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Trauma de Face e Pescoço 1 🥼 Trauma de Face e Pescoço Type Aula Gravada Date Especialidade Trauma Apostila Aula MED2022 https://drive.google.com/file/d/1DdsztwTuI4nD5z3bjrumUqeiAOcUTkwc/view Reviewed Área Cirurgia Geral Abordagem Inicial Segue a sistematização do ABCDE do trauma. A - Via Aérea Não esquecer da mobilização da coluna → colar cervical e prancha rígida para todos → possibilidade de trauma raquimedular. Via aérea potencialmente em risco, com possibilidade de via aérea difícil por distorção ou trauma direto, além de sangramentos e hematomas (principalmente em pescoço, comprimindo VA e retorno venoso) importantes → fatores que alertam para possibilidade de VA ficar impérvia são rouquidão, respiração ruidosa, estridor, desvio da traqueia, hematoma em expansão (com sopro ou frêmito), dor para deglutir saliva, hemoptise e enfisema subcutâneo Se necessidade de via aérea definitiva (cuff insuflado na traqueia), a preferencial é IOT, mas por ser uma VA potencialmente difícil, pode ser necessário Bougie, videolaringoscópio, material para crico, etc → se falha na IOT, a principal opção é a cricotireoidostomia cirúrgica, mas contraindicada em crianças (principalmente < 12 anos) e fraturas de laringe. Fratura de Laringe: cursa com a tríada rouquidão, fratura palpável e enfisema subcutâneo → como a crico está contraindicada, primeiro deve-se tentar IOT e depois, se falha, a traqueostomia na urgência. Traqueostomia de Urgência: se falha na IOT e contraindicação de crico → é a primeira opção se lacerações aberta de pescoço com secção parcial ou total da @February 9, 2023 https://drive.google.com/file/d/1DdsztwTuI4nD5z3bjrumUqeiAOcUTkwc/view Trauma de Face e Pescoço 2 laringe ou traqueia. B - Respiração Possibilidade de acometimento torácico → principalmente se acometimento da zona I (mais baixa) do pescoço, podendo causar pneumotórax, hemotórax, pneumomediastino, etc. C - Circulação São focos de sangramento importante. Deve ser realizada a inspeção do orifício de entrada e saída → não fazer inspeção digital, pois pode causar destamponamento ou lesão de estruturas importantes → não fazer ligadura às cegas, pois pode lesar nervos importantes e ligadura de vasos importantes. Se sangramento ativo deve-se fazer compressão com a mão → se lesão em zonas I ou III, pode-se passar sonda Foley pelo orifício do trauma e tracionar com o balão insuflado. D -Neurológico Possibilidade de trauma raquimedular. Possibilidade fratura de base de crânio. Possibilidade de lesão de carótida → evolução com AVC. Trauma de Face O exame padrão ouro é a TC com cortes dinos e reconstrução 3D. A fratura mais comum é a nasal, seguida por mandíbula. Raramente são urgências/emergência → o reparo precoce preferencial pode ser feito em 5-7 dias, após melhora do edema. Nasal Cursa com epistaxe, rinorreia, obstrução nasal, crepitação palpável, movimentos anormais, nariz em sela, laterorrina, hematoma septal (urgência). Diagnóstico com exame físico e/ou TC → a imagem pode ser dispensada se houver sensibilidade e edema isolados na ponte óssea do nariz, se o paciente respirar pelas duas narinas, se nariz estiver reto e não houver hematoma septal. Classificação de Stranc: se refere a proximidade da mandíbula, em ordem crescente de 1 a 3. Hematoma Septal: é urgente pelo risco de insuficiência respiratória e necrose septal por isquemia → necessita de drenagem com tamponamento anterior. Tratamento: maioria com redução fechada → a redução aberta é para casos mais graves, com necessidade de osteotomias, enxerto ósseo, enxerto de cartilagem. Trauma de Face e Pescoço 3 Mandíbula Na exame físico, pode haver restrição de abertura da boca (cuidado com a VA), laceração no rebordo alveolar inferior, equimose ou edema ao redor do queixo ou região pré-auricular, crepitações. Se fratura da mandíbula com lesão de alvéolo dentário inferior, isso se caracteriza como uma fratura exposta → deve ser realizada antibioticoterapia e correção cirúrgica. Zigomático Frequentemente associado a outras fraturas. Pode cursar com trismo → possibilidade de perda de VA. Em geral, seu tratamento é