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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO Aula 5 Prof. Antonio Luiz Arquetti Faraco Júnior RECONHECIMENTO DE UM ESTADO Tipos de reconhecimento: 2 Para que um Estado passe a existir no âmbito da comunidade internacional é preciso que haja um reconhecimento dele por parte dos outros Estados com quem irá se relacionar. Tácito • Criação de uma embaixada, por exemplo. Expresso • Declaração formal de reconhecimento. CASO BRASILEIRO Independência em 7 de setembro de 1822. 25/06/1823: Argentina (Províncias Unidas do Rio da Prata) reconhece o Brasil. Por nota de Bernardino Rivadávia, o governo de Buenos Aires, habilitado para gerir as relações exteriores das Províncias Unidas do Rio da Prata, reconhece a independência do Brasil. 26/05/1824: EUA reconhecem o Brasil; os Estados Unidos são o primeiro país a receber formalmente um diplomata brasileiro. 01/07/1824: Chega ao porto do Rio de Janeiro um embaixador do Império do Benim (atual parte da Nigéria). 20/07/1824: Dom Pedro I recebe o embaixador do Império do Benim na residência oficial. 26/07/1824: Chanceler brasileiro envia nota ao embaixador do Benim, comunicando que o Imperador mandara o Tesouro Público pagar 1600 réis diários ao embaixador enquanto permanecesse na Corte. O pagamento seria feito até 17/08/1824. 08/08/1824: Nota do ministro plenipotenciário do México em Londres a seu homólogo brasileiro com proposta de mútuo reconhecimento da independência e de estabelecimento de relações entre Brasil e México. O plenipotenciário brasileiro responde não ter instruções para comunicar-se com diplomatas não europeus. Relações diplomáticas entre Brasil e México só seriam estabelecidas em 1830. Reconhecimento por parte de Portugal, 29 de agosto de 1825, por meio do Tratado de Paz e Aliança. 3 Portugal não queria aceitar a independência do Brasil. Com a ajuda da Inglaterra, os dois países chegaram a um pacto: Portugal reconheceria a independência, e em troca o governo britânico exigiu que o Brasil pagasse um débito de 2 milhões de libras que Portugal devia a Inglaterra. Para pagar a indenização para Portugal o Brasil pediu um crédito à Inglaterra. O Brasil aumentou a sua dívida externa, e a Inglaterra conseguiu lucros com o acordo. RECONHECIMENTO DE UM ESTADO Para formalizar a existência de um Estado soberano perante a comunidade internacional, assim ele poderá exercer suas atividades no plano internacional de forma válida e independente. 4 Para que serve o reconhecimento? Divergência doutrinária sobre a natureza jurídica do ato de reconhecimento de estado Corrente majoritária •Tem efeito declaratório. •Se o Estado reunir os elementos constitutivos, possui o direito de ser reconhecido. •Nesse caso, os demais Estados têm o dever de reconhecê-lo. •Mas, esse dever pode ser recusado naqueles casos em que houver a criação de entidades em desacordo com o Direito Internacional, resultando em um ilícito internacional. Corrente minoritária •Tem efeito atributivo. •É um ato bilateral, por consenso mútuo atribui-se a um determinado Estado personalidade jurídica internacional. •A personalidade jurídica internacional não seria adquirida no momento do seu surgimento, mas somente após o reconhecimento. A TE N Ç Ã O ! RECONHECIMENTO DE UM GOVERNO O reconhecimento de governo segue a mesma forma do reconhecimento de Estado, podendo ser expresso ou tácito. 5 Para que os atos de governo sejam válidos perante a comunidade internacional. Para que serve o reconhecimento? Esse reconhecimento só é necessário quando a formação do novo governo ocorre de uma forma atípica, não prevista no ordenamento jurídico do Estado, como é caso de golpes de Estado, revoluções, guerras e dentre outras situações. CRIAÇÃO, EXTINÇÃO E SUCESSÃO DE ESTADO Fusão ou união Desmembramento ou fracionamento Anexação ou absorção Emancipação 6 O Estado não é uma entidade estática, podendo, com o passar do tempo, sofrer alterações por: Sucessão de Estados Quando um Estado (chamado de predecessor ou sucedido) é definitivamente substituído por outro (chamado de sucessor) no que tange ao domínio de seu território e às responsabilidades pelas suas relações internacionais. TERRITÓRIO ESTATAL O território nacional é tema de interesse do Direito Internacional, pois é sobre ele que o Estado exerce seu domínio e jurisdição Tudo aquilo ou aquele que se encontra ocupando ou habitando o território nacional, submete-se à suprema autoridade estatal. Apenas em casos previamente autorizados e determinados pode uma entidade estrangeira exercer sob um dado território a sua jurisdição. 