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RANDALL D. KNIGHTRANDALL D. KNIGHT VOLUME 3 ELETRICIDADE E MAGNETISMO K71f Knight, Randall D. Física 3 [recurso eletrônico] : uma abordagem estratégica / Randall Knight ; tradução Manuel Almeida Andrade Neto. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2009. Editado também como livro impresso em 2009. ISBN 978-85-7780-553-2 1. Física. 2. Eletricidade. 3. Magnetismo. I. Título. CDU 537 Randy Knight leciona Física básica há 25 anos na Ohio State University, EUA, e na Califórnia Polytechnic University, onde atualmente é professor de física. O professor Knight bacharelou- se em Física pela Washington University, em Saint Louis, e doutorou-se em Física pela Univer- sity of Califórnia, Berkeley. Fez pós-doutorado no Harvard-Smithsonian Center for Astrophy- sics, antes de trabalhar na Ohio State University. Foi aí que ele começou a pesquisar sobre o ensino da física, o que, muitos anos depois, o levou a escrever este livro. Os interesses de pesquisa do professor Knight situam-se na área de laser e espectroscopia, com cerca de 25 artigos de pesquisa publicados. Ele também dirige o programa de estudos am- bientais da Cal Poly, onde, além de física introdutória, leciona tópicos relacionados a energia, oceanografia e meio ambiente. Quando não está em sala de aula ou na frente de um compu- tador, o professor Knight está fazendo longas caminhadas, remando em um caiaque, tocando piano ou usufruindo seu tempo com a esposa Sally e seus sete gatos. Sobre o Autor Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/1922 2009 Tradução: Manuel Almeida Andrade Neto Doutor em Física pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Professor assistente do Centro Universitário La Salle Revisão técnica: Trieste Freire Ricci Doutor em Ciências pela UFRGS Professor Adjunto do Instituto de Física da UFRGS R A N DA L L D . K N I G H T Versão impressa desta obra: 2009 Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à ARTMED ® EDITORA S.A. (BOOKMAN ® COMPANHIA EDITORA é uma divisão da ARTMED ® EDITORA S.A.) Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana 90040-340 Porto Alegre RS Fone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. SÃO PAULO Av. Angélica, 1091 - Higienópolis 01227-100 São Paulo SP Fone (11) 3665-1100 Fax (11) 3667-1333 SAC 0800 703-3444 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Obra originalmente publicada sob o título Physics for Scientists and Engineers, 2nd Edition. ISBN 0805327363 Authorized translation from the English language edition, entitled PHYSICS FOR SCIENTISTS AND ENGINEERS: A STRATE- GIC APPROACH WITH MODERN PHYSICS, 2ND EDITION by KNIGHT, RANDALL D., published Pearson Education, Inc., publishing as Addison-Wesley, Copyright © 2008. All rights reserved. No part of this book may be reproduced or transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical, including photocopying, recording or by any information storage retrieval system, without permission from Pearson Education, Inc. Portuguese language edition published by Bookman Companhia Editora Ltda, a Division of Artmed Editora S.A., Copyright © 2009 Tradução autorizada a partir do original em língua inglesa da obra intitulada PHYSICS FOR SCIENTISTS AND ENGINEERS: A STRATEGIC APPROACH WITH MODERN PHYSICS, 2ª EDIÇÃO, de autoria de KNIGHT, RANDALL D., publicado por Pearson Education, Inc., sob o selo Addison-Wesley, Copyright © 2008. Todos os direitos reservados. Este livro não poderá ser reproduzido nem em parte nem na íntegra, nem ter partes ou sua íntegra armazenado em qualquer meio, seja mecânico ou eletrônico, inclusive reprográfi co, sem permissão da Pearson Education, Inc. A edição em língua portuguesa desta obra é publicada por Bookman Companhia Editora Ltda., uma divisão da Artmed Editora S.A., Copyright © 2009 Capa: Rogério Grilho, arte sobre capa original Leitura fi nal: Andrea Czarnobay Perrot Supervisão editorial: Denise Weber Nowaczyk Editoração eletrônica: Techbooks Em 2003, publicamos Physics for Scientists and Engineers: A Strategic Approach. Foi o primeiro livro didático abrangente concebido com base na pesquisa sobre como os estudantes podem aprender física de maneira mais significativa. Os desenvolvimentos e testes que possibilitaram a publicação deste livro foram financiados pela National Scien- ce Foundation. Essa primeira edição tornou-se rapidamente o livro didático de física mais adotado em mais de 30 anos, obtendo reconhecimento crítico geral de professores e de estudantes. Esta segunda edição, agora traduzida para o português com o título Física: uma abordagem estratégica, foi escrita com base nas técnicas de ensino introduzidas na primeira edição e também no feedback de milhares de usuários com o objetivo de propor- cionar um aprendizado ainda melhor para o estudante. Os objetivos Meus principais objetivos ao escrever o Física: uma abordagem estratégica foram: Produzir um livro que fosse mais focado e coerente, e menos enciclopédico. ■ Trazer resultados-chave da pesquisa em ensino de física para a sala de aula de uma ■ maneira que permitisse aos professores adotar uma gama de estilos didáticos. Oferecer um equilíbrio entre o raciocínio quantitativo e a compreensão dos con- ■ ceitos, com especial atenção aos conceitos que costumam causar dificuldades aos estudantes. Desenvolver de maneira sistemática as habilidades dos estudantes na resolução de ■ problemas. Promover um ambiente de aprendizagem ativa. ■ Estes objetivos e os princípios que os embasam são discutidos detalhadamente em meu pequeno livro Five Easy Lessons: Strategies for Successful Physics Teaching (Addi- son-Wesley, 2002). Se for de seu interesse (ISBN 0-8053-8702-1), entre em contato com a editora original, Addison-Wesley. A organização da obra Todo o conteúdo desta obra está distribuído em quatro volumes. O Volume 1 trata das Leis de Newton, das Leis de Conservação e de algumas aplicações da Mecânica Newto- niana, como: Rotação de um Corpo Rígido, A Teoria de Newton da Gravitação e Osci- lações. O Volume 2 abrange Fluidos, Elasticidade, Termodinâmica, Ondas e Óptica. O Volume 3 abrange todo o conteúdo sobre Eletricidade e Magnetismo. O Volume 4 trata da Relatividade, da Mecânica Quântica e da Física Atômica e Nuclear. Cada tópico é autoconsistente, e a seqüência dos capítulos pode ser rearranjada para se adequar à pre- ferência do professor ou da universidade. Dessa forma, quase toda Mecânica Newtoniana se encontra no Volume 1, permitindo que os professores das diversas universidades brasileiras possam ter maior flexibilidade na estrutura curricular da disciplina. As razões para a organização adotada: a termodinâmica foi colocada antes do estudo das ondas por ser uma continuação das idéias da mecânica. A idéia-chave na termodi- nâmica é a de energia, e passar direto da mecânica para a termodinâmica promove um desenvolvimento ininterrupto dessa idéia importante. Além disso, o estudo das ondas introduz os estudantes a funções de duas variáveis, e a matemática envolvida nos fenô- menos ondulatórios é mais afim com a eletricidade e com o magnetismo do que com a Prefácio para o Professor vi Prefácio para o Professor mecânica. Portanto, ir de ondas para campos, e de campos para a física quântica, permite uma transição gradual de idéias e habilidades. O propósito de incluir a óptica junto aos fenômenos ondulatórios é oferecer uma apresentação coerente da física ondulatória, um dos dois pilares da física clássica. A óptica, como é apresentada nos cursos introdutórios de física, não faz uso das proprie- dades de campos eletromagnéticos. Existe pouca razão, além da tradição histórica, em deixar a óptica para depois da eletricidade e domagnetismo. As dificuldades documen- tadas dos estudantes com a óptica são dificuldades com fenômenos ondulatórios, e não com a eletricidade e o magnetismo. Todavia, os capítulos de óptica podem ser facil- mente postergados para depois da Parte VI por professores que prefiram tal seqüência de conteúdo. O que há de novo na segunda edição Esta segunda edição reafirma os propósitos e os objetivos da primeira edição. Ao mesmo tempo, o feedback que recebemos a partir dos desempenhos dos estudantes em testes, enviados pelos professores, resultou em inúmeras alterações e melhorias no texto, nas figuras e nos problemas de final de capítulo. Estas incluem: Uma apresentação mais “enxuta” do conteúdo. Encurtamos cada capítulo em uma ■ página tornando a linguagem mais sintética e reduzindo o material supérfluo. Questões conceituais. Por solicitação do público em geral, a parte final de cada ca- ■ pítulo agora inclui uma seção de questões conceituais semelhantes às do Student Workbook (Manual de Exercícios do Estudante). Desenhos à lápis. Cada capítulo contém vários esboços feitos à mão, em exemplos- ■ chave resolvidos, com a finalidade de mostrar aos estudantes os tipos de desenhos que eles deveriam fazer em suas próprias resoluções de problemas. Problemas novos e revisados ao final do capítulo. Os problemas foram revisados com ■ o objetivo de incorporar o inédito número de dados e feedback proveniente de mais de 100 mil estudantes que trabalharam com estes problemas em Mastering PhysicsTM. Mais de 20% dos problemas de final de capítulo são novos ou foram revisados signifi- cativamente, incluindo um número maior de problemas que requerem o cálculo. As características pedagógicas O Prefácio para o estudante mostra como essas características foram concebidas para auxiliar seus estudantes. O Student Workbook* Um material adicional ao livro Física: Uma Abordagem Estratégica é o Student Work- book (Livro de Exercícios do Estudante). Esta obra permite vencer o espaço entre o livro e os problemas para casa dando aos estudantes a oportunidade de aprender e de praticar suas habilidades antes de usá-las nos problemas quantitativos de final de capítulo, de forma muito parecida como um músico desenvolve sua técnica separadamente das peças que apresenta ao público. Os exercícios do Student Workbook, ajustados a cada seção do livro, concentram-se no desenvolvimento de ferramentas específicas, que vão desde a identificação das forças e do traçado de diagramas de corpo livre à interpretação de fun- ções de onda. Os exercícios do Workbook, que geralmente são de caráter qualitativo e/ou gráfico, es- tão embasados na literatura técnica da educação em ensino de física. Os exercícios tratam de tópicos conhecidos por causarem dificuldades aos estudantes e fazem uso de técnicas que se mostraram eficientes na superação de tais dificuldades. Os exercícios do Workbook podem ser usados em sala de aula como parte da estratégia de ensino e aprendizagem ati- vos, em seções de argüição oral ou como uma tarefa de casa para os estudantes. * Disponível apenas no mercado norte-americano. Prefácio para o Professor vii CD-ROM para o estudante Um CD-ROM contendo inúmeros exercícios interativos e animações em Java é uma excelente ferramenta de aprendizado. Ele está encartado no Volume 1. Caso você não tenha comprado o Volume 1 e queira receber o CD, basta preencher a Carta-resposta nas páginas finais deste volume e enviar para a Bookman Editora. Suplementos para o professor Os professores que adotarem a obra e desejarem acesso ao material disponível para o mercado brasileiro devem entrar na área do professor no site da Bookman editora (www.bookman.com.br). Lá, encontrarão versões em word e pdf do Instructor Solu- tions (em inglês), contendo as soluções dos exercícios, além do Test Bank, um banco de exercícios (em inglês) diferentes dos propostos no livro. Em português, lâminas de PowerPoint contendo as figuras e as tabelas do texto, excelente recurso e de fácil uso na sala de aula. Os demais recursos listados a seguir estão disponíveis nos locais indicados em cada item. O ■ Instructor Guide for Physics for Scientists and Engineers contém comentários detalhados e sugestões de idéias para o ensino de cada capítulo, uma revisão extensa do que se aprendeu da pesquisa em ensino de física e linhas-mestras para o uso de técnicas de aprendizagem ativa em sua sala de aula. O ■ Instructor Solutions Manual, Capítulos 1-19 (ISBN 0-321-51621-4/978-0-321- 51621-3) e Capítulos 20-43 (ISBN 0-321-51657-5/978-0-321-51657-2), escritos pelo autor e pelo professores Scott Nutter (Nouthern Kentucky University) e Larry Smith (Snow College), traz soluções completas de todos os problemas de final de ca- pítulo. As soluções seguem os quatro passos do procedimento Modelo/Visualização/ Solução/Avaliação usado nas Estratégias para Resolução de Problemas e em todos os exemplos resolvidos do livro. O texto inteiro de cada solução está disponível em documento Word e em arquivo pdf, editáveis, no Media Manager CD-ROM para uso próprio ou para seu website protegido por senha. O ■ Instructor Resource Center online (www.aw-bc.com/irc) oferece atualizações para arquivos do Media manager CD-ROMs. Para obter um nome de usuário e uma senha, contate a Pearson Addison-Wesley. O ■ Mastering PhysicsTM (www.masteringphysics.com) é o mais amplamente usado e educacionalmente comprovado livro de exercícios de física, tutorial e sistema de avaliação disponível. Ele foi concebido para atribuir notas, avaliar e acompanhar o progresso de cada estudante através de uma variedade de problemas extensivamente pré-testados. Ícones distribuídos através do livro indicam que o Mastering PhysicsTM disponibiliza tutoriais para todos os Boxes Táticos e todas as Estratégias para Reso- lução de Problemas, bem como para todos os problemas de final de capítulo, itens do Test Bank e do Reading Quizzes. O Mastering PhysicsTM oferece aos professores maneiras rápidas e efetivas de propor tarefas para casa de amplo alcance online com a duração e o nível de dificuldade adequados. Os poderosos diagnósticos após a atri- buição de notas permitem ao professor verificar o progresso de sua classe como um todo ou identificar rapidamente áreas de dificuldades para estudantes individuais. O ■ ActivPhysics OnLineTM (acessado através da área Self Study em www.masterin- gphysics.com) disponibiliza uma livraria com mais de 420 applets provados e testa- dos do ActivPhysics. Além disso, ele disponibiliza um conjunto altamente respeita- do de tutoriais baseados em applets, desenvolvidos pelos professores pioneiros em educação Alan Van Heuvelen e Paul D�Alessandris. Os ícones de ActivPhysics, que aparecem ao longo do livro, direcionam os estudantes para exercícios interativos específicos que complementam a discussão apresentada no livro. Os exercícios ■ online foram concebidos para encorajar os estudantes a confrontar concepções alternativas, raciocinar qualitativamente sobre os processos físicos, rea- lizar experimentos qualitativos e aprender a pensar criticamente. Eles cobrem todos os tópicos, desde a mecânica à eletricidade e ao magnetismo, da óptica à física mo- derna. Os livros de exercícios que acompanham a altamente aclamada ActivPhysics OnLine ajudam os estudantes a operar com conceitos complexos e a entendê-los viii Prefácio para o Professor mais claramente. Mais de 280 applets da livraria do ActivPhysics OnLine também estão disponíveis nos Media Manager CD-ROMs do professor. O ■ Printed Test Bank (ISBN 0-321-51622-2/978-0-321-51622-0) e a plataforma Computerized Test Bank (incluído com o Media Manager CD-ROMs), preparado pelo Dr. Peter W. Murphy, contém mais de 1.500 problemas de alta qualidade, com uma variedade de questões para casa do tipo múltipla escolha, falso-verdadeiro, res- postas curtas. Na versão para computador, mais da metade das questões têm valores numéricos que podemser fornecidos aleatoriamente a cada estudante. O ■ Transparency Acetates (ISBN 0-321-51623-0/978-0-321-51623-7) disponibiliza mais de 200 figuras-chave do Physics for Scientists and Engineers para uso em sala de aula. Suplementos para o estudante* Os ■ Student Solutions Manuals Chapters 