos organizacionais, posta a possibilidade de mensuração de resultados. Além disto, tais indicadores proporcionam a condição de gerir desempenho e corroboram para análise de resultados, bem como possibilitam viabilidade de análises comparativas. Então, a utilidade dos indicadores como ferramenta gerencial para monitorar objetivos e metas é incontestável. Por meio da correlação entre os tipos de indicadores e o fluxo de implementação dos programas, consolidam-se os processos de diagnóstico do problema ou demanda, planejamento, execução e monitoramento, avaliação e revisão. Isto posto, é fortalecida a sua utilidade no processo de detectar evidências sobre qualidade de vida ou mudanças nela, 5 considerando as condições de moradia e a oferta de serviços públicos essenciais, evasão escolar, prática esportiva, de lazer, condições de segurança etc. Da mesma forma, é importante identificar grupos da população ou áreas em situação de risco para melhor diagnóstico e monitoramento, realizando o levantamento do perfil dos usuários e serviços públicos necessários e o levantamento dos perfis de moradia e exposição a riscos. Como recurso metodológico, a utilização de indicadores pode estratificar dados de riscos epidemiológicos,possibilitando direcionar investimentos e atendimentos do ponto de vista de recursos humanos e financeiros, além de elaborar propostas de enfrentamento, por exemplo, de desnutrição, saneamento, doenças físicas e mentais, entre outras. Como medida geral quantitativa dotada de significado social e econômico, pode identificar grupos que precisam de mais apoio público com ofertas especializadas de serviços, da mesma maneira que possuem condições de fornecer indícios sobre situações econômicas e sociais, tecnológicas e culturais. Vale ressaltar que um indicador não substitui o conceito que o concebeu, uma vez que é apenas uma medida geral quantitativa. Romera afirma que o conhecimento e utilização dos indicadores sociais provêm da compreensão do movimento da totalidade, da vida das sociedades, da postura política-ideológica de um programa, projeto social. Os indicadores sociais, no processo de gestão, tornar-se-ão supérfluo se antes não realizarmos uma mediação entre o conhecimento sobre o conceito social a ser operacionalizado, interpretado e o contexto social, econômico em questão. Assim, em um projeto social e em seu processo de gestão, o indicador social será tido apenas como um dado, um número, se não compreendermos o conceito social a que ele se refere, pois o trunfo dos indicadores sociais é dar vida e visibilidade a um conceito abstrato e suas expressões (Romera, 2008, p. 134). Com isso, faz-se imprescindível análise e leitura dos indicadores apresentados, correlacionados com referencial teórico-metodológico, considerando a necessidade de interpretação do que, como o próprio nome afirma, está sendo indicado com as informações demonstradas. TEMA 3 – INDICADORES SOCIAIS: CARACTERÍSTICAS Para Jannuzzi, “no campo aplicado das políticas públicas, os indicadores sociais são medidas usadas para permitir a operacionalização de um conceito abstrato ou de uma demanda de interesse programático” (Jannuzzi, 2005, p.138). Desta forma, as características de identificação de grupos da população ou áreas em situação de risco para melhor diagnóstico e monitoramento tornam-se 6 necessárias, sendo cabível a realização de levantamento do perfil dos usuários e serviços públicos necessários e o levantamento dos perfis daqueles usuários. Com isso, são propriedades essenciais a referência nos critérios de escolha e a compreensão de que todo e qualquer indicador de programa ou projeto deve apresentar como princípios norteadores as características de validade, confiabilidade e simplicidade. Assim, diferentes autores apontam a confiabilidade e a validade como termos essenciais da linguagem básica da mensuração. São propriedades essenciais: validade, confiabilidade e simplicidade, sempre devendo ser consideradas como critérios de escolha. De acordo com o Ministério do Planejamento (BRASIL, 2010, p. 25). • Validade: capacidade de representar, com a maior proximidade possível, a realidade que se deseja medir e modificar. Um indicador deve ser significante ao que está sendo medido e manter essa significância ao longo do tempo. • Confiabilidade: indicadores devem ter origem em fontes confiáveis, que utilizem metodologias reconhecidas e transparentes de coleta, processamento e divulgação. • Simplicidade: indicadores devem ser de fácil obtenção, construção, manutenção, comunicação e entendimento pelo público em geral, interno ou externo. A