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Mariana M. de Almeida 2022.2 
Trauma Abdominal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nos traumas contusos devemos procurar por alta velocidade, impacto no abdome, marca de cinto 
de segurança, dor abdominal, ejeção. Os locais mais acometidos no trauma contuso são: baço, 
fígado e intestino delgado. 
 
No trauma penetrante precisamos avaliar se foi arma branca ou arma de fogo, a distância, o 
número de ferimentos e a trajetória. Os locais mais acometidos no trauma penetrante de baixa 
energia (PAB) são fígado, intestino delgado, diafragma e cólon. Já os de alta energia (PAF) são 
intestino delgado, cólon, fígado e vasos. 
 
Trauma penetrante vs. trauma contuso → no 1º temos laceração da pele. 
 
Diante de uma distensão abdominal precisamos pensar em lesão/perfuração de víscera oca! 
 
→ Nos pacientes hipotensos, o objetivo é identificar rapidamente uma lesão abdominal ou pélvica 
e determinar se é isso que está causando a hipotensão. 
 
Exame físico (IPAP) 
1. Inspeção: buscar áreas com hematomas, equimoses, distensão abdominal, simetria 
torácica, uso de musculatura acessória, abaulamentos. 
2. Palpação: avaliar descompressão dolorosa (pensar em irritação peritoneal), dor, abdome 
em tábua/rígido (pensar em sangue na cavidade abdominal), enfisema. 
3. Ausculta: avaliar presença/ausência de murmúrios vesiculares. 
4. Percussão: no pré-hospitalar a percussão não traz muita informação pra gente, além disso, 
se estamos diante de um paciente com MV presentes, a percussão estará normal. 
Saber o mecanismo do trauma e o 
local da lesão vai contribuir para a 
suspeição de qual órgão foi afetado. 
Trauma contuso → confere maioria 
dos traumas abdominais, além disso, 
geralmente está relacionado com alta 
velocidade associado ao impacto no 
abdome. 
 Mariana M. de Almeida 2022.2 
→ Sinais de Cullen (periumbilical) e gray turner (flancos) – ilustram hemorragias retroperitoneais. 
→ Um exame físico negativo NÃO afasta lesões intra-abdominais porque o mecanismo de trauma 
supera o exame físico. 
Condições que comprometem o exame físico 
1. Consumo de drogas: álcool, cocaína, crack 
2. Trauma craniano 
3. Trauma medular (paciente pode ter perdido a sensibilidade do abdome e consequentemente 
não conseguirá referir de forma coerente se está com dor no abdome) 
4. Fraturas: costelas, coluna, pelve (podem “distrair” a dor que o paciente venha a sentir no 
exame do abdome) 
Medidas auxiliares 
1. Exame físico da bacia: avaliar grandes hemorragias na pelve 
2. Inspeção do períneo 
3. Sonda vesical: é importante para acompanhar débito urinário e descomprimir a bexiga, além 
disso, é CONTRAINDICADA na presença de sangue no meato uretral! Portanto, pode-se 
lançar mão do toque retal/vaginal em busca de sangue em dedo de luva. 
4. Sonda nasogástrica: evitar utilizar na presença de sinal de battle, guaxinim, otorreia e lesão 
nasal pelo risco de falso trajeto, optando pela orogástrica. 
SANGUE EM URETRA CONTRAINDICA SONDAGEM URETRAL. 
Pacientes com choque elétrico é importante se atentar a presença de mioglobinúria. 
Antes de levar o paciente para exames de imagem, precisamos estabilizá-lo. 
No trauma abdominal INSTÁVEL o FAST é a preferência, pois ajuda a procurar sangue de forma 
rápida, principalmente no trauma contuso que não sabemos se tem sangramento ativo. Além disso, 
a lavagem peritoneal diagnóstica (LPD) também pode ser feita, porém é pouco utilizada por ser 
invasiva. 
Obs.1: repita o exame 30 minutos depois, para detectar se há hemoperitônio progressivo. 
Obs.2: a única contraindicação de FAST ou LPD é a realização de laparotomia. 
 
No trauma abdominal ESTÁVEL levamos o paciente para TC abdominal, principalmente no trauma 
contuso e penetrante em dorso e flanco (área retroperitoneal). 
 
