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Reumatologia:
Medicina 2021
REUMATOLOGIA –
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Lupus Eritematoso Sistêmico:
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO
• Lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença
autoimune sistêmica caracterizada pela produção
de autoanticorpos, formação e deposição de
imunocomplexos, inflamação em diversos órgãos e
dano tecidual.
Obs: doença autoimune = quebra da tolerancia
imunológica → linfocitos atacam ou criam
anticorpos que inibem células do corpo.
EPIDEMIOLOGIA:
• LES afeta indivíduos de todas as raças, sendo 9 a
10 vezes mais frequente em mulheres durante a
idade reprodutiva / fértil (em virtude do estrogênio).
• É Rara em crianças e idosos.
• Mais comúm em afrodescendentes.
ETIOLOGIA:
• Sua etiologia permanece ainda pouco
conhecida, porém sabe-se da importante
participação de fatores hormonais, ambientais,
genéticos e imunológicos para o surgimento da
doença (multifatorial).
• Genética: relacionada à deficiencia de
complemento (C2/C4) e HLA (HLADR2/DR3).
• Hormonal: estrogênio (mediador da
autoinmunidade, diminui a apoptose de infocito B).
• Tabagismo.
• Medicações: lúpus farmaco- induzido / lúpus Like
(hidralazina, procainamida, isoniazida, fenitoína,
clorpromazina, d-penicilamina, metildopa,
quinidina, interferon-alfa e agentes anti-TNF.
• Exposição à luz ultravioleta: apresentação de mais
casos durante o verão.
• Infecções: Citomegalovirus, Parvovirus, Epstein
baar.
• É a doença das -itis e –penias.
Obs: HLA – antígeno leucocitário humano (MHC):
marcador presente em todas as células.
FISIOPATOLOGIA:
Interação multifatorial → perda da auto tolerância
→ desequilibrio do sistema imunológico.
Linfócitos B (↑ de BAFF / BLys + linfócito T
reguladores) → produção de auto anticorpos →
formação de imunocomplexos → estimulação da
imunidade inata → IL-1 e TNF → exaerbação
inflamatória.
Imunicomplexos → ativação do sistema
complemento → diminuição do clearance dos
imunocomplexos e restos apoptóticos.
QUADRO CLÍNICO:
• As características clínicas são polimórficas, e a
evolução costuma ser crônica, com períodos de
exacerbação e remissão.
• Doença crônica remitente e recidivante
extremamente variável com padrão nos primeiros 5
anos;
• A doença pode cursar com sintomas
constitucionais, artrite, serosite, nefrite, vasculite,
miosite, manifestações mucocutâneas,
hemocitopenias imunológicas, diversos quadros
neuropsiquiátricos, hiperatividade reticuloendotelial
e pneumonite.
→ Sintomas Constitucionais:
• Fadiga: é uma das queixas mais prevalentes do LES
em atividade.
• Mal – estar.
• Queda do estado geral
• Febre: geralmente moderada e com resposta
rápida ao glicocorticoide (GC).
• Perda ponderal.
• Mialgias, perda de peso e linfadenopatia
reacional periférica
→ Músculo Articulares:
• É a manifestação mais frequente, depois dos
sintomas constitucionais.
• Mialgia.
• Altrite
• Artralgia inflamatória: dor nas articulações →
diagnóstico diferencial com a artrite reumatóide
que tem potencial erosivo, diferente do que ocorre
no LES, que é uma artropatia decorrente de uma
disfunção ligamentar que produz deformidade das
asrticulações gerando o pescoço de cisne com
estrutura óssea normal em Rx (sem eroção),
denominada Artropatia de Jaccoud.
• Necrose asséptica de múltiplas articulações,
principalmente da cabeça do fêmur, pode ocorrer,
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particularmente nos pacientes em uso de GC em
dose elevada por longos períodos.
• Perda de massa óssea: com aumento do risco de
osteoporose e fraturas geralmente está associada
com uso crônico de GC e deficiência de vitamina
D decorrente da baixa exposição solar.
→ Lesões de Pele (manifestações cutâneas):
• Fotossensibilidade após exposição à radiação
solar ou artificial (lâmpadas fluorescentes ou
halógenas).
• Rash Malar - Lesão em asa de borboleta: lesão
máculo – papular, edematosa, caracterizada por
eritema malar e no dorso do nariz, preservando o
sulco nasolabial, é extremamente fotosensível e
associado à atividade sistêmica.
• Úlceras orais e nasais: em geral indolores.
• Lesões do lúpus discoide (crônico): lesões
cicatriciais e atróficas, manifestam-se por placas
eritematosas cobertas por uma escama aderente,
envolvendo comumente o couro cabeludo, as
orelhas, a face e o pescoço. Inicialmente, essas
lesões são hiperpigmentadas e evoluem com uma
área central atrófica, com ausência de pelos.
Obs: o lúpus discoide pode ser uma forma de
manifestação cutânea associada ao LES, sendo a
sua forma isolada, sem manifestações sistêmicas,
considerada uma doença dermatológica.
• Lúpus cutâneo subagudo: as lesões são simétricas,
superficiais, não cicatriciais, localizadas em áreas
fotoexpostas. Elas iniciam como pequenas pápulas
eritematosas, progredindo para lesões anulares
policíclicas ou papuloescamosas (psoriasiformes) e
costumam cursar com a presença do anticorpo
anti-Ro/SSA (90% de associação com o Anti – Ro).
• Fenômeno de Raynaud: caracterizado por
alterações vasculares (vasoconstrição e
vasodilatação) que determinam mudança na
coloração das extremidades (palidez, cianose e
rubor), geralmente se associa com estresse
emocional ou frio.
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• Alopecia: geralmente difusa ou frontal, é um
achado frequente, constituindo-se em um bom
marcador de agudização do LES.
• Vasculite cutânea de polpas digitais.
→ Cardiovascular:
• Pericardite: manifestação cardíaca mais comum,
podendo ser clínica ou subclínica.
• Derrame pericárdico: geralmente é pequeno e
detectável apenas por ecocardiografia, raramente
evoluindo para tamponamento cardíaco ou
pericardite constritiva.
• Miocardite: está frequentemente associada a
pericardite, ocorrendo em cerca de 25% dos casos.
• Acometimento valvar: o espessamento valvar é a
alteração mais encontrada.
• Endocardite de Libman-Sacks: caracteriza-se por
lesões verrucosas, localizadas especialmente nas
valvas aórtica e mitral. Geralmente, apresenta um
curso clínico silencioso, podendo, em raros casos,
evoluir com eventos tromboembólicos e
endocardite infecciosa.
• Episódios tromboembólicos: também podem estar
associados à presença de anticorpos
antifosfolipídios e ao uso crônico de GC ou de
anticoncepcional oral.
• Doença arterial coronariana: relacionada com
processo acelerado de aterogênese e com
morbidade e mortalidade precoces.
• Dor torácica: pode ser ventilatório - dependente
ou anginosa.
→ Pulmonar ou Pleural:
• Pleurite com derrame de pequeno à moderado
volume, geralmente bilateral;
• Hipertensão pulmonar: geralmente é de
intensidade leve a moderada, pode ser apenas
vascular sem pneumopotia ou disfunção ventricular
associada.
• Pneumonite lúpica: o quadro agudo de
pneumonite cursa com febre, tosse, hemoptise,
pleurisia e dispneia
• Embolia pulmonar.
• Derrame pleural: geralmente esxudativo com
células LE.
• Síndrome do pulmão encolhido (Shrinking Lung):
raro, elevação da cúpula diafragmática que reduz
o volume pulmonar gerando dispneia.
• Hemorragia alveolar aguda: muito grave e
comúm → hemoptise, queda de Hb.
• Hemorragia pulmonar: grave e comum.
→ Renais e Sanguineos:
• Hematúria e proteinúria persistentes (achados
mais observados).
• Nefrite lúpica: pode cursar com síndrome nefrítica
ou nefrótica, consumo de complementos,
positivação do anti-DNA nativo e, nas formas mais
graves, trombocitopenia e perda de função renal.
• Anemia.
• Leucopenia.
• Plaquetopenia.
• Trombose
• Insuficiencia renal.
• Urina muito espumosa.
• Hematúria dismórfica.
• Leucocitúria
• Cilindrúria (cilíndros hemáticos → nefrite ativa).
• Disfunsão Renal.
→ Gastrointestinais:
• Úlceras orais.
• Pancreatite.
• Hepatite.
• Isquemia intestinal (por vasculite).
• Peritonite.→ Oculares:
Ceratoconjuntivite seca (Síndrome de Sjogren):
manifestação ocular mais comum, associada ou
não à xerostomia.
→ Sintomas Neuropsiquiátricos:
1. Eventos primários: danos imunomediados no SNC.
2. Eventos secundários: repercussão da doença em
outros órgãos ou complicações terapêuticas.
Sistema nervoso central:
• Meningite asséptica.
• Mielopatía.
• Coréia.
• Convulsões,
• Cefaléia.
• AVE isquêmico ou hemorrágico .
• Síndrome desmielinizante.
• Estado confusional agudo.
• Distúrbios cognitivos.
• Psicose.
• Distúrbios do humor e quadros depressivos.
• Meningite assépsica.
Sistema nervoso periférico:
• Neuropatia craniana ou periférica.
• Polineuropatia.
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• Plexopatia.
• Mononeurite simples / múltipla.
• Polirradiculopatia inflamatória aguda (Guillain
Barré).
• Miastenia gravis.
Obs: convulsão e psicose podem constituir-se a
primeira manifestação isolada da doença.
CLASIFICAÇÃO:
→ Lúpus eritematoso sistêmico
→ Lúpus induzido por medicamentos (‘’lúpus droga
relacionado’’ -LDR): as manifestações clínicas
surgem após administração de medicamentos
como izoniazida, hidralazina, difenilhidantoina e
procainamida.
→ Lúpus na Gestação: durante a gestação, as
complicações obstétricas são maiores, assim como
o risco de exacerbação da doença, especialmente
no puerpério.
→ Lúpus neonatal: é uma condição clínica
caracterizada por graus variados de bloqueio
cardíaco fetal, trombocitopenia, alterações
hepáticas e cutâneas relacionados com a
passagem transplacentária de autoanticorpos
maternos, especialmente anti-Ro/SSA e anti-La/SSB.
DIAGNÓSTICO:
Para o diagnóstico de LES, é fundamental a
realização de anamnese e exame físico completos
e de alguns exames laboratoriais que podem
auxiliar na detecção de alterações clínicas da
doença, a saber.
EXAMES LABORATORIAIS:
• Hemograma completo com contagem de
plaquetas;
• Contagem de reticulócitos;
• Teste de Coombs direto;
• Velocidade de hemossedimentação (VHS);
• Proteína C reativa;
• Eletroforese de proteínas;
• Aspartato-aminotransferase (AST/TGO);
• Alanina-aminotransferase (ALT/TGP);
• Fosfatase alcalina;
• Bilirrubinas total e frações;
• Desidrogenase láctica (LDH);
• Ureia e creatinina;
• Eletrólitos (cálcio, fósforo, sódio, potássio e cloro);
• Exame qualitativo de urina (EQU);
• Complementos (CH50, C3 e C4);
• Albumina sérica;
• Proteinúria de 24 horas;
• VDRL; e
• Avaliação de autoanticorpos (FAN, anti-DNA
nativo, anti-Sm, anticardiolipina IgG e IgM,
anticoagulante lúpico, anti-La/SSB, anti-Ro/SSA e
anti-RNP).
AUTO ANTICORPOS DO LUPUS
• Antinucleares (FAN +): 98% dos pacientes são FAN
positivos, que é um exame de rastreamento
altamente sensivel (titulação 1:80). Os padrões
podem ser:
- Homogêneos: antiDNAdh (segundo mais
específico) /anti histona.
- Moteado: anti ena (anti SM – mais específico
do LES).
• Anti DNA dupla hélice (DNAdh): presente em 70%
dos pacientes com lesão renal, segundo mais
específico do lupus, ataca mais o rim, indica
atividade da doença.
• Anti histona: 70%, 100% dos casos de LES fármaco
induzidos.
• Anti ENA:
- Anti Sm: é o mais específico de todos e também
detecta atividade clínica da doença.
- Anti RNP: enfermedad mixta do tecido conectivo.
- Anti SS-A (Ro) e anti SS- B (La): Síndrome de Sjogren,
lúpus neonatal e lúpus cutâneo subagudo.
• Anti citoplasmático –anti P: relacionado com a
psicose lupica.
Obs: anticorpos antinucleares mais específicos →
Anti DNA e anti Sm.
CRITERIOS DE DIAGNÓSTICO:
• Classificação American College of Rheumatology
(ACR) – 1982.
• Classificação SLICC – 2012.
❖ ACR:
A. Pele / Mucosa:
1. Eritema / Rash Malar (eritema em asa de
borboleta): eritema fixo, plano ou elevado nas
eminências malares, tendendo a poupar a região
nasolabial.
2. Lesão discoide: lesão eritematosa, infiltrada, com
escamas queratóticas aderidas e tampões
foliculares, que evolui com cicatriz atrófica e
discromia.
3. Fotossensibilidade: eritema cutâneo resultante de
reação incomum ao sol, por história do paciente ou
observação do médico.
4. Úlcera na cavidade oral: ulceração oral ou
nasofaríngea, geralmente não dolorosa, observada
pelo médico.
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Obs: não confundir com doença de Beçet, que
também apresenta úlcera na cavidade oral mas
também apresenta úlcera genital.
B. Articulações:
5. Artrite: artrite não erosiva envolvendo 2 ou mais
articulações periféricas, caracterizada por dor à
palpação, edema ou derrame.
Obs: se há deformação da mão se denomina Artrite
de Jaccoud.
C. Serosas:
6. Serosite: a) pleurite – história convincente de dor
pleurítica ou atrito auscultado pelo médico ou
evidência de derrame pleural; ou b) pericardite –
documentada por eletrocardiografia ou atrito ou
evidência de derrame pericárdico.
D. Alterações Hematologicas (penias):
9. a) anemia hemolítica com reticulocitose >3%; ou
b) leucopenia de menos de 4.000/mm3 em duas ou
mais ocasiões; ou c) linfopenia de menos de
1.500/mm3 em duas ou mais ocasiões; ou d)
trombocitopenia de menos de 100.000/mm3 na
ausência de uso de fármacos causadores.
Obs: A + B + C + D = Lúpus moderado.
O lúpus moderado também pode ser causado por
fármacos (izoniazida, procainamida, hidralazina e
difenilhidantoina).
E. Alteração Renal:
7. a) proteinúria persistente de mais de 0,5 g/dia / ≥
500 mg / dl ou acima de 3+ (+++) se não
quantificada; ou b) cilindros celulares – podem ser
hemáticos, granulares, tubulares ou mistos.
Obs: quando já se tem alteração renal se ocnsidera
lúpus grave.
F. Alteração Neurológico:
8. a) convulsão – na ausência de fármacos
implicados ou alterações metabólicas conhecidas
(por exemplo, uremia, cetoacidose, distúrbios
hidroeletrolíticos); ou b) psicose – na ausência de
fármacos implicados ou alterações metabólicas
conhecidas (por exemplo, uremia, cetoacidose,
distúrbios hidroeletrolíticos).
G. Alterações Imunológicas:
10. a) presença de anti-DNA nativo; ou b) presença
de anti-Sm; ou c) achados positivos de anticorpos
antifosfolipídios baseados em concentração sérica
anormal de anticardiolipina IgG ou IgM, em teste
positivo para anticoagulante lúpico, usando teste-
padrão ou em VDRL falsopositivo, por pelo menos 6
meses e confirmado por FTA-Abs negativo.
11. Anticorpo antinuclear (FAN): título anormal de
FAN / FAN (+) por imunofluorescência ou método
equivalente em qualquer momento, na ausência
de fármacos sabidamente associados ao lúpus
induzido por fármacos.
Obs: anticorpo antifosfolipítico deve ser pesquisado
em casos de abortos à repetição.
❖ SLICC:
Critérios Clínicos
1. Lúpus cutâneo agudo
ou
Eritema malar, lúpus bolhoso, variante de lúpus necrólise epidérmica tóxica, rash
maculopapular, rash fotossensível
Lúpus cutâneo subagudo Psoriasiforme, policíclico / anular
2. Lúpus cutâneo crônico Discóide, hipertrófico / verrucoso, paniculite lúpica (lúpus profundo), lúpus
mucoso, lúpus túmido, perniose lúpica, sobreposição líquien plano / discóide.