cirúrgico. Órbita Formada pelos ossos frontal, lacrimal, etmoide, esfenoide, zigomático e maxilar → o osso nasal não faz parte da órbita. Cursa com hematoma periorbitário, hemorragia subconjuntival, anestesia regional e alterações oculares (enoftalmia, diplopia, motricidade anômala e abertura ocular anômala). Classificação: em relação aos ossos da órbita, pode ser Blow out (mais comum; ocorre enoftalmia, pois osso saem e olho “cai” para dentro e fica aprisionado) ou Blow in (é mais rara; os fragmentos ósseos entram na cavidade orbitária e ocorre proptose). Complicações: síndrome da fissura orbitária superior (pro lesão dos nervos III, IV, VI e primeiro ramo do V; evolui com oftalmoplegia + ptose palpebral + pupila midriática não-fotorreagente + hipoestesia ocular), síndrome do ápice orbitário (amaurose + dor ocular). Trauma Ocular: evitar manipular o olho → proteção sobre o olho (curativo oclusivo) e encaminhar para o especialista. Maxila Frequentemente associada a outras fraturas. Classificação de LeFort: (1) disjunção dentoalveolar; (2) fratura piramidal (até o nasal); (3) disfunção craniofacial → a 2 e a 3 pode cursar com fratura de base de crânio. Trauma de Face e Pescoço 4 Frontal Em 60% dos casos, acomete tábua anterior e posterior juntas → dentre essas, 40% se associa com lesão dural. A aeração dos seios frontais só ocorre a partir dos 12 anos → em crianças, é sempre fratura de crânio. Tratamento: se afundamento da tábua anterior, realizar fixação cirúrgica → se for tábua posterior, pode fazer cranialização do seio frontal. Lesões de Partes Moles Orelha: no trauma contuso, pode ocorrer otohematoma, com conduta de drenagem e possível complicação de orelha de couve-flor → na laceração, a preferência é o fechamento primário, sendo importante cobrir a cartilagem exposta. Parótida: rafia da glândula e avaliar ducto de Stensen, se lesão, recanalizar → nervo facial passa no seu meio e lesões podem causar paralisia facial; se machucar, a conduta é neurorrafia primária. Trauma de Pescoço Anatomia Se for penetrante e passar o músculo platisma, é um trauma profundo → se não passar, é superficial. Zonas Cervicais: (1) mais perigoso, podendo acometer pulmão; (2) mais exposta, logo mais frequente; (3) menor zona, com acesso cirúrgico mais difícil. Trauma de Face e Pescoço 5 Abordagem do Trauma Cervical Tratamento Operatório: quando apresenta os hard signs → são instabilidade hemodinâmica, hematoma em expansão, sangramento ativo, vazamento de ar por ferida cervical e enfisema cervical progressivo. Conduta Não Operatória: realizado se estável hemodinamicamente e sem hard signs → pode realizar angioTC (exame preferencial) → a investigação respiratória com laringoscopia e broncoscopia, para excluir lesões de laringe e traqueia → investigação cardiovascular com arteriografia (padrão ouro), angioTC e USG doppler → investigação digestiva com EDA e/ou esofagograma para avaliar lesão esofágica. Lesões Específicas Laringotraqueais: cursa com desconforto respiratório, estridor, enfisema subcutâneo, hemoptise, odinofagia, disfonia, etc → na trauma de laringe, cursa com a tríade rouquidão, fratura palpável e enfisema subcutâneo → o diagnóstico é feito com TC de pescoço, laringoscopia direta, broncoscopia → a conduta é garantia de via aérea, desbridamento da lesão + rafia primária. Esofágicas: avaliar com EDA + esofagograma → se nas primeiras 12-24h, realizar reparo primário (2 camadas) e drenagem da ferida → se > 12-24h, maior chance de infecção, devendo ser feito esofagostomia + ATB sistêmica, associado a GTT ou jejunostomia para alimentação. SNC: o TRM pode cursar com choque neurogênico (repercussão hemodinâmica pela lesão do sistema simpático, cursando com hipotensão + bradicardia ou normocardia) ou medular (é a manifestação neurológica,cursando com paralisia flácida e perda de reflexo, que evolui com espasticidade). Vasculares: são as mais comuns → angioTC é o exame inicial e angiografia é o padrão ouro → se carótida comum e interna, realizar anastomose → se carótida externa, pode realizar ligadura → se jugular interna, preferencialmente anastomose → se jugular interna, pode fazer ligadura.