1-19 (ISBN 0-321-51354-1/978-0-321- 51354-0) e Capítulos 20-43 (ISBN 0-321-51356-8/978-0-321-51356-4), escritos pelo autor e pelos professores Scott Nutter (Northern Kentucky University) e Larry Smith (Snow College), fornecem soluções detalhadas de mais da metade dos proble- mas de final de capítulo com numeração ímpar. As soluções seguem o procedimento das quatro etapas Modelo/Visualização/Resolução/Avaliação usado nas Estratégias para Resolução de Problemas e nos exemplos resolvidos no livro. MasteringPhysics ■ TM (www.masteringphysics.com) é o mais amplamente usado e educacionalmente comprovado livro de exercícios de física, tutorial e sistema de avaliação disponível. Ele é baseado em anos de pesquisa sobre como os estudantes trabalham nos problemas de física e onde precisamente eles precisam de ajuda. Es- tudos revelam que os estudantes que usam o MasteringPhysicsTM melhoram signi- ficativamente suas notas finais em comparação com os livros de exercícios escritos à mão. O MasteringPhysicsTM consegue tal melhora dando aos estudantes feedbacks instantâneos e específicos para suas respostas erradas, apresentando subproblemas mais simples sob requisição quando eles forem incapazes de ir além e atribuindo notas parciais pelos métodos que eles usaram. Esta orientação socrática e indivi- dualizada 24/7 é recomendada aos seus colegas por nove entre dez estudantes como sendo a maneira de estudar mais efetiva e que ecomomiza tempo. Pearson Tutor Services ■ (www.pearsontutorservices.com). A assinatura do Maste- ringPhysics de cada estudante inclui um acesso complementar aos Pearson Tutor Services, fornecido pela Smarthinking, Inc. Fornecendo seu MasteringPhysics ID e a sua senha, o estudante estará ligado aos altamente qualificados e-structorsTM, que disponibilizam orientação online interativa adicional acerca dos principais conceitos da física. Existem algumas limitações mas oferece a possibilidade de alterações. ActivPhysics OnLine ■ TM (acessado por www.masteringphysics.com) disponibiliza aos estudantes uma suíte altamente recomendada de tutoriais autodidáticos baseado em applets (veja mais acima). Os ícones do ActivPhysics ao longo do livro direcionam os estudantes para exercícios específicos que complementam a discussão levada à cabo no texto. Os seguintes livros de exercícios constituem uma gama de problemas- tutoriais concebidos para usar as simulações do ActivPhysics OnLine, ajudando os estudantes a operar com conceitos complexos e a compreendê-los mais claramente: ActivPhysics OnLine Workbook 1: Mechanics ■ � Thermal Physics � Oscillations & Waves (ISBN 0-8053 � 9060 � X) ActivPhysics OnLine Workbook 2: Electricity & Magnetism ■ � Optics � Modern Physics (ISBN 0-8053 � 9061 � 8) Agradecimentos Tive como base conversas e, especialmente, publicações escritas de muitos membros da comunidade de pesquisadores em ensino de física. Aqueles cuja influência posso reconhecer incluem Arnold Arons, Uri Ganiel, Ibrahim Halloun, Richard Hake, Ken * Os materiais impressos citados estão disponíveis apenas para o mercado norte-americano. Os interes- sados nos materiais on-line (em inglês) devem acessar os endereços mencionados. Prefácio para o Professor ix Heller, David Hestenes, Leonard Jossem, Jill Larkin, Priscilla Laws, John Mallinckro- dt, Kandiah Manivannan e os membros do grupo de pesquisa em ensino de física da University of Washington, David Mattzer, Edward “Joe” Redish, Fred Reif, Jeffery Saul, Rachel Scherr, Bruce Sherwood, Josip Slisko, David Sokoloff, Ronald Thornton, Sheila Tobias e Alan Van Heuvelen. John Rigden, fundador e diretor do Introductory University Physics Project, deu o impulso que me pôs neste caminho. Os primeiros desenvolvimentos de materiais foram patrocinados pela National Science Foundation como parte do projeto Physics for the Year 2000; meu agradecido reconhecimento pelo apoio dado. Agradeço também a Larry Smith e a Scott Nutter pela difícil tarefa de redação do Instructor Solutions Manuals; a Jim Andrews e a Rebecca Sabinovsky pela redação das respostas para os livros de exercícios; a Wayne Anderson, Jim Andrews, Dave Ettestad, Stuart Field, Robert Glosser e Charlie Hibbard por suas contribuições aos problemas de final de capítulo; e a meu colega Matt Moelter por muitas contribuições e sugestões valiosas. Eu queria agradecer especialmente a meu editor Adam Black, à editora de desen- volvimento Alice Houston, à editora de projetos Martha Steele e a toda a equipe admi- nistradora da Addison-Wesley por seu entusiasmo e pelo árduo trabalho realizado neste projeto. A supervisora de produção Nancy Tabor, Jared Sterzer e a equipe da WestWords Inc. e o pesquisador fotográfico Brian Donnely têm grandes méritos por tornar realidade este projeto complexo. Além dos revisores e dos responsáveis pelas aplicações de testes em sala de aula, listados abaixo, que forneceram um inestimável feedback, sou particu- larmente grato a Charlie Hibbard e a Peter W. Murphy pelo escrutínio detalhado de cada palavra e de cada figura deste livro. Finalmente, serei eternamente grato à minha esposa Sally, por seu amor, encoraja- mento e paciência, e aos meus vários gatos (e especialmente à memória de Spike, minha companhia infalível de redação), por suas habilidades inatas em manter meu teclado e minha impressora cheios de pêlos e por sempre sentarem bem no meio das pilhas de páginas de provas cuidadosamente empilhadas. Revisores e aplicadores de testes em sala de aula Gary B. Adams, Arizona State University Ed Adelson, Ohio State University Kyle Altmann, Elon University Wayne R. Anderson, Sacramento City College James H. Andrews, Youngstown State University Kevin Ankoviak, Las Positas College David Balogh, Fresno City College Dewayne Beery, Buffalo State College Joseph Bellina, Saint Mary’s College James R. Benbrook, University of Houston David Besson, University of Kansas Randy Bohn, University of Toledo Richard A. Bone, Florida International University Gregory Boutis, York College Art Braundmeier, University of Southern Illinois, Edwardsville Carl Bromberg, Michigan State University Meade Brooks, Collin College Douglas Brown, Cabrillo College Ronald Brown, California Polytechnic State University, San Luis Obispo Mike Broyles, Collin County Community College Debra Burris, University of Central Arkansas James Carolan, University of British Columbia Michael Chapman, Georgia Tech University Norbert Chencinski, College of Staten Island Kristi Concannon, King’s College Sean Cordry, Northwestern College of Iowa Robert L. Corey, South Dakota School of Mines Michael Crescimanno, Youngstown State University Dennis Crossley, University of Wisconsin–Sheboygan Wei Cui, Purdue University Robert J. Culbertson, Arizona State University Danielle Dalafave, The College of New Jersey Purna C. Das, Purdue University North Central Chad Davies, Gordon College William DeGraffenreid, California State University–Sacramento Dwain Desbien, Estrella Mountain Community College John F. Devlin, University of Michigan, Dearborn John DiBartolo, Polytechnic University Alex Dickison, Seminole Community College Chaden Djalali, University of South Carolina Margaret Dobrowolska, University of Notre Dame Sandra Doty, Denison University Miles J. Dresser, Washington State University Charlotte Elster, Ohio University Robert J. Endorf, University of Cincinnati Tilahun Eneyew, Embry-Riddle Aeronautical University F. Paul Esposito, University of Cincinnati John Evans, Lee University Harold T. Evensen, University of Wisconsin–Platteville Michael R. Falvo, University of North Carolina Abbas Faridi, Orange Coast College Nail Fazleev, University of Texas–ArlingtonStuart Field, Colorado State University Daniel Finley, University of New Mexico Jane D. Flood, Muhlenberg College Michael Franklin, Northwestern Michigan College Jonathan Friedman, Amherst College Thomas Furtak, Colorado School of Mines Alina Gabryszewska-Kukawa, Delta State University x Prefácio para o Professor Lev Gasparov, University of North Florida Richard Gass, University of Cincinnati J. David Gavenda, University of Texas, Austin Stuart Gazes, University of Chicago Katherine M. Gietzen, Southwest Missouri State University Robert Glosser, University of Texas, Dallas William Golightly, University of California, Berkeley Paul Gresser, University of Maryland C. Frank Griffin, University of Akron John B. Gruber, San Jose State University Stephen Haas, University of Southern California John Hamilton, University of Hawaii at Hilo Jason Harlow, University of Toronto Randy Harris, University of California, Davis Nathan Harshman, American University J. E. Hasbun, University of West Georgia Nicole Herbots, Arizona State University Jim Hetrick, University of Michigan–Dearborn Scott Hildreth, Chabot College David Hobbs, South Plains College Laurent Hodges, Iowa State University Mark Hollabaugh, Normandale Community College John L. Hubisz, North Carolina State University Shane Hutson, Vanderbilt University George Igo, University of California, Los Angeles David C. Ingram, Ohio University Bob Jacobsen, University of California, Berkeley Rong-Sheng Jin, Florida Institute of Technology Marty Johnston, University of St. Thomas Stanley T. Jones, University of Alabama Darrell Judge, University of Southern California Pawan Kahol, Missouri State University Teruki Kamon, Texas A&M University Richard Karas, California State University, San Marcos Deborah Katz, U.S. Naval Academy Miron Kaufman, Cleveland State University Katherine Keilty, Kingwood College Roman Kezerashvili, New York City College of Technology Peter Kjeer, Bethany Lutheran College M. Kotlarchyk, Rochester Institute of Technology Fred Krauss, Delta College Cagliyan Kurdak, University of Michigan Fred Kuttner, University of California, Santa Cruz H. Sarma Lakkaraju, San Jose State University Darrell R. Lamm, Georgia Institute of Technology Robert LaMontagne, Providence College Eric T. Lane, University of Tennessee–Chattanooga Alessandra Lanzara, University of California, Berkeley Lee H. LaRue, Paris Junior College Sen-Ben Liao, Massachusetts Institute of Technology Dean Livelybrooks, University of Oregon Chun-Min Lo, University of South Florida Olga Lobban, Saint Mary’s University Ramon Lopez, Florida Institute of Technology Vaman M. Naik, University of Michigan, Dearborn Kevin Mackay, Grove City College Carl Maes, University of Arizona Rizwan Mahmood, Slippery Rock University Mani Manivannan, Missouri State University Richard McCorkle, University of Rhode Island James McDonald, University of Hartford James McGuire, Tulane University Stephen R. McNeil, Brigham Young University–Idaho Theresa Moreau, Amherst College Gary Morris, Rice University Michael A. Morrison, University of Oklahoma Richard Mowat, North Carolina State University Eric Murray, Georgia Institute of Technology Taha Mzoughi, Mississippi State University Scott Nutter, Northern Kentucky University Craig Ogilvie, Iowa State University Benedict Y. Oh, University of Wisconsin Martin Okafor, Georgia Perimeter College Halina Opyrchal, New Jersey Institute of Technology Yibin Pan, University of Wisconsin-Madison Georgia Papaefthymiou, Villanova University Peggy Perozzo, Mary Baldwin College Brian K. Pickett, Purdue University, Calumet Joe Pifer, Rutgers University Dale Pleticha, Gordon College Marie Plumb, Jamestown Community College Robert Pompi, SUNY-Binghamton David Potter, Austin Community College–Rio Grande Campus Chandra Prayaga, University of West Florida Didarul Qadir, Central Michigan University Steve Quon, Ventura College Michael Read, College of the Siskiyous Lawrence Rees, Brigham Young University Richard J. Reimann, Boise State University Michael Rodman, Spokane Falls Community College Sharon Rosell, Central Washington University Anthony Russo, Okaloosa-Walton Community College Freddie Salsbury, Wake Forest University Otto F. Sankey, Arizona State University Jeff Sanny, Loyola Marymount University Rachel E. Scherr, University of Maryland Carl Schneider, U. S. Naval Academy Bruce Schumm, University of California, Santa Cruz Bartlett M. Sheinberg, Houston Community College Douglas Sherman, San Jose State University Elizabeth H. Simmons, Boston University Marlina Slamet, Sacred Heart University Alan Slavin, Trent College Larry Smith, Snow College William S. Smith, Boise State University Paul Sokol, Pennsylvania State University LTC Bryndol Sones, United States Military Academy Chris Sorensen, Kansas State University Anna and Ivan Stern, AW Tutor Center Gay B. Stewart, University of Arkansas Michael Strauss, University of Oklahoma Chin-Che Tin, Auburn University Christos Valiotis, Antelope Valley College Andrew Vanture, Everett Community College Arthur Viescas, Pennsylvania State University Ernst D. Von Meerwall, University of Akron Chris Vuille, Embry-Riddle Aeronautical University Jerry Wagner, Rochester Institute of Technology Robert Webb, Texas A&M University Zodiac Webster, California State University, San Bernardino Robert Weidman, Michigan Technical University Fred Weitfeldt, Tulane University Jeff Allen Winger, Mississippi State University Carey Witkov, Broward Community College Ronald Zammit, California Polytechnic State University, San Luis Obispo Darin T. Zimmerman, Pennsylvania State University, Altoona Fredy Zypman, Yeshiva University De mim para você A coisa mais incomprenssível sobre o universo é que ele é compreensível. —Albert Einstein No dia em que fui à aula de física, estava morta. —Sylvia Plath, The Bell Jar Vamos ter uma pequena conversa antes de começar. Uma conversa unilateral, é ver- dade, pois você não pode responder, mas OK. Eu venho conversando com seus cole- gas estudantes por anos a fio, de modo que tenho uma boa idéia do que se passa em sua mente. Qual é sua reação ao se mencionar a física? Medo ou abominação? Incerteza? En- tusiasmo? Ou tudo que foi mencionado? Vamos admitir, a física tem uma imagem meio problemática no campus. Provavelmente você já ouviu que ela é uma disciplina difícil, talvez até mesmo impossível de ser compreendida a menos que você seja um Einstein. O que você tem escutado por aí, as suas experiências com outras disciplinas e muitos outros fatores criam suas expectativas sobre como vai ser este curso. É verdade que existem muitas novas idéias a serem aprendidas na física e que este curso, como os cursos superiores em geral, terá um ritmo muito mais rápido do que o dos cursos de ciências que você teve no Ensino Médio. Acho honesto dizer que será um curso intenso. Mas poderemos evitar muitos problemas e dificuldades potenciais se deixarmos claro, desde o início, do que tratará o curso e o que se espera de você � e de mim! O que é a física, afinal? A física constitui uma maneira de pensar sobre os aspectos físicos da natureza. A física não é melhor do que as artes ou a biologia, a poesia ou a re- ligião, que também são modos de pensar a natureza; ela é, simplesmente, diferente. Um dos aspectos que será salientado neste curso é que a física é uma empreitada humana. As idéias apresentadas neste livro não foram descobertas em uma caverna ou transmitidas a nós por alienígenas; elas foram descobertas e desenvolvidas por pessoas reais, engajadas em uma luta extenuante com assuntos reais. Eu espero conseguir transmitir um pouco da história e dos processos através dos quais viemos a aceitar os princípios que constituem as fundações da ciência e da engenharia de hoje. Você pode estar surpreso em ouvir que a física não trata de “fatos”. Oh, isso não significa que os fatos não sejam importantes, e sim, que a física foca mais a descoberta de relações entre os fatos e os padrões existentesna natureza do que o aprender fatos por seu próprio interesse. Conseqüentemente, não há muito para memorizar quando se estu- da física. Há algumas � como definições e equações por aprender �, mas muito menos do que nos outros cursos. Em vez disso, nossa