3. Úlceras orais (palato, boca ou língua) ou nasais
4. Alopecia não cicatricial
5. Artrite ou artralgia com rigidez matinal de 30 minutos em 2 ou mais articulaçõess
6. Serosite (pleurite ou pericardite).
7. Doença renal Proteinúria > 0,5 g / 24h pela relação proteína / creatinina ou proteína 24h Ou
Cilíndros hemáticos
8. Doença neurológica Convulsão, psicose, mononeurite múltipla, mielite, neuropatia perifética ou
craniana, estado confusional agudo
9. Anemia hemolítica
10. Leucopenia (<4000/mm³) ou linfopenia (<1000/mm³)
10. Trombocitopenia (<100.000/mm³)
Critérios Imunológicos
I. FAN positivo
II. Anti – dsDNA positivo
III. Anti- SM positivo
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4. Anticorpo antifosfolípide positivo:Anticoagulante lúpico, VDRL falso positivo, Anticardiolipina, Anti
Betaglicoproteína I
5. Complemento baixo (C2, C4 ou CH50)
6. Coombs direto positivo (na ausência de anemia hemolítica)
O paciente é classificado como LES quando quatro
ou mais critérios estiverem presentes, incluindo pelo
menos um clínico e um imunológico. Caso paciente
tenha nefrite confirmada por biópsia e um FAN ou
anti-dsDNA positivo também é classificado como
LES.
NEFRITIS LÚPICA
• É uma das grandes causas que levam mulheres a
desenvolver insuficiencia renal crônica.
• Anti DNAdh (+) e diminuição de complemento
porque perde C2 e C4 por urina.
• Há 6 niveis de nefrite lúpica:
I. Mesangial mínima.
II. Mesangial proliferativa.
III. Proliferativa focal.
IV. Proliferativa difusa.
V. Membranosa.
VI. Esclerosante avanzada.
• A lesão paroliferativa difusa é a lesão mais comum
do LES, mais grave e com o pior prognóstico. Evolui
rápidamente para GNRP. (ERC).
TRATAMENTO
• O tratamento visa controle dos sintomas,
prevenção e/ou redução das complicações e
aumento da sobrevida do paciente.
• Varia de acordo com: atividade ou remissão e
sistemas envolvidos.
→ Medidas Gerais:
• Repouso relativo (10 h de sono por noite + cochilo
pela tarde).
• Atividades físicas apropriadas ao momento clínico
da doença (evitar exaustão).
• Fotoproteção (de preferencia >30 FPS).
• Evitar estresse.
→ Medidas que risco cardiovascular:
• Monitorização e controle da PA, glicemia, perfil
lipídico, dieta saudável e abandono do tabagismo.
→ Terapia Medicamentosa:
• Corticoides (CTC): potentes inmunossupressores.
• Hidroxicloroquina: pode gerar retinopatía (rara).
• Metotrexato (MTX): é hepatotóxico.
• Influximab (imunomodulador biológico que
bloqueia a IL-6).
Sindrome de Sjogren
INTRODUCÃO:
DEFINIÇÃO
• A sindrome de Sjogren é uma doença autoimune
sistémica que se caracteriza por infiltração
linfocítica de glándulas exocrinas (salivares,
parótidas y lacrimales), com consequente
diminuição da função glandular.
Obs: os linfócitos atacam as glândulas exócrinas.
• Os pacientes apresentam FAN + em 80 –90%, 75 –
90% tem fator reumatoideo positivo (FR+) e
hiperglamaglobulinemia (aumento de anticorpos
na corrente sanguínea).
CLASSIFICAÇÃO:
• Primária.
• Secundária: desencadeada por outra doença
reumatológica de base como artrite reumatóide,
lúpus eritematoso sistêmico e outras como esclerose
sistemica e dermatomiosite.
EPIDEMIOLOGÍA:
• Mais frequente nas mulheres que nos homens (9:1).
• É mais frequente na idade de 30 a 40 anos.
FISIOPATOLOGIA:
Apoptose da célupa epitellial glandular → auto-
antígenos → recrutamento linfocitário → células T
(CD4 > CD8 e célular B – autoanticorpo).
CLÍNICA
MANIFESTAÇÕES GLANDULARES:
• Xeroftalmia (olhos secos) e xerostomía (boca seca)
→ Sindrome Sicca.
• Paciente apresenta uma queratite seca (relata
que os olhos parecem ter areia) e a boca seca com
dificultade de tragar e um aumento do número de
cáries.
• Pode ocurrer de forma isolada ou associado à
artrite reumatoide ou lúpus eritematoso sistêmico.
MANIFESTACIONES EXTRA GLANDULARES:
• Artralgia (70%).
• Fenômeno de Raynaud (35 - 40%).
• Linfadenopatía (15 - 20%).
• Alterações pulmonares 10 - 20% - pneumopatia
internsticial, bronquiolite.
• Alterações renais 10 -15% - nefrite intersticial.
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• Cirrose biliar primária.
• Neuropatia periférica.
• Miosite.
• Linfoma:
- Pacientes com Sx de Sjogren tem risco 44x maior
de ter linfoma não - Hodgkin de células B,
principalmente o liinfoma MALT (extra – nodal,
mucosas) que tem como localização mais comúm
a parótida, estômago e pulmão.
- Fatores de Risco para Linfoma: presença de
linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, púrpura e
crioglobulinas, parotidite persistente e neuropatia
periférica, hipergamaglobullina com pico
monoclonal, consumo de complemento e
negativação do fator reumatóide.
DIAGNÓSTICO:
ACHADOS LABORATORIAIS:
• Anemia, leucopenia e plaquetopenia.
• Hipergamaglobulinemia policlonal.
• C4 diminuído.
• FAN + (80 - 90% dos casos) pontilhado fino.
• DR (80 – 95%).
• Anti – Ro (SSA): 60 – 90%.
• Anti – La (SSD)> 30 – 60%.
Obs: anti – Ro e anti – La são dois anticorpos mais
associados à Síndrome de Sjogren.
FUNÇÃO LACRIMAL E CERATOCONJUNTIVITE:
• Teste de schirmer o rosa de bengala / fluoresceína
/ verde lisamina (+).
FUNÇÃO SALIVAR:
• Biopsia de labio inferior (Presença de infiltrado
linfocitário – facha diagnóstido de SJOGREN).
CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS 2002:
I. Sintoma ocular:
1. Olho seco > 3 meses.
2. Sensação de corpo estranho.
3. Necessidade de lágrima artificial.
II. Sintoma oral:
1. Boca seca > 3 meses.
2. Aumento de glândulas salivares.
3. Necessidade de ingestão de líquido para
alimentação.
III. Exames objetivos oculares:
1. Teste de Schirmer positivo.
2. Rosa bengala positivo.
IV. Acometimento de glândulas salivares:
1. Fluxo salivar não – estimulado ≤ 1,5 mL / 15 min.
2. Sialografia de parótidas:
• Sialectasias difusas.
• Sem obstrução nos ductos principais.
3. Cintilografia de glândulas salivares:
• Atraso na captação.
• Diminuição da concentração e / ou
• Atraso na excreção do traçador.
V. Histopatologia:
• Sialoadenite linfocítica focal em glândula
salivar menor.
• Escore focal ≥ 1.
• Foco: pelo menos 50 linfócitos / 4 mm2.
VI. Autoanticorpo
• Anticorpos anti – Ro (SSA) e / ou La (SSB).
❖ Sindrome de Sjogren Primária:
• 4 de 6 critérios.
• Com critérios V e / ou VI.
• Ausência de o utras doenças autoimunes
sistêmicas.
❖ Sindrome de Sjogren Secundária:
• Outra doença autoimune + itens I ou II + 2 dos
seguintes: III, IV ou V.
→ Exclusão de outras causas da sindrome Sicca:
• Drogas anticolinérgicas. • Radioterapia de cabeça
e pescoço. • Hepatite C. • SIDA. • Linfoma. •
Sarcoidose. • Doença enxerto X hospedeiro
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CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS 2016 – 2017:
Preenche critério classificatório se somatória de pelo
menos 4 pontos.
→ Critérios de exclusão:
Radioterapia de cabeça e pescoço, amiloidose,
doença enxerto vs hospedeiro, doença
relacionado IgG4, hepatite C ativa, SIDA,
sarcoidose, amiloidose.
TRATAMENTO
MEDIDAS GENERAIS:
• Utilização de óculos para natação durante o
periodo noturno.
• Evitar ambientes secos.
• Cessar tabagismo.
• Ingerir líquidos em abundância.
• Evitar alimentos doces.
• Pastilhas sem açucar.
• Cuidados com a higiene oral.
• Utilizar pasta dental fluorada e escova suave.
• Fazer visitas regulares ao odontólogo.
• Utilizar cremes hidratantes labiais e corporais com
filtro solar.
• Evitar fármacos que causam xeroftalmia e
xerostomia.
SINDROME SICCA:
• Lagrima artificial / colirios lubrificantes.
• Saliva artificial.
• Agonistas muscarínicos (pilocarpina).
MANIFESTACIONES SISTÉMICAS:
• CTC.
• Inmunosupresores
• Hidroxicloroquina.
Esclerodermia:
INTRODUÇÃO:
DEFINIÇÃO:
• É uma colagenose autoimune caracterizada por
esclerose progressiva do tecido conjuntivo e
microcirculação da pele.
• Se catacteriza por endurecimento fibroso da pele
e se pode utilizar de duas maneiras distintas:
1. Para referir-se a um grupo de doenças
dermatológicas que apresentam doença cutânea
isolada.
2. Para referir-se a uma síndrome clínica mais
completa, onde, além de uma doença cutânea, a
lesão ocorre em vários órgãos internos (esclerose
sistêmica).
ETIOLOGIA:
• Sua origem é desconhecida mas pode estar
relacionada à combinação de susceptibilidade
genética e fatores ambientais (externos) como:
agentes infecciosos, principalmente o virus Epstein –
Barr e a bactéria Borrelia burgdorferi, traumas,
outras doenças autoimunies, principalmenteLES e
algumas drogas.
FISIOPATOLOGIA
Estimulos (etiologias) → ↑ de produção de colágeno
e fibrose tecidual devido à 3 componentes: dano
vascular, alteração da imunorregulação (linfócitos
T) e disturbios no metabolismo do colágeno
(fibroblastos) → da ação de colagenases →
degradação do colágeno → depósito de colágeno
na pele → esclerose.
CLASSIFICAÇÃO:
Um ponto muito interessante é que a esclerose
sistêmica pode ser subdividida de acordo com o
padrão de envolvimento da pele:
1. Forma cutânea difusa, na qual as lesões podem
ser encontradas em qualquer parte do corpo,
incluindo tronco e abdômen;
Item Pontuação
Biópsia de glâdulas salivares
menores: sialodenite linfocítica
focal com escore focal ≥ 1
3
Anti – Ro positivo 3
Ocular Staining Score ≥ 5 ou van
Bijsterveld Score ≥ 4
1
Teste de Schimmer ≤ 5 mm/5 min. 1
Fluxo salivar não estimulado ≤ 0,1
ml/min
1
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2. Forma cutânea limitada, em que as lesões se
limitam às regiões distais aos cotovelos e joelhos e
superior às clavículas;
3. Forma visceral, caracterizada pelo envolvimento
de órgãos internos, em ausência de qualquer lesão
cutânea.
Forma Sistêmica (Esclerose Sistêmica)
Difusa (cutânea difusa) Qualquer região da pele pode ser acometida.
Qualquer tecido ou órgão interno pode ser acometido.
Limitada (cutânea limitada) Envolvimento da pele limitado às regiões distais aos cotovelos e joelhos, e
superiores às clavículas.
Forma representada pela síndrome CREST.
Visceral (esclerose sistêmica
sem esclerodermia)
Acometimento apenas de órgãos internos como rins, pulmões, o coração e
o esôfago (não há envolvimento cutâneo).
Forma Localizada (Esclerodermia Localizada)
Morfeia Caracterizada pelo surgimento de placas de esclerose bem delimitadas na
pele, isoladas ou múltiplas (podem ser coalescentes)
Esclerodermia linear Bandas fibróticas longitudinais. Mais comum na infância e adolescência.
Geralmente acomete membros (tipicamente de forma assimétrica)
Lesão em golpe de sabre Geralmente em face ou couro cabeludo
Envolvimento da pele e também de tecidos produnfos.
❖ Sindrome CREST:
Está relacionado com a forma cutânea limitada.
(C) Calcinose + (R) Raynaud + (E) Esofagopatia + (S)
Esclerodactilia + (T) Telangectasias.
O diagnóstico da sindrome é firmado com pelo
menos 3 dos 5 critérios acima.
Obs: calcinose → depósito de cálcio subcutâneo.
Pacientes com esclerodermima tendem a ter uma
dilatação do esôfago. Esclerodactilia → puff fingers
(mão em garra).
❖ Subtipos de Morfeia:
→ Morfeia localizada:
• Apresentação mais comum da doença, pode ser
superficial ou profunda.
• Lesões mais comuns em tórax, abdome, nádegas
e membros inferiores, raro em face e membros
superiores. • Placas escleróticas com bordas nítidas
e irregulares, hipercrômicas, com atrofia central e
formato arredondado.
→ Morfeia generalizada:
• Múltiplas áreas de esclerose na pele.
• 4 ou mais placas escleródicas > 3 cm que
confluem, envolvendo duas ou mais das sete
principais áreas anatômicas (cabeça-pescoço,
membro suerior ou intefior direito ou esquerdo,
tronco superior ou posterior. • Pode gerar
contraturas e limitação dos movimentos.
Esclerose Sistêmica:
EPIDEMIOLOGIA:
• É uma doença rara (incidência de 20 casos por
milhão de habitantes, prevalência de 100.300 por
milhão), com preferência por mulheres (média de
4:1) e prevalência na faixa etária entre 30 e 50 anos,
sendo mais comum e mais grave em negros (maior
ocorrência de fibrose pulmonar).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS:
• Fenômeno de Raynaud (palidez, cianose e rubor).
• Lesões de pele e mucosas:
- Esclerodactilia.
- Esclerodermia.
- Facies.
-Lesão de Sal e Pimenta.
- Necrose Polpa de Dedo.
- Telangectasia e Calcinose.
• As dobras cutâneas normais nas articulações
desaparecem, causando uma incapacidade típica
de "perfurar" os tecidos moles nessas regiões (puff
Fingers).
REUMATOLOGIA –
11
• A pele tensa nos dedos limita gradualmente a
extensão completa, produzindo contraturas de
dobra fixa (esclerodactilia).
• O envolvimento da face causa a perda das
dobras cutâneas normais, da expressão facial e da
capacidade de abrir totalmente a boca
(microstomia).
• Os dentes geralmente estão à mostra.
• Os lábios são finos, com pregas verticais que dão
um aspecto enrugado. O nariz do paciente está
afilado.É a famosa "fácie esclerodérmica".
• As úlceras podem aparecer nas pontas dos dedos
ou em proeminências ósseas, que costumam estar
infectadas.
• Há perda de partes moles de peças de reposição
digitais e, em certas circunstâncias, ocorre
reabsorção óssea das falanges distais, que ficam
altamente comprometidas.
• Em alguns pacientes, especialmente aqueles que
desenvolvem a síndrome CREST, os depósitos de
cálcio aparecem no tecido subcutâneo em um
processo conhecido como calcinose. Em algum
ponto, a pele sobrejacente pode se romper,
drenando o material calcificado. Depósitos de
cálcio podem ser vistos na radiografia da mão.
• O número de capilares na pele é reduzido pelo
processo fibroso, e os capilares restantes sofrem
dilatação causando telangectasias que estão
presentes na síndrome CREST e podem aparecer na
face, tórax, palmas das mãos e até mesmo nas
membranas mucosas (por exemplo, língua).
• A esofagopatia é a terceira manifestação mais
comum da esclerose sistêmica (o esôfago fica
comprometido em quase 90% dos casos), perdendo
em frequência apenas pelo fenômeno de Raynaud
e envolvimento da pele.
• Ocorre com igual frequência nas três principais
formas da doença (limitada, difusa e visceral).
❖ Alveolite com Fibrose Pulmonar
• A doença intersticial pulmonar é a manifestação
pulmonar mais comum, consistindo no produto da
REUMATOLOGIA –
12
alveolite com uma tendência marcada para a
fibrose (‘’alveolite fibrosante”).
• Geralmente se manifesta como tosse seca e
dispnéia aos esforços e, possivelmente, estertores
crepitantes bibasais finos, também conhecidos
como estertores de velcro.