7 FRONTEIRA F O R M A D O P O R : TERRITÓRIO ESTATAL Já a demarcação territorial corresponde a prática do que fora acordado pela sinalização ou marcação do local. 8 Solo Subsolo Espaço aéreo Mar territorial Plataforma continental Não há uma técnica pré-definida para a demarcação de fronteiras. Podem ser: Naturais • Seguem critérios geográficos. Artificiais •De acordo com critérios políticos. Em regra, a delimitação territorial, que corresponde à descrição da fronteira, é feita por meio de uma Convenção ou Tratado entre os Estados vizinhos. Espaços internacionais comuns, que pertencem a comunidade internacional (alguns exemplos): A titularidade desses espaços não pode ser reivindicada por nenhum Estado, cabendo a regulamentação do seu uso e exploração às normas de Direito Internacional. Alto mar Espaço ultraterrestre Fundo marinho IM U N ID A D E E S TA TA L IMUNIDADE ESTATAL E DE AGENTES DIPLOMÁTICOS A imunidade estatal está intimamente ligada à noção de soberania estatal. Os atos do Estado podem ser divididos em 2 tipos: 9 Atos de império •Atos essencialmente de governo. Atos de gestão •Atos comerciais, mais ligados ao direito privado. Essas imunidades e privilégios não são concedidos a pessoa física do representante estatal, são benefícios do próprio Estado que decorrem da sua soberania. Somente o Estado acreditante (Estado de origem dos representantes) pode renunciar à imunidade cível e penal, é uma prerrogativa exclusiva do Estado e não dos representantes. IMUNIDADE ESTATAL E DE AGENTES DIPLOMÁTICOS O Estado não pode invocar imunidade de jurisdição perante um tribunal de outro Estado se expressamente consentiu no exercício da jurisdição por aquela corte, relativamente a uma matéria ou caso, por acordo internacional, declaração ou comunicação escrita. Se o Estado vier a engajar-se em uma atividade comercial como uma pessoa física ou jurídica estrangeira e, em virtude das regras aplicáveis do direito internacional privado, os litígios relacionados à atividade comercial ingressarem na jurisdição do tribunal de outro Estado, não poderá invocar imunidade de jurisdição em tal disputa. 10 IMUNIDADE ESTATAL E DE AGENTES DIPLOMÁTICOS Os representantes de um Estado que estejam em território estrangeiro atuando na esfera das relações internacionais também gozam de alguns privilégios e imunidades. 11 Diplomata • É aquele que representa o Estado em território estrangeiro para o trato de assuntos de estado. Cônsul •Não tem função de representação política junto às autoridades centrais do país onde reside, mas atua na órbita dos interesses privados dos seus compatriotas. IMUNIDADE ESTATAL E DE AGENTES DIPLOMÁTICOS 12 DIPLOMATA CÔNSUL As imunidades dos diplomatas estão reguladas na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (1961). As imunidades dos cônsules estão na Convenção de Viena sobre Relações Consulares (1963). Possuem imunidade civil, penal e tributária. Possuem imunidade apenas civil e penal e restringe-se ao âmbito dos atos de ofício. A imunidade tributária restringe- se aos locais consulares. Locais de trabalho e residenciais são invioláveis, assim como quaisquer documentos e arquivos neles existentes(art. 29, 30 e 31 da Convenção). Ou seja, não podem ser objeto de penhora, busca e apreensão, nem qualquer tipo de restrição. Locais de trabalho são invioláveis assim como os documentos e arquivos nele presentes, porém tal condição não se estende aos imóveis de residência dos cônsules (art. 40 a 45 da Convenção). São fisicamente invioláveis, não podendo, por exemplo, ser obrigados a depor como testemunhas ou ser conduzidos coercitivamente. No caso do cometimento de um ilícito comum podem ser submetidos à jurisdição do estado estrangeiro. Imunidades se estendem ao quadro técnico e administrativo que com eles trabalham nas missões, bem como aos seus familiares que vivam sob a sua dependência (art. 31, 34 e 37 da Convenção). Imunidade não se estende aos familiares, mas tão somente aos funcionários consulares. QUESTÕES 1. Diplomatas são representantes de um Estado em outro território para tratar de assuntos de interesse de estado. Possuem privilégios e imunidades expressamente assegurados na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (1961). Sobre as imunidades diplomáticas, assinale a alternativa incorreta: a) Os diplomatas tem imunidade cível, penal e tributária. b) A pessoa física dos diplomatas é inviolável. c) As imunidades do diplomata estendem-se aos membros de sua família que com ele vivam e dele dependam. d) Os diplomatas podem recusar todas as suas imunidades, de acordo com a sua própria vontade. e) O local onde os diplomatas residem é inviolável. 13