ênfase estará na reflexão e no raciocínio. Este é um aspecto importante de suas expectativas sobre o curso. E talvez o que seja o mais importante de tudo: a física não é matemática! A física é muito mais ampla. Iremos examinar os padrões e as relações da natureza, desenvolver uma lógica que relacione diferentes idéias e buscar as razões pelas quais as coisas ocor- rem do modo que vemos. Ao fazer isso, iremos destacar a importância do raciocínio qua- litativo, pictórico e gráfico e também daquele que se vale de analogias. E, sim, usaremos a matemática, mas ela será apenas uma ferramenta dentre outras. Muitas frustrações serão evitadas se você estiver consciente, desde o início, dessa distinção entre física e matemática. Boa parte dos estudantes, eu sei, gostaria de encon- trar uma fórmula e nela inserir números � ou seja, resolver um problema de matemática. Talvez isso funcione em cursos de ciência universitários avançados, mas não é isso que Prefácio para o Estudante xii Prefácio para o Estudante este curso espera de você. Certamente realizaremos muitos cálculos, todavia os números específicos para serem usados geralmente só surgirão como o último, e menos impor- tante, passo da análise. A física diz respeito à identificação de padrões. Por exemplo, a fotografia supe- rior desta página é um padrão de difração de raios X que mostra como um feixe fo- cado de raios X se espalha após atravessar um cristal. A fotografia inferior mostra o que acontece quando um feixe focado de elétrons incide no mesmo cristal. O que as similaridades óbvias nas duas fotos nos dizem a respeito da natureza da luz e da matéria? Quando estiver estudando, às vezes você ficará perplexo, intrigado e confuso. Isso é perfeitamente normal e esperado. Cometer erros é absolutamente OK se você estiver desejando aprender com a experiência. Ninguém nasce sabendo como fazer física mais do que como tocar piano ou arremessar bolas de basquete numa cesta. A habilidade em fazer física vem da prática, da repetição e da luta com as idéias até que você as “domine” e consiga aplicá-las por si mesmo a novas situações. Não existe maneira de aprender sem esforço, pelo menos para um bom aprendizado, de modo que se espera que você sinta dificuldades em determinados momentos futuros. Mas também se espera que haja alguns momentos de excitação com a alegria da descoberta. Haverá instantes em que os pedaços subitamente se ajustam aos lugares certos e você terá certeza de ter compreendido uma idéia poderosa. Haverá ocasiões em que você se surpreenderá resolvendo com sucesso um problema difícil que você achava que fosse incapaz de resolver. Minha esperança, como autor, é de que a excitação e o senso de aventura acabem por superar as dificulda- des e as frustrações. Obtendo o melhor de seu curso Muitos estudantes, eu suspeito, gostariam de conhecer qual é a “melhor” maneira de estu- dar este curso. Não existe tal maneira. As pessoas são diferentes, e o que funciona para um estudante é menos eficiente para outro. Mas o que eu desejo destacar é que ler o texto é de importância vital. O tempo em sala de aula será usado para superar dificuldades e desen- volver as ferramentas para usar o conhecimento adquirido, porém seu professor não deverá usar o tempo em sala de aula para, simplesmente, repetir a informação que se encontra no texto. O conhecimento básico para este curso está descrito nas páginas seguintes; a expec- tativa número um é a de que você leia atentamente o livro para encontrar este conhecimento e aprenda a utilizá-lo. A despeito de não existir uma melhor maneira de estudar, eu lhe sugiro uma maneira que tem sido bem – sucedida com muitos estudantes. Ela consiste nas quatro seguintes etapas: 1. Leia cada capítulo antes de discuti-lo em sala de aula. Não tenho como expressar quão importante é esta etapa. Sua participação nas aulas será muito mais efetiva se você estiver preparado. Quando estiver lendo um capítulo pela primeira vez, concen- tre-se no aprendizado do novo vocabulário, das novas definições e da nova notação. Há uma lista de termos e notações no final de cada capítulo. Estude-a! Você não compreenderá o que está sendo discutido e as idéias utilizadas se não souber o que significam os termos e os símbolos empregados. 2. Participe ativamente das aulas. Faça anotações, faça perguntas, tente responder às questões propostas e participe ativamente das discussões em grupos. Existe a mais ampla evidência científica de que a participação ativa é muito mais efetiva no apren- dizado científico do que assistir passivamente às aulas. 3. Após as aulas, faça uma releitura do capítulo correspondente. Nesta sua segunda leitura, preste muita atenção nos detalhes e nos exemplos resolvidos. Procure desco- brir a lógica por trás de cada exemplo (eu procurei destacar isso para torná-lo mais claro), e não, apenas a fórmula usada. Quando terminar a leitura, faça os exercícios do Student Workbook de cada seção. 4. Finalmente, aplique o que aprendeu nos problemas para casa no final de cada ca- pítulo. Eu recomendo fortemente que você forme um grupo de estudos com dois ou três colegas de turma. Existe boa evidência de que alunos que estudam regularmente em um grupo saem-se melhor do que aqueles estudantes individualistas que tentam resolver tudo sozinhos. (a) Padrão de difração de raios X (b) Padrão de difração de elétrons Prefácio para o Estudante xiii Alguém mencionou um livro de exercícios? O acompanhamento no Student Workbook constitui uma parte vital do curso. Suas questões e seus exercícios lhe exigirão que raciocine qualitativamente, que utilize a informação gráfica e que formule explicações. Espera-se destes exercícios que você aprenda o que significam os conceitos e que você pratique habi- lidades de raciocínio apropriadas para cada capítulo. Você, então, terá adquirido o conhe- cimento básico e a confiança de que necessita antes de se voltar para os problemas para casa de final de capítulo. Nos esportes e na música, você jamais pensaria em se apresentar publicamente sem ter praticado; logo, por que deveria tentar fazer diferentemente no caso da física? O livro de exercícios é onde você praticará e trabalhará as habilidades básicas. Muitos dos estudantes, eu sei, serão tentados a ir diretamente para os problemas de casa e, então, se porão a procurar, através do texto, uma fórmula que lhes pareça que funcione. Essa abordagem não terá sucesso neste curso, e é garantido que, neste caso, eu os frustrarei e os desencorajarei. Muitos poucos problemas para casa são do tipo “ligue e prossiga”, em que o estudante simplesmente insere números em uma fórmula. Para trabalhar com sucesso os problemas para casa, você precisará de uma estratégia melhor � ou a que foi delineada acima ou uma própria � que o ajude a aprender os conceitos e as relações entre as idéias. Uma orientação tradicional no ensino superior é que o aluno estude duas horas fora de aula para cada hora gasta em sala de aula, e este livro foi concebido sob tal expectati- va. É claro, duas horas em média. Certos capítulos são mais fáceis e neles você irá mais rapidamente. Outros provavelmente exigirão muito mais do que duas horas de estudo para cada hora em aula. Obtendo o melhor de seu livro-texto Seu livro tem várias características planejadas para ajudá-lo a aprender os conceitos da física e a resolver problemas de forma mais eficiente. Os ■ BOXES TÁTICOS apresentam procedimentos passo a passo para desenvolver habili- dades específicas, como a interpretação de gráficos ou o traçado de diagramas espe- ciais. Os Boxes Táticos são explicitamente ilustrados nos exemplos resolvidos que o seguem, e estes são, comfreqüência, os pontos de partida de uma Estratégia para Resolução de Problemas completa. BOX TÁTICO 5.3 Desenhando um diagrama de corpo livre Identifique todas as forças exercidas sobre o objeto de interesse. Esta etapa foi descrita já no Box Tático 5.2. Faça o desenho do sistema de coordenadas a ser usado. Use os eixos definidos em sua representação pictórica. Se eles forem inclinados, para o movimento ao longo de rampas, então os eixos correspondentes no diagrama de corpo livre também devem ser analogamente inclinados. Represente o objeto por um ponto na origem do sistema de coordenadas. Este é o modelo de partícula. Desenhe vetores que representem cada uma das forças identificadas. Isso foi descrito no Box Tático 5.1. Certifique-se de ter denotado cada vetor força. Desenhe e denote o vetor força resultante . Trace este vetor ao lado do dia- grama, e não sobre a partícula. Ou, se for apropriado, escreva . Depois verifique se, em seu diagrama de movimento, aponta com a mesma direção e sentido do vetor aceleração . Exercícios 24–29 BOX TÁTICO 33.3 Calculando integrais de linha Se for perpendicular à linha em qual- quer lugar da mesma, então a integral de linha de é dada por Se for tangente à linha de comprimen- to l em qualquer lugar da mesma, e tiver a mesma intensidade B em qualquer de seus pontos, então Exercícios 23–24 xiv Prefácio para o Estudante As ■ ESTRATÉGIAS PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS servem para uma grande classe de pro- blemas � problemas característicos de um dado capítulo ou de um grupo de capítu- los. As estratégias seguem uma abordagem consistente de quatro passos para ajudá- lo a adquirir confiança e proficiência na habilidade de resolver problemas: MODELO, VISUALIZAÇÃO, RESOLUÇÃO E AVALIAÇÃO. ESTRATÉGIA PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 6.2 Problemas de dinâmica MODELO Faça hipóteses simplificadoras. VISUALIZAÇÃO Desenhe uma representação pictórica. Mostre os pontos importantes do movimento em um esboço, escolha um sis- tema de coordenadas, defina os símbolos e identifique o que o problema está pedindo para se determinar. Este é o processo de tradução de palavras em símbolos. Use um diagrama de movimento para determinar o vetor aceleração do objeto, . Identifique todas as forças exercidas sobre o objeto e represente-as em um dia- grama de corpo livre. É normal ir e voltar entre estas etapas enquanto você visualiza a situação. RESOLUÇÃO A representação matemática é baseada na segunda lei de Newton: A soma vetorial das forças é determinada diretamente do diagrama de corpo livre. Dependendo do problema, Isole a aceleração e depois use a cinemática para encontrar as velocidades e as posições; ou Use a cinemática para determinar a aceleração e depois obtenha as forças des- conhecidas. AVALIAÇÃO Verifique se seu resultado está em unidades corretas, se ele é plausível e se responde à questão. ■ Os EXEMPLOS resolvidos ilustram boas práticas para a resolução de problemas por meio do uso consistente da abordagem de quatro etapas para resolver problemas e, quando apropriado, dos Boxes Táticos. Os exemplos resolvidos com freqüência são muito detalhados e cuidadosamente o conduzem ao raciocínio por trás das soluções, bem como aos cálculos detalhados. Um estudo cuidadoso do raciocínio o ajudará a aplicar os conceitos e as técnicas em novos problemas que encontrará nas tarefas para casa e nas provas. NOTAS ■ � São parágrafos que o alertarão para erros freqüentes e que dão dicas em problemas complicados. As questões do tipo ■ PARE E PENSE ao longo dos capítulos lhe permitirão rapidamente avaliar se você compreendeu a idéia principal de uma seção. Uma resposta correta lhe dará a confiança para passar à próxima seção. Uma resposta errada o alertará para a necessidade de uma releitura da seção anterior. Anotações em azul ■ , nas figuras, o ajudarão a interpretar gráficos; a obter a equiva- lência entre gráficos, matemática e desenhos; a compreender conceitos difíceis por meio de analogias visuais; e a desenvolver muitas outras habilidades importantes. Esboços a lápis ■ oferecem exemplos concretos das figuras que você deve desenhar por sua conta quando for resolver problemas. Espelho Parafuso de ajuste Fonte Divisor de feixe Espelho A onda é dividida neste ponto. As ondas que retornam se recombinam aqui. O detector mede a superposição das 2 ondas que percorreram caminhos diferentes. FIGURA com anotações que explicam o funcionamento do interferômetro de Michelson. Antes: Determinar: v1 Após: y0 = 5,0 m v0 = 20 m/s y1 = 0 m y1 5,0 m 0 y FIGURA desenhada a lápis que mostra uma pessoa descendo uma rampa e sua energia representada em um gráfico de barras. Prefácio para o Estudante xv Os objetivos de aprendizagem e as ligações que iniciam cada capítulo resumem o ■ foco daquele capítulo e o que você precisa relembrar dos capítulos anteriores. � Olhando adiante lista conceitos-chave e habilidades que você deverá aprender no capítulo que se inicia. � Em retrospectiva destaca tópicos importantes de capítulos anteriores que você deve revisar. Resumos de capítulo ■ esquemáticos o ajudarão a organizar o que você aprendeu em uma forma hierárquica, desde os princípios gerais (parte superior) até as aplicações (parte inferior). Representações pictóricas, gráficas, discursivas e matemáticas, dis- postas lado a lado, são usadas para ajudá-lo a passar de uma dessas representações para as outras. Os resumos de final e de início das partes do livro descrevem a estrutura global ■ do que você está aprendendo. Cada parte inicia com um resumo panorâmico dos capítulos à frente e conclui com um amplo resumo para ajudar você a relacionar os conceitos apresentados naquele conjunto de capítulos. As tabelas de ESTRUTURA DE CONHECIMENTO nos Resumos de partes, parecidas com os resumos de capítulo, o ajudarão a enxergar a floresta, e não apenas as árvores individuais. R E S U M O O objetivo do Capítulo 28 foi compreender e aplicar a lei de Gauss. Princípios gerais Lei de Gauss Para qualquer superfície fechada que encerre uma carga Qint, o fluxo elétrico resultante através da superfície é O fluxo elétrico e é o mesmo para qualquer superfície fechada que encerre uma carga Qint. Simetria A simetria do campo elétrico deve corres- ponder à simetria da distribuição de carga. Na prática, e é computável apenas quan- do a simetria da superfície gaussiana corresponde à simetria da distribuição de carga. Conceitos importantes A Carga cria o campo elétrico que é responsável pelo fluxo elétrico. Q in é a soma algébrica de todas as cargas encerradas pela gaussiana. Esta é a carga líquida que contribui para o fluxo. Superfície gaussiana As cargas externas à superfície contribuem para o campo elétrico, mas não para o fluxo. O Fluxo é a quantidade de campo elétrico que atravessa uma superfície de área A: onde é o vetor área. Para superfícies fechadas: Um fluxo resultante de fora para dentro ou de dentro para fora indica que a superfície en- cerra uma carga líquida. Linhas de campo que atravessam uma superfície, mas sem produzir fluxo resultante através da mesma indicam que a superfí- cie não encerra carga líquida. As integrais de superfície fornecem o fluxo por meio do somató- rio dos fluxos parciais através de várias pe- quenas áreas da superfície: Duas situações importantes: Se o campo elétrico é tangente à superfície em qualquer ponto da mesma, então Se o campo elétrico é perpendicular à super- fície em qualquer ponto da mesma e apre- senta a mesma intensidade E em cada um de seus pontos, então Aplicações Condutores em equilíbrio eletrostático O campo elétrico é nulo em todos os pontos internos ao condutor.• Qualquer excesso de carga do condutor se distribui inteiramente sobre a superfície exterior.