• A TC de alta resolução (TCAR) é um teste muito
mais sensível do que a radiografia simples para
detectar doença pulmonar pneumótica intersticial.
Além disso, a TCAR é capaz de diferenciar a fase
inflamatória (alveolite) da fase fibrosa.
• A fase inflamatória revela a aparência de "vidro
fosco", enquanto a fase fibrosa mostra achados
anteriores que foram vistos apenas no final da
radiografia de tórax.
• A Lavagem Broncoalveolar (LBA) geralmente
revela aumento da celularidade, com predomínio
de neutrófilos e eosinófilos, sendo um sinal de
alveolite ativa.
Padrão destrutivo: fibrose (cistos periféricos rodeados por
opacidades irregulares grosseiras e volume pulmonar reduzido).
• O envolvimento renal na esclerose sistêmica
atinge 80% dos casos analisados por autópsia,
sendo uma manifestação exclusiva da forma difusa.
• Antes do advento dos inibidores da ECA, a crise
renal era a causa mais comum de morte em
pacientes com essa forma da doença. Hoje, a
insuficiência respiratória (devido à fibrose
pulmonar) tornou-se a líder entre todas as causas de
morte.
• A "crise" ocorre com maior freqüência nos
primeiros cinco anos de diagnóstico, sendo mais
freqüente em negros e naqueles com rápida
evolução do acometimento cutâneo.
• Os componentes da síndrome renal são:
1. Insuficiência renal oligurica aguda (por estenose
da arteria renal ou por fibrose do rim);
2. Hipertensão arterial acelerada maligna;
3. Anemia hemolítica microangiopática (porque o
rim fibrosado provoca hemólise de hemácias dentro
do parênquima renal por alteração do glomérulo
em região mesangial);
4. Trombocitopenia (com aumento de formação de
coágulo devido a lesão inflamatória).
• Os sintomas predominantessão aqueles de
hipertensão maligna acelerada (cefaleia, visão
turva, encefalopatia, convulsões e edema
pulmonar agudo) associados à síndrome urrêmica,
que na maioria das vezes indicam diálise de
emergência.
• A proteinúria é universal, mas raramente nefrótica,
e o sedimento revela hematúria (deviado a anemia
hemolítica) e cilindros. granulares.
REUMATOLOGIA –
13
❖ Comparação ENTRE AS Características Clínicas: Esclerose Sistêmica Limitada x Esclerose Sistêmica Difusa:
Características Clínicas Difusa Limitada
Fenômeno de Raynaud 90% 99%
Edema dos dedos 95% 90%
Artralfias 98% 90%
Fraqueza proximal 80% 60%
Calcinose 20% 40%
Talanfectasias 60% 90%
Esofagopatia 80% 90%
Envolvimento do intestino grosso 40% 60%
Doença pulmonar intersticial 70% 35%
Hipertensão pulmonar 5% 25%
Miocardiopatia 15% 10%
Crise renal de esclerodermia 20% 1%
Sindrome seca (sem critério de biópsia para Sjogren) 15% 35%
Sobrevida em 5 anos / 10 anos 70% / 50% 90% / 70%
❖ Comparação Entre as Características Laboratoriais: Eclerose Sistêmica Limitada x Esclerose Sistêmica Difusa:
Características Laboratoriais Difusa Limitada
FAN 90% 90%
Anticentrômero 5% 80%
Anti – Scl - 70 (antitopoisomerase) 40% 10%
Obs: quando se suspeita de esclerodermia se deve
pedir o FAN (que dá positivo tanto na forma difusa
como na forma limitada), o anticentrômero
(relacionado com a esclerose sistêmica limitada) ou
o anti – Scl – 70 / antitopoisomerase (que vai estar
mais presente na forma difusa).
RESUMO:
→ Cutânea limitada: (CREST)
1. Poupa tronco, abdômen e coxa.
2. Anticentrômero (+)
3. Doença sistêmica leve (só alteração esofágica).
→ Cutanea difusa:
1. Fibrose difusa (todo corpo).
2. Anti - Scl - 70 (+)
3. Doença sistêmica mais grave.
DIAGNÓSTICO
• Não existem critérios inquestionáveis ou exames
laboratoriais definitivos que possam selar o
diagnóstico de esclerose sistêmica com 100% de
certeza.
• Na verdade, devemos sempre suspeitar dessa
colagenose na presença de seus sinais e sintomas
típicos (diagnóstico eminentemente clínico), como
fenômeno de Raynaud e esclerodactilia (fazer o
exame físico completo). Entretanto, é necessário
individualizar o raciocínio diagnóstico, sempre
eliminando outras condições que também possam
ser responsáveis
• A investigação de autoanticorpos específicos e
capilarescopia subungueal (gold estándar para o
diagnóstico de esclerodermia) são os exames
complementares mais importantes no diagnóstico
da doença.
• Confirmação: biópsia da lesão → depósito de
colágeno, infiltrado inflamatório e de
imunocomplexos.
• Exames laboratoriais: auxiliam no diagnóstico e
podem apresentar eosinofilia,
hipergamaglobulinemia e VHS aumentado.
Obs: capilarescopia subeungueal verifica o fluxo
sangúineo sobre a unha.
→ Avaliação Acometimento de Órgãos Internos:
• Tomografia do tórax e prova de função pulmonar
(para avaliar os pulmões).
• Ecocardiograma (coração).
❖ Marcadores Sorológicos:
• São elementos fundamentais para o diagnóstico
e classificação dos tipos clínicos de esclerose
sistêmica.
• Alguns padrões ANA são mais específicos da
doença. Os autoanticorpos mais usados são
anticentrômero e antitopoisomerase I (anti-Scl-70).
• Outros autoanticorpos relacionados à doença
são: anti-RNA polimerase I, II e III, anti-U3-RNP e anti-
Th-RNP.
• O padrão nuclear pontilhado de ANA representa
anticorpos contra antígenos nucleares extraíveis
(anti-ENA).
• Esse padrão pode ser encontrado no LES,
síndrome de Sjogren, esclerose sistêmica e doença
mista do tecido conjuntivo.
REUMATOLOGIA –
14
• Exemplos de autoanticorpos anti-ENA são: anti-
Sm, anti-Ro (SS-A), anti-La (SS-B), anti-RNP. Padrões
nucleolares (anti-RNA polimerase I, anti U3-RNP, anti-
Scl-70) e nucleolar pontilhado centromérico
(anticentrômero) são mais sugestivos de esclerose
sistêmica.
Obs: Pacientes que apresentam autoanticorpos
mais específicos como Sd-70, Ro/La e U1-IRNP,
comuns na esclerose sistêmica, devem ser
acompanhados mais intimamente, pois
possivelmente irão deselvonver a doença sistêmica.
❖ Novo Critério de Classificação da Esclerose Sistêmica (2013):
Características Pontuação:
Espessamento cutâneo nos dedos de ambas as mãos que acomete a região proximal das
MCF (critério patognomônico)
9 pontos
Espessamento cutâneo dos dedos:
1. Esclerodactilia (espessamento distal à MCF e proximal à priemira IF).
2. Dedos edemaciados (puffy finfers).
4 pontos
2 pontos
Lesões nas pontas dos dedos
1. Cicatrizes (pintting scars)
2. Úlceras
3 pontos
2 pontos
Telangiectasias 2 pontos
Capilaroscopia ungueal alterada 2 pontos
Hipertensão pulmonar e / ou peneumopatia instersticial 2 pontos
Fenômeno de Raynaud 3 pontos
Autoanticorpos
1. Anticentrômero
2. Anti – topoisomerase I (anti – Scl – 70)
3. Anti – RNA polimerase III
3 pontos
TRATAMENTO
• A esclerose sistêmica não tem cura.
• O dano vascular e a fibrose subsequente de
etiologia autoimune são os principais mecanismos
patológicos conhecidos.
• O tratamento visa, portanto, controlar esse
processo patogênico, devendo ser iniciado o mais
rápido possível, a fim de evitar a progressão para
estágios avançados da doença, caracterizada por
fibrose irreversível dos órgãos e tecidos afetados.
• O arsenal terapêutico inclui:
- Agentes antifibromáticos e antiinflamatórios.
- Terapia imunossupressora;
- Drogas com ação vascular.
• Como a esclerose sistêmica tem curso clínico
extremamente variável, é muito difícil avaliar a real
eficácia da terapia medicamentosa.
❖ Sintomático
• Fenômeno de Raynaud: evitar locais frios e usar
antagonistas dos canais de cálcio, como
dihidropiridinas nifedipina (30-120 mg / dia, usando
a formulação de liberação prolongada) e
anlodipina (5-10 mg / dia), e não dihidropiridinas,
como diltiazem (120 mg / dia) dia), são os
medicamentos mais utilizados no tratamento dos
fenômenos de Raynaud)
• Doença renal:
- IECA,.
- Diálise.
• Doença pulmonar: (iniciar tratamento com baixa
dose de prednisona (20 mg / dia) associada à
ciclofosfamida (endoseacum 125 mg / dia), por três
meses, com reavaliação do paciente após esse
período)
• DRGE: omeprazol, antiácidos e alimentação
adequada.
Polimiosite e Dermatomiosite:
INTRODUÇÃO:
DEFINIÇÃO:
A dermatomiosite (DM) e a polimiosite (PM) são
classificadas, juntamente com a miosite de
corpúsculo de inclusão (MCI), como miopatias
inflamatórias idiopáticas.
Obs: inflamação na musculatura sem causa
aparente.
• Essas doenças são caracterizadas pelo
desenvolvimento inexplicável de um processo
inflamatório não supurativo nos músculos
esqueléticos, que se manifesta clinicamente por
fraqueza muscular progressiva e dor (ocorre por
perda de fibra muscular devido ao processo
inflamatório).
REUMATOLOGIA –
15
ETIOLOGIA:
• São patologías idiopáticas, ou seja, não se
conhece precisamente o que as causam.
• Existe a influencia da predisposição genética
(genes de HLA) + fatores ambientais (uso de drogas
anti TNF, antirretrofirais, infecção por HTLV, hebatite
C, HIV).
EPIDEMIOLOGIA:
• São doenças de baixa incidência na população
em geral, com taxas em torno de 1: 100.000
habitantes.
• No DM e PM há um predomínio de mulheres em
relação aos homens de aproximadamente 2: 1 e
distribuição bimodal, sendo a primeira incidência
máxima entre 7-15 anos (principalmente
dermatomiosite) e a segunda entre 30-50 anos.
• A ICM geralmente se concentra em homens com
mais de 50 anos de idade.
FISIOPATOLOGIA:
Interação genética e ambiental → infiltração
linfocitária. Existe a presença de auto – anticorpos
miosite específicos (papel do linfócito B).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
• Embora as manifestações básicas de todas essas
doenças sejam muito semelhantes, existemalgumas
diferenças importantes que podem ser
memorizadas:
1. Ao contrário do PM, a DM apresenta
manifestações cutâneas características
(heliotrópio, pápulas de Gottron, etc.), além de
estar mais frequentemente associado a neoplasias
malignas.
Heliótropo
Pápulas de Gottron
2. Em relação à patogênese, o DM está associado
à deposição de imunocomplexos nos vasos, na
capa intima muscular, com microangiopatia e
isquemia muscular, enquanto no PM a destruição
das células musculares esqueléticas é observada
por lesão direta pela ação do CD8 + Linfócitos T
auto-reativos (reação de hipersensibilidade de tipo
IV).
• Fraqueza muscular é o sinal mais comum nos
estágios iniciais. Geralmente se desenvolve
progressivamente ao longo de semanas ou meses
antes de o paciente procurar ajuda médica.
Raramente, o início é agudo e está associado a
rabdomiólise e mioglobinúria.
• A distribuição da fraqueza geralmente é simétrica
e proximal, afetando os músculos do ombro e a
cintura pélvica e progredindo para os músculos dos
membros proximais.
• Uma característica importante é o envolvimento
dos flexores do pescoço, melhor observado
quando pedimos ao paciente, em decúbito dorsal,
que flexione o pescoço e toque o queixo na região
anterior do tórax. Ele faz esse movimento com
grande dificuldade.
• A musculatura ocular extrínseca por definição é
poupada, mesmo em casos avançados; sua
participação fala contra o diagnóstico de miopatia
inflamatória!
• As queixas relacionadas à fraqueza muscular
proximal incluem: dificuldade em pentear o
cabelo, pegar objetos em uma posição alta (livros
na estante, por exemplo), subir escadas e levantar
da posição sentada.
• Dificuldade em levantar os braços acima do nível
do ombro é observada durante o exame clínico.
• Os músculos esqueléticos da parede posterior da
faringe e do terço proximal do esôfago estão
frequentemente comprometidos, levando à
REUMATOLOGIA –
16
disfagia, que classificamos como transferência, ou
seja, dificuldade em engolir alimentos de forma
sincronizada.
• Pode haver asfixia frequente e, em casos
avançados, aspiração broncopulmonar. A disfonia
é outra manifestação encontrada (envolvimento
da musculatura laríngea).
• As manifestações cutâneas não estão presentes
na PM. Normalmente ocorrem no DM,
acompanhando ou, mais frequentemente, antes
das manifestações musculares, sendo alguns
achados patognomônicos da doença.
• As principais alterações dermatológicas da DM
são descritas a seguir:
1. Pápula de Gottron: placas elevadas em forma de
pápula ou maculo – pápulares esbranquiçadas ou
avermelhadas presentes no dorso das mãos ou nas
metacarpofalangicas ou interfalangicas.
2. Ocorrem hemorragias na cutícula e são
chamadas de hemorragias em estilha.
3. Heliotrópio: mancha violácea nas pálpebras
superiores.
4. A "mão mecânica" é uma doença caracterizada
por rachaduras e lesões ásperas e escuras nas
regiões lateral e palmar dos dedos.
5. Erupções eritematosas na face: rash malar (ao
contrário do lúpus, envolve a região nasolabial,
queixo e ponte do nariz), pescoço, tórax ou
superfície extensora das extremidades podem ser
observadas.
SINTOMAS CONSTITUCIONAIS:
• Os sintomas constitucionais incluem fadiga e mal-
estar. A febre é geralmente encontrada em
pacientes jovens e crianças, a perda de peso
significativa é rara.
ARTICULARES:
• Pode ser observada artralgia e, com menos
frequência, artrite acompanhada de rigidez
matinal.
• O envolvimento articular segue um padrão
semelhante à artrite reumatoide, afetando
principalmente as mãos.
Obs: a artrite reumatoidea (AR) poupa falange
distal.
• Alguns pacientes podem ter subluxações e
deformidades significativas, entretanto, erosão
óssea geralmente não é encontrada.
PULMONAR
• Um fator que confere grande morbidade em
pacientes com miopatia inflamatória é, sem dúvida,
a deterioração respiratória.
• Como vimos antes, a aspiração ocorre e pode ser
fatal.
• A miosite do diafragma e da musculatura
intercostal prejudica uma incursão respiratória
adequada e favorece o acúmulo de secreções e a
hipoventilação alveolar (assim, o paciente pode
fazer broncoaspiração que provoca neumonite por
aspiração / neumonite química).
• Atelectasia e infecções respiratórias recorrentes
são o resultado desse processo.
• Outra forma de envolvimento respiratório é
representada pela doença pulmonar intersticial,
que ocorre em 10% dos casos e pode preceder a
miopatia. Em sua forma mais grave, caracterizada
por lesão alveolar difusa, o quadro clínico é
fulminante e muito semelhante à síndrome do
desconforto respiratório agudo.
• A doença residual, com progressão lenta para
fibrose, representa o padrão mais característico.
Nessa situação, queixas como dispneia aos esforços
e tosse são frequentes. Ausculta respiratória pode
revelar estertores basais ("velcro").
• O envolvimento intersticial do pulmão está
relacionado a um autoanticorpo contra uma
síntese (enzima citoplasmática envolvida na
tradução do RNA em proteína), denominado anti-
Jo-1.
ASSOCIAÇÕES PARANEOPLASICAS DA DM:
• Primeiros 5 anos de doença.
• Anti p155 / 140 → associado a paraneoplasia.
• Dermatomiosite no adulto.
• Idade tardia ao diagnóstico aumenta a chance
de ter paraneoplasia.
QUESTÕES:
1. Quais são as doenças pertencentes às miopatias
inflamatórias idiopáticas?
Dermatomiosite (DM), polimiosite (PM) e miosite por
cospúsculos de inclusão (MCI).