O flanco e o dorso contêm órgãos retroperitoneais (atrás do peritônio) por isso essas lesões são de 
difícil visualização no FAST. 
 Mariana M. de Almeida 2022.2 
Indicações de laparotomia (incisão no abdome para acessar órgãos internos) 
1. Choque de origem abdominal 
2. Penetração do peritônio 
3. Irritação peritoneal 
4. Evisceração 
5. Pneumoperitônio (indica pra gente que há perfuração de víscera oca) 
6. Sangue ao toque retal ou sonda nasogástrica 
Procedimentos que podem ser feitos na laparotomia 
1. Enterorrafia (sutura das alças intestinais do delgado) 
2. Enterectomia (retirada de pedaços não viáveis de intestino do delgado) 
3. Colorrafia (sutura do cólon) 
4. Colectomia (retirada total ou parcial do cólon) 
5. Anastomose primária 
6. Ostomia (ileostomia, colostomia) – construção de um trajeto entre um órgão e o meio exterior 
7. Proctorrafia (sutura do reto) – sempre que temos uma proctorrafia é necessário fazer uma 
colostomia pra verificar se o trânsito se recuperou. 
8. Esplenectomia 
9. Esplorrafia: sutura do baço 
10. Gastrorrafia: sutura do estômago 
11. Pancreatectomia distal: retirada de uma parte distal do pâncreas 
12. Drenagem pancreática: drenagem de sangue no pâncreas 
13. Hemostasia hepática (o fígado sangra muito então é provável que precisemos de hepatorrafia 
ou eletrocoagulação) 
14. Hepatectomia: retirada total ou parcial do fígado 
15. Nefrectomia (total ou parcial) 
16. Nefrorrafia: sutura do rim 
→ Não esquecer de orientar a vacinação contra pneumococo, meningococo e haemophilus tipo B 
após esplenectomia. 
 
Indicações de laparoscopia (técnica minimamente invasiva) 
1. Estabilidade hemodinâmica 
2. Dúvida sobre penetração da cavidade após propedêutica: arma de fogo, arma branca 
3. Suspeita de lesão isolada de diafragma esquerdo por arma branca 
 
 
Anastomose – “junção de duas 
bandas” após a enterectomia. 
Total – retirada por completo de um rim 
Parcial – retirada parcial de um rim 
 Mariana M. de Almeida 2022.2 
Tratamento conservador (técnica não operatória) – fígado e baço 
• O paciente precisa ter estabilidade hemodinâmica 
• Ausência de sinais de lesão de víscera oca ou pâncreas → precisa de cirurgia 
• Diante da estabilidade do paciente, podemos lançar mão da TC com contraste e 
consequentemente classificar a lesão do paciente 
• É importante ter uma sala de cirurgia e equipe à disposição 24h 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Controle de danos → pensar nessa conduta naqueles pacientes que já tem o chá da morte 
(coagulopatia, hipotermia e acidose), pois muito provavelmente eles não terão condições para 
aguentar um reparo do trauma/cirurgia prolongada. 
Objetivos da cirurgia de controle de danos (cirurgia rápida) 
1. Interromper a contaminação 
2. Parar o sangramento 
3. Fazer um fechamento alternativo (peritoneostomia) → a cavidade abdominal é deixada 
aberta e os planos da parede do abdome não são completamente aproximados. Dessa 
forma, o conteúdo abdominal é coberto de forma provisória por uma bolsa transparente 
(Bogotá) para que a gente consiga visualizar o aspecto das vísceras e avaliar sinais de 
necrose continuamente. 
→ A cirurgia de controle de danos não é uma cirurgia definitiva! Após estabilização e recuperação 
do paciente, realizamos a abordagem definitiva. 
O tratamento conservador vai ser 
possível quando não houver grandes 
lesões vasculares do próprio 
parênquima e houver preservação 
do hilo. 
Se tem extravasamento de contraste 
(“blush”), o paciente tem indicação 
de tratamento cirúrgico. 
Extravasamento de contraste (blush) 
no exame de imagem indica 
acometimento do hilo vascular! 
 Até grau 3 o paciente não tem acometimento do hilo vascular. Portanto, grau I, II e III tem 
indicação de tratamento não operatório.Mariana M. de Almeida 2022.2 
Para abordar por laparotomia os hematomas de retroperitônio esta estrutura deve ser dividida em 
zonas: 
• Zona 1 – vasos centrais (aorta, cava inferior) → devemos abordar SEMPRE 
• Zona 2 – rins e suprarrenais → devemos abordar ÀS VEZES 
• Zona 3 – retroperitônio associado a vasos pélvicos → NA PRESENÇA DE HEMATOMA NÃO 
ABORDA NUNCA. Traumas contusos de pelve não são abertos pela perda altíssima de 
sangue. 
A pelve pode abrigar 4L de sangue, portanto, em casos de destamponamento da zona 3 o paciente 
pode morrer sangrando,

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