• O campo elétrico externo é perpendicular à superfície do condutor e tem módulo igual a •/ 0, onde é a densidade de carga da superfície. O campo elétrico é nulo dentro de qualquer cavidade fechada no interior de um condutor, a menos que exista • uma carga líquida dentro da cavidade. Termos e notação simétrico superfície gaussiana fluxo elétrico, e vetor área, integral de superfície lei de Gauss blindagem ESTRUTURA DE CONHECIMENTO I As Leis de Newton CONCEITOS ESSENCIAIS Partícula, aceleração, força, interação OBJETIVOS BÁSICOS Como uma partícula responde a uma força? Como os objetos interagem? PRINCÍPIOS GERAIS Primeira lei de Newton moc es-odnevom áraunitnoc uo osuoper me árecenamrep otejbo mU velocidade constante (equilíbrio) se e somente se res . Segunda lei de Newton res m Terceira lei de Newton A sobre B B sobre A ESTRATÉGIA BÁSICA DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Use a segunda lei de Newton para cada partícula ou objeto. Use a terceira lei de Newton para igualar os módulos dos dois membros de cada par ação/reação. ralucric otnemivoM onalp mu me otnemivoM raenil otnemivoM Cinemática do movimento linear e do movimento no plano Aceleração uniforme: (as constante) Trajetórias: as mesmas equações são usadas tanto para x quanto para y. Movimento uniforme: (a 0, vs constante) Cinemática circular Movimento circular uniforme: Caso geral vs ds/dt declividade do gráfico da posição a s dv/dt declividade do gráfico da velocidade v fs vis asdt vis area sob a curva da aceleração s f si vsdt si área sob a curva da velocidade Movimento circular não-uniforme: Agora que você já sabe mais sobre o que se espera de si, o que você espera de mim? Isso é mais sutil, pois o livro já foi escrito! Mesmo assim, ele foi organizado e preparado com base naquilo que, eu penso, meus estudantes têm esperado � e desejado �de um livro ao longo de meus anos de profissão. Além disso, eu listei o extenso feedback que recebi de milhares de estudantes, como você, e de seus professores, que usaram a pri- meira edição da obra. Você deve saber que estes materiais do curso � o texto e o livro de exercícios � são baseados na pesquisa extensiva sobre como os estudantes aprendem física e sobre os de- safios com que se deparam. A efetividade de muitos dos exercícios foi demonstrada pela aplicação ampla de testes em sala de aula. O livro foi redigido em um estilo informal que, eu espero, você ache agradável e que o encoraje a realizar a leitura do mesmo. Fi- nalmente, esforcei-me não apenas para que a física, um corpo de conhecimento técnico, seja relevante em sua profissão, mas também para que a física constitua uma aventura excitante da mente humana. Tenho a esperança de que você se divirta durante o tempo que passarmos juntos. Sumário Resumido VOLUME 1 Parte I As Leis de Newton Capítulo 1 Conceitos do Movimento 2 Capítulo 2 Cinemática em uma Dimensão 34 Capítulo 3 Vetores e Sistemas de Coordenadas 72 Capítulo 4 Cinemática em duas Dimensões 90 Capítulo 5 Força e Movimento 126 Capítulo 6 Dinâmica I: Movimento ao Longo de uma Reta 151 Capítulo 7 A Terceira Lei de Newton 183 Capítulo 8 Dinâmica II: Movimento no Plano 210 Parte II Princípios de Conservação Capítulo 9 Impulso e Momentum 240 Capítulo 10 Energia 267 Capítulo 11 Trabalho 302 Parte III Aplicações da Mecânica Newtoniana Capítulo 12 Rotação de um Corpo Rígido 340 Capítulo 13 A Teoria de Newton da Gravitação 385 Capítulo 14 Oscilações 410 Apêndice A Revisão Matemática A-1 Respostas dos Exercícios e Problemas de Numeração Ímpar R-1 Créditos C-1 Índice I-1 VOLUME 2 Capítulo 15 Fluidos e Elasticidade 442 Parte IV Termodinâmica Capítulo 16 Uma Descrição Macroscópica da Matéria 480 Chapter 17 Trabalho, Calor e a Primeira Lei da Termodinâmica 506 Capítulo 18 A Conexão Micro/Macro 541 Capítulo 19 Máquinas Térmicas e Refrigeradores 566 Parte V Ondas e Óptica Capítulo 20 Ondas Progressivas 602 Capítulo 21 Superposição 634 Capítulo 22 Óptica Ondulatória 670 Capítulo 23 Óptica Geométrica 700 xviii Sumário Resumido Capítulo 24 Instrumentos Ópticos 739 Capítulo 25 Óptica Moderna e Ondas de Matéria 763 Apêndice A Revisão Matemática A-1 Apêndice B Tabela Periódica dos Elementos B-1 Respostas dos Exercícios e Problemas de Numeração Ímpar R-1 Créditos C-1 Índice I-1 VOLUME 3 Parte VI Eletricidade e Magnetismo Capítulo 26 Cargas Elétricas e Forças 788 Capítulo 27 O Campo Elétrico 818 Capítulo 28 Lei de Gauss 850 Capítulo 29 O Potencial Elétrico 881 Capítulo 30 Potencial e Campo 911 Capítulo 31 Corrente e Resistência 941 Capítulo 32 Fundamentos de Circuitos 967 Capítulo 33 O Campo Magnético 998 Capítulo 34 Indução Eletromagnética 1041 Capítulo 35 Campos Eletromagnéticos e Ondas 1084 Capítulo 36 Circuitos CA 1114 Apêndice A Revisão Matemática A-1 Respostas dos Exercícios e Problemas de Numeração Ímpar R-1 Créditos C-1 Índice I-1 VOLUME 4 Parte VII Relatividade e Física Quântica Capítulo 37 Relatividade 1142 Capítulo 38 O Fim da Física Clássica 1184 Capítulo 39 Quantização 1208 Capítulo 40 Funções de Onda e Incerteza 1239 Capítulo 41 Mecânica Quântica Unidimensional 1262 Capítulo 42 Física Atômica 1300 Capítulo 43 Física Nuclear 1333 Apêndice A Revisão Matemática A-1 Apêndice B Tabela Periódica dos Elementos B-1 Apêndice C Dados Atômicos e Nucleares C-1 Respostas dos Exercícios e Problemas de Numeração Ímpar R-1 Créditos C-1 Índice I-1 Sumário VOLUME 3 INTRODUÇÃO A Jornada na Física xxi PARTE VI Eletricidade e Magnetismo PANORAMA Fenômenos e teorias 787 Capítulo 26 Cargas Elétricas e Forças 788 26.1 Desenvolvendo um modelo de carga 788 26.2 Carga 793 26.3 Isolantes e condutores 795 26.4 A lei de Coulomb 800 26.5 O modelo de campo 805 RESUMO 811 QUESTÕES E PROBLEMAS 812 Capítulo 27 O Campo Elétrico 818 27.1 Modelos de campo elétrico 818 27.2 Campo elétrico criado por múltiplas cargas puntiformes 820 27.3 Campo elétrico criado por uma distribuição contínua de carga 825 27.4 Campos elétricos criados por anéis, discos, planos e esferas 829 27.5 O capacitor de placas paralelas 833 27.6 Movimento de uma partícula carregada em um campo elétrico 835 27.7 Movimento de um dipolo em um campo elétrico 838 RESUMO 842 QUESTÕES E PROBLEMAS 843 Capítulo 28 Lei de Gauss 850 28.1 Simetria 850 28.2 O conceito de fluxo 854 28.3 O cálculo do fluxo elétrico 856 28.4 A lei de Gauss 861 28.5 Usando a lei de Gauss 865 28.6 Condutores em equilíbrio eletrostático 870 RESUMO 873 QUESTÕES E PROBLEMAS 874 Capítulo 29 O Potencial Elétrico 881 28.1 Energia potencial elétrica 881 29.2 Energia potencial criada por uma carga puntiforme 885 29.3 Energia potencial de um dipolo 889 29.4 Potencial elétrico 890 29.5 Potencial elétrico no interior de um capacitor de placas paralelas 893 29.6 Potencial elétrico criado por uma carga puntiforme 897 29.7 Potencial elétrico criado por várias cargas puntiformes 899 RESUMO 903 QUESTÕES E PROBLEMAS 904 Capítulo 30 Potencial e Campo 911 30.1 Relacionando o potencial e o campo 911 30.2 Fontes de potencial elétrico 914 30.3 Determinando o campo elétrico a partir do potencial 916 30.4 Condutor em equilíbrio eletrostático 921 30.5 Capacitância e capacitores 922 30.6 Energia armazenada em um capacitor 927 xx Sumário 30.7 Dielétricos 929 RESUMO 933 QUESTÕES E PROBLEMAS 934 Capítulo 31 Corrente e Resistência 941 31.1 A corrente de elétrons 941 31.2 Criando uma corrente 945 31.3 Corrente e densidade de corrente 950 31.4 Condutividade e resistividade 954 31.5 Resistência e lei de Ohm 956 RESUMO 961 QUESTÕES E PROBLEMAS 962 Capítulo 32 Fundamentos de Circuitos 967 32.1 Elementos e diagramas de circuitos 967 32.2 Leis de Kirchhoff e o circuito básico 968 32.3 Energia e potência 972 32.4 Resistores em série 975 32.5 Baterias reais 978 32.6 Resistores em paralelo 980 32.7 Circuitos resistivos 983 32.8 Aterramento 985 32.9 Circuitos RC 987 RESUMO 990 QUESTÕESE PROBLEMAS 991 Capítulo 33 O Campo Magnético 998 33.1 Magnetismo 998 33.2 A descoberta do campo magnético 1000 33.3 As fontes do campo magnético: cargas em movimento 1003 33.4 O campo magnético produzido por uma corrente 1005 33.5 Dipolos magnéticos 1009 33.6 A lei de Ampère e os solenóides 1012 33.7 Força magnética sobre uma carga em movimento 1018 33.8 Forças magnéticas sobre fios condutores de corrente 1024 33.9 Forças e torques sobre espiras de corrente 1026 33.10 Propriedades magnéticas da matéria 1028 RESUMO 1032 QUESTÕES E PROBLEMAS 1033 Capítulo 34 Indução Eletromagnética 1041 34.1 Correntes induzidas 1041 34.2 Fem de movimento 1043 34.3 O fluxo magnético 1048 34.4 A lei de Lenz 1051 34.5 A lei de Faraday 1055 34.6 Campos induzidos 1059 34.7 Correntes induzidas: três aplicações 1062 34.8 Indutores 1064 34.9 Circuitos LC 1069 34.10 Circuitos LR 1072 RESUMO 1074 QUESTÕES E PROBLEMAS 1075 Capítulo 35 Campos Eletromagnéticos e Ondas 1084 35.1 E ou B? Depende do ponto de vista 1084 35.2 As leis de campo até aqui 1091 35.3 Corrente de deslocamento 1092 35.4 As equações de Maxwell 1095 35.5 Ondas eletromagnéticas 1097 35.6 Propriedades das ondas eletromagnéticas 1102 35.7 Polarização 1105 RESUMO 1108 QUESTÕES E PROBLEMAS 1109 Capítulo 36 Circuitos CA 1114 36.1 Fontes CA e fasores 1114 36.2 Circuitos capacitivos 1117 36.3 Circuitos com filtro RC 1119 36.4 Circuitos indutivos 1122 36.5 O circuito RLC em série 1124 36.6 Potência em circuitos CA 1127 RESUMO 1131 QUESTÕES E PROBLEMAS 1132 PARTE VI RESUMO Eletricidade e Magnetismo 1138 Apêndice A Revisão Matemática A1 Respostas dos Exercícios e Problemas de Numeração Ímpar R1 Créditos C1 Índice I1 A Jornada na Física Alice disse ao gato Cheshire, “Gatinho Cheshire, poderia me dizer, por favor, qual o caminho para sair daqui?” “Isso depende muito do lugar aonde você deseja ir”, disse o gato. “Não me importa muito onde ...”, disse Alice. “Neste caso não importa qual o caminho que você pegue”, disse o gato. — Lewis Carrol, Alice no País das Maravilhas Talvez você já tenha se indagado a respeito de questões, como: Por que o céu é azul? Por que o vidro é um isolante, enquanto um metal é um condutor? O que é, realmente, um átomo? Estas são questões das quais a física é feita. Os físicos tentam entender o universo em que vivemos através da observação dos fenômenos da natureza � como o céu ser azul � e da procura por padrões e princípios que expliquem tais fenômenos. Muitas das desco- bertas feitas pelos físicos, desde ondas eletromagnéticas até a energia nuclear, alteraram para sempre a maneira como vivemos e pensamos. Você está para embarcar em uma jornada para o reino da física. Trata-se de uma jor- nada em que você aprenderá sobre muitos fenômenos físicos e obterá as respostas para questões tais como as que citamos acima. Ao longo do caminho, você também aprenderá como usar a física para analisar e resolver muitos problemas práticos. Enquanto prossegue, você vai conhecer os métodos com os quais os físicos chegam a compreender as leis da natureza. As idéias e as teorias dos físicos não são arbitrárias; elas são firmemente alicerçadas em experimentos e medições. Quando você terminar de estudar este texto, será capaz de reconhecer as evidências sobre as quais está baseado nosso presente conhecimento sobre o universo. Introdução xxii Introdução Por qual caminho devemos seguir? Aqui, no começo da jornada, somos muito parecidos com Alice no país das maravilhas por termos de decidir qual caminho seguir. A física é um imenso corpo de conhecimento, e, sem objetivos específicos, não importaria que assuntos estudássemos. Todavia, diferente- mente de Alice, nós temos de fato alguns destinos particulares que gostaríamos de visitar. A física que constitui o alicerce para toda a ciência e a engenharia modernas pode ser dividida em três grandes categorias: Partículas e energia ■ Campos e ondas ■ A estrutura atômica da matéria ■ Uma partícula, no sentido em que usaremos este termo, é uma idealização de um objeto físico. Faremos uso da idéia de partícula para entender como os objetos se movem e como interagem uns com os outros. Uma das mais importantes propriedades de uma partícula ou de uma coleção de partículas é a energia. Estudaremos a energia por seu valor na compreensão de processos físicos e por causa de sua importância prática em uma sociedade tecnológica. Partículas são objetos discretos e localizados. Embora muitos fenômenos possam ser compreendidos em termos de partículas e de suas interações, as interações de ação a distância da gravidade, da eletricidade e do magnetismo são mais bem-compreendidas em termos de campos, tais como o campo gravitacional e o campo elétrico. Em vez de serem discretos, os campos espalham-se continuamente através do espaço. Boa parte da segunda metade deste livro se concentrará na compreensão dos campos e das interações entre campos e partículas. Certamente uma das mais importantes descobertas dos últimos 500 anos é que a matéria é constituída por átomos. Os átomos e suas propriedades são descritos pela física quântica, porém não podemos saltar diretamente para este assunto e esperar que ele faça algum sentido. Para chegar ao nosso destino, vamos ter de estudar muitos outros assun- tos ao longo do caminho � como ter de passar pelas Montanhas Rochosas se deseja ir de carro de Nova York a São Francisco. Todo nosso conhecimento a respeito de partículas e campos estará em ação quando, no fim de nossa jornada, estivermos estudando a estru- tura atômica da matéria. A rota a seguir Aqui, no início, podemos ter uma panorâmica da rota a seguir. Aonde nossa jornada nos levará? O que veremos ao longo do caminho? As Partes I e II, as Leis de Newton e os Princípios de conservação, constituem a base do que chamaremos de mecânica clássica. A mecânica clássica é o estudo do movimento. (Ela é chamada de clássica para que possamos distingui-la da teoria moderna do movi- mento em nível atômico, que é chamada de mecânica quântica.) Estas duas primeiras partes estabelecem a linguagem e os conceitos básicos do movimento. A Parte I exami- nará o movimento em termos de partículas e de forças. Usaremos esses conceitos para analisar o movimento de qualquer coisa, desde velocistas até satélites em órbita. Na Parte II, introduziremos as idéias de momentum e energia. Esses conceitos � especial- mente o de energia � nos darão novas perspectivas acerca do movimento e ampliarão nossas habilidades de analisar movimentos. Um microscópio de varredura por tunelamento nos permite “ver” os átomos individuais de uma superfície. Um de nossos objetivos é compreender como uma imagem dessas é obtida. res res topo fundo Introdução xxiii A Parte III, Aplicações da mecânica newtoniana, examinará quatro importantes aplicações da mecânica clássica: a teoria de Newton da gravitação, o movimen- to de rotação, os movimentos oscilatórios e o movi- mento de fluidos. Apenas as oscilações constituem um pré-requisito para os capítulos posteriores. A Parte IV, Termodinâmica, estende as idéias de partí- culas e de energia a sistemas tais como líquidos e gases que contêm um enorme número de partículas. Aqui exa- minaremos as relações entre o comportamento micros- cópico de um grande número de átomos e as proprieda- des macroscópicas de volumes de matéria. Você constatará que algumas das propriedades dos gases que você conhece da química, como a lei dos gases ideais, são conseqüências diretas da estru- tura atômica subjacente do gás. Também estenderemos o conceito de energia e aprofun- daremos o estudo de como a energia é transferida e utilizada. As ondas são de natureza onipresente, sejam elas oscilações em larga escala como as ondas oceânicas, o movimento menos óbvio das ondas sonoras ou as sutis ondulações das ondas luminosas e das ondas de matéria que nos levarão aocoração da estrutura atômica da matéria. Na Parte V, Ondas e Óptica, enfatizaremos a unidade da física on- dulatória e verificaremos que muitos fenômenos ondulatórios diferentes podem ser ana- lisados com os mesmos conceitos e a mesma linguagem matemática. É aqui que come- çaremos a acumular evidências de que a teoria da mecânica clássica é inadequada para explicar o comportamento observado dos átomos, e terminaremos esta seção com alguns enigmas que parecem desafiar nossa compreensão. A Parte VI, Eletricidade e Magnetismo, é de- votada à força eletromagnética, uma das mais importantes da natureza. Essencialmente, a for- ça eletromagnética é a “cola” que mantêm os átomos juntos. Ela é também a força que faz de nossa época a “era eletrônica”. Iniciaremos esta parte da jornada