REUMATOLOGIA –
17
2. Quais são as manifestações comuns às doenças?
Fraqueza muscular da cintura escalular e pélvica e
de músculos proximais dos membros, além de
comprometimento dos flexores do pescoço e da
musculatura estriada da faringe posterioe e 1/3
proximal de esôfago. A musculatura ocular
extrínseca não é afetada.
3. Quais são as manifestações dermatológicas
características da dermatomiosite?
1. Heliótrofo – rash acometendo a pálpebra
superior.
2. Pápulas de Gottron – lesões elevadas violáceas
com descamação, acometendo nós dos dedos das
mãos, cotovelos e joelhos.
3. Mãos do mecânico – descamação sobre a
superfície lateral e palmal ldos dedos;
4. Hemorradias em estilha – notadas nas cutículas.
5. Rash malar – envolvendo a região nasolabial.
6. Rash sobre a face, região anterior e posterior do
tórax assumindo uma configuração em ‘’V’’.
4. A miosite por corpúsculo de inclusão difere da PM
e DM?
Sim, a MCI acomete pacientes mais velhos (acima
de 50 anos) e predomia em homens, tendo algumas
manifestações sugestivas. Elas incluem
comprometimento assimétrico e precoce de
musculatura distal e, em alguns casos, um discreto
acometimento da musculatura facial. Quedas são
frequentes, pelo envolvimento preferencial do
quadríceps.
5. Quais são as principais complicações pulmonares
das miopatias?
Aspiração broncopulmoar, dificuldade em mobilizar
secreções (miosite dos músculos intercostais e
diafragma), causando pneumonias repetidas, e
doença pulmonar intersticial (esta última na
presença de anti – Jo – 1).
6. Existe alguma miopatia inflamatória idiopática
associada ao câncer?
Sim. A dermatomiosite (DM) tem risco aumentado
de câncer (2-3 vezes o da população geral). PM e
MCI não apresentam uma associação tão
exuberante.
DIAGNÓSTICO:
→ Exames complementares:
• Enzimas musculares (CPK / LDH / aldolase / AST /
ALT) geralmente se encontram ↑.
• ENMG: padrão miopático (justifica fraqueza
muscular) serve para confirmar a suspeita e localizar
o local para biópsia muscular.
• Biópsia múscular: serve para analizar se a lesão se
relaciona com uma miopatia inflamatoria (PM ou
uma DM). Se encontra infiltrado de linfócito T CD4
perimisial, perivascular e atrofia perifascicular na
DM e infiltrado endomisial T CD8, invasão direta da
fibra muscularna PM. Serve para confirmas o
diagnóstico.
• Ressonância magnética muscular: pode ser um
estudo complementario, utilizado para verificar a
intensidade do edema em determinado músculo
ou guiar a bopsia muscular (essencial p/ o
diagnóstico). Não substitui a biópsia, mas pode ser
utilizada em casos onde a biópsia é contraindicada.
• Biópsia cutânea na DM (dermatite de interface) →
não é impescindível.
• O diagnóstico de PM é definitivo se o paciente
apresentar quadro clínico característico
(atendendo aos critérios de exclusão para outras
doenças), níveis elevados de CK e biópsia muscular
positiva.
• O diagnóstico de DM é definitivo nas mesmas
condições mencionadas acima. Porém, a presença
de erupção cutânea típica indica a existência da
doença mesmo em casos de biópsia muscular que
não mostra inflamação, situação incomum.
❖ Principais Anticorpos Miosite – específicos:
Autoanticorpos Prevalencia na DM e PM Autoanticorpos Prognóstico
(sobrevida em 5 anos)
Anti – Jo – 1 20% (mais comum na
PM)
Doença pulmonar intersticial
Artrite
Ruim (-75%)
Anti – Mi – 2 10% (mais comum na
DM)
Fenômeno de Raynaud
Mãos de mecânico
Anti – SRP 5% DM de inicio agudo com Rash em
forma de ‘’V’’ em manta e com
alterações em cutículas
Bom (>95%)
Anti – Pl – 7
(anticorpos
antissintetases)
5% (quase exclusivo da
PM)
Doenã de inicio agudo, envolvimento
cardíaco, fraqueza severa
Muito ruim (-35%)
Anti – Pl - 12 PM com doença pulmonar intersticial
REUMATOLOGIA –
18
→ Auto – Anticorpos Miosite específicos:
• FAN.
• Anti- Jo1 (indica maior associação com pneumopatia intersticial).
• Anti – Mi2 (associado à dermatomiosite clássica).
• Anti – MDA 5 (associado à dermatomiosite amiopática).
• Anti – p155 / 140 (associado à sindrome paraneoplásica na DM).
❖ Critérios Utilizados para o Diagnóstico das Miopatias Inflamatórias Idiopáticas:
Critério Dermatomiosite Polimiosite
Força Muscular Padrão miopático Padrão miopático
Rash cutâneo ou calcionose Presente e diagnóstico Ausente (até 100 vezes)
Enzimas musculares (CK) Aumentada (até 10 vezes) ou
normal
Expressão de MHC classe I nos miócitos +
infiltração por linfócitos T CD8+, inclusive em
fibras musculares saudáveis. Ausência de
complemento na parede vascular
Achados à biopsia Deposição de complemento
na parede dos vasos capilares.
Atrofia perifascicular
Miopática
Eletromiografia Miopática
Obs: o padrão miopático é a fraqueza simétrica dos
músculos das cinturas escapular, pélvica e dos
flexores anteriores do pescoço, com ou sem
disfagia. As alterações miopáticas subagudas
devem poupar musculatura ocular e facial e
ocorrer em um período de semanas a meses. É
necessário excluirmos história familiar de doença
neuromuscular, endocrinopatia, exposição a
drogas miotóxicas e doença bioquímica do
músculo (somente excluída na biópsia, pela análise
histoquímica).
CLASSIFICAÇÃO:
❖ Critérios Bohan e Peter:
Item Descrição
1 - Fraqueza muscular Simétrica e proximal
2 – Enzimas musculares Elevadas
3 – Eletroneuromiografia Padrão miopático
4 – Biópsia muscular Compatível com miopatia
inflamatória
5 – Lesão cutânea típica Heliótropo, pápulas / sinal
de Gottron
→ Diagnóstico definitivo
• Polimiosite: todos os itens de 1 a 4 presentes
• Dermatomiosite: ≥ 3 dos itens de 1 ao 4. O item 5 é
obrigatório.
TRATAMENTO
• A base terapêutica das miopatias inflamatórias
idiopáticas consiste na associação da
imunossupressão farmacológica com a prática de
atividades físicas supervisionadas e personalizadas.
• Os medicamentos de escolha são
tradicionalmente os glicocorticóides (prednisona),
com preferência pela prednisona oral na dose de
0,75 a 1-2 mg / kg / dia, por um período mínimo de
4 a 12 semanas (resposta clínica em
aproximadamente 75% das vezes).
Artrite Reumatóide
INTRODUÇÃO:
COMO A INFLAMAÇÃO É MEDIDA?
• A inflamação pode ser medida por meio de dois
marcadores: VHS e PCR (proteína c-reativa) –
marcadores de fase aguda.
• VHS é medido através da coluna de plasma em
uma hora. Os eritrócitos com carga negativa são
normalmente repelidos, e isso é alterado nos
processos inflamatórios.
• Durante a inflamação, o fígado libera reagentes
de fase aguda que neutralizam a carga negativa
dos eritrócitos.
• Desta forma, as células serão compactadas no
fundo do tubo de ensaio.
• A proteína C reativa é um reagente de fase aguda
sintetizado pelo fígado.
• "Eu tenho reumatismo ..." Esta é uma oração muito
ouvida nos consultórios médicos!
• Infelizmente, muitos médicos se limitam a
prescrever antiinflamatórios e analgésicos, para o
alívio da dor, porém, sem se preocupar com a
pergunta: “qual será a causa da dor desse
paciente?
DEFINIÇÃO:
•A artrite reumatóide é uma doença inflamatória
crônica de origem desconhecida, caracterizada
por poliartrite simétrica e periférica.
REUMATOLOGIA –
19
Obs: dói ambas mãos e ambos pés ao mesmo
tempo por exemplo, nunca dói só uma mão,
diferente do que ocorre na poliartrite migratória
(característica da FR).
• Pode ser acompanhada por uma variedade de
manifestações extra-articulares, como fadiga,
nódulos subcutâneos, envolvimento pulmonar,
pericardite, neuropatias periféricas, vasculite e
anormalidades hematológicas.
• É uma doença mais prevalente em mulheres do
que homens na
EPIDEMIOLOGIA:
•É uma doença mais prevalente em mulheres do
que homens na proporção de 3: 1, na faixa etária
de 25-55 anos (idade fértil)
• Em 60% dos casos, o paciente apresenta HLA-
DRB1.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
• É um processo crônico que gera deformidade
articular (erosão óssea, destruição da cartilagem,
deformidade articular, tendinite).
• Apresenta um padrão característico de lesão
articular que envolvem as pequenas articulações
das mãos, pés e punho estão envolvidas
bilateralmente.
• Clinicamente, o paciente geralmente relata
rigidez matinal nas articulações, que dura mais de
uma hora e desaparece com a atividade física.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – MÃOS:
• Desvio ulnar dos dedos (metacarpofalângica
proximal e alticulação interfalângica. não envolve
falange distal).
• Dedo no pescoço de cisne (hiperflexão da
articulação metacarpofalangiana e hiperextensão
das interfalanges proximais) ou ponta do dedo para
cima.
• Dedo no botão (boutoniere): hiperextensão da
articulação metacarpofalangiana e hiperflexão
interfalangiana proximal (ponta do dedo para
baixo)
• Mão em forma de corcunda de camelo ou mão
de pianista (alteração de pulso).
Desvio ulnar dos dedos.
Dedo pescoço de cisne
Mão corcunda de camelo ou mão de pianista.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - PÉS
• Presença de sinovite da articulação
metatarsofalangiana, com desvio lateral dos dedos
(o paciente não anda porque não suporta a dor).
REUMATOLOGIA –
20
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - COLUNA CERVICAL
• Uma das lesões mais graves da AR que causa
inestabilidade atlantoaxial (C1 e C2) causando
lesão cervical.
• Presente em 10% dos casos, a subluxação
atlantoaxial (C1 / C2) gera alta compressão da
medula espinhal (inicio da medula espinhal).
• Sempre solicite uma radiografia de perfil simples (o
processo odontóide se afasta do atlas - acima de 3
mm é luxado). O movimento de flexão-extensão da
cabeça é percebido como um estalido da
articulação.
•Geralmente há histórico de torcicolo à repetição.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS EXTRA-ARTICULARES
• As manifestações extra-articulares aparecem
como nódulos reumatoides e vasculites
encontrados em: pele, coração, pulmão, SNC e
olhos.
•Pele:
- Nódulos reumatóides subcutâneos.
- Pequenos enfartes acastanhados nas pontas
dos dedos.
- Vasculite necrosante.
CORAÇÃO:
• Pericardite aguda (mais comum).
• Nódulos no miocárdio (distúrbios de arritmia na
condução cardíaca).• Vasculite (angina / IAM).
Obs: os pacientes com AR tem um processo de
aterogênese acelerada, promovendo um aumento
da formação de placas de ateroma → risco
cardiovascular aumentado maior do que a
população em geral.
PULMÃO:
• Derrame pleural.
• Sindrome de Caplan (AR + pneumoconiose de
mineiros de carvão).
• Vasculite pulmonar.
• Nódulos no parênquima pulmonar.
OLHOS
• Sindrome de Sjogren's (olhos secos).
• Episclerite (inflamação da episclera)
• Escleromalácia perfurante
• Uveíte anterior
NEUROLÓGICO:
• Sindrome de túnel do carpo.
• Compressão medular alta (neuropatia cervical).
• vasculite dos vasa nervorun (causando uma
neuropatia periférica).
Obs: manobras utilizadas em pacientes com
sindrome de tunel do carpo → Sinal de Tinel e Sinal
de Pholen. Sinal de Tinel: se faz a percussão do pulso
do paciente e o paciente refere dor e parestesia na
área de abrangencia do nervo mediano, que vai
do primeiro até o quarto dedo. Manobra de Pholen:
se faz uma hiperflexão forçada do pulso do
REUMATOLOGIA –
21
paciente, que refere dor e parestesia na área de
abrangencia do nervo mediano.
REGRA MNEUMÔNICA
Para memorizar as principais manifestações da AR.
PE GUEI NO SJO DE VAS CA
PE – pericardite (principal manifestação
cardiologica da AR).
NO – nódulos subcutâneos (a nivel da pele são os
mais frequêntes).
SJO – sindrome de Sjogren (o mais frequênte a nivel
oftalmológico).
DE – derrame pleural (principal lesão no pulmão).
VAS – vasculite (em todos os órgãos)
CA – Sindrome de Caplan.
DIAGNÓSTICO
• Poliartrite simétrica.
• Fator reumatóide positivo (70%).
• Anti CCP (anticorpo de peptídeo citrulinado
cíclico) positivo (90-95%)
• VHS / PCR positivo (sorologia).
• Evolução crônica e insidiosa.
Obs: 1% dos pacientes com AR apresentam
sindrome de Felty, caracterizado por associação da
AR à esplenomegalia com consequente
pancitopenia com neutropenia marcada. É um
fator de mal prognóstico.
TRATAMENTO
• Drogas sintomáticas – antiinflamatórios não
esteroidais (AINE’s) ou corticoides.
• Medicamentos que modificam o curso da doença
(Darms -imunomoduladores):
- Metotrexato (padrão ouro).
- Hidroxicloroquina.
- Leflunamida.
• Se o paciente for refratário a AINE + Darm →
influximabe, um modulador biológico inibidor de TNF
α muito potente, porém é caro e aumenta o risco
de infecção como reativaão de infecção latente.
Obs: o metrotrexato é hepatotóxico e mielotóxico e
pode induzir a um quadro de pancitopenia e
anemia megaloblastica. Caso o paciente
apresente estas manifestações se deve susbstituir
por outro fármaco.
Espondiloartropatias Soronegativas
Espondilite Anquilosante:
INTRODUÇÃO:
DEFINIÇÃO:
• A espondilite anquilosante é um protótipo das
espondiloartropatias soronegativas.
• É uma afectação articular onde o fator
reumatóide é negativo.
EPIDEMIOLOGIA:
• É uma doença mais frequente em homens do que
mulheres (3: 1).
• Afeta indivíduos com idade média entre 20-45
anos, com pico de incidência aos 23 anos.
ETIOLOGIA:
• É causada por uma inflamação crônica que gera
uma calcificação ascendente das ênteses (união
entre o tendão e o osso), diminuindo a mobilidade
e causando dor.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
• O paciente manifesta maior dor ao amanhecer
que começa no quadril (rigidez matinal).
• Apresenta mialgia que melhora após exercícios
físicos.
• É uma condição que geralmente persiste por mais
de 3 meses.
• A dor lombar (lonbalgia) é causada por entesite
sacroilíaca bilateral (sacroileíte).
Sacroileíte bilateral de grau 3.
• A doença também gera fusão entre as vértebras
com o aparecimento de sindesmófitos (coluna em
bambu).
• O paciente aparece na posição de esquiador,
caminha em pequenos passos, não olha para
baixo.
• O padrão da doença é uma lesão esquelética
axial ascendente anquilosante.
Obs: sindesmófitos – uniões ósseas entre uma
vértebra e outra.
REUMATOLOGIA –
22
MANIFESTAÇÕES EXTRA-ARTICULARES
• 30% no olho = uveíte anterior.
• 10% no coração = insuficiência aórtica
• 1% no pulmão = fibrose pulmonar dos lobos
superiores
Uveíte anterior
DIAGNÓSTICO
• Todos os pacientes com dor lombar há mais de 3
meses e mais de 45 anos são solicitados e
verificados:
- Radiografia e ressonância magnética (melhor que
a radiografia).
- O paciente deve ter lesão sugestiva
radiograficamente + 1 dos seguintes fatores ou
HLAb27 + 2 achados.
Achados:
1. Dor lombar (inflamação crônica).
2. Artrite.
3. Entesite.
4. Uveíte anterior.
5. Doença de Chron / RCU.
6. Boa resposta a AINEs
7. PCR aumentado.
8. História familiar de espondilite.
9. HlLAb27.
10. Dactilite / psoríase.
EXAME FÍSICO:
Os testes de Patrick-Faberey e de Schober podem
ser aplicados como uma manobra semiológica.
❖ Teste de Patrick ou Teste de Fabere:
• Fabere = flexão, abdução e rotação externa do
quadril.
• Testa normalidade da articulação sacroilíaca.