validade apresenta-se, então, como condição de representar o acontecimento, sendo, nas palavras de Jannuzzi, “outro critério fundamental na escolha de indicadores, pois é desejável que se disponha de medidas tão próximas quanto possível do conceito abstrato ou da demanda política que lhes deram origem” (Jannuzzi, 2005, p.139). Neste sentido, a confiabilidade é reconhecidamente vinculada à qualidade da verificação das informações, ou seja, deve, em situações análogas, apresentar os mesmos resultados. Já a simplicidade é considerada propriedade essencial, entretanto apresenta-se de fácil obtenção, construção, manutenção, comunicação e entendimento. Também são extremamente relevantes e consideradas propriedades complementares dos indicadores: sensibilidade; desagregabilidade; economicidade; estabilidade; mensurabilidade; auditabilidade e publicidade. 7 A sensibilidade é a condição de perceber no fenômeno analisado as mudanças ocasionadas com base nas intervenções realizadas; a desagregabilidade é a capacidade da metodologia estratificada conforme a necessidade do gestor; a economicidade é a capacidade de custos inferiores aos benefícios esperados; a estabilidade é a consistência nas medições, séries históricas e a condição de permitir monitoramento e avaliação; a mensurabilidade é a capacidade de alcance e mensuração com maior precisão; a auditabilidade é a obtenção de dados para a formação do indicador, formatação, interpretação dos dados, bem como a publicidade, a capacidade de tornar os indicadores públicos, acessíveis à sociedade, à administração pública etc. Considerando as propriedades essenciais e as propriedades complementares, Jannuzzi afirma que “os indicadores apontam, indicam, aproximam, traduzem em termos operacionais as dimensões sociais de interesse definidas a partir de escolhas teóricas ou políticas realizadas anteriormente” (Jannuzzi, 2005, p.138). Assim, a prática de pesquisa propõe que improvavelmente o pesquisador vai encontrar indicadores que demonstrem todas as propriedades desejáveis elencadas, no entanto, todas elas devem ser consideradas desde a fase inicial de pesquisa. TEMA 4 – INDICADORES SOCIAIS: CLASSIFICAÇÃO No que se refere a classificação, existem diferentes formas de classificar os indicadores. O mais comum é classificá-los de acordo com temas e áreas, como indicadores de justiça, saúde, segurança pública, assistência social, educação, entre outros. Classificamos os indicadores quanto à relação de dados, sendo simples ou compostos; quanto aos objetivos, sendo estratégicos ou operacionais; e quanto à valoração, sendo quantitativos ou qualitativos. Quanto à classificação relacionada à complexidade metodológica (quantidade de informação) na construção do indicador, consideramos indicadores simples, elaborados com base em uma dimensão específica da realidade, de maneira unidimensionais. São exemplos de indicadores simples: taxa de mortalidade infantil; evasão escolar taxa de analfabetismo etc. 8 Os indicadores compostos são agrupados por indicadores simples (dois ou mais), ou que pretendem relacionar mais de uma dimensão da realidade social, ou seja, sintéticos ou multidimensionais. Neste sentido, torna-se possível evidenciar a combinação necessária das dimensões para a elaboração de cada indicador. São exemplos de indicadores compostos o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), construído com base em informações sobre saúde, educação e renda; índice de desenvolvimento humano municipal, elaborado segundo informações de educação, renda e longevidade; índice de desenvolvimento social, elaborado com fundamento em dimensões de grau de escolaridade, disponibilidade de renda, qualidade habitacional e acesso a saneamento básico etc. Assim, podemos afirmar que indicadores simples e compostos nos permitem medir e gerenciar questões, que, de maneira objetiva, impactam na vida da população, bem como balizam o processo de tomada de decisões nas políticas públicas e sociais. Também classificamos os indicadores sociais como objetivos ou quantitativos e subjetivos ou qualitativos. De acordo com Jannuzzi (2005, p. 143), os indicadores objetivos referem-se a ocorrências concretas ou a entes empíricos da realidade social, construídos a partir de estatísticas públicas disponíveis [...] os indicadores subjetivos, por outro lado, correspondem a medidas construídas a partir da avaliação dos indivíduos ou especialistascom relação a diferentes aspectos da realidade. Podemos afirmar que os indicadores objetivos ou quantitativos são relativos a fatos e medidas empíricas da realidade social, construídos