com observações simples a res- peito da eletricidade estática. Passo a passo, se- remos levados às idéias básicas subjacentes aos circuitos elétricos, ao magnetismo e, por fim, à descoberta das ondas eletromagnéticas. A Parte VII é sobre Relatividade e Física Quântica. Iniciaremos explorando o estranho mundo da teoria da relatividade de Einstein, um mundo em que o espaço e o tempo não são o que parecem ser. Depois entraremos no domínio microscópico dos átomos, onde o comportamento da luz e da matéria é completamente estranho frente ao que nosso senso comum nos diz ser possível. Embora a matemática da teoria quântica esteja muito além do nível deste livro, e o tempo esteja acabando, você verificará que a teoria quântica dos átomos e dos núcleos explica muito do que você aprendeu, simplesmente, como regras da química. Não visitaremos toda a física em nossa jornada. Não há tempo suficiente. Muitos tópicos entusiasmantes, indo desde os quarks até os buracos negros, terão de permanecer inexplorados para nós. Mas esta jornada particular não precisa ser a última. Quando você terminar este texto, terá a base e a experiência para explorar novos assuntos em cursos ainda mais avançados ou por própria conta. Os átomos são mantidos juntos por meio de fracas ligações moleculares, mas podem deslizar uns sobre os outros. Líquido Alto-falante Rarefação Compressão Moléculas Moléculas individuais oscilam de um lado para o outro com deslocamentos D. Enquanto fazem isso, as compressões se propagam para frente com velocidade v som . Uma vez que as compressões correspondem a regiões de pressão mais alta, pode-se conceber uma onda sonora como uma onda de pressão. som Terminal positivo A u m en ta n d o U Fluxo de íons Terminal negativo A escada rolante de cargas as “eleva” do terminal negativo para o positivo. A carga q adquire energia �U � q�V bat . Este desenho de um átomo precisaria ter 10 m de diâmetro a fim de estar na mesma escala que o ponto que representa o núcleo. Átomo Núcleo Núcleons (prótons e nêutrons) Este circuito integrado contém milhões de elementos de circuito. A densidade destes elementos nos circuitos integrados tem dobrado a cada 18 meses nos últimos 30 anos. A manutenção dessa tendência depende da compreensão, pelos cientistas e engenheiros, da física de circuitos elétricos em escala nanométrica. P A R T E VI Eletricidade e Magnetismo Panorama Fenômenos e Teorias O âmbar, ou resina de árvore fossilizada, há muito tempo é apreciada por sua beleza. Hoje em dia o interesse científico no âmbar se deve ao fato de que os biólogos aprenderam a recuperar segmentos de DNA de insetos capturados nessa resina há milhões de anos. Mas o âmbar também tem uma conexão científica antiga. A palavra grega para âmbar é elétron. Sabe-se desde a Antigüidade que friccionar um pedaço de âmbar com a pele pode torná- lo capaz de atrair penas ou palha – poderes aparentemente mágicos nas sociedades pré- científicas. Também era do conhecimento dos antigos gregos que certas pedras de uma região que eles chamavam de Magnesia podiam erguer pequenos pedaços de ferro. Foi a partir desse humilde começo que chegamos hoje aos computadores de alta performance, aos lasers e às imagens por ressonância magnética, assim como aos milagres comuns do mundo moderno, tais como a lâmpada elétrica. Os fenômenos básicos da eletricidade e do magnetismo não nos são tão familiares quanto aqueles da mecânica. Passamos a vida inteira exercendo forças sobre objetos e ob- servando-os se moverem, mas nossa experiência com a eletricidade e com o magnetismo, provavelmente, é muito mais limitada. Enfrentaremos essa limitação em experiência enfa- tizando os fenômenos da eletricidade e do magnetismo. Comecemos olhando em detalhe para a carga elétrica e para o processo de eletrização de um objeto. É fácil fazer observações sistemáticas sobre o comportamento das cargas, e iremos considerar as forças entre as cargas e o seu comportamento em diferentes materiais. Além disso, nosso estudo do magnetismo se concentrará na observação de como os ímãs atraem certos metais, e não, outros, e de como ímãs afetam as agulhas das bússolas. Mas nossa observação mais importante será a de que uma corrente elétrica afeta a agulha de uma bússola exatamente da mesma maneira como faz um ímã. Tal observação, sugerindo uma ligação entre a eletricidade e o magnetismo, nos levará à descoberta das ondas eletromag- néticas. Na Parte VI, nosso objetivo é desenvolver uma teoria para explicar os fenômenos da eletricidade e do magnetismo. O cerne da teoria será o conceito inteiramente novo de cam- po. A eletricidade e o magnetismo tratam da interação de ação a distância entre cargas, sejam elas cargas estáticas ou cargas em movimento, e o conceito de campo nos ajudará a entender como ocorrem essas interações. Queremos saber como os campos são criados pe- las cargas e como as cargas, em contrapartida, respondem a estes campos. Bit a bit, iremos construir uma teoria – baseada nos novos conceitos de campos elétrico e magnético – que nos permita compreender, explicar e prever o comportamento eletromagnético em uma larga escala. A história da eletricidade e do magnetismo é vasta. A formulação da teoria eletromag- nética no século XIX gerou uma grande revolução na ciência e na tecnologia, tendo sido chamada por ninguém menos que Einstein de “o evento mais importante da física desde a época de Newton”. Portanto, tudo o que podemos fazer neste livro é desenvolver algumas das idéias e dos conceitos mais básicos, deixando muitos detalhes e aplicações para cursos avançados. Ainda assim, nosso estudo da eletricidade e do magnetismo irá explorar um dos tópicos mais empolgantes e importantes da física. Olhando adiante � O objetivo do Capítulo 26 é desenvolver uma compreensão básica dos fenômenos elétricos em termos de cargas, forças e campos. Neste capítulo, você aprenderá a: Usar um modelo de carga para ■ explicar fenômenos elétricos básicos. Compreender as propriedades ■ elétricas de isolantes e condutores. Usar a lei de Coulomb para calcular ■ a força elétrica entre duas cargas. Usar o modelo de campo para ■ explicar a interação a distância entre duas cargas. Calcular e representar o campo ■ elétrico de uma carga puntiforme. Em retrospectiva � A análise matemática das forças e dos campos elétricos faz uso extensivo da soma vetorial. Em muitos aspectos, a força elétrica é análoga à da gravidade. Revise: Seções 3.2 – 3.4 Propriedades dos ■ vetores e soma vetorial Seções 13.3 e 13.4 Teoria de ■ Newton da gravitação O raio é uma manifestação viva das cargas e forças elétricas. 26 Cargas Elétricas e Forças A força elétrica é uma das forças fundamentais da natureza. Algumas vezes, como nes- ta descarga elétrica, as forças elétricas podem ser selvagens e incontroláveis. Por outro lado, a eletricidade sob controle é o fundamento da nossa sociedade moderna e tecnoló- gica. Os dispositivos elétricos variam desde lâmpadas elétricas e motores a computado- res e equipamento médico. Tente imaginar como seria viversem a eletricidade! Mas como controlamos e lidamos com essa força? Quais são as propriedades da eletricidade e das forças elétricas? Como geramos, transportamos e usamos a eletricida- de? Essas são as questões que iremos explorar na Parte VI. A eletricidade é um assunto vasto, de modo que não poderemos responder a todas as questões de uma vez. Começaremos pela investigação de alguns dos fenômenos mais básicos da eletri- cidade. É difícil perceber o que bastões de plástico e lã têm a ver com computadores e geradores elétricos, mas apenas se começarmos bem do início, com simples observa- ções, é que poderemos desenvolver a compreensão necessária para usar a eletricidade de maneira controlada. 26.1 Desenvolvendo um modelo de carga Você pode receber um choque fraco, mas desagradável, ou produzir uma pequena faísca ao tocar em uma maçaneta metálica após caminhar sobre um tapete. Friccionar vigoro- samente seu cabelo recém-lavado e seco fará com que os fios fiquem eriçados. Um CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 789 pente de plástico que você passar pelos cabelos atrairá pequenos pedaços de papel e ou- tros objetos, porém um pente metálico não fará o mesmo. O aspecto comum a essas observações é que dois objetos foram friccionados. Por que a fricção de um objeto deveria causar forças ou faíscas? Que tipos de forças são es- sas? Por que os objetos de metal se comportam diferentemente dos não-metálicos? Essas são as questões com as quais começaremos nosso estudo da eletricidade. Nossa primeira meta é desenvolver um modelo para a compreensão do fenômeno elétrico em termos de cargas e forças. Futuramente, usaremos nosso conhecimento atual dos átomos para compreender a eletricidade em nível microscópico, todavia os conceitos básicos da eletricidade não se referem especificamente a átomos ou elétrons. A teoria da eletricidade foi bem-estabelecida muito antes da descoberta do elétron. Experimentos com cargas Entremos em um laboratório onde possamos fazer observações de fenômenos elétri- cos. Trata-se de um laboratório modesto, parecido com o que encontraríamos no ano de 1800. As principais ferramentas do laboratório são: Uma variedade de bastões de plástico e de vidro, com vários centímetros de compri- ■ mento. Eles podem ser manuseados ou suspensos por um fio em um suporte. Alguns bastões com punho de madeira. ■ Pedaços de lã e de seda. ■ Pequenas esferas de metal, com 2,5 a 5 cm de diâmetro, presas em suportes de ■ madeira. Vamos ver o que podemos aprender com essas ferramentas. Plástico Bastões que não foram friccionados Plástico Experimento 1 Experimento 2 Plástico friccionado com lã Experimento 3 Plástico friccio- nado com lã Vidro friccionado com seda Experimento 4 Distância aumentada Pegue um bastão de plástico que não foi perturbado por um longo período de tempo e pendure-o por um fio. Pegue outro bastão, também de plástico e não- perturbado por um longo período de tempo, e o aproxime do bastão pendurado. Nada acontece a qualquer um dos dois. Friccione separadamente, com lã, o bastão de plástico pendurado e o que está na sua mão. Depois disso, quando você aproxima o bastão que está em sua mão do bastão pendurado, este tende a se afastar. Dois bastões de vidro friccionados com seda também passarão a se repelir. Aproxime agora o bastão de vidro, que foi friccionado com seda, do bastão de plástico pendurado, que foi friccionado com lã. Os dois objetos passam, então, a se atrair. Observações adicionais mostram que: Essas forças são maiores para os bastões que foram friccio- nados mais vigorosamente. A intensidade das forças diminui com o aumento da distância entre os bastões. Descobrindo a eletricidade I No Expermiento 1, não são observadas forças. Dizemos que os objetos originais são neutros. Friccionar os bastões (Experimentos 2 e 3), de alguma maneira, faz com que eles passem a exercer força um sobre o outro. Chamamos de carregar ou eletrizar o processo de fricção descrito aqui, e dizemos que o bastão friccionado foi carregado ou eletrizado. Por hora, esses termos são, simplesmente, descritivos. Eles não nos dizem nada a respeito do processo em si. O Experimento 2 mostra que existe uma força repulsiva de ação a distância entre dois objetos idênticos que foram carregados da mesma maneira, tal como os dois bastões de plástico que foram friccionados com lã no experimento descrito. Além disso, o Experimento 4 mostra que a força entre dois objetos carregados depende da distância entre eles. Essa é a primeira força de ação a distância com que nos deparamos desde a introdução da gravidade, no Capítulo 5. É também a primeira vez que observamos uma força repulsiva, de modo que, veremos, serão necessárias novas idéias para a compreensão da eletricidade. Um pente de plástico que foi carregado pelo atrito com seus cabelos atrai objetos neutros, tais como pedacinhos de papel ou, como visto aqui, pingos de água. 790 Física: Uma Abordagem Estratégica O Experimento 3 constitui um enigma. Os dois bastões parecem ter sido carregados da mesma maneira, ou seja, por fricção, mas os dois se atraem ao invés de se repelirem. Por que o resultado do Experimento 3 difere daquele do Experimento 2? De volta ao laboratório. Bastão carregado Papel Bastão carregado Bastão neutro Seda usada para friccionar o vidro Bastão de plástico carregado Lã usada para friccionar o plástico Bastão de plástico carregado Objeto carregado Bastão de vidro carregado Descobrindo a eletricidade II Segure um bastão de plástico carregado (i.e., que foi friccionado) acima de pequenos peda- ços de papel sobre uma mesa. Os pedaços de papel saltam e se grudam ao bastão. O mesmo ocorre com um bastão de vidro que tenha sido carregado. Entretanto, um bastão neutro não afeta os pedaços de papel. Friccione um bastão de plástico com lã, e um bastão de vidro, com seda. Erga ambos por meio de suportes separados por certa distância. Ambos são atraídos por um bastão de plásti- co neutro (i.e., não-friccionado) mantido próximo. Curiosamente ambos são atraídos também por um bastão neutro de vidro. Na verdade, os bastões carregados são atraídos por qualquer objeto neutro, tal como um dedo, um pedaço de papel ou um bastão de metal. Friccione com lã um bastão de plástico suspenso e, depois, segure a lã próxima ao bastão. O bastão é fracamente atraído pela lã, e o bastão de plástico é repelido pelo pedaço de seda que foi usado para friccionar o vidro. Experimentos adicionais revelam que: Outros objetos, após serem friccionados, atraem um dos bastões previamente carregados que estão suspensos (de plástico ou de vidro) e que se repelem. Os objetos carregados sempre atraem pequenos pedaços de papel. Aparentemente não há objetos que, após terem sido friccionados, passem a atrair peda- ços de papel e, simultaneamente, o bastão de plástico e o de vidro. Experimento 5 Experimento 6 Experimento 7 Experimento 8 Nosso primeiro conjunto de experimentos revelou que objetos carregados exercem forças uns sobre os outros. As forças às vezes são atrativas, e outras vezes, repulsivas. Os Experimentos 5 e 6 indicam que existe uma força atrativa entre um objeto carregado e qualquer objeto neutro (não-carregado). Tal descoberta nos apresenta um problema: como podemos descobrir se um objeto está carregado ou neutro? Pelo fato de existir força atrativa entre um objeto carregado e qualquer objeto neutro, a simples observação de uma força elétrica não indica qual é o objeto que está carregado. Entretanto, a característica importante de qualquer objeto carregado parece ser a de que todo objeto carregado atrai pequenos pedaços de papel. Esse comportamento fornece um teste direto que nos possibilita responder à questão “Tal objeto está carre- gado?” Se ele passar no teste de atrair o papel, estará carregado; caso falhe no teste, o objeto estará neutro. Estas observações nos levam a avançar numa tentativa de propor osprimeiros passos para um modelo de carga. MODELO DE CARGA, PARTE I Os postulados básicos do nosso modelo são: 1. Forças de atrito, como o da fricção, adicionam algo chamado de carga a um objeto ou a removem do mesmo. O processo é chamado de carregamento ou eletrização. Quanto maior for a intensidade da fricção, maior será a quantidade de carga produzida no processo. CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 791 2. Há dois, e somente dois, tipos de carga. Por hora, chamaremos essas cargas de “carga do plástico” e “carga do vidro”. Outros objetos, às vezes, podem ser carregados por fricção, mas a carga que eles recebem é “carga do plástico” ou “carga do vidro”. 3. Duas cargas de mesmo tipo (plástico/plástico ou vidro/vidro) exercem forças repulsivas uma sobre a outra. Duas cargas opostas (plástico/vidro) se atraem. 4. A força entre duas cargas é de ação a distância. Ela aumenta à medida que aumen- tamos a quantidade de carga e diminui quando aumenta a distância entre as cargas. 