• Condição detectada (teste positivo) = presença
de dor na artculação sacroilíaca do mesmo lado;
Paciente em decúbido dorsal, o joelho é fletido,
abduzido e rodado externamente até o maléolo
lateral se apoiar no joelho oposto logo acima da
patela. Nesta posição o joelho do lado a ser testado
é levemente forçado para baixo; se ocorrer dor, o
teste é positivo.
❖ Índice de Schober:
• Avalia a flexibilidade da coluna vertEbral reduzida
na espondilite anquilosante.
• Duas mãos são feitas verticalmente a partir do
bordo superior do sacro, separadas pela distânciai
de 10 cm. O paciente é instruído a inclinar-se para
frente sem flexionar os joelhos. A distância entre as
duas marcas, que inicialmente era de 10 cm,
alonga-se para 15 ou 16 cm em situaçãos normais.
REUMATOLOGIA –
23
TRATAMENTO
• AINEs;
• Nadar;
• Fisioterapia;
• Indometacina 75-50mg / d;
• CASP refratário: imunomoduladores (nem mtx
nem ctc podem ser usados. Apenas infliximabe);
Espondiloartropatias Soronegativas;
Artrite Reativa – Síndrome de Reiter:
• É uma doença caracterizada por ter fator
reumatoide negativo, sendo mais frequente em
pessoas jovens, tendo a presença do gene HLA-
B27.
•Acomete homens e mulheres em proporções
iguais.
• É um tipo de artrite reativa que sempre surge após
uma infecção viral ou bacteriana distante.
• 1 a 4 semanas - crianças com diarreia infecciosa
(shiguella, salmonela).
• Doença sexual em adultos (Chlamydia
trachomatis).
PADRÃO DE DOENÇA:
• Mono ou oligoartrite (recidiva).
• Assimétrico.
• Acomente grandes articulações.
❖ Tríade de Reiter:
1. Artrite.
2. Uretrite / cervicite .
3. Conjuntivite.
❖ Extra Articular:
• Ceratodermia blenorrágica.
• Balanite circinada.
• Dactilite.
• Uveíte anterior.
TRATAMENTO:
• Seu tratamento é realizado por meio de AINEs.
• Em caso de reciva, use MTX.
Vasculites:
INTRODUÇÃO:
DEFINIÇÃO:
• As vasculites são entidades clínicas caracterizadas
por deterioração inflamatória da parede dos vasos
sanguíneos.
• São reações de hipersensibilidade de tipo III,
quando há depósito de imunocomplexos na
parede dos vasos (endotélio) onde se produz um
processo inflamatório que gera um quadro clínico.
• Na prática médica, é relativamente comum
observar vasculites no contexto de outro processo
mórbido, associado à outras doenças como
infecções (erisipela, sarampo), nesses casos, nos
referimos a vasculites secundárias.
• Uma vez que encontramos entidades clínicas que
se caracterizam por ser vasculite de causa
desconhecida, portanto chamada de Vasculite
Primária (ou idiopática).
FISIOPATOLOGIA:
• Estudos levaram a uma correlação das diferentes
vasculites com a pontuação de Gell & Coombs
para reações de hipersensibilidade, de acordo com
o que se pensava ser o mecanismo patogênicopredominante em cada síndrome:
→ Tipo I - Hipersensibilidade imediata:
• Dependente da imunoglobulina IgE, que passa a
revestir a superfície dos mastócitos. Quando o
antígeno se combina com a IgE, os mastócitos se
degranulam, liberando uma série de mediadores
inflamatórios de ação imediata (histamina,
bradicininas, leucotrienos, PAF), além de fatores
quimiotáxicos para eosinófilos. Está relacionada a
formas de rinite e asma, componentes da síndrome
de Churg-Strauss.
→ Tipo II - Hipersensibilidade mediada por
anticorpos:
•Neste tipo, os autoanticorpos são produzidos
contra antígenos presentes nos neutrófilos e células
endoteliais, ativando-os e gerando eventos pró-
inflamatórios. ANCA (anticorpos citoplasmáticos
anti-neutrófilos) estão relacionados à
granulomatose de Wegener, PAN (ou poliangiite
microscópica) e síndrome de Churg-Strauss.
REUMATOLOGIA –
24
Obs: o ANCA (+) é muito característico da
Granulomatose se Wegener, Poliangeite
microscópica e Sindrome de Churg - Strauss
→ Tipo III - Hipersensibilidade mediada por
imunocomplexo:
• Em que a deposição tecidual de complexos
antígeno-anticorpo leva à ativação da cascata do
complemento e suas consequências.
Os melhores exemplos aqui são vasculite
crioglobulinemia (na qual os antígenos encontrados
nos complexos imunes são derivados da hepatite
C), vasculite de hipersensibilidade a medicamentos
e púrpura de Henoch-Schnlein (depósitos de IgA).
Os casos clássicos de poliarterite nodosa associada
à hepatite B também apresentam esse mecanismo,
devido à deposição de imunocomplexos contendo
antígenos do VHB.
→ Hipersensibilidade tardia tipo IV:
Mediada por linfócitos T e suas propriedades
imunorreguladoras e citotóxicas, estava implicada
na arterite de células gigantes (arterite temporal) e
na arterite de Takayasu, bem como nas outras
vasculites granulomatosas (Granulomatose de
Wegener, Angeíte de Churg-Strauss).
• É interessante mencionar que o processo
imunopático parece estar centrado na túnica
aventurera, como se os granulomas se formassem
em torno de um antígeno localizado nesta camada
vascular! Na arterite de Takayasuse, produz uma
predominância de linfócitos T CD8 +, que secretam
mediadores (perforina, granzima B).
• Na arterite de células gigantes, há predominância
de linfócitos T CD4 +, que secretam interferon e
atraem numerosos macrófagos (que também
secretam enzimas proteolíticas, como
metaloproteinases)
CLASSIFICAÇÃO DE VASCULITE:
Vasculites com Predomínio de Grandes Vasos (artérias de grande e médio calibre)
Principais Vasos Acometidos Outros Vasos Acometidos
Arterite Temporal (de
células gigantes)
Ramos extracranianos da carótida. Artéria oftálmica, aorta e seus
ramos.
Arterite de Takayasu Aorta e seus ramos (carótidas, subclávias,
coronárias, mesentéricas, renais, femorais)>
Artéria pulmonar e seus ramos.
Vasculites com Predomínio de médios Vasos (artérias de médio e pequeno calibre)
Principais Vasos Acometidos Outros Vasos
Acometidos
Vasos Poupados
Poliarterite nodosa
clássica (PAN)
Artérias renais, dos nervos periféricos,
mesentéricas, hepáticas, coronárias,
musculares, subcutâneas, testiculares
Artérias
cerebrais
Artéria
pulmonar,
microvasos,
grandes vasos Doença de Kawasaki Artérias coronárias
Vasculite isolada do SNC Artérias cerebrais
Vasculites com Predomínio de Pequenos Vasos (Artérias de médio e pequeno calibre e microvasos:
arteríolas, vênulas, capilares)
Principais vasos acometidos Outros vasos acometidos
Granulomatose de
Wegener
Artérias e arteríolas do trato respiratório superior,
parênquima pulmonar e capilares glomerulares.
Artérias cutâneas, subcutâneas dos
nervos periféricos
Poliarterite
microscópica
Microvasos (arteríolas, vênulas, capilares):
capilares pulmonares e glomerulares, vênulas
cutâneas.
Artérias renais, dos nervos
periféricos, mesentéricas,
hepáticas, coronárias, musculares,
subctâneas, testiculares.
Síndrome de Churg
- Strauss
Artérias pulmonares, dos nervos periféricos,
coronárias, ctâneas e subcutâneas.
Microvasos: capilares glomerulares.
(Somente microvasos: arteríolas, vênulas, capilares)
Principais vasos acometidos
Púrpura de Henoch
- Schonlein
Vênulas cutâneas, arteríolas da mucosa gastrointestinal, capilares glomerulares.
Vasculite
crioglobulinêmica
Vênulas cutâneas, arteríolas ou pequenas artérias digitais, capilares glomerulares.
Vasculite cutânea
leucocitoclãstica
(vasculite por
hipersensibilidade)
Vênulas cutâneas
REUMATOLOGIA –
25
Outras Vasculites
Principais vasos acometidos
Doença de Beçet Vasos de grande (artéria pulmonar), médio (artérias cerebrais, veias superfíciais)
e pequeno calibre.
Tromboangiíte obliterante Artérias de médio e pequeno calibra dos membros inferiores e superiores, veias
superficiais.
Cogan Aorta e seus ramos.
CARACTERÍSTICAS QUE AJUDAM A DISTINGUIR ALGUMAS SÍNDROMES VASCULÍTICAS:
Síndromes
Vasculíticas
Faixa
etária
Proporção
de Sexo M:F
Características Clinicolaboratoriais
Arterite temporal
(células gigantes)
50 – 75 a 1:2 Cefaleia localizada de início recente, hipersensibilidade do
escalpo, claudicação da mandíbula, dor e rigidez em
cintura escapular e pélvica, VHS > 50 mm/h
Arterite de
Takayasu
15-30a 1:9 Claudicação em membros superiores, pulsos braquiais
abolidos, sopros subclávios, carotídeos ou abdominais,
diferença de PA sistólica > 10 mmHg entre o MSE e o MSD.
Poliarterite nodosa
clássica
40-60ª 2:1 Mononeurite múltipla ou polineuropatía, perda ponderal >
4 kg, livedo reticular, mialgias, dor testicular, hipertensão
arterial de início recente, acotemia (creatina > 1,5 mg / dl)
Doença de
Kawasaki
1-5ª 1,5:1 Febre prolongada, descamação labial, língra em
framboesa, edema em mãos e pés, eritema palmoplantar,
descamação periungueal, rash cutâneo polimorfo,
linfadenopatia cervical.
Vasculite primária
do SNC
30-50ª 1,5:1 Cefaleia de início recente, eventos neurológicos
multifocais, demência progressiva.
Granulomatose de
Wegener
30-50a 1:1 Rinorreia purulenta ou sanguinolenta, úlceras orais,
radiografia de tórax com infiltrado, nódulos ou cavitações,
sedimento irunário ‘’nefrítico’, azotemia.
Angeite de Churg –
Strauss
30 – 50ª 2:1 Asma, sosinofilia significativa, mononeurite múltipla ou
polineuropatía, infiltados pulmonares micratórios na
radiografía de tórax, sinusite, rinite, polipose nasal ou
paranasal.
Púrpura de Henoch
– Schoniein
3-20ª 1,5:1 Púrpura palpável em membros inferiores e / ou nádegas,
artralgias / artrite, dor abdominal e / ou sangramento
digestivo, sedimento urinário ‘’nefrítico’’.
Vasculite cutânea
leucocitoclástica
30-50ª 1:1 Púrpura palpável em membros inferiores e / ou nádegas,
lesões maculopapulares urticariformes.
Doença de Behçet 20-35 1:1 Úlceras orais e / ou genitais recorrentes, uveíte com
hipópio, foliculite, tromboflebite migratória.
Vasculites de Grandes Vasos:
ARTERITE TEMPORAL (DE CÉLULAS GIGANTES)
• A arterite temporal, também conhecida como
arterite de células gigantes, arterite craniana e
arterite granulomatosa,
• Leva esse nome porque a artéria temporal é a
mais afetada.
EPIDEMIOLOGIA:
• É a vasculite sistêmica primária mais comum em
adultos, com prevalência de 2 casos por 1.000
pessoas com mais de 50 anos de idade. Essa
vasculite afeta as artérias de grande e médio
calibre.
• A idade média de início é 60-75 anos e é
extremamente raro afetar pessoas com menos de
40 anos de idade. A proporção de homens para
mulheres é de 1: 2 (junto com a arterite de Takayasu,
eles são a única vasculite predominantemente em
mulheres).
• Há predomínio na raça branca, sendo a doença
muito rara na raça negra.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
REUMATOLOGIA –
26
• Seu quadro clínico típico refletea localização dos
vasos mais afetados, que são as artérias temporal
superficial, mandibular, oftálmica e ciliar posterior.
• A cefaleia é a manifestação mais comum,
ocorrendo em 70% dos casos e com início precoce
da doença. Geralmente é unilateral, temporal ou
frontotemporal-occipital.
• A hipersensibilidade do couro cabeludo é comum,
principalmente nas artérias temporais e occipitais,
nas quais podem ser encontrados nódulos ou
mesmo infartos cutâneos.
• As artérias podem estar espessadas, claramente
visíveis, com ou sem sinais flogísticos, e ter pulso
diminuído ou até ausente.
• Uma manifestação típica é a claudicação
envolvendo os músculos mastigatórios
(claudicação da mandíbula), a língua e a
musculatura da faringe. Este sintoma é quase
patognomônico de arterite temporal. Na maioria
dos casos graves, pode haver trismo.
• Os distúrbios visuais foram descritos em 25-50% e
constituem uma emergência médica. Pode haver
diminuição da acuidade, amaurose fugaz ou
mesmo perda visual completa e indolor, muitas
vezes irreversível.
Obs: se a paciente for mais idosa que reclama de
dor e tem dificuldade para mastigar se deve pensar
em arterite temporal.
DIAGNÓSTICO
• Os achados laboratoriais comuns são anemia
normocítica normocímica, leucometria normal e
elevação plaquetária leve ocasional. O VHS e PCR
estão tipicamente elevados e serve como um
marcador da atividade da doença. Quase sempre
está acima de 50 mm / h (normal: até 10 mm / h
para homens e até 15 mm / h para mulheres).
•A Biópsia da artéria temporal é o padrão ouro no
diagnóstico de arterite de células gigantes,
mostrando um infiltrado linfocítico (linfocitos TCD8)
com granulomas contendo células gigantes
multinucleadas.
TRATAMENTO
• Apresenta uma resposta dramática aos
glicocorticóides. A falha em melhorar após 48-72h
inclusive torna o diagnóstico bastante improvável
(pensar em outra doença).
• Você começa com altas doses de prednisona,
entre 60-80 mg / dia. A remissão geralmente é
rápida, tanto pelos sintomas quanto pela queda da
taxa de hemossedimentação (HSV) e PCR,
permitindo a redução gradativa da dose de
prednisona a partir do primeiro mês, chegando ao
sexto mês com valor aproximado de 10 mg. / Dia .
A partir daí, as doses baixas permanecem até
completar dois anos de tratamento, quando este é
interrompido.
• Devemos também associar AAS (por exemplo, 100
mg / dia) em pacientes com arterite temporal, que
reduz a incidencia de lesões isquêmicas.
• Essa abordagem reduz a incidência de
complicações isquêmicas (por exemplo, lesão do
nervo óptico, acidente vascular cerebral, IAM).
• Pacientes com complicações urgentes, como
amaurose fugaz, devem receber corticosteroides
em altas doses, de preferência usando a estratégia
de pulsoterapia (metilprednisolona IV 1 g / dia por
três dias)
ARTERITEDE TAKAYASU
DENIFINIÇÃO:
• A arterite de Takayasu, também conhecida como
síndrome do arco aórtico e "doença sem pulso", é
uma vasculite caracterizada pelo envolvimento
preferencial da aorta e seus ramos primários.
Obs: paciente com diferença de pulso do braço
direito p/ o braço esquerdo se deve suspeitar de
Arterite de Takayasu.
EPIDEMIOLOGIA:
• É uma doença rara que geralmente afeta
mulheres jovens. Na maioria das vezes, a idade de
início é entre 15-25 anos e a proporção homem /
mulher é de 1: 9.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Sintomas constitucionais: cansaço, anorexia,
perda de peso, suores noturnos, mialgias e artralgias
• Participação da subclávia (93%): claudicação das
extremidades superiores.
• Envolvimento carotídeo (58%): tontura, síncope,
sopro carotídeo.
• Envolvimento aórtico (47%): regurgitação aórtica.
REUMATOLOGIA –
27
• Envolvimento da artéria 5-renal (38%): hipertensão
renovascular (hipertensão secundária à alteração
do fluxo sanguíneo renal por presença de
aneurisma renal).
• Envolvimento ileofemoral (17%): claudicação dos
membros inferiores.
• Outros: miocardite, retinopatia, episclerite.
• Existem quatro padrões de participação:
- Tipo I - arco aórtico e seus ramos;
- Tipo II - aorta torácica e abdominal descendente
e seus ramos;
- Tipo III - participação simultânea das modalidades
I e II;
- Tipo IV - envolvimento da artéria pulmonar
Obs: mulher jovem com diferença de pulso e não
consegue levantar os membros superiores nem para
escovar os dentes porque sente dor (claudicação
de membros superiores).
