Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL MECÂNICA DOS FLUÍDOS – 2021.1 PROFESSORA ALBANISE BARBOSA MARINHO PROFESSOR GERALD NORBERT SOUZA DA SILVA ACAUA BERNARDO DA SILVA PEREIRA – 20190024458 FLAVIA MARIA ALENCAR SARMENTO – 20190170760 LARISSA NASCIMENTO DO AMARAL - 20190041996 RELATÓRIO DE PRÁTICA EXPERIMENTAL N° 02: DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE JOÃO PESSOA 2021 ACAUA BERNARDO DA SILVA PEREIRA FLAVIA MARIA ALENCAR SARMENTO LARISSA NASCIMENTO DO AMARAL RELATÓRIO DE PRÁTICA EXPERIMENTAL N° 02: DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE Relatório elaborado para a disciplina de Mecânica dos Fluidos da Universidade Federal da Paraíba, como requisito de obtenção da nota parcial da primeira unidade. JOÃO PESSOA 2021 1 INTRODUÇÃO O conhecimento da viscosidade é de fundamental importância em diferentes aspectos. Seja na criação de projetos de reatores, bombas, tubulações e motores ou na caracterização de uma substância definindo suas condições de uso (CHIARELLO, TODT, 2019). Do ponto de vista da lubrificação, é muito importante o conhecimento do comportamento da viscosidade com a temperatura, uma vez que esta propriedade influencia consideravelmente as dimensões da espessura mínima de filme lubrificante que promove a separação das superfícies em contato (PROFITO, 2010). A viscosidade da maior parte dos líquidos diminui com a temperatura, o efeito oposto é observado nos gases. Essa variação da viscosidade com a temperatura é de grande importância na engenharia, em todos os problemas de escoamento de fluidos, atrito hidráulico, bombas, ventiladores e principalmente em lubrificação. 2 OBJETIVOS Determinar a viscosidade de um óleo lubrificante automotivo para várias temperaturas e fazer a classificação segundo a SAE. 3 BASE TEÓRICA A viscosidade de fluidos pode ser medida por vários métodos, por exemplo: a) pelo torque necessário para girar um cilindro no líquido, tais como instrumentos de Michael e Storner, usados para óleos e líquidos viscosos; b) pelo tempo necessário para que uma esfera caia através do líquido, como no instrumento de Gardner Holot usado para tintas e outros fluidos altamente viscosos; c) pelo tempo necessário para que o líquido escoe através de um pequeno tubo capilar como nos viscosímetros Saybolt, Engler e Redwood. Os viscosímetros do tipo capilar, possuem um reservatório, onde se coloca o líquido a ser ensaiado, ligado ao tubo capilar. A equação da energia aplicada entre a superfície líquida do fluido e a descarga capilar nos dá: ℎ = 𝑣2 2𝑔 + ℎ1 (1) Sendo: h1 = a perda por atrito. Como o escoamento é laminar, esta perda por atrito é dada pela equação de Hagen-Poiseulle: ℎ1 = 128𝜇𝐿𝑄 𝜋𝐷4𝜌𝑔 (2) Substituindo equação (2) em equação (1), e escrevendo a energia cinética da equação (1) em função da vazão volumétrica Q, temos: ℎ = 8𝑄2 𝑔𝜋2𝐷4 + 128𝐿𝑄𝑣 𝜋𝐷4𝑔 (3) Em que: * O quociente 𝜇 (viscosidade absoluta) sobre 𝜌 (massa específica), foi substituído por 𝑣 (viscosidade cinemática). Explicitando 𝑣, e substituindo Q por ∀ 𝑡 , sendo ∀ o volume recolhido no tempo, obtemos: 𝑣 = ( 𝜋𝐷4𝑔ℎ 128𝐿∀ ) 𝑡 − ( ∀ 16𝜋𝐿 ) 1 𝑡 (4) Observamos que os termos entre parênteses não variam para um dado viscosímetro. A viscosidade cinemática será, portanto, dada por uma expressão do tipo: 𝑣 = 𝐴𝑡 − 𝐵 𝑡 (5) Na prática, os valores de A e B se afastam um pouco daqueles nos parênteses da equação (3), uma vez que na sua dedução desprezamos as perdas na entrada e consideramos o escoamento no capilar como totalmente desenvolvido, o que não é verdade pois o tubo é muito curto. Além disso, o escoamento não pode ser considerado permanente, pois o nível do fluido diminuiu com o tempo. A influência da pressão na viscosidade é pouco significativa, salvo em equipamentos de alta pressão. Por exemplo, a viscosidade de um óleo