5. Os objetos neutros contêm uma mistura igual de ambos os tipos de carga, “carga do plástico” e “carga do vidro”. O processo de fricção, de alguma forma, separa os dois tipos. O postulado 2 é baseado no Experimento 8. Se um objeto está carregado (i.e., se ele atrai papel), ele sempre irá atrair um dos bastões previamente carregados e repelir o outro. Ou seja, ele se comporta como se fosse uma “carga do plástico” ou uma “carga do vidro”. Se existisse um terceiro tipo de carga, diferente dos dois primeiros, um objeto que contivesse este tipo de carga iria atrair o papel e ambos os bastões. Objetos como esses nunca foram encontrados. A base do postulado 5 é a observação do Experimento 7, em que um bastão plástico carregado é atraído pela lã que foi usada para esfregá-lo, todavia é repelido pela seda que foi friccionada com vidro. Parece que a fricção do vidro fez com que a seda adquirisse a “carga do plástico”. A maneira mais fácil de explicar isso é supor que a seda possua quantidades iguais de “carga do plástico” e “carga do vidro” no início, e que a fricção, de alguma maneira, transferiu “carga do vidro” da seda para o bastão. Isso ocasiona um excesso de “carga do vidro” no bastão e um excesso de “carga do plástico” na seda. Embora o modelo de carga seja consistente com as observações, ele ainda não está provado. Podemos facilmente imaginar outras hipóteses que sejam tão consistentes com as observações limitadas que fizemos quanto as que foram feitas anteriormente. Ain- da teremos alguns grandes enigmas por explicar, como o porquê de objetos carregados exercerem forças atrativas sobre objetos neutros. Propriedades elétricas dos materiais Ainda temos de esclarecer como diferentes tipos de materiais respondem às cargas. Metal Metal Experimento 11 Esfera de metal adquire “carga do plástico.” Metal Plástico carregado Bastão que foi carregado Papel Esta esfera permanece neutra. Bastão de plástico Plástico carregado Esta esfera adquiriu “carga do plástico.” Metal Bastão de metal Metal Plástico carregado Eletrize um bastão de plástico friccionando-o com a lã. Encoste a área carregada do bastão a uma esfera de metal neutra. A esfera passará, agora, a atrair pequenos pedaços de papel, e a repelir o bastão de plástico suspenso que fora previamente carregado. A esfera de metal aparenta ter adquirido “carga do plástico”. Eletrize um bastão de plástico e, depois, passe seu dedo ao longo do mesmo. Após isso, o bastão não atrairá novamente os pequenos pedaços de papel ou não repelirá o bastão de plástico suspenso. Analogamente, a esfera de metal do Experimento 9 não repelirá mais o bastão de plástico após você tê-lo tocado com o dedo. Mantenha duas esferas de metal próximas uma da outra presas às extremidades de um bastão de plástico. Por fricção, eletrize um segundo bastão de plástico e o encoste a uma das esferas de metal. Após isso, a esfera de metal que foi tocada passará a atrair pequenos pedaços de papel e a repelir o bastão de plástico previamente carregado e suspenso. Com a outra esfera nada acontece. Repita o Experimento 11 com as duas esferas de metal agora presas às extremidades de um bastão metálico. Encoste um bastão de plástico carregado em uma das esferas de metal. Após isso, ambas as esferas de metal passarão a atrair pequenos pedaços de papel e a repe- lir o bastão de plástico previamente carregado e suspenso. Experimento 9 Experimento 10 Experimento 12 Descobrindo a eletricidade III 792 Física: Uma Abordagem Estratégica Nosso conjunto final de experimentos revelou que A carga pode ser ■ transferida de um objeto para outro, mas apenas quando os objetos se tocam. É necessário haver contato. O ato de remover a carga de um objeto, o que se pode fazer simplesmente tocando nele, é chamado de descarregamento. Há dois tipos ou duas classes de materiais com propriedades elétricas muito distin- ■ tas. Nós os chamamos de condutores e de isolantes. O Experimento 12, no qual é usado um bastão de metal, está em franco contraste com o Experimento 11. De alguma forma, a carga se move através ou ao longo de um bastão de metal, indo de uma esfera para outra, mas permanece fixa no seu lugar em um bastão de plástico ou de vidro. Vamos definir os condutores como aqueles materiais nos quais a carga pode se mover livremente, e os isolantes como aqueles materiais nos quais a carga permanece imóvel. O plástico e o vidro são isolantes; o metal é um condutor. Essa informação nos permite adicionar mais dois postulados ao nosso modelo de carga: MODELO DE CARGA, PARTE II 6. Há dois tipos de materiais. Os condutores são materiais através dos ou nos quais a carga pode facilmente se mover. Os isolantes são materiais através dos ou nos quais as cargas permanecem em locais fixos. 7. A carga pode ser transferida de um objeto para outro por contato. NOTA � Isolantes e condutores podem ser eletrizados. Eles diferem quanto à mobi- lidade da carga. � Não exaurimos o número de experimentos e de observações que ainda podemos ten- tar. As primeiras investigações científicas se depararam com estes e com muitos outros resultados. Além disso, muitos dos experimentos eram difíceis de reproduzir com boa precisão. Como podemos dar sentido a tudo isso? O modelo de carga parece promissor, todavia certamente não foi provado. Não explicamos ainda como os objetos carregados exercem forças atrativas sobre os objetos neutros, tampouco em que consiste a carga, como ela é transferida ou por que ela se move através de alguns objetos, e não, de outros. No entanto tiraremos vantagem da nossa visão retrospectiva histórica e continuaremos a nos dedicar a esse modelo. Nos exercícios propostos você irá praticar o emprego do modelo na explicação de outras observações. EXEMPLO 26.1 Transferindo carga No Experimento 12, tocar uma esfera de metal com um bastão de plástico carregado fez com que uma segunda esfera de metal adquiris- se o mesmo tipo de carga do bastão. Use os postulados do modelo de carga para explicar este fato. RESOLUÇÃO Precisamos das seguintes hipóteses do modelo de carga: 1. A carga é transferida por contato. 2. O metal é um condutor. 3. Cargas de mesmo tipo se repelem. O bastão de plástico foi carregado pela fricção com a lã. A carga não se move pelo bastão, pois ele é um isolante, mas uma parte da “carga do plástico” é transferida ao metal no contato. Uma vez no metal, que é um condutor, as cargas estão livres para se moverem através do material. Além disso, devido ao fato de que cargas iguais se repelem, as “cargas do plástico” rapidamente se afastam umas das outras o má- ximo possível. Algumas se movem através do bastão de metal para a segunda esfera. Conseqüentemente, a segunda esfera adquire “carga do plástico”. PARE E PENSE 26.1 Para determinar se um objeto tem “carga do vidro”, você necessita: a. Verificar se o objeto atrai um bastão de plástico carregado. b. Verificar se o objetorepele um bastão de vidro carregado. c. Fazer ambos, a e b. d. Fazer a ou b. CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 793 26.2 Carga Como você provavelmente sabe, os nomes dados atualmente aos dois tipos de carga são carga positiva e carga negativa. Talvez você se surpreenda ao saber que esses nomes fo- ram cunhados por Benjamin Franklin. Franklin descobriu que a carga se comporta como os números positivos e negativos. Se um bastão de plástico está carregado duplamente por fricção e transfere uma dupla carga para uma esfera de metal, as forças elétricas exercidas pela esfera serão dobradas. Ou seja, 2 � 2 � 4. Mas a esfera se encontra neu- tra após receber iguais quantidades da “carga do plástico” e da “carga do vidro”. Isso se parece com a operação 2 � (�2) � 0. Estes experimentos estabelecem uma importante propriedade da carga. Então, o que é positivo e o que é negativo? Isso depende apenas de nós! Franklin estabeleceu a convenção de que um bastão de vidro friccionado com seda torna-se carregado positivamente. É isso. Qualquer outro objeto que repila um bastão de vidro carregado também estará carregado positivamente. E qualquer objeto que atraia um bas- tão de vidro carregado estará carregado negativamente. Portanto, um bastão de plástico friccionado com lã torna-se carregado negativamente. Somente muito tempo depois disso, com a descoberta dos elétrons e dos prótons, foi verificado que os elétrons são atraídos por um bastão de vidro carregado, enquanto os prótons são repelidos por ele. Portanto, por convenção, os elétrons têm carga negativa, e os prótons, carga positiva. NOTA � Teria sido melhor se Franklin tivesse feito uma escolha oposta. Os elétrons são os formadores das correntes elétricas em metais, e a convenção de assinalar uma carga negativa para os elétrons irá apresentar futuramente algumas dificulda- des de sinal que poderiam ser evitadas se os elétrons fossem considerados como positivos. � Átomos e eletricidade Voltemos rapidamente ao século XXI. A teoria da eletricidade foi desenvolvida sem o conhecimento da existência dos átomos, mas não há razão para continuarmos a despre- zar essa parte importante de nossa perspectiva atual. Por enquanto, prosseguiremos sem demonstrar algumas das características importantes dos átomos e da matéria. Oportuna- mente você aprenderá as evidências experimentais que embasam tais afirmações. A FIGURA 26.1 mostra que todo átomo consiste de um núcleo muito pequeno e denso (diâmetro �10�14) circundado por elétrons, de massa muito menor do que o núcleo, or- bitando em torno do mesmo. As freqüências orbitais dos elétrons são tão grandes (�1015 revoluções por segundo) que os elétrons parecem formar uma nuvem eletrônica com diâ- metro �10�10 m, um fator 104 maior do que o núcleo. De fato, a dualidade onda-partícula da física quântica destrói qualquer noção de trajetória bem-definida para um elétron, e tudo o que nós sabemos sobre os elétrons é o tamanho e a forma da nuvem eletrônica. Experimentos realizados no fim do século XIX – experimentos que estudaremos na Parte VI – revelaram que os elétrons são partículas de carga negativa e de massa. O núcleo é uma estrutura composta, que consiste de prótons, que são partículas carregadas positivamente, e de nêutrons neutros. O átomo é mantido coeso pela força elétrica atra- tiva entre o núcleo positivo e os elétrons negativos. Uma das descobertas mais importantes é de que a carga, como a massa, é uma propriedade inerente de prótons e elétrons. É tão impossível haver um elétron despro- vido de carga quanto o mesmo existir sem massa. Tanto quanto podemos saber atual- mente, elétrons e prótons possuem cargas com sinais opostos e com exatamente o mes- mo valor absoluto. (Experimentos realizados com muito cuidado nunca revelaram diferenças.) Essa unidade de carga em nível atômico, chamada de unidade fundamental de carga, é representada pelo símbolo e. A Tabela 26.1 mostra as massas e as cargas de prótons e de elétrons. Precisamos definir uma unidade de carga, o que faremos na Seção 26.5, antes de especificarmos quanto vale a carga e. A conexão micro/macro Os elétrons e os prótons são as cargas básicas da matéria elementar. Conseqüente- mente, as várias observações feitas na Seção 26.1 precisam ser explicadas em termos de elétrons e de prótons. O núcleo, exagerado para visualização, contém prótons positivos. A nuvem eletrônica é carregada negativamente. FIGURA 26.1 Um átomo. TABELA 26.1 Prótons e elétrons Partícula Massa (kg) Carga Próton 1,67 � 10�27 �e Elétron 9,11 � 10�31 �e 794 Física: Uma Abordagem Estratégica NOTA � Elétrons e prótons são partículas da matéria. Seus movimentos são governa- dos pelas leis de Newton. Elétrons podem se mover de um objeto para outro quando os objetos estão em contato, mas nem elétrons e nem prótons podem saltar de um objeto para outro através do ar. Um objeto não se torna carregado simplesmente por ter sido colocado próximo a um objeto carregado. � A carga é representada pelo símbolo q (algumas vezes Q). Objetos macroscópicos como o bastão de plástico têm uma carga q � Np e – Ne e � (Np – Ne) e (26.1) onde Np e Ne são, respectivamente, o número de prótons e o número de elétrons contidos no objeto. A maioria dos objetos macroscópicos tem um número igual de prótons e elé- trons e, portanto, tem q � 0. Um objeto sem carga líquida (i.e., q � 0) é considerado eletricamente neutro. NOTA � Neutro não significa “sem cargas”, e sim, que não possui uma carga líquida. Um volume de 1 cm 3 de um sólido comum contém �1024 elétrons e um número igual de prótons. Trata-se de um número enorme de cargas, mas a maioria dos sólidos é eletrica- mente neutra ou muito próxima disso. Um bastão de vidro perde apenas �1010 elétrons quando é carregado por fricção. Isso corresponde a apenas 1 elétron em 10 14 . � Um objeto carregado contém um número desigual de prótons e de elétrons. Qualquer objeto estará positivamente carregado se Np � Ne. Ele é negativamente carregado se Np � Ne. Note que um objeto carregado possui uma carga que é sempre igual a um múltiplo inteiro de e, ou seja, a quantidade de carga de um objeto sofre variações pequenas, mas discretas, e não-contínuas. A isto se denomina quantização da carga. Na prática, os objetos adquirem carga positiva não por ganharem prótons, como se po- deria esperar, mas por perderem elétrons. Os prótons estão extremamente firmes e ligados ao interior do núcleo e não podem ser adicionados ou removidos do átomo. Os elétrons, por ou- tro lado, estão ligados mais frouxamente ao núcleo e podem ser removidos mais facilmente. O processo de remoção de um elétron da nuvem eletrônica é chamado de ionização. Um átomo que perdeu um elétron é chamado de íon positivo. Sua carga líquida é q � �e. Constatamos que alguns átomos podem acomodar um elétron extra e, portanto, se tornarem um íon negativo com uma carga líquida q � �e. Uma solução de água salgada é um bom exemplo. Quando o sal de cozinha (cloreto de sódio, NaCl) se dissolve na água, ele é separado em íons positivos de sódio, Na �, e íons negativos de cloro, Cl-. A FIGURA 26.2 mostra íons positivos e negativos. Todos os processos de eletrização que estudamos na Seção 26.1 envolveram atrito e fricção. As forças de atrito ocasionam quebras nas ligações moleculares da superfície enquanto os dois materiais passam um pelo outro. Moléculas são eletricamente neutras, mas a FIGURA 26.3 mostra que pode-se criar um íon molecular quando uma das ligações de uma molécula grande for quebrada. Os íons moleculares positivos permanecem em um material, e os negativos, no outro, de modo que um dos objetos que sofre a fricção fica com uma carga líquida positiva, e o outro, com uma carga líquida negativa. Essa é a maneira pela qual o bastão de plástico é carregado pelo atrito com a lã ou um pente é carregado ao passar através do seu cabelo. A eletrização por atrito, através de quebra de ligações, funciona melhorpara gran- des moléculas orgânicas. Isto explica não somente por que o plástico é eletrizado pela fricção com a lã, mas também as nossas experiências cotidianas, como a produção de “eletricidade estática” em uma secadora de roupas. Os metais geralmente não podem ser carregados por atrito. Conservação da carga e diagramas de carga Uma das importantes descobertas sobre a carga é a lei de conservação da carga: a carga não é criada nem destruída. Uma carga pode ser transferida de um objeto para outro, à me- dida que elétrons e íons se movem, mas a quantidade total de carga se mantém constante. Por exemplo, carregar um bastão de plástico por fricção com a lã transfere elétrons da lã para o plástico durante a quebra das ligações moleculares. A lã fica com uma carga positi- va de mesmo valor absoluto, porém de sinal contrário à carga do bastão: qlã � – qplástico. A carga líquida permanece nula. Íon positivo O átomo perdeu um elé- tron, ficando com uma carga líquida positiva. Íon negativo O átomo ganhou um elétron, ficando com uma carga líquida negativa. FIGURA 26.2 Íons positivos e negativos. Molécula eletricamente neutra Átomos Ligação Fricção Estas ligações foram quebradas pela fricção. Íon molecular positivo Íon molecular negativo Esta metade da molécula perdeu um elétron na quebra da ligação. Esta metade da molécula ganhou um elétron extra na quebra da ligação. FIGURA 26.3 A eletrização por fricção geralmente cria íons moleculares através da quebra das ligações. CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 795 Os diagramas serão uma importante ferramenta para entender e explicar cargas e for- ças sobre objetos carregados. Conforme você for usando os diagramas, será importante fazer uso explícito da conservação de carga. A quantidade líquida de sinais positivos e de sinais negativos desenhados no seu diagrama não deverá mudar conforme você os move. BOX TÁTICO 26.1 Desenhando diagramas de carga Faça um desenho da seção transversal bidimensional simplificada do objeto. Desenhe as cargas superfíciais bem próximas da superfície do objeto. Desenhe as cargas internas distribuídas uniformemente no interior do objeto. Represente apenas a carga líquida. Para objetos neutros, não se deve indicar cargas nem uma porção de sinais positivos ou negativos. Se você usar uma série de diagramas para explicar um processo, conserve a carga de um diagrama para o próximo. Exercícios 10–13 Estas referências são do Student Workbook, disponível, em inglês, apenas no mercado norte-americano. A FIGURA 26.4 mostra dois exemplos de diagramas de carga. O passo 5 se tornará mais claro à medida que o usarmos nos exemplos. O passo 4 é de especial importância. Por exemplo, um objeto positivamente carregado perdeu elétrons. Independentemente de como o objeto se torna eletrizado, o diagrama de carga deve trazer o sinal positivo. PARE E PENSE 26.2 Ordene em seqüência decrescente os valores das cargas de qa a qe destes cinco sistemas. Próton Elétron prótons elétrons prótons elétrons Bola de vidro que perdeu 3 elétrons. . . . 