• Os sinais mais típicos são sopros vasculares, mais
frequentemente encontrados nas artérias subclávia
(principais), artérias carótidas e aorta abdominal, e
os pulsos estão diminuídos ou até ausentes, com
simetria variável, notadamente nas radiais, ulnares e
braquiais .
• Como consequência, há claudicação e
parestesia nos membros superiores, cefaleia, tontura
postural e síncope. A hipertensão é comum devido
ao afetar as artérias renais (renovasculares),
diminuição da complacência do leito arterial como
um todo, estenose da aorta abdominal ou
hipersensibilidade do reflexo barorreceptor do seio
carotídeo.
DIAGNÓSTICO
• A angiografia é o principal procedimento
diagnóstico e deve cobrir toda a aorta.
• Os achados incluem estenose e oclusões dos
grandes vasos, evidências de circulação colateral
aumentada, dilatações pós-estenóticas e
formações aneurismáticas fusiformes.
• A parede vascular também tende a parecer
irregular em seu contorno interno. Os vasos mais
afetados, principalmente em suas porções
proximais, são as artérias subclávias (principais: 93%
dos pacientes), a carótida (58%) e o rim (38%).
❖ Critérios de Classificação Arterite de Takayasu:
Devem estar presentes pelo menos três destes seis
critérios:
1. Idade de início da doença inferior a 40 anos.
2. Claudiação de extremidades.
3. Dimunuição do pulso de uma ou ambas artérias
braquiais
4. Diferença de pressão arterial maior que 10 mmHg
entre os membros superiores.
5. Sopro sobre as artérias sobclávias ou aorta
abdominal.
6. Estreitamentos ou oclusõe das aorta, de seus
ramos primários ou de artérias proximais dos
membros à arteriografia.
TRATAMENTO
• Os glicocorticoides são a primeira opção,
reduzindo rapidamente as lesões inflamatórias,
melhorando os pulsos e os sintomas de isquemia. O
medicamento de primeira linha é a prednisona
como dose imunossupressora (1 mg / kg / dia),
lentamente reduzida após a remissão com doses de
manutenção de 5-10 mg / dia, embora alguns
autores preconizem começar com doses menores,
como 30 a 45 mg / dia.
• O metotrexato tem sido considerado uma opção
valiosa nos casos refratários aos corticosteroides,
administrados semanalmente na dose de 15-25 mg.
• Atualmente, vários autores já recomendam o uso
do mofetilomicofenolato (1.500 mg 12 / 12h) no
tratamento de manutenção da remissão, para
salvar o paciente dos efeitos colaterais da
corticoterapia prolongada.
Vasculites de Vasos Medianos:
POLIARTERITE NODOSA CLASSICA (PAN)
DEFINIÇÃO:
• A poliarterite nodosa clássica é uma vasculite
necrosante sistêmica que afeta artérias de pequeno
e médio porte.
• A Chapel Hill Consensus Conference propôs uma
diferenciação definitiva entre as duas doenças.
(PAN e poliangismo microscópico). Segundo seus
critérios, a poliarterite clássica não afeta arteríolas,
capilares ou vênulas, não causam glomerulonefrite
ou capilares pulmonares (hemorragia alveolar).
EPIDEMIOLOGIA:
• A idade média de início é de 40-60 anos, embora
grupos de idade, incluindo grupos pediátricos,
estejam envolvidos. Todos com uma proporção de
2: 1 de homens para mulheres (afeta mais os
homens).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Sintomas constitucionais: perda de peso, febre,
mialgia, poliartralgia.
• Pode ter mononeurite múltipla ou polineuropatia.
• Lesões cutâneas: livedoreticular, úlceras, púrpura,
nódulos subcutâneos,necrose digital.
• Vasculite renal (interlobar) pouco frequênte:
hipertensão, insuficiência renal.
• Vasculite mesentérica: dor abdominal.
• Dor testicular (orquite).
• Vasculite coronária (puco frequente).
REUMATOLOGIA –
28
Vasculite cutânea com infarto de digitos na PAN.
• Em 60% dos casos de poliarterisnodose, ocorre
vasculite das artérias renais e suas divisões
(principalmente das artérias interlobares), gerando
freqüentemente infartos renais, hipertensão
renovascular (que pode levar a insuficiência renal
progressiva.
• As artérias pulmonares não são afetadas na PAN
clássica, e os pulmões raramente são locais de
manifestações clínicas devido ao envolvimento das
artérias brônquicas (estas últimas podem ser
afetadas pela PAN).
Acometimento renal da PAN, estenoses e dilatações evidentes.
DIAGNÓSTICO
❖ Critérios para Classificação (Diagnóstico) de PAN:
• Para o diagnóstico de PAN, pelo menos três desses
dez critérios devem estar presentes (de acordo com
o American College of Rheumatology).
1. Perda de peso de mais de 4 kg.
2. Livedo reticular
3. Dor ou hipersensibilidade testicular
4. Mialgias, fraqueza (excluindo as cinturas
escapular e pélvica).
5. Mononeuropatia ou polineuropatia
6. Hipertensão arterial diastólica > 90 mmHg de
início recente.
7. Ureia > 80 mg / dl ou creatinina > 1,5 mg/dl
8. Presença de marcadores serológicos de
infecção ativa pelo vírus da hepatite B.
9. Aneurismas ou oclusões de artérias viscerais à
arteriografia.
10. Biópsia de artéria de pequeno / mpedio calibre
ccontendo neutrófilos
• Cerca de 30% dos indivíduos com PAN clássica
(PAN) apresentam sorologia positiva para HBsAg,
geralmente associada a sinais de replicação viral,
como HBeAgpositivo e DNA viral positivo.
TRATAMENTO
• Esquemas agressivos como prednisona +
ciclofosfamida são comumente usados (mesmo
GW)
• Na poliarterite nodosa associada à Hepatite B
crônica (HBsAg positivo), a abordagem é baseada
no tratamento antiviral combinado com o uso de
corticosteroides e, em casos graves ou refratários,
plasmaférese.
DOENÇA DE KAWASAKI
• A doença de Kawasaki (KD), anteriormente
chamada de "síndrome do linfonodo
mucocutâneo", é uma vasculite de vasos médios
que afeta preferencialmente as artérias coronárias.
EPIDEMIOLOGIA:
• O paciente, geralmente uma criança, pode ter
um infarto agudo do miocárdio e morte cardíaca
súbita.
• Em 80% do tempo, a doença de Kawasakise se
concentra na faixa etária de 1 a 5 anos,
predominantemente em meninos (1,5: 1) e asiáticos
(por exemplo, japoneses)
• Em países desenvolvidos, onde a prevalência de
febre reumática é baixa, a DK é atualmente
considerada a principal causa de doença cardíaca
adquirida na infância.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Febre ≥ 5 dias: considerada o principal sinal da
doença, está presente na maioria dos pacientes e é
um critério obrigatório para o diagnóstico. A febre
está diminuindo, ou seja, a temperatura oscila,
porém não ocorre defervescência completa,
permanecendo entre 38º e 40ºC. Ocorre com ou
sem rinorreia e pode durar até cinco semanas em
pessoas não tratadas.
• Congestão ocular bilateral: presente em 88% dos
casos. Aparece entre dois e quatro dias após o
início da febre, caracterizada por hiperemia não
exsudativa. Diz-se que se trata de uma conjuntivite
"bulbar", pois o eritema fica restrito à conjuntiva que
recobre o globo ocular (o "bulbo" do olho), sem
afetar a região do limbo (ao redor da córnea). A
uveíte anterior franca também pode acompanhar
a doença. Como regra geral, a congestão ocular
retorna em uma a duas semanas.
REUMATOLOGIA –
29
• Alterações nos lábios e cavidade oral: presentes
em 90% dos casos. Hiperemia, secura, fissuras,
descamação e sangramento dos lábios. A língua é
hiperêmica e com papilas proeminentes - língua
"framboesa" ou "morango". A presença de lesões
orais leves (por exemplo, úlceras, aftas) fala contra
o diagnóstico de KD.
Língua em framboesa (ou morango), achado clássifo da doença
de Kawasaki.
• Erupção polimorfa: presente em 92% dos casos.
Surge entre o primeiro e o segundo dia de febre.
Inicialmente atinge o tronco e depois as
extremidades (manchas vermelhas pelo tronco).
Apesar das manifestações cutâneas, elas são
extremamente variáveis (por exemplo, erupção
cutânea maculopapular, eritema multiforme,
eitemage generalizado de "escarlatina"). A
presença de vesículas, pústulas e / ou bolhas torna
o diagnóstico de DK improvável.
• Alterações de membros: ocorrem em 88-94% dos
casos. Eritema e edema palmoplantar que
aparecem dentro de cinco dias da doença e / ou
edema endurecido das mãos e pés. Cerca de 10-15
dias após o início do quadro, ocorre uma
descamação periungueal bastante característica
da doença.
Eritema palmar na doença de Kawasaki.
• Linfadenopatia cervical aguda não supurativa:
ocorre em 50 a 75% dos casos (é a manifestação
menos frequente), pode ser bilateral unilateral
medindo> 1,5 cm (às vezes até 7 cm de diâmetro).
• O gânglio geralmente é firme e dolorido, sem
flutuação. Pode estar presente desde o início da
doença e ser acompanhada por torcicolo e
torcicolo
DIAGNÓSTICO
• Assim como na doença de Behçet, o diagnóstico
da forma clássica da DK é puramente clínico e é
feito por meio do seu reconhecimento sindrômico.
• A forma "clássica" ou "completa" da DK é
diagnosticada por razões puramente clínicas, por
meio do reconhecimento dos principais sinais e
sintomas de uma síndrome de inflamação dos
linfonodos mucocutâneos.
❖ Critérios diagnósticos da Doença de Kawasaki:
• Critérios diagnósticos da forma clássica (ou
‘’completa’’) da doença de Kawasaki:
• É preciso possuir o critério obrigatório (febre ≥ 5
dias) e pelo menos mais quatro dos demais critérios.
1. Febre ≥ 5 dias (obrigatório)
2. Congestiçao ocular bilateral não supurativa
3. Alterações em lábios e cavidade oral
4. Exantema polimorfo
5. Alteraçoes nas extremmidades
6. Linfadenopatia cervical aguda.
• Nos últimos anos, ficou claro que muitos pacientes
com sinais e sintomas que "olham" para Kawasaki,
mas não atendem aos critérios diagnósticos formais
descritos acima, na verdade também têm a
doença, pois após a fase aguda estão sob risco de
desenvolver aneurismas coronários.
• Em seguida, foi necessário criar uma entidade
adicional denominada forma "atípica" ou
"incompleta" de DK, que pode ser diagnosticada
quando o paciente se enquadra em pelo menos um
dos seguintes cenários:
- Cenário 1: febre ≥ 5 dias (critério obrigatório) +
apenas 2 ou 3 critérios de inflamação dos linfonodos
mucocutâneos + 3 ou mais alterações laboratoriais
"complementares" e / ou ecocardiograma
alterado.
- Cenário 2: criança <6 meses de idade com febre
≥ 7 dias, mesmo na ausência de critérios para
inflamação mucocutânea ou alterações em
exames complementares, desde que um
diagnóstico alternativo não seja mais provável
❖ Alterações Laboratoriais:
• Os laboratórios "suplementares" a que nos
referimos no cenário 1 são os seguintes:
• Aumento da proteína C reativa (≥ 3 mg / dl) e / ou
HSV (≥ 40 mm / h).
• Leucocitose ≥ 15.000 / mm3.
REUMATOLOGIA –
30
• Anemia normocítica e normocrômica para a faixa
etária.
• Trombocitose ≥ 450.000 / mm3 após 7 dias de
doença.
• Piúria estéril (> 10 leucócitos por campo de grande
aumento, com cultura de urina negativa)
• ALT> 50 U / l.
• Albumina sérica ≤ 3 g / dl.
❖ Outros Exames Complementares:
• As alterações ecocardiográficas que podem
ajudar no diagnóstico da forma atípica da DK são:
- Presença de aneurisma coronário (raro antes dos
primeiros dez dias de doença);
- Espessamento das paredes coronárias;
- Depressão da contratilidade VE;
- Regurgitação valvar leve (principalmente mitral);
- Derrame pericárdico.
• Um ecocardiograma transtorácico,realizado por
um cardiologista pediátrico, deve ser realizado
imediatamente após o diagnóstico de DK em todos
os pacientes.
• Recomenda-se que o exame seja repetido após 2
a 3 semanas e, se os resultados forem normais, nova
avaliação após 6 a 8 semanas.
• Para pacientes que não apresentam
anormalidades coronárias em nenhum desses
exames, recomenda-se repetir a avaliação
cardiológica (com ecocardiograma transtorácico
e dosagem de lipídios plasmáticos) um ano após o
episódio agudo de DK.
TRATAMENTO
• É importante lembrar que existe um tratamento
eficaz, que evita o aparecimento de anomalias nas
artérias coronárias, como os aneurismas coronários,
já que é administrado nos primeiros dez dias após o
início da imagem.
• O esquema terapêutico padrão consiste na
infusão intravenosa de imunoglobulina humana, 2 g
/ kg de peso corporal em dose única (administrada
em 10-12 horas), em associação com o uso oral de
AAS (ácido acetilsalicílico), inicialmente em anti -
doses inflamatórias (80-100 mg / kg / dia, divididas
em quatro doses).
• Esta dose mais alta de AAS é mantida por até 48
horas depois que a febre passa.
• Ao final desse período, o AAS passa a ser realizado
em antiagregantes plaquetários (3-5 mg / kg / dia,
dose única), continuando até a sexta ou oitava
semana após o início da doença se o paciente não
apresentar quadro coronariano alterações no
ecocardiograma. .. Para quem desenvolve tais
alterações, o AAS deve ser mantido em
antiagregantes plaquetários ad eternum, como em
qualquer doença coronariana.
Vasculites de Pequenos Vasos:
GRANULOMATOSE DE WEGENER (SX PULMÃO - RIM)
DEFINIÇÃO:
• A granulomatose de Wegener (que tem sido
chamada atualmente de "poliangeíte de
granulomatose") é uma vasculite necrosante de
vasos médios e pequenos, com formação de
granulomas.
ETIOLOGIA:
• A etiologia é desconhecida, porém, devido à alta
frequência de participação na via (superior e
inferior), acredita-se que um antígeno inalado,
possivelmente um agente infeccioso, seja o
desencadeador do processo antiinflamatório
autoimune.
EPIDEMIOLOGIA:
• É mais comum em brancos (na verdade, é muito
raro em negros), não tem preferência por sexo e a
idade média de início varia de 30 a 50 anos.
• A granulomatose de Wegener (além da doença
de Goodpasture e poliangeismo microscópico) é
uma das causas clássicas da "síndrome pulmonar
pulmonar" (hemoptise + glomerulonefrite).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
❖ Trato respiratório superior:
• Rinite / sinusite: rinorreia purulenta com sangue,
úlcera nasal, necrose septal.
• Estomatite / faringite: úlcera oral, dor de garganta.
• Laringite: rouquidão, estridor (estenose
subglótica).
• Otite média / mastoidite: otorréia, dor de ouvido,
perda auditiva.
Nariz em sela na granulomatose de Wegener
Obs: outra doeça que se panifesta com nariz em
sela: sífilis tardia.
REUMATOLOGIA –
31
Perfuração do septo
❖ Pulmão
• Capilarite que produz infiltrado pulmonar,
hemorragia alveolar (hemoptise), nódulos,
cavitações, pleurite.
Obs: quando chega um paciente com perfuração
de septo se deve pensar em: leishmaniose, uso de
cocaína ou granulomatose de Wegener.
Acometimento pulmonar clásico na granulomatose de Wegener:
infiltrados e cavitações.
❖ Rins:
• Glomerulite necrosante focal e segmentar, GN
crescente, rapidamente progressiva, uremia.
• Os rins estão envolvidos em quase 80% dos casos,
geralmente após o início dos sintomas respiratórios.
Os achados são proteinúria, hematúria, cilindros e
azotemia, com insuficiência renal responsável pela
mortalidade pela doença. Também pode haver
vasculite das artérias e nefrite intersticial.
Lesão glomerulas necrosante (setas) na granulomatose de
Wegener; GN proliferativa focal e segmentar.