mineral a 250 atmosferas pode ser considerada mesma que à pressão atmosférica. Para produtos de petróleo, verificou-se que a relação entre a viscosidade cinemática e a temperatura, segue a equação empírica: 𝐿𝑜𝑔 ∗ 𝐿𝑜𝑔 (𝑣 + 0,7) = 𝛼 + 𝛽𝐿𝑜𝑔(𝑇) (6) 𝑣 = é a viscosidade em cSt (10−6 𝑚2 𝑠 ) T = temperatura absoluta em °K 𝛼 e 𝛽 = constantes específicas de cada óleo Essa relação é conhecida como equação de Walther, e resulta em uma reta com coeficiente linear 𝛼 e coeficiente angular 𝛽. Ela também pode ser descrita como: Y = 𝛼 + 𝛽X (7) Onde: Y = Log * Log (𝑣 + 0,7) e X = Log(T) 4 MATERIAIS UTILIZADOS • 01 Viscosímetro Engler; • 01 Erlenmeyer de 50ml; • 01 Cronômetro; • 02 Termômetros de mercúrio. O viscosímetro utilizado nesta experiência o tubo capilar do tipo Engler com aquecimento elétrico. Neste caso, para esse equipamento, a relação entre o tempo de escoamento de 200 ml do fluido cuja viscosidade se deseja determinar, e o tempo de escoamento de igual volume de água destilada a 20°C, é uma medida da viscosidade cinemática na unidade grau de Engler(°E). 𝑣(°𝐸) = 𝑡𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑡(𝐻20.20℃) (8) 𝑣 = 𝐴𝑡 − 𝐵 𝑡 (5) O tempo para água a 20°C, obtido neste laboratório foi de 52s. As constantes A e B foram igualmente determinadas, sendo A = 0147 e B = 374. 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS I. Encher a cuba externa do viscosímetro com água potável para banho térmico. II. Tampar o orifício capilar com o pino de madeira e encher a cuba central com o fluido que se deseja determinar a viscosidade, de maneira que sua superfície livre coincida com os pinos existentes na parede da cuba. Nivelar o instrumento fazendo com que os três pinos toquem simultaneamente a superfície do fluido. III. Recolher 50 mL do fluido através do reservatório adequado, marcando o tempo de escoamento através do cronômetro, anotando o tempo e a temperatura do fluido. O tempo para 200 mL pode ser obtido multiplicando o tempo de 50 mL por 4. IV. Repetir os itens (b) e (c) para no mínimo cinco temperaturas, variando de ambiente até um máximo de 70°C. O aquecimento se faz ligando o interruptor do transformador, desligando-se quando atingida uma temperatura ligeiramente superior à desejada, e esperando-se que as temperaturas das cubas interna e externa, se igualem. Enquanto o aquecimento estiver ligado, a lâmpada vermelha do transformador permanecerá acesa. 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO No experimento foram obtidas 5 temperaturas diferentes, todas em °C, do óleo lubrificante, sendo estas recolhidas em um dado tempo x, em segundos, para o escoamento de 200 ml. Tabela 1 – Temperatura do Fluído (°C) e tempo estimado de escoamento (s) Medida Temperatura do fluído (ºC) Tempo estimado de escoamento (s) 1 25 2.125,88 2 36,5 829,36 3 45,5 528,52 4 55 358,12 5 66 243,88 (Fonte: Autores) Utilizamos os dados expostos na Tabela (1) e aplicamos na equação (8) para obter os valores referentes as viscosidades cinemáticas na unidade grau de Engler. Como demostrado na tabela a seguir: Tabela 2 – Tempo de escoamento para 200 mL e a viscosidade cinemática em °Engler Medida Temperatura do fluído (ºC) Tempo estimado de Viscosidade escoamento em [s] para Cinemática 200 [ml] (ºE) 1 25 2.125,88 40,88 2 36,5 829,36 15,95 3 45,5 528,52 10,16 4 55 358,12 6,89 5 66 243,88 4,69 (Fonte: Autores) Por seguinte, aplicamos os dados das tabelas (1) e (2) na equação (5) para encontrar os valores das viscosidades (em cSt) nas 5 medidas. 