26.3 Isolantes e condutores Você aprendeu que existem duas classes de materiais quanto às suas propriedades elétri- cas: a dos isolantes e a dos condutores. É hora de examinar melhor esses materiais. A FIGURA 26.5 representa os interiores de um isolante e de um condutor metálico. Os elétrons do isolante estão todos fortemente ligados aos núcleos positivos e não são livres para se movimentar. Carregar um isolante por fricção deixa trechos da superfície com íons moleculares, mas tais íons são imóveis. Em metais, os elétrons atômicos externos (chamados de elétrons de valência em quí- mica) estão ligados apenas fracamente ao núcleo. Quando os átomos se aproximam para formar um sólido, estes elétrons se desprendem de seus núcleos de origem e tornam-se livres para se mover através do sólido inteiro. O sólido, como um todo, permanece eletri- camente neutro porque nenhum elétron foi adicionado ou removido durante o processo; todavia, agora os elétrons se parecem com um gás ou um líquido negativamente carrega- do – o que os físicos gostam de denominar mar de elétrons – que permeia uma rede de caroços iônicos positivamente carregados. A conseqüência imediata dessa estrutura é que os elétrons são altamente móveis em um metal. Eles podem, rápida e facilmente, se mover através do metal em resposta a forças elétricas exercidas. O movimento de cargas através de um material é o que cha- mamos de corrente, e as partículas com carga que realmente se movem são chamadas de portadores de carga. Em um metal, os portadores de carga são os elétrons. Os metais não são os únicos condutores que existem. As soluções iônicas, como a água salgada, também são bons condutores. Mas os portadores de carga em uma solução iônica são íons, e não, elétrons. Manteremos nossa atenção sobre os condutores metáli- cos devido à sua importância nas aplicações elétricas. Seção transversal de um condutor carre- gado positivamente. Seção transversal de um isolante carregado negativa- mente. A carga líquida positiva está espa- lhada internamente próxima à superfície. A carga líquida negativa está imóvel sobre a superfície. FIGURA 26.4 Diagramas de carga. Isolante Elétrons do caroço Elétrons de valência Núcleo Os elétrons de valência estão fortemente ligados. Metal Íons positivos do caroço Os elétrons de valência formam um “mar de elétrons”. FIGURA 26.5 Uma visão microscópica dos isolantes e condutores. 796 Física: Uma Abordagem Estratégica Eletrização Os isolantes, em geral, podem ser eletricamente carregados por atrito. Os diagramas de carga da FIGURA 26.6 mostram que a carga do bastão está na superfície do mesmo e que a carga é conservada. A carga sobre o bastão é imóvel. Ela pode ser transferida para outro objeto por contato, mas não se move através do bastão. Friccione o bastão de plástico com um pedaço de lã. Lã Plástico Este lado continua neutro. Cargas negativas estão imóveis sobre a superfície do bastão. A carga positiva da lã é de mesmo valor absoluto que a carga negativa sobre o bastão. FIGURA 26.6 Um bastão isolante é carregado por atrito. Os metais geralmente não podem ser eletrizados por atrito, mas o Experimento 9 mostra que uma esfera de metal pode ser eletricamente carregada por contato com um bastão de plástico. A FIGURA 26.7 mostra um desenho explicativo do processo. A idéia essencial é que, em um condutor, os elétrons são livres para se mover pelo material. Uma vez que a carga tenha sido transferida para o metal, as forças repulsivas entre as cargas negativas farão com que os elétrons se afastem uns dos outros. Note que os novos elétrons adicionados não precisam se mover para os cantos dis- tantes do objeto metálico. Devido às forças repulsivas, os novatos simplesmente “empur- ram” o mar inteiro de elétrons para o lado. Em um tempo extremamente curto, geralmen- te menor do que 10 �9 s, o mar de elétrons se ajusta à presença da carga adicionada. Para fins práticos, um condutor responde instantaneamente à adição ou à subtração de carga. A não ser pelo breve intervalo de tempo durante o qual o mar de elétrons está se ajus- tando, as cargas em um condutor isolado encontram-se em equilíbrio estático, ou seja, as cargas estão em repouso e não há força resultante exercida sobre qualquer carga. Essa condição é chamada de equilíbrio eletrostático. Se houvesse uma força resultante sobre qualquer uma das cargas, ela iria rapidamente se mover para um ponto de equilíbrio no qual a força voltasse a ser nula. O equilíbrio eletrostático tem uma conseqüência importante: Em um condutor isolado, qualquer excesso de carga está localizado sobre a superfície do condutor. Para ilustrar isso, suponha que exista um elétron em excesso no interior de um condutor isolado. O elétron extra irá desequilibrar a neutralidade elétrica do interior, exercendo forçassobre os elétrons próximos e fazendo com que se movam. Mas tal movimento violaria a hipótese de equilíbrio estático; logo, somos forçados a concluir que não pode haver elétrons em excesso no interior de um condutor isolado. Qualquer excesso de elétrons causará repul- sões que os empurrarão para longe uns dos outros até que todos estejam na superfície. EXEMPLO 26.2 Carregando um eletroscópio Muitas demonstrações em eletricidade são feitas com o auxílio de um eletroscópio como o mostrado na FIGURA 26.8. Tocar a esfera do topo de um eletroscópio com um bastão de plástico carregado faz com que as folhas se afastem, mantendo um ângulo entre elas. Use os diagra- mas de carga para explicar por quê. FIGURA 26.8 Um eletroscópio carregado. Esfera de metal Caixa de vidro para isolar as folhas Haste metálica Folhas de ouro muito finas Carregar o eletroscópio faz com que as folhas de ouro se repilam. Plástico Metal A carga é transferida para o metal durante o contato. Essas cargas se repelem. Muito rápido As cargas se espalham sobre a superfície do metal. FIGURA 26.7 Um condutor é carregado por contato com um bastão de plástico eletrizado. CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 797 MODELO Usaremos o modelo de carga e o modelo de um condutor como um material através do qual os elétrons podem se mover. VISUALIZE A FIGURA 26.9 usa uma série de diagramas de carga para mostrar o processo de eletrização de um eletroscópio. Plástico Eletroscópio 1. Cargas negativas (i.e., elétrons) são transferidas do bastão para a esfera de metal durante o contato. Muito rápido 2. O metal é um condutor. Portanto, a carga se espalha rapidamente através de todo o eletroscópio. 3. As cargas de mesmo tipo se repelem. As cargas negativas nas folhas exercem forças repulsivas umas sobre as outras, fazendo com que se afastem. F F FIGURA 26.9 Processo pelo qual um eletroscópio é carregado. Descarregamento A água pura está longe de ser um bom condutor, mas quase toda água contém uma va- riedade de minerais dissolvidos que flutuam entre os íons. O sal de cozinha, conforme citamos anteriormente, se separa em íons Na � e Cl �. Eles são os portadores de carga, permitindo que a água salgada seja um bom condutor. Uma grande parte do corpo humano consiste de água salgada. Conseqüentemente, e ocasionalmente de forma trágica, os humanos são condutores razoavelmente bons. Este fato nos permite entender por que, ao tocar em um objeto carregado, nós o descarrega- mos como descrito no Experimento 10. A FIGURA 26.10 mostra uma pessoa que toca um metal positivamente carregado que perdeu elétrons. Ao contato, alguns dos íons negati- vos Cl � sobre a superfície da pele transferem seu elétron extra para o metal, tornando ambos neutros, o metal e o átomo de cloro. Isso deixa o corpo com um excesso de íons positivos Na � e, portanto, uma carga líquida positiva. Como em qualquer condutor, as cargas positivas em excesso se afastam o máximo possível umas das outras, espalhando- se rapidamente sobre a superfície do condutor. Tocar em um metal carregado resulta em que, juntos, ele e o corpo humano condu- tor se tornam um único condutor maior do que o metal sozinho. Qualquer excesso de carga que estiver inicialmente confinado no metal poderá, agora, se espalhar sobre o grande condutor metal � corpo humano. Isso pode não descarregar totalmente o metal, mas, em circunstâncias típicas, onde o corpo humano é muito maior do que a amostra de metal, a carga residual que permanece no metal é muito menor do que a quantidade de carga original. Para a maioria das aplicações práticas, o metal está descarregado. Em essência, dois condutores em contato “repartem” a carga que originalmente pertencia a apenas um deles. O ar úmido é um condutor, mas um mau condutor. Objetos carregados expostos ao ar perdem lentamente sua carga à medida que o objeto a divide com o ar. A própria Terra é um gigantesco condutor devido à água, à umidade do ar e a uma variedade de íons – claro, não um condutor tão bom quanto um pedaço de cobre, mas sem dúvida um con- dutor. Qualquer objeto que esteja fisicamente conectado à Terra através de um condutor é considerado como aterrado. O efeito do aterramento é que o objeto reparte qualquer excesso de carga que possua com a Terra inteira! Mas a Terra é tão grande que qualquer condutor conectado a ela estará completamente descarregado. A finalidade de aterrar objetos, tais como circuitos e eletrodomésticos, é impedir acúmulos de carga sobre os mesmos. Como você verá adiante, o aterramento tem o efeito de impedir o surgimento de uma diferença de voltagem entre o objeto e o solo. O terceiro pino existente nos plugues de eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos tem a finalidade de conector o dispositivo à Terra. A fiação de uma construção conec- ta fisicamente o terceiro pino do plugue para dentro do solo, em algum lugar externo à construção, geralmente ligado a um cano de metal enterrado profundamente no solo. Metal Cargas espalhadas através do sistema humano + metal. Poucas cargas restam no metal. FIGURA 26.10 Encostar em um metal carregado o descarrega. 798 Física: Uma Abordagem Estratégica Polarização da carga Fizemos grandes avanços ao aprender como a estrutura atômica da matéria pode explicar os processos de carga e as propriedades dos isolantes e dos condutores. Entretanto, uma observação da Seção 26.1 ainda necessita de explicação. Como objetos com cargas de sinais quaisquer exercem forças atrativas sobre um objeto neutro? Para começar a responder à questão, consideremos um condutor neutro. A FIGURA 26.11 mostra um bastão positivamente carregado mantido próximo – mas sem o tocar – a um eletroscópio neutro. As folhas se afastam e se mantêm afastadas enquanto o bastão for mantido próximo, mas rapidamente descem para suas posições normais quando o bastão é removido. Podemos compreender esse comportamento? Podemos, sim, e a FIGURA 26.12a mostra como. Embora o metal como um todo ainda esteja eletricamente neutro, dizemos que o objeto foi polarizado. A polarização da car- ga consiste em uma leve separação das cargas positivas e negativas em um objeto neutro. A polarização da carga produz um excesso de cargas positivas nas folhas do eletroscó- pio mostrado na FIGURA 26.12b, de modo que elas se repelem. Mas, devido ao fato de o eletroscópio não possuir uma carga líquida, o mar de elétrons rapidamente se reajustará uma vez que o bastão seja removido. (a) O mar de elétrons é atraído para o bastão e se separa, de modo que surge um excesso de carga negativa próximo à superfície. Bastão positivo Metal Um déficit de elétrons – uma carga líquida positiva – é criado na superfície mais afastada. A carga líquida do metal ainda é nula, mas ele foi polarizado pelo bastão carregado. (b) O eletroscópio está polarizado pelo bastão carregado. O mar de elétrons é deslocado em direção ao bastão positivo. Embora a carga líquida do eletroscópio continue nula, as folhas estão com excesso de carga positiva e se repelem. FIGURA 26.12 Um bastão carregado polariza um metal. Por que nem todos os elétrons na Figura 26.12a vão para o lado carregado positivamen- te? Uma vez que o mar de elétrons se desvia ligeiramente, os íons positivos estacionários começam a exercer uma força restauradora, que puxa os elétrons de volta para a direita. A posição de equilíbrio para o mar de elétrons está suficientemente deslocada para a esquerda para que as forças exercidas pelas cargas externas e pelos íons positivos estejam equilibra- das. Na prática, o deslocamento do mar de elétrons é geralmente menor do que 10�15 m! A polarização da carga explica não somente por que as folhas do eletroscópio se defletem, mas também como um objeto carregado exerce uma força atrativa sobre um objeto neutro. A FIGURA 26.13 mostra um bastão carregado positivamente próximoa um pedaço de metal neutro. Uma vez que a força elétrica diminui com a distância, a força atrativa sobre os elétrons no topo da superfície é levemente maior do que a força repulsiva dos íons no fundo. A força resultante orientada para o bastão carregado é chamada de for- ça de polarização. As forças de polarização surgem por causa da separação de cargas no metal, e não, porque o bastão e o metal estão carregados com cargas de sinais opostos. 1. O bastão carregado polariza o metal neutro, fazendo com que a superfície de cima fique negativa, e a superfície de baixo, positiva. 2. O bastão exerce uma força atrativa, orientada para cima, sobre o excesso de elétrons na superfície superior. 3. O bastão também exerce uma força repulsiva, orientada para baixo, sobre o excesso de íons positivos do caroço na superfície inferior. 