❖ Olhos
• O envolvimento ocular é comum
(aproximadamente 50% dos casos) e
extremamente variável, conjuntivite, ceratite
ulcerosa periférica, episclerite, esclerite, uveíte,
neurite óptica e uma forma típica de inflamação
fibrogranulomatosa retroorbital, levando a uma
imagem pseudotumoral da órbita, com exoftalmia
dolorosa.
Pseudotumor da órbita, com exoftalmia dolorosa.
❖ Outras Áreas Afetadas:
→ Sintomas constitucionais:
• Mialgia, poliartralgia.
→ Traqueia e brônquios:
• Traqueobronquite, estenose, ulceração.
→ Pele:
• Lesões / pápulas roxas, úlceras, nódulos
subcutâneos.
→ Neuro:
Mononeurite múltipla.
• Por fim, uma nova informação na literatura:
recentemente foi demonstrado que pacientes com
GW apresentam um risco inesperado de
tromboembolismo venoso (TVP / EP) aumentado.
• Na verdade, este risco é 7 vezes maior do que o
de pacientes com lúpus e pacientes com artrite
reumatóide (que já apresentam um risco bem
acima da população em geral)!
REUMATOLOGIA –
32
DIAGNÓSTICO
• O diagnóstico da granulomatose de Wegener é
baseado no quadro clínico estereotipado e no
achado histológico de vasculite necrosante
granulomatosa, complementado por dados
laboratoriais e radiológicos.
• ANCA: diante da tríade clássica de
acometimento do trato respiratório superior,
pulmões e rins, a sensibilidade do ANCA ao GW
pode chegar a 97%. O padrão mais comum é c-
ANCA, mas p-ANCA também pode ocorrer em uma
minoria de casos (lembre-se de que os dois nunca
ocorrem juntos).
• Por outro lado, a ausência de ANCA positivo não
exclui GW, pois a sensibilidade diminui para 60-70%
nos casos de doença oligossintomática ou inativa.
TRATAMENTO
• O tratamento de escolha também é a
combinação de ciclofosfamida, na dose de 2 mg /
kg / dia, com prednisona, na dose de 1 mg / kg /
dia. Este esquema leva a uma melhora significativa
em mais de 90% dos casos, e uma remissão
completa ocorre em 75%.
• Com tratamento adequado, a sobrevida em dez
anos gira em torno de 90% !!!
POLIANGEÍTE MICROSCÓPICA
DEFINIÇÃO:
A poliangeite microscópica se caracterizado como
uma vasculite necrotizante imune pauci-imune,
acometendo predominantemente arteríolas,
capilares e vênulas, freqüentemente produzindo
glomerulonefrite e capilarite pulmonar, embora
também acometa artérias pequenas e médias
(entra no quadro de síndrome pulmão - rim).
EPIDEMIOLOGIA:
• A doença geralmente aparece entre 50-60 anos,
e o homem é um pouco mais afetado que a mulher.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• A PAN microscópica geralmente se manifesta
com sintomas constitucionais, vasculite cutânea
(púrpura palpável) e "síndrome pulmonar-renal"
(hemorragia alveolar + GN rapidamente
progressiva).
• Portanto, embora possa afetar vasos de pequeno
e médio calibre (como a PAN clássica), a PAN
microscópica "prefere" se manifestar na
microvasculatura.
• A glomerulite é semelhante à encontrada na
granulomatose de Wegener: crecentica e pauci-
imune (ANCA positivo), com rápida evolução
progressiva. Ocorre lesão renal em até 80% dos
casos.
→ Sintomas:
• Sintomas constitucionais: perda de peso, febre,
mialgia, poliartralgia.
• Glomerulonefrite focal e necrosante segmentar,
GN rápidamente progressiva.
• Capilaridade pulmonar: infiltrado, hemorragia
(hemoptise), síndrome pulmonar-renal.
• Mononeurite múltipla.
• Lesões cutâneas: reticular, púrpura pálpavel,
livedo, úlceras, nódulos subcutâneos, necrose
digital.
DIAGNÓSTICO
• O grande marco diferencial entre a PAN
microscópica e a granulomatose de Wegener é
que na primeira não há granulomas no exame
histopatológico, ao passo que essa alteração quase
sempre é observada na GW (por exemplo, pele,
pulmão, respiratório).
• Os tecidos e órgãos afetados, se acessíveis para
biópsia (pele, subcutâneo, nervo sural, testículo),
podem revelar vasculite neutrofílica com necrose
fibrinótica, sem granulomas e, no caso de
poliangiite microscópica microscópica,
glomerulonefrite necrosante focal e pauci-imune,com a presença e / ou ação capilar pulmonar.
• Quase todos os pacientes com poliangismo
microscópico apresentam ANCA positivo, p-ANCA
padrão (gold standar).
TRATAMENTO
• Esquemas agressivos como prednisona +
ciclofosfamida são comumente usados.
• Você também aceitou o uso combinado de
prednisona + rituximabe.
SÍNDROME DE CHURG-STRAUSS
DEFINIÇÃO:
• A síndrome de Churg-Strauss, também chamada
de angeite granulomatosa alérgica, é uma
vasculite necrosante sistêmica que afeta os vasos
médios e pequenos.
EPIDEMIOLOGIA:
• Esta doença rara, que no passado era
intensamente confundida com poliarterite nodosa,
afeta mais homens do que mulheres, em uma
proporção de 2: 1, e tem um pico de incidência
entre 30-40 anos.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
1. Sintomas constitucionais: febre, mialgia, artralgia.
2. Asma (geralmente grave).
3. Eosinofilia (> 1.000 / mm3).
4. Sinusite, rinite, polipose nasal.
5. Mononeurite múltipla.
6. Infiltrado pulmonar -eosinofílico "migratório".
7. Miocardite eosinofílica (principal causa de morte)
REUMATOLOGIA –
33
8. Gastroenterite - eosinofílica: diarreia, dor
abdominal.
9. Glomerulite focal e segmentar (geralmente leve).
• O envolvimento pulmonar ocorre em 70% dos
pacientes, com infiltrados intersticiais dispersos,
nódulos alveolares transitórios, frequentemente
associados à não cavitação e nódulos pleurais.
Acometimento pulmonar na vasculite de Churg - Strauss
• Mononeurite múltipla e às vezes polineuropatia
são encontradas em até 70% dos casos. O sistema
nervoso central está quase sempre preservado.
• A doença cardíaca é rara (aproximadamente
14%), mas atualmente é a principal causa de morte
na síndrome de Churg-Strauss!
• O envolvimento renal atinge aproximadamente
um terço dos casos e geralmente não compromete
sua função de forma significativa. Glomerulonefrite
segmentar e focal, vasculite ou mesmo nefrite
intersticial eosinofílica são observadas.
DIAGNÓSTICO
• Laboratório: anemia, leucocitose, trombocitose e
aumento do HSV são comuns.
• A eosinofilia ocorre em praticamente todos os
casos, geralmente com mais de 1.000 eosinófilos /
ml.
• Pode haver um fator reumatoide em valores
baixos. A IgE é alta em 75% dos casos (porque é um
processo alérgico). Cerca de 50% dos pacientes
apresentam ANCA positivo, p-ANCA (lembre-se:
devemos confirmar com a dosagem de
antimieloperoxidase).
• A angiografia geralmente é normal.
• A biópsia pode ser muito sugestiva da doença,
praticamente confirmando o diagnóstico antes do
quadro clínico clássico, por exemplo: presença de
vasculite necrosante associada a granuloma
extravascular com grande número de eosinófilos
entre (infiltração eosinofílica, possivelmente o
"próprio granuloma" eosinofílico "), em um paciente
com história de asma progressiva de início na idade
adulta associada a rinite alérgica, polipose nasal e
vasculite cutânea, bem como sinais e sintomas
sistêmicos inespecíficos.
• No entanto, o critério histopatológico não é
atualmente considerado obrigatório para o
diagnóstico da síndrome, pois, embora bastante
específico, não é muito sensível (a maioria dos
pacientes não apresenta achados típicos nas
primeiras biópsias).
Obs: a biópsia não é imprescindível, se o paciente
tiver quadro de Churg – Strauss, hemograma com
eosinofilia e surgimento de asma na vida adulta se
deve suspeitar de Churg – Strauss.
❖ Critérios Diagnósticos de Churg – Strauss:
Nas presença de pelo menos quatro destes seis
critérios temos um diagnóstico de Churg – Strauss.
Perceba como o diagnóstico é possível mesmo na
ausência do critério histopatológico.
1. Asma.
2. Eosinofilia > 10%.
3. Mononeuroparia ou polineuropatia.
4. Infiltrados pulmonares migratórios nas
radiografias.
5. Anormalidades dos seis paranasais.
6. Eosinófilos extravasculares à biópsia.
TRATAMENTO
• Quando não tratada, a doença tem uma taxa de
sobrevivência de cinco anos de apenas 25%.
• A terapia de escolha é a prednisona, na dose de
1 mg / kg / dia por 2 a 3 meses. Na maioria dos
casos, os imunossupressores citotóxicos NÃO SÃO
necessários!
• Ciclofosfamida pode ser adicionada quando
corticosteroide, bem como em casos mais graves.
• Atualmente, o rituximabe (anticorpo monoclonal
anti-CD20) tem sido estudado em pacientes com
doença refratária ao uso de corticosteroides +
imunossupressor.
PÚRPURA DE HENOCH-SCHÖNLEIN:
DEFINIÇÃO:
• A púrpura de Henoch-Schonlein, também
chamada de púrpura anafilática, é uma vasculite
sistêmica que afeta preferencialmente os pequenos
vasos.
EPIDEMIOLOGIA:
• É a vasculite infantil mais comum, com incidência
estimada em 9 casos por 100.000 habitantes, sendo
rara em adultos. Apresenta ligeiro predomínio no
sexo masculino, e a idade média de início é de
cinco anos (varia entre 3-20 anos).
REUMATOLOGIA –
34
Obs: criança que chega no colsultório com
púrpuras nas nádegas e parte posterior da coxa
suspeirar dessa doença.
ETIOLOGIA:
• A etiologia da doença ainda não foi esclarecida,
mas mais de 50% dos casos são precedidos por
infecção do trato respiratório superior associada a
vários vírus, micoplasma, estreptococos e outras
bactérias.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
→ Tetráde:
1. Púrpura palpável (nádegas e MMII)
2. Artralgia ou artrite
3. Dor abdominal
4. Nefropatia 4-IgA: glomerulite
• A púrpura de Henoch-Schonlein geralmente tem
um curso autolimitado, geralmente de 4 a 6
semanas, e as recorrências são comuns,
especialmente no primeiro ano após a
exacerbação antes da remissão final.
• Púrpura palpável ocorre em 100% dos casos em
algum momento, sendo mais comum nas nádegas
e extremidades inferiores.
Púrpuras (petéquias) palpáveis na vasculite de Henoch –
Schonlein.
DIAGNÓSTICO
• O diagnóstico é feito essencialmente numa base
clínica apoiada pela tétrade: púrpura, artralgia /
artrite, dor abdominal e hematúria.
• Anemia leve e leucocitose são comuns. Os testes
de plaquetas e de coagulação estão normais.
• A biópsia das lesões cutâneas revela vasculite
leucocitoclástica típica, com imunofluorescência
revelando depósitos de IgA e C3.
❖ Critério de Diagnóstico
→ Critérios de PHS pelo American College of
Rheumathology (ACR):
Pelo menos dos dos absico devem estar presentes:
• Púrpura palpável
• Idade de início ≤ 50 anos
• Angina intestinal (dor abdominal pós – prandial,
diarreia com sangue).
• Biópsia demonstrando granulócitos na parede de
pequenas artérias e / ou vênulas.
→ Critérios de PHS pela European League Against
Rheumatism / Pediatric Rheumathology European
Society (EULAR / PRES):
• Púrpura palável (na ausência de trombocitopenia
ou oturas formas de coagulopatia) + pelo menos
um dos abaixo:
• Dor abdominal difusa
• Artrite ou artropatia
• Biópsia de tecido afetado demonstrando a
predominância de depósitos de IgA.
TRATAMENTO
• Púrpura de Henoch-Schöleines, uma doença
benigna e autolimitada, com excelente
prognóstico. Portanto, na maioria dos casos, é
necessário apenas para descanso e analgésicos.
• Quando há envolvimento abdominal mais grave
(dor refratária, sangramento, intussuscepção),
nefrite grave ou lesão neurológica relacionada à
PHS (rara), prednisona (imunossupressão) 1-2 mg /
kg / dia por duas semanas, reduzindo gradualmente
a dose por um curto período de tempo.
VASCULITE CRIOGLOBULINÊMICA:
DEFINIÇÃO:
Em primeiro lugar, o que são crioglobulinas?
• São imunoglobulinas com a propriedade de
formar precipitados a baixas temperaturas in vitro
(4º C) e se dissolver à temperatura (37º C).
• As crioglobulinas podem precipitar na parede
vascular, especialmente nos vasos microvasculares
(arteríolas, capilares, vênulas), induzindo uma
reação inflamatória - vasculite.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Púrpura -palpável
• Poliartralgia• Glomerulonefrite membranoproliferativa
• Neuropatia periférica / mononeurite múltipla
• O achado mais comum é a púrpura palpável, nas
nádegas e extremidades inferiores, assim como a
púrpura das demais vasculites leucocitoclásticas.
• O fenômeno de Raynaud e, eventualmente,
isquemia e necrose digital também podem ocorrer
em alguns casos.
REUMATOLOGIA –
35
• Metade dos pacientes com crioglobulinemia tipo
II desenvolve glomerulonefrite
membranoproliferativa, com PAS de
imunodeposição capilar formada por precipitados
de crioglobulina. A lesão renal geralmente é
assintomática e é revelada pela presença de
proteinúria, hematúria dismórfica e / ou cilíndrica no
EAS.
• Outros achados relativamente comuns são:
poliartralgia e neuropatia periférica sensorial
(parestesias) e, eventualmente, um quadro típico
de mononeurite múltipla.
DIAGNÓSTICO
• O uso de complementos é uma das principais
características das vasculites crioglobulinêmicas!
Como regra geral, considera-se que outras
síndromes vasculíticas não consomem
complemento. ( complemento).
• Verificar também a presença de Hepatite C nesses
pacientes, por meio de sorologia (ElISAanti-HCV) e /
ou PCR para RNA viral (carga viral). Será positivo em
até 95% dos casos.
Obs: na poliarterite nodosa se deve investigar
infecção por vírus da hepatite B, já na vasculite
crioglobulinêmica se deve pesquisar virus da
hepatite C.
TRATAMENTO
• A doença pode ter um curso leve, moderado ou
grave. Os casos fulminantes são geralmente
tratados com plasmaférese, corticosteroides e
imunossupressores (ciclofosfamida). Prednisona na
dose de 40-60 mg / dia pode ser suficiente em casos
leves e moderados.
• Na presença de hepatite C, deve ser tratada da
maneira usual
DOENÇA DE BEHÇET
DEFINIÇÃO:
• A doença de Behçet é uma vasculite sistêmica que
envolve artérias e veias de qualquer calibre. Possui
uma distribuição mundialmente heterogênea, não
sendo tão rara em torno do Mediterrâneo e no
Japão, porém, é pouco comum no norte da Europa
e nas Américas.
EPIDEMIOLOGIA:
• Ambos os sexos são igualmente acometidos, e a
idade de início situa-se em torno de 25-35 anos.
• O sexo masculino e os indivíduos mais jovens
costumam ter manifestações mais graves.
ETIOLOGIA:
• A sua causa e patogenia não são conhecidas,
mas fenômenos imunológicos estão
inquestionavelmente envolvidos, tendo sido
demonstrada a presença de anticorpos contra
células endoteliais e da mucosa oral. Pacientes com
doença prolongada acabam desenvolvendo
também anticorpos antialfa enolase (uma enzima
da via glicolítica) e Antisaccharomyces Cerevisiae
(ASCA), este último o mesmo anticorpo encontrado
nos casos de doença inflamatória intestinal (um dos
mais importantes diagnósticos diferenciais da
doença de Behçet).
• Parece haver ainda um componente genético,
pois nas populações orientais se observa notável
relação da doença com a presença do HLA- -B51.
Em tais casos é comum a ocorrência da doença em
vários membros da família.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
1. Úlceras aftosas orais recidivantes
2. Úlceras genitais recidivantes
3. Pseudofoliculite, patergia
4. Uveíte anterior, uveíte total (“panuveíte”, pode
levar à amaurose)
• A história natural da doença é tipicamente
marcada por remissões e exacerbações,
ocasionalmente gerando sequelas graves, até
mesmo fatais.
