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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª. VARA CÍVEL DA COMARCA YLuiza Suiara Albano Montezuma
Direito Estagio I – Tarde – E/AB
Prof. Diego Peterson
Processo nº 0009
Soraya, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, por intermédio de seu advogado legalmente constituído através do instrumento procuratório anexo aos presentes autos, vem à presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável sentença de fls 4,5interpor RECURSO DE APELAÇÃO com fundamento no Art. 1009 do CPC/2015, pelos fatos e fundamentos que passa a expor contra Eletrônicos S/A :
Nesse sentido requer que sejam remetidos os autos para o Egrégio Tribunal de Justiça para o seu processamento e julgamento.
Nestes termos, pede e espera deferimento.
Sobral, 25 de junho de 2019
LUIZA SUIARA ALBANO MONTEZUMA
OAB/CE 48900
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO Y
RAZÕES RECURSAIS DE APELAÇÃO
I – DO PREPARO RECURSAL
O preparo e custas judiciais foram devidamente pagos, conforme comprovante de pagamento juntado aos autos do processo
II – DA TEMPESTIVIDADE
De acordo com o Art. 1003, §5º do CPC/2015 o recurso é tempestivo
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
A apresentação da intimação foi dia 10 de junho, atualmente são 25 de junho de 2019 então o recurso é tempestivo.
III – SINTESE PROCESSUAL
Em junho de 2015, Soraia, adolescente de 13 anos, perde a visão do olho
direito após explosão de aparelho de televisão, que atingiu superaquecimento. A TV, da marca Eletrônicos S/A, fora comprada dois meses antes pela mãe da vítima. Quatro anos após ocorrido, em junho de 2019, a vítima propõe ação de indenização por danos morais e estéticos em face da fabricante do produto.
 Na petição inicial, a autora alegou que sofreu dano moral e estético em razão do acidente de consumo, atraindo a responsabilidade pelo fato do produto, sendo
dispensada a prova da culpa, razão pela qual requer a condenação da ré ao pagamento
da quantia de R$ 50.000,00 em danos morais e R$ 50.000,0 pelos danos estéticos sofridos.
No mais, realizou a juntada de todas as provas documentais necessárias apontando o defeito do produto, destacando, desde já, a desnecessidade de dilação probatória.
Recebida a inicial, o magistrado da 1ª Vara Cível da Comarca Y, determinou após oferecida a contestação, na qual não se requereu produção de provas, decidiu proferir julgamento antecipado, decretando a improcedência dos pedidos da autora, com base em dois fundamentos: inexistência de relação de consumo, com consequente inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, pois a vítima/autora da ação já alegou, em sua inicial, que não participou da relação contratual com a ré, visto que foi sua mãe quem adquiriu o produto na época e prescrição da pretensão autoral em razão do transcurso do prazo de três anos.
IV – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Em observação ao art.2º do CDC que define consumidor, por consequência também o que seria uma relação de consumo.
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Dessa forma, sabemos que existiu uma relação de consumo entre Soraia e Eletrônicos S/A pois houve compra e venda do eletrodoméstico em questão conforme comprova os documentos anexados e o artigo 17 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), equipara a consumidor todos os que forem atingidos pelos danos decorrentes de defeitos de produtos ou serviços mesmo não tendo participado da relação de consumo diretamente.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento
Assim, não pode o juiz alegar que Soraia não é consumidora por não participar da relação de consumo conforme esse artigo. A responsabilidade objetiva da empresa também fica clara no art. 12 do CDC.
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.
 
Sendo de responsabilidade da ré a situação que foi causada, devendo reparar o dano causado a autora.
Outro argumento utilizado pelo juiz para improceder os pedidos foi o prazo para propor a ação principal. O prazo é tempestivo conforme o art.27 do CDC.
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
Também é importante considerar que o termo inicial de contagem se efetiva com a cessação da incapacidade absoluta conforme art.198,I Código Civil Brasileiro
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;
O ocorrido foi em 1 junho de 2015 e a ação é de 1 de junho de 2019. Não se utiliza o Art.206, § 3ºdo CC pois a legislação especial sobrepõe a geral sendo utiliza-se em vez desse o prazo de 5 anos do Art.27 do CDC. 
De qualquer forma mesmo o magistrado considerando o enquadramento no artigo do Código Civil só poderia ser contado com a cessação da incapacidade como Soraya, ela tinha 13 anos a época do ocorrido o inicio da contagem se dará a a partir dos 16. Portanto o prazo da ação indenizatória é tempestivo.
V – REQUERIMENTOS
Diante do exposto, requer o conhecimento e provimento do presente Recurso de Apelação para o fim de reformar a sentença para
· O presente recurso ser conhecido e provido conforme os moldes do CPC/2015.
· Que seja recolhido o preparo recursal e custas processuais.
· Que haja a analise da documentação comprobatória nos autos e seja reformada a decisão da inicial.
· Que tenha o afastamento da prescrição que foi reconhecida pelo juiz.
· Que haja o julgamento pelo Tribunal sem o retorno do processo ao Juízo de primeiro grau na forma do Art. 1.013, § 4º, do CPC/15 
Nestes termos, pede e espera deferimento.
Sobral, 25 de junho de 2019
LUIZA SUIARA ALBANO MONTEZUMA
OAB/CE 48900

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