𝑣 = 𝐴𝑡 − 𝐵 𝑡 (5) ∴ 𝑣 = 0,147t − 374 𝑡 * Como exposto anteriormente, consideramos as constantes A e B, como sendo, respectivamente, 0,147 e 374. Realizando a conversão dos valores, encontramos osseguintes dados referente a viscosidade (cSt) correlacionada a temperatura do fluído: Tabela 3 – Valores da viscosidade cinemática em centiStokes Medida Temperatura do fluído (ºC) Tempo estimado de escoamento (s) Viscosidade (cSt) 1 25 2.125,88 312,33 2 36,5 829,36 121,46 3 45,5 528,52 76,98 4 55 358,12 51,6 5 66 243,88 34,32 (Fonte: Autores) A seguir, utilizamos a ferramenta Excel, para a elaboração de um gráfico apresentando a variação da viscosidade em relação a temperatura (°C), da substância ensaiada. Gráfico 1 – Variação da Viscosidade (cSt) em relação a Temperatura (°C) (Fonte: Autores) 0 50 100 150 200 250 300 350 20 30 40 50 60 70 V is co si d ad e ci n em át ic a (c St ) Temperatura (°C) Viscosidade vs Temperatura Na visualização do Gráfico 01 é possível observar que a viscosidade cinemática (cSt) do óleo diminui com o aumento da temperatura. Posteriormente, lançamos os pontos (,T) na cópia da carta da ASTM: Tabela 4 – Valores de X e Y em função da Temperatura (°K) e da Viscosidade Cinemática (cSt) Medida Temperatura Tempo estimado de Viscosidade Viscosidade X=Log(T) Y=log(log(0,7+v)) do fluído escoamento em [s] para Cinemática Cinemática em K em °C 200 [ml] (°E) (cST) 1 298,15 25 2.125,88 40,88 312,33 2,474 0,397 2 309,65 36,5 829,36 15,95 121,46 2,491 0,320 3 318,65 45,5 528,52 10,16 76,98 2,503 0,277 4 328,15 55 358,12 6,89 51,6 2,516 0,235 5 339,15 66 243,88 4,69 34,32 2,530 0,189 (Fonte: Autores) E ajustamos os pontos obtidos a uma reta. Obtendo o seguinte gráfico: Gráfico 2 – LogLog(v + 0,7) x Log(T) e ajuste dos pontos em uma reta (Fonte: Autores) Interpolamos os dados para descobrir as viscosidades nas temperaturas 0°F (-17,78°C) e 210°F (98,89°C). E obtemos os seguintes valores: y = -3,669x + 9,467 R² = 0,9915 0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300 0,350 0,400 0,450 2,470 2,480 2,490 2,500 2,510 2,520 2,530 2,540 lo g( lo g( 0 ,7 +v ) log (T) loglog (v + 0,7) x log(T) Tabela 5 – Viscosidades obtidas das temperaturas 0°F e 210°F Temperatura Viscosidade cSt em °F em °C 0°F -17,78 20706,53495 210°F 98,89 11,47 (Fonte: Autores) * Para facilitar os cálculos foi utilizado a ferramenta Excel, inserido a seguinte fórmula: 𝑣 = 10^ (10^ (-3,669*LOG10((valor em °C) + 273,15) + 9,467)) - 0,7 Utilizando a tabela de classificações da SAE (Quadro 1), classificamos as viscosidades obtidas para a temperatura 0° F (-17,78°C) e 210° F (98,89°C). De acordo com os resultados obtidos anteriormente, temos que: • A 0° F é aproximadamente 20706,53495 cSt; • A 210°F é aproximadamente 11,47 cSt. Sendo assim, no primeiro caso, o grau de viscosidade SAE do óleo é 80 e o tipo de lubrificante é transmissão e eixo, e no segundo possui grau de viscosidade 30 e o tipo de lubrificante é cárter. Por último, estabelecemos a relação entre a equação de Walther equação (7) e o gráfico X, para determinar os coeficientes e . Logo: Y = 𝛼 + 𝛽X. -> Y = -3,669x + 9,467 𝛼 = 9,467 e 𝛽 = -3,669 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados de viscosidade (cSt) e temperatura (°C) presentes na tabela (3), aplicados na equação (7), permitiu encontrar os valores das viscosidades nas temperaturas 0°F e 210°F, com uma boa precisão. Essa metodologia possui uma comodidade, em vista que a maioria dos cálculos serão executados no programa Excel, e não será necessário fazer novos experimentos para obter os valores em determinadas temperaturas. Além disso, outro positivo é que o erro envolvido na equação desse experimento foi pequeno, 𝑅2= 0,9915, demostrando uma coerência nos valores obtidos. REFERÊNCIAS CHIARELLO, Taise Gusatti. TODT, Pietra. Viscosidade Dos Óleos Lubrificantes. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 01, Vol. 01, pp. 05-22. Janeiro de 2019. ISSN:2448-0959 PROFITO F. J. Modelagem unidimensional do regime misto de lubrificação aplicada a superfícies texturizadas. Dissertação (Mestrado em Engenharia) Universidade de São Paulo, 2010.