com base em estatísticas públicas disponíveis. Apresentam-se expressos em valores objetivos ou absolutos, como o analfabetismo por faixa da população, média de atendimentos dos ambulatórios, quantidade de Unidades de Saúde com UTI, taxa de desemprego, taxa de evasão escolar, domicílios com acesso à rede de água, entre outros. Na mesma perspectiva, são indicadores subjetivos ou qualitativos aqueles relativos à interpretação subjetiva e avaliação dos indivíduos ou especialistas que contemplem vários aspectos da realidade. São exemplos de indicadores qualitativos: a concepção de bem-estar social; trabalho digno; aumento de violência motivada por questões passionais; grau de otimismo dos empresários; avaliação sobre desempenho dos governantes; podendo ser levantadas em pesquisas de opinião pública. 9 Os indicadores estratégicos são aqueles vinculados ao planejamento estratégico da organização e demarcam o futuro institucional, por isso, estão ligados à missão e à visão estabelecidas institucionalmente. Além de envolver diretamente a visão estratégica, exigem seletividade e gerenciamento intensivo. São exemplos de indicadores estratégicos: diminuição da pobreza; cobertura dos serviços públicos; redução da mortalidade infantil; previdência pública etc. Os indicadores de processo ou fluxo são vinculados ao acompanhamento do desempenho do processo, bem como avaliação. Os indicadores de insumo e processo podem ser chamados de indicadores de esforço, e os indicadores produto, de indicadores de resultados. Os indicadores de processo são orientados ao acompanhamento e avaliação do desempenho do processo, que é analisado como um todo por meio da qualidade dos serviços prestados. Com isso, o desempenho é resultado da somatória dos esforços e resultados e é analisado como um todo por meio da qualidade do que está sendo ofertado. São exemplos de indicadores de processo: o número de consultas pediátricas por mês; o número de homens e horas dedicados a um programa social entre outros. Isto posto, para que se alcancem resultados efetivos e eficazes, faz-se necessária a elaboração de indicadores de esforços e resultados. Assim, podemos afirmar a formulação de desempenho como resultante da avaliação dos recursos alocados e dos resultados alcançados, relacionando, por exemplo, a relação do serviço prestado com a satisfação da população atendida. Segundo essa ótica, as formas de avaliação de desempenho podem medir as perspectivas de produtividade ou eficiência, eficácia e efetividade. Produtividade ou eficiência pressupõe a relação entre a quantidade de recursos utilizados e os produtos ou serviços oferecidos – custos x produtividade. São exemplos de indicadores de eficiência: a quantidade de alunos com vagas garantidas em relação à quantidade de professores em escolas; o número de crianças vacinadas com o menor custo. Eficácia pressupõe a relação entre a satisfação dos cidadãos e clientes e a qualidade dos serviços ou produtos ofertados e a quantidade. São exemplos de indicadores de eficácia: o total de consultas agendadas em uma unidade básica de saúde em relação à quantidade de pacientes atendidos; o número de crianças vacinadas ter sido atingido e superado. Efetividade pressupõe a relação entre os impactos gerados pelos serviços ou produtos e projetos e a transformação alcançada. Temos como exemplo o 10 programa de merenda, que reflete em melhores médias do ENEM ou ENADE, e a campanha de vacinação, que reduz a incidência de doenças etc. TEMA 5 – INDICADORES: NATUREZA Em uma perspectiva ampla, quanto à sua natureza, os indicadores podem ser divididos em: econômicos, sociais e ambientais. Os indicadores econômicos formam os primeiros a ser construídos e consideram as perspectivas macro e microeconômica que afetam a produtividade e competitividade do país, considerando tributos, ofertas de créditos, taxas de juros etc. No setor público, são utilizados na gestão da política fiscal, monetária, cambial etc. No setor privado, subsidiam decisões de planejamento estratégico, financiamentos, investimentos etc. Os indicadores sociais retratam o estado e nível de desenvolvimento social, bem-estar geral e nível de qualidade de vida, com base nas dimensões de educação, saúde, habitação, renda, transporte, trabalho e segurança. Podemos indicar como exemplo a expectativa de vida medida pela média de anos de vida em determinado país, a taxa de analfabetismo representada pelo percentual de pessoas que não sabem ler ou escrever, a qualidade da saúde da população, entre outros. Os indicadores ambientais demonstram o progresso alcançado na aderência do