• As úlceras aftosas orais são o primeiro sinal
(obrigatório) da doença de Behçet, podendo seguir
seu curso recorrente, de forma isolada, durante
anos. São tipicamente dolorosas, medindo de 2 a 10
mm, com base necrótica amarelada circundada
por halo eritematoso, superficiais ou mais profundas,
únicas ou múltiplas, surgindo em qualquer local da
mucosa oral ou faringe, tendo uma duração de
uma a três semanas. Não deixam cicatrizes.
• Pode haver ulcerações similares em qualquer
parte do tubo digestivo, especialmente o esôfago e
a região ileocecal, sendo ocasionalmente
profundas e apresentando risco de perfuração,
com suas consequências catastróficas.
• As úlceras genitais recorrentes são menos comuns,
ocorrendo no pênis, bolsa escrotal, vulva, vagina ou
REUMATOLOGIA –
36
colo uterino. Assemelham-se às orais em sua
morfologia, mas não costumam ser dolorosas. Um
fato interessante é que as úlceras genitais da
doença de Behçet nunca acometem a glande
nem a uretra, e, diferentemente das úlceras orais,
costumam deixar cicatrizes (principalmente na
bolsa escrotal).
• A grande maioria dos pacientes apresenta uma
dentre várias lesões cutâneas típicas. Entre elas,
podemos citar: (1) pseudofoliculite e lesões
acneiformes (FIGUR A 15), surgindo na face, no
tronco ou nos membros; e (2) eritema nodoso.
• A patergia representa uma hiper-reatividade da
pele a qualquer traumatismo. É normalmente
pesquisada através da injeção intradérmica de
pequeno volume de salina ou apenas por uma
picada de agulha, que desencadeiam uma
pequena pápula ou pústula, sendo realizada a
leitura em 24 a 48 horas. Esse fenômeno não é
confinado à pele, ocorrendo, por exemplo,
exacerbação de uma sinovite após artrocentese ou
formação de um aneurisma em local de
cateterização arterial. A patergia não é
comumente observada nas populações do
Ocidente da forma como é vista nos países do
Mediterrâneo Oriental (ex.: Turquia) e Japão, onde
o teste é positivo em 70% dos casos. Não obstante
até 7% dos indivíduos normais podem apresentar
essa reação. O envolvimento ocular é outro fator
marcante na doença de Behçet. Conjuntivite e
episclerite podem ocorrer, porém, o sinal mais
característico e mais grave é a uveíte anterior com
hipópio (camada de leucócitos – pus – precipitados
na câmara anterior do olho) (FIGURA 16). Sua
presença está associada à existência de grave
lesão vascular retiniana. Além do acometimento
anterior do olho, também se observa uveíte
posterior, que atinge e danifica a retina. Cerca de
20% dos pacientes com uveíte acabam evoluindo
com perda da visão.
• O sistema nervoso central é acometido em 5-10%
dos casos, podendo ocorrer síndrome piramidal,
ataxia cerebelar, meningite asséptica, trombose de
seios durais e outros quadros. Cerca de 80% dos
pacientes com acometimento neurológico
desenvolvem alterações cerebrais
parenquimatosas difusas, particularmen te com
envolvimento do tronco cerebral (a chamada
“síndrome de neuro-Behçet”). O prognóstico é
péssimo nesses casos... Neuropatias periféricas são
notavelmente raras, mas pares cranianos podem
ser atingidos. O acometimento vascular é bastante
amplo.
• Tromboflebites superficiais são comuns. A
trombose venosa profunda ocorre em até 5% dos
casos, envolvendo vasos dos membros, assim como
as veias cavas e supra-hepáticas, originando
quadros graves. A síndrome da veia cava superior
(por trombose deste grande vaso) é outra
complicação descrita. Curiosamente, eventos
embólicos são raros. As artérias também estão
sujeitas a oclusões, bem como às formações
aneurismáticas que apresentam ruptura
espontânea. São típicos os aneurismas da artéria
pulmonar que guardam o risco de rompimento,
causando hemoptise maciça fatal. A vasculite de
artéria pulmonar cursa com dispneia, tosse, dor
torácica e hemoptise, devendo ser diferenciada do
Tromboembolismo Pulmonar (TEP)! Casos de TEP são
tratados com anticoagulação e, eventualmente,
fibrinolíticos, mas a vasculite de artéria pulmonar
deve ser tratada apenas com drogas
imunossupressoras... Manifestações mais raras
incluem cistite, epididimite, glomerulonefrite e, nos
casos mais prolongados, amiloidose secundária
(amiloide do tipo AA).
• Os pacientes frequentemente apresentam
sintomas inespecíficos, como cansaço, perda de
peso e febre baixa, ocorrendo comumente
artralgias e mialgias. A artrite também não é rara,
geralmente num padrãooligoarticular de membros
REUMATOLOGIA –
37
inferiores, não erosiva, mas que em alguns casos
pode cronificar.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da doença de Behçet baseia-se em
critérios clínicos (Tabela 8), já que não há nenhum
dado de exame complementar que sugira
especificamente essa síndrome.
❖ Critérios de Classificação de Doença de Behçet.
Todos os critérios devem ser observados por um
médico, sendo que o terceiro deve ser observado
por um oftalmologista. Um paciente é considerado
como tendo doença de Behçet se o primeiro critério
estiver presente, associado a pelo menos dois dos
restantes.
1. Úlceras orais aftosas: recorrendo pelo menos três
vezes em um ano (CRITÉRIO OBRIGATÓRIO).
2. Úlceras genitais aftosas: recorrentes (em bolsa
escrotal, pênis, vulva ou colo uterino).
3. Lesões oculares: uveíte anterior e/ou posterior, ou
vasculite retiniana.
4. Lesões cutâneas: pseudofoliculite, lesões
papulopustulosas ou acneiformes, eritema
nodoso.
5. Patergia: pápula eritematosa (maior ou igual a 2
mm) no local da introdução de uma agulha (5 mm
de profundidade, obliquamente), com leitura em
48h.
• Alguns pacientes apresentam anemia e
leucocitose
discretas e elevação da velocidade de
hemossedimentação.
Não são encontrados os fatores reumatoide,
antinuclear ou ANCA. O liquor costuma revelar
aumento das proteínas e pleocitose leve nos casos
de acometimento neurológico.
• Exames de imagem, como tomografias,
ressonância nuclear magnética e as angiografias,
são de utilidade para avaliar os sinais e sintomas de
acometimento de alguns grandes vasos, mostrando
as oclusões ou dilatações. Biópsias das lesões
cutâneas mostram uma vasculite neutrofílica sem
qualquer especificidade.
Devemos incluir basicamente condições que
cursam com lesões aftosas orais e qualquer outro
dos inúmeros sinais e sintomas relacionados à
doença de Behçet. Dessa forma, têm que ser
considerados: doença de Crohn (importantíssimo),
síndrome de Reiter, síndrome de Stevens-Johnson,
doenças dermatológicas como os pênfigos e o
líquen plano, mielodisplasias e a SIDA. Também há
os casos em que doenças distintas ocorrem em um
indivíduo com aftas comuns, gerando confusão
com a doença de Behçet. A esclerose múltipla é um
dos exemplos.
TRATAMENTO
• O tratamento da doença de Behçet nos oferece
alguns desafios. Em primeiro lugar porque ela pode
ter um curso absolutamente benigno, com lesões
orogenitais isoladas, ou apresentar manifestações
graves como uveíte, perfuração intestinal, grandes
tromboses na síndrome de Budd-Chiari, aneurismas
arteriais e envolvimento do sistema nervoso central
(ex.: trombose de seio venoso).
Em segundo lugar, os diversos quadros clínicos têm
tratamentos diferentes. Por último, os muitos
esquemas terapêuticos utilizados carecem de
evidências consistentes da literatura, sendo
empregados, em grande parte, com base nas
opiniões e experiência pessoal dos especialistas.
As úlceras orais podem ser controladas com
corticoides tópicos ou colchicina sistêmica (1,5 a 2
mg/dia). Já para as úlceras do tubo digestivo
costumam-se empregar corticoides sistêmicos pelo
risco de perfuração, podendo ser associados à
sulfassalazina na dose de 2 a 6 g/dia. A talidomida,
na dose de 50-300 mg/ dia, é uma opção nas lesões
cutâneas e mucosas, atuando inclusive nas lesões
esofágicas e intestinais, mas seu início de ação é
bem mais lento que o do glicocorticoide. A artrite
aguda é tratada com anti-inflamatórios não
hormonais.
Nos raros casos crônicos, a sulfassalazina é uma
opção.
• A azatioprina pode ser empregada nos quadros
mucosos, cutâneos ou articulares mais severos ou
refratários. O metotrexate também é consi- derado
uma opção. A uveíte exige o uso de um
imunossupressor acompanhado ou não de
glicocorticoide sistêmico. Há experiências
favoráveis com a azatioprina 2 a 3 mg/kg/dia,
ciclofosfamida 1 a 2 mg/kg/dia e clorambucil 0,1
mg/kg/dia. A ciclosporina, 5-10 mg/kg/dia, tem se
revelado um potente e rápido indutor de remissão
da uveíte, sendo usual (devido à sua toxicidade e
menor capacidade de manter a remissão
alcançada) sua substituição posterior pela
azatioprina para manutenção. Esta última não é tão
eficaz como um indutor de remissão.
• A doença do sistema nervoso central também
exige imunossupressores, geralmente a
ciclofosfamida ou o clorambucil, também com ou
sem um glicocorticoide em dose imunossupressora,
habitualmente a prednisona, 1 mg/kg/dia.
• Alguns autores empregam no início pulsos de
metilprednisolona, 1 g/dia por três a seis dias para
levar rapidamente ao controle do quadro.
Recentemente, foi sugerido que o infliximab
também seria uma opção viável para o combate a
certas formas da doença, como a uveíte e o
acometimento do SNC.
Tanto na doença neurológica quanto na ocular, o
glicocorticoide, quando utilizado, é gradualmente
reduzido e suspenso em alguns meses, enquanto os
REUMATOLOGIA –
38
imunossupressores, após atingida a remissão, são
diminuídos vagarosamente até uma posologia de
manutenção, que é mantida até que o paciente
tenha permanecido sem sintomas durante um a três
anos.
• Por fim, não menos controversa é a abordagem
dos eventos trombóticos. Nos casos leves, é utilizada
a aspirina em baixas doses. Nas tromboses de
grandes vasos, em virtude da baixa incidência de
fenômenos embólicos e do risco de diversos eventos
hemorrágicos inerentes à doença, diversos autores
têm defendido a imunossupressão, e não a
anticoagulação dos pacientes.
Laboratório em Reumatologia:
FATOR ANTINUCLEAR (FAN):
❖ Características:
•Nome correto: pesquisa de auto – anticorpos
contra antígenos celulares.
•Natureza: DNA, proteínas, nucleares e
citoplasmáticas, RNPs e fosfolípides.
Teste de triagem
• Auxilia no diagnóstico
• Não é prognóstico
• Pode negativar ou mudar.
• Não é patognomônico.
→ Método:
• IFI em células Hep – 2.
• Padrão de IFI: nuclear homogêneo (anti – DNA,
anti – histona ou anti – nucleossomo).
→ Resultado do Exame:
• Positivo / negativo: presença
• Título: concentração
• Se positivo: solicitar auto – anticorpos
• Pode ser positivo em infecções, neoplasias e
indivíduos saudáveis.
• Se negativo: não descarta doença
reumatológica.
❖ Frequência do FAN:
Condições Frequência %
Lúpus Eritematoso
Sistêmico
> 95%
Esclerose Sistêmica 80 – 95%
Artrite Reumatóide
Tiroidite de Hashimoto
Graves
30 – 50%
Esclerose Múltipla
Infecções
Linfoma
15 – 25%
Indivíduos Saudáveis 5 – 20%
❖ Padrões mais Comuns:
Padrão FAN Autoanticorpo
relacionado
Doenças
Nuclear
homogêneo
Antii – dsDNA,
anti – histona,
anti -
nucleossomo
LES e lúpus
farmacoinduzido
Nuclear
pontilhado
grosso
Anti – Sm, anti
RNP
LES e DMTC
Nuclear
pontilhado
fino
Anti – Ro, anti -
La
Sjogren, LES,
lúpus cutâneo
Qual FAN presente em indivíduos saudáveis?
Pontilhado fino denso.
Qual (is) FAN (s) são mais associados a
autoimunidade?
Nuclear homogêneo e pontilhado grosso
AUTO – ANTICORPOS:
❖ Características:
• Direcionados para qualquer estrutura celular.
• Servem para diagnóstico e acompanhamento,
dependendo do auto – anticorpo.
→ Métodos:
• Elisa.
• Imunofluorescência indireta.
• Aglutinação e nefelometria.
• Immunoblotting.
• Imunodifusão e contraimunoeletroforese.
1. FATOR REUMATOIDE:
❖ Características:
• IgM contra a porção Fc de uma IgG.
• Não é patognomônico
• Auxilia no diagnóstico
• É prognóstico: presença e títulos
• Manifestação estra articular.
→ Métodos:
• Fixação do látex (revestido IgG) → diluição.
• Nefelometria (padrão – ouro) → unidades
internacionais.
❖ Frequência do Fator Reumatoide:
Condições Frequência%
Sjogren 95%
Artrite Reumatóide 50 – 85%
Crioglobulinemia 40 – 100%
Lúpus Eritematososistêmico
35%
Indivíduos saudáveis 2 – 10%
REUMATOLOGIA –
39
Doenças virais,
parasitárias e
vacterianas
10 – 50%
2. ANCA:
❖ Características:
• Anticorpos anti – citoplasma de neutrófilos
• 2 padrões: C – ANCA e P – ANCA
→ C – ANCA:
• Citoplasmático:
• Característico da granulomatose com poliangiíte.
• Atividade de doença.
→ P – ANCA:
•Perinuclear:
•Poliangiíte microscópica
•Granulomatose com poliangiíte eosinofílica.
•Glomerulonefrite rapidamente progressiva.
→ Método:
• IFI
• Substrato: neutrófilos fixados no etanol
• Auxilia no diagnóstico e acompanhamento
vasculites ANCA.
3. ANTI CCP:
❖ Características:
• Anticorpo direcionado para peptídeos citrulinados
cíclicos.
• Citrulinização: arginina → citrulina
• Altamente específicos, precoce na doença.
• Diagnóstico e prognóstico na AR.
→ Método:
• ELISA
4. ANTI DS – DNA:
❖ Características:
• DNA dupla hélice.
•Diagnóstico e acompanhamento no LES.
•Auto anticorpo muito característico do LES,
principalmente no quadro de nefrite lúpica.
•Esta associado a periodo de atividade da doença
→ Método:
• ELISA e / ou IFI pelo Crithidia luciliae
5. ANTI – ENA
❖ Características:
• Anticorpos contra ant[igenos nucleares extraíveis.
• Anti - Sm e Anti – RNP.
• Outros: anti – Ro, anti – La, SCL – 70 e Jo – 1.
• Anti - Sm: auto anticorpo mais específico do LES.
• Anti – RNP: mais característico DMTC e pode estar
presente no LES.
→ Anti – Ro (SS – A):
• Ribonucleoproteína
• Síndrome de Sjogren primária (75 – 90 %) a doença
que mais esta associada com o anti – Ro.
• Pode estar presente no LES em determinadas
situações:
- Lúpus cutâneo subagudo.
- Lúpus cutâneo neonatal.
- Bloqueio cardíaco congênico.
- Síndrome de Sjogren secundária.
→ Anti – La (SS – B):
• Quase sempre associado com o anti – Ro.
Qual auto anticorpo deve ser pesquisado se lesão
fotossensível e FAN negativo?
Anti – Ro (mesmo com FAN negativo pode ser
positivo).
6. ANTI – HISTONA:
• Contra as proteínas que compõem o
nucleossomo.
• Está presente no LES (70%) e lúpus induzido por
fármaco (>95%).
• Não diferencia LES e lúpus induzido por fármaco.
• Aplicabilidade prática restrita.
7. ANTI – CENTRÔMERO:
❖ Características:
• Antígeno nucleolar.
• Contra as proteinas centromérica
• Está presente na esclerose sistêmica limitada
(CREST) – 70%
• Quando presente agrega maior risco de
hipertensão pulmonar.
→ Métodos:
• IFI.
• FAN com padrão centromérico.
8. ANTI – TOPOISOMERASE (SCL – 70):
❖ Características:
• Antígeno nucleolar.
• Esclerose sistêmica difusa (40 – 60%).
• Agrega maior risco de pneumopatia intersticial.