desenvolvimento sustentável, considerando a dimensão de sustentabilidade que trata dos impactos das ações sobre os sistemas naturais. Desta maneira, abrangem o desempenho de insumos (energia, água) e a produção (emissões, resíduos), baseados em normas internacionalmente reconhecidas. Isto posto, algumas reflexões são necessárias acerca do uso dos indicadores, considerando-os como representações imperfeitas e suscetíveis. Apesar de se prestarem de forma limitada, eles são fundamentais no processo de planejamento, implementação e avaliação de políticas públicas, uma vez que informarão ao gestor o montante de pessoas desempregadas, o número de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação por alojamento, a quantidade de alunos por escola ou sala de aula. De acordo com Bonadío (2003, p. 129), “compõem a agenda da política social como um referencial indispensável para a definição de prioridades e alocação de recursos”. Assim, no processo de construção de políticas, programas 11 ou projetos governamentais, consolida-se a necessidade da utilização de indicadores sociais. Para Jannuzzi (2005, p. 139), “os indicadores guardam, pois, relação direta com o objetivo programático original, na forma operacionalizada pelas ações e viabilizada pelos dados administrativos e pelas estatísticas públicas disponíveis”. Desta forma, reafirma-se a necessidade de conhecer detalhadamente a realidade social que se objetiva transformar. Mediante o exposto, faz-se necessário considerar a aplicabilidade dos indicadores na gestão pública, uma vez que são ferramentas úteis para desvelar a situação atual da oferta de serviços, desvelar a realidade social e compreender ou sugerir propostas de evolução. Em uma perspectiva ampla e considerando a natureza econômica, social e ambiental dos indicadores, torna-se evidente que o seu conhecimento e aplicabilidade resulta em um processo de apreensão da dinâmica da totalidade e da configuração das sociedades, perpassando por concepções ético-políticas, teórico-metodológicas e técnico-operativas de programas ou projetos sociais. Em síntese, os indicadores permitem medir e gerenciar questões que impactam na vida da população, bem como nortear o processo de tomada de decisões nas políticas públicas e sociais, além de acompanhar as execuções propostas. 12 REFERÊNCIAS ANDRADE, M. M. de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos. Indicadores de programas: Guia metodológico. Brasília: MP, 2010. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos. Produto 4: Guia referência para medição de desempenho e manual para construção de indicadores. Brasília: MP, 2010. CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2002. CRUZ NETO, O. O trabalho de campo comodescoberta e criação. In: MINAYO, M. C. de S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2002. DEMO, P. Metodologia para quem quer aprender. São Paulo: Atlas, 2008 GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Objetiva, 2001. JANNUZZI, P. de M. Considerações sobre uso, abuso e mau uso de indicadores nas políticas públicas municipais. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n.1, p. 51-72, 2002. _____. Indicadores Sociais no Brasil: conceitos, fontes de dados e aplicações. 3. ed. Campinas: Editora Alínea, 2004. _____. Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil. Revista do Serviço Público, Brasília, v. 56, n. 2, p. 137-160, abr./jun. 2005. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia científica. 2. ed. ver. ampl. São Paulo: Atlas, 1991. LUCKESI, C. et al. Fazer universidade: uma proposta metodológica. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1986. 13 MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 2007. RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2007. ROMERA, V. M. (Org.). Os Indicadores Sociais como Instrumento de Gestão Social. Serviço Social em Revista, Londrina: UEL, v. 10, n. 2, jan./jul. 2008. RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes, 1986. RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1990. SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. 11. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. SELLTIZ, C. et al. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: Herder / Editora da Universidade de São Paulo, 1972. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Cortez, 2007. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. TRUJILLO FERRARI, A. Metodologia da pesquisa científica. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982. VERGARA, S. C. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Pioneira, 1998.