4. Como a força elétrica diminui com a distância, F topo � F fundo . Portanto, há uma força resultante sobre o metal neutro, orientada para cima, que o atrai para o bastão positivo! res topo fundo FIGURA 26.13 A força de polarização em um pedaço de metal neutro deve-se à pequena separação de cargas. Aproxime um bastão de vidro positivamente carregado de um eletroscópio, sem tocar a esfera. O eletroscópio está neutro, mas as folhas se repelem. Por quê? FIGURA 26.11 Um bastão carregado mantido perto de um eletroscópio faz as folhas do mesmo se repelirem mutuamente. As partículas de tinta de uma máquina fotocopiadora grudam-se a gotas portadoras eletrizadas devido a uma força de polarização. Em seguida, as partículas de tinta são transferidas para áreas previamente eletrizadas de uma folha de papel, produzindo, assim, uma fotocópia da imagem. CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 799 Um bastão negativamente carregado irá empurrar o mar de elétrons para longe de si, polarizando o metal com cargas positivas na superfície superior, e cargas negativas, na inferior. Mais uma vez, essas são as condições para que a carga exerça uma força resul- tante atrativa sobre o metal. Assim, nosso modelo de carga explica como um objeto carregado de sinal qualquer atrai pequenos pedaços metálicos neutros. O dipolo elétrico Agora vamos considerar uma situação um pouco mais complicada. Por que um bastão carregado atrai papel, que é um isolante, e não, um metal? Primeiro considere o que ocorre quando um átomo é aproximado de uma carga positiva. Como mostra a FIGURA 26.14a, a carga polariza o átomo. A nuvem eletrônica não se afasta muito, pois a força do núcleo positivo a puxa de volta, entretanto o centro de carga positiva e o centro de carga negativa estão levemente separados. (a) Em um átomo isolado, a nuvem eletrônica está centrada no núcleo. Força resultante sobre o átomo Força sobre os elétrons Força sobre o núcleo Carga externa Centro de carga negativa Centro de carga positiva O átomo é polarizado por cargas externas, gerando um dipolo elétrico. (b) Cargas externas Força resultante Força resultante Dipolos elétricos podem ser criados por cargas positivas ou negativas. Em ambos os casos, há uma força resultante atrativa que aponta para a carga externa. FIGURA 26.14 Um átomo neutro é polarizado por uma carga externa, dando origem a um dipolo elétrico. Duas cargas opostas com uma pequena separação entre si formam, então, o que cha- mamos de dipolo elétrico. A FIGURA 26.14b mostra que uma carga externa de sinal qual- quer polariza o átomo, dando origem a um dipolo elétrico com o lado adjacente de sinal oposto ao da carga. (A distorção real em relação a uma esfera perfeita é minúscula, nada comparada à distorção ilustrada na figura.) A força atrativa no lado do dipolo próximo à carga é ligeiramente maior do que a força repulsiva no lado oposto, pois aquele lado está mais próximo à carga externa. A força resultante, uma força atrativa entre a carga e o átomo, constitui outro exemplo de força de polarização. Um isolante não contém o mar de elétrons que se desloca se uma carga externa for aproximada dele. Em vez disso, conforme mostra a FIGURA 26.15, todos os átomos indi- viduais do isolante tornam-se polarizados. A força de polarização exercida sobre cada átomo dá origem a uma força de polarização resultante orientada para a carga externa. Isto resolve o quebra-cabeça. Um bastão carregado atrai pedaços de papel porque ele Polariza os átomos do papel, ■ E, deste modo, exerce uma força de polarização atrativa sobre cada átomo. ■ Isto é importante. Tenha certeza de ter entendido todos os passos do raciocínio. PARE E PENSE 26.3 Um eletroscópio é positivamente carregado por contato com um bastão de vidro positivamente carregado. As folhas do eletroscópio se separam, e, depois, o bastão de vidro é removido. Em seguida, um bastão de plástico negativamente carregado é aproximado da parte superior do eletroscópio, mas sem fazer contato. O que acontece com as folhas? a. As folhas se aproximam. b. As folhas se afastam ainda mais. c. Uma das folhas se move para cima, e outra, para baixo. d. As folhas não se movem. As forças intramoleculares que dão forma as moléculas biológicas, como esta proteína, estão relacionadas às forças de polarização. Átomos polarizados Carga externa Isolante Força resultante FIGURA 26.15 Os átomos de um isolante são polarizados por uma carga externa. 800 Física: Uma Abordagem Estratégica Eletrização por indução A polarização da carga é responsável por uma maneira interessante e contra-intuitiva de carregar um eletroscópio. A FIGURA 26.16 mostra um bastão de vidro positivamente carregado que é mantido próximo a um eletroscópio, sem tocá-lo, enquanto uma pessoa encosta um dedo no aparelho. Ao contrário do que acontece na Figura 26.11, as folhas do eletroscópio não se movem. Sem contato 1. O bastão carregado polariza o eletroscópio e a pessoa condutora. As folhas se repelem ligeiramente por causa da polarização do eletroscópio, mas ele, como um todo, contém um excesso de elétrons, enquanto na pessoa existe um déficit de elétrons. 2. A carga negativa do eletroscópio é isolada quando o contato é rompido. 3. Quando o bastão é removido, primeiro as folhas colapsam à medida que a polarização desaparece e, depois, passam a se repelir enquanto o excesso negativo de carga se espa- lha pelo aparelho. O eletroscópio termina carregado negativamente. F F FIGURA 26.16 Eletrização por indução. A polarização da carga ocorre como descrito na Figura 26.11, mas, desta vez, no grande sistema eletroscópio � pessoa condutora. Se a pessoa remover o dedo en- quanto o sistema estiver polarizado, o eletroscópio ficará com uma carga resultante negativa, e a pessoa, com uma carga resultante positiva. Por um processo chamado de eletrização por indução, o eletroscópio tornou-se carregado com uma carga oposta à do bastão. 26.4 A lei de Coulomb As últimas seções estabeleceram um modelo de cargas e de forças elétricas. O modelo é muito bom para explicar fenômenos elétricos e fornece uma visão geral da eletricidade. Agora precisamos torná-lo quantitativo. O Experimento 4 da Seção 26.1 mostrou que a força elétrica aumenta para objetos que possuem maiores cargas e diminui quando os objetos carregados são afastados. A lei de força que descreve este comportamento é co- nhecida como lei de Coulomb. Charles Coulomb foi um dos muitos cientistas que investigaram a eletricidade no século XVIII. Coulomb teve a idéia de estudar as forças elétricas utilizando um arranjo experimental com uma balança de torção com o qual Cavendish havia medido o valor da constante gravitacional G (ver Seção 13.4). Foi muito difícil realizar o experimento. As massas que Cavendish usara podiam ser colocadas nas suas posições sem sofrerem alterações posteriores, ao passo que Coulomb, de vez em quando, tinha de recarregar as extremidadesde sua balança. Como ele conseguiu tornar isso reprodutível? Como Cou- lomb podia saber que os dois objetos haviam sido “igualmente carregados”? Como ele podia ter certeza do lugar onde a carga estava localizada? A despeito desses obstáculos, em 1785 Coulomb comunicou que a força elétrica obedece a uma lei do inverso do quadrado, análoga à lei de Newton da gravitação. His- toriadores da ciência ainda debatem se Coulomb realmente descobriu essa lei a partir dos seus dados obtidos ou se, talvez, tirou conclusões não-justificadas porque desejava que a sua descoberta rivalizasse com a do grande Newton. Entretanto, a descoberta de Coulomb ou sua feliz intuição, seja qual for, foi confirmada subseqüentemente, e a lei básica da eletricidade leva hoje o seu nome. Uma reprodução do século XIX da balança de torção de Coulomb. CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 801 LEI DE COULOMB: 1. Se duas partículas eletrizadas com cargas q1 e q2 estão afastadas uma da outra por uma distância r, as partículas exercem entre si forças de módulo dado por (26.2) onde a constante K é chamada de constante eletrostática. Essas forças consti- tuem um par ação/reação, tendo mesmo módulo e orientações opostas. 2. As forças estão orientadas ao longo de uma reta que passa pelas duas partículas. Elas são forças repulsivas para cargas de mesmo sinal e atrativas para cargas de sinais opostos. Às vezes falamos em “a força entre a carga q1 e a carga q2”; todavia, devemos ter sempre em mente que, de fato, estamos lidando com objetos carregados que também possuem massa, tamanho e outras propriedades. A carga não é uma entidade imaterial que existe independentemente da matéria. A lei de Coulomb descreve as forças entre partículas carregadas, que também chamamos de cargas puntiformes. Uma partícula carregada, o que constitui uma extensão do modelo de partícula usado na Parte I, possui uma massa e uma carga, mas não, um tamanho. A lei de Coulomb se parece muito com a lei de Newton da gravitação, mas há uma importante diferença: a carga q pode ser tanto negativa quanto positiva. Conseqüente- mente, os valores absolutos dos sinais na Equação 26.2 são de especial importância. A primeira parte da lei de Coulomb fornece tão somente a intensidade (módulo) da força, uma grandeza que é sempre positiva. A orientação da força deve ser determinada a partir da segunda parte da lei. A FIGURA 26.17 representa as forças entre diferentes combinações de cargas positivas e negativas. Unidades de carga Coulomb não dispunha de uma unidade de carga, portanto não foi capaz de determinar o valor da constante K, que depende tanto da unidade usada para a distância quanto da unidade de carga. A unidade SI para a carga, o coulomb (C), é derivada da unidade SI de corrente, de modo que teremos de esperar até o estudo da corrente, no Capítulo 31, antes de definir o coulomb precisamente. Por ora, faremos apenas a observação de que a unidade fundamental de carga e foi medida como tendo o valor e � 1,60 � 10�19 C Trata-se de uma quantidade muito pequena de carga. Dito de outra forma, 1 C é a carga total de aproximadamente 6,25 � 10 18 prótons. NOTA � As quantidades de carga produzidas por atrito em bastões de plástico ou de vidro têm valores tipicamente na faixa de 1 nC (10 �9 C) a 100 nC (10�7 C). Isto corres- ponde a excessos ou a déficits de aproximadamente 10 10 a 10 12 elétrons nos objetos. � Uma vez que a unidade de carga esteja estabelecida, experimentos como os de Cou- lomb, com a balança de torção, podem ser usados para medir o valor da constante ele- trostática K. Em unidades do SI, K � 8,99 � 109 N m2/C2 Costuma-se arredondar K por 9,0 � 109 N m2/C2 em tudo, exceto para cálculos extrema- mente precisos, e assim o faremos. Surpreendentemente, veremos que a lei de Coulomb não é usada explicitamente na maior parte da teoria da eletricidade. Embora ela seja a lei de força básica, a maioria de nossas discussões e cálculos futuros serão baseados em entidades físicas chamadas de campos e potenciais. Tornar-se-á evidente que cálculos futuros serão mais fáceis de efetuar se expressarmos a lei de Coulomb em uma forma um pouco mais complicada. Vamos definir uma nova constante, chamada de constante de permissividade �0 (pro- nunciada “épsilon zero”), como Duas cargas positivas 2 sobre 1 1 sobre 2 Duas cargas negativas 2 sobre 1 1 sobre 2 Cargas opostas 2 sobre 1 1 sobre 2 FIGURA 26.17 Forças atrativas e repulsivas entre cargas. 802 Física: Uma Abordagem Estratégica Reescrevendo a lei de Coulomb em termos de �0, temos (26.3) Será mais fácil utilizar a lei de Coulomb diretamente com a constante eletrostática K. Entretanto, nos capítulos posteriores iremos trocar para a segunda versão com �0. Usando a lei de Coulomb A lei de Coulomb é uma lei de força, e forças são grandezas vetoriais. Já se passaram muitos capítulos desde que fizemos uso de vetores e de soma vetorial, mas essas técnicas matemáticas serão essenciais para o nosso estudo da eletricidade e do magnetismo. Tal- vez você deva revisar a soma de vetores no Capítulo 3. Há três observações importantes a fazer com relação à lei de Coulomb: 1. A lei de Coulomb se aplica somente a cargas puntiformes. Uma carga puntiforme é um objeto idealizado dotado de carga e massa, mas sem extensão ou tamanho. Para fins práticos, objetos carregados podem ser considerados como cargas punti- formes se forem muito menores do que a separação entre eles. 2. Estritamente falando, a lei de Coulomb se aplica somente à eletrostática, a força elétrica entre cargas em repouso. Na prática, a lei de Coulomb é uma boa apro- ximação para a força elétrica entre cargas em movimento se a velocidade relativa entre ambas for muito menor do que a velocidade da luz. 3. Forças elétricas, como outras forças, podem ser superpostas. Se estiverem presen- tes múltiplas cargas 1, 2, 3..., a força elétrica resultante sobre a carga j, devida a todas outras cargas, é (26.4) onde cada uma das é dada pela Equação 26.2 ou 26.3. Essas condições formam a base da estratégia para o emprego da lei de Coulomb na resolução de problemas sobre forças eletrostáticas. ESTRATÉGIA PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 26.1 Forças eletrostáticas e a lei de Coulomb MODELO Identifique as cargas puntiformes ou os objetos que possam ser considera- dos como cargas puntiformes. VISUALIZAÇÃO Faça uma representação pictórica para estabelecer o sistema de coor- denadas, indique as posições das cargas, represente os vetores força sobre as cargas, defina as distâncias e os ângulos relevantes e identifique o que o problema pede para determinar. Este é o processo de transformação de palavras em símbolos. RESOLUÇÃO A representação matemática é baseada na lei de Coulomb: Indique as orientações das forças – repulsivas para cargas de mesmo sinal, atra- ■ tivas para cargas de sinais opostos – na representação pictórica. Quando possível, mostre graficamente a soma vetorial na representação ilustra- ■ da. Mesmo não sendo exato, o desenho lhe indicará que tipo de resposta se deve esperar. Escreva cada vetor força em termos de seus componentes ■ x e y e, depois, some os componentes a fim de obter a força resultante. Use a representação pictórica para determinar qual componente é positivo e qual é negativo. AVALIAÇÃO Verifique se seu resultado está expresso nas unidades corretas, se é coe- rente e se responde à questão. 11.1–11.3 CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 803 EXEMPLO 26.3 A soma de duas forças Duas partículas carregadas com �10 nC estão separadas por 2 cm sobre o eixo x. Qual é a força resultante sobre uma partícula de �1,0 nC posicionada no ponto médio da distância entre elas? Qual será a força resultante se a partícula da direita for substituída por outra, com �10 nC de carga? MODELO Considere as partículas carregadas como cargas puntiformes. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 26.18 define o sistema de coordenadas a ser usado erepresenta as forças e . F2 sobre 3 F2 sobre 3 Fres = 0 F1 sobre 3 F1 sobre 3 Fres q1 q1 q3 q3 q2 q2 0 1 2 0 1 2 x (cm) x (cm) FIGURA 26.18 Uma representação pictórica das cargas e forças. RESOLUÇÃO Forças elétricas são vetores, e a força resultante sobre q3 é a soma vetorial res � 1 sobre 3 � 2 sobre 3. Cada uma das cargas q1 e q2 exerce uma força repulsiva sobre q3, mas elas são de mesmo mó- dulo e de sentidos opostos. Conseqüentemente, res � . A situação mudará se q2 for negativa. Neste caso, as duas forças terão mesmo módulo e mesma orientação, apontando ambas no mesmo sentido, de modo que res � 2 1 sobre 3. O módulo da força é dado pela lei de Coulomb: Portanto, a força resultante sobre a carga de 1,0 nC é . AVALIAÇÃO Este exemplo ilustra a idéia importante de que as forças elétricas são vetores. EXEMPLO 26.4 O ponto de força nula Duas partículas positivamente carregadas com q1 e q2 � 3q1 estão afastadas uma da outra por 10 cm. Onde (excetuando-se o infinito) pode ser colocada uma terceira carga q3 de forma que ela experimente uma força resultante nula? MODELO Considere as partículas carregadas como cargas puntiformes. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 26.19 define o sistema de coordenadas usado, em que q1 está na origem. Primeiro, precisamos identificar a região do espaço na qual q3 deve ser posicionada. Não temos informação acerca do sinal de q3, portanto aparentemente a posição pela qual procura- mos funcionará para qualquer sinal. Você pode ver pela figura que, no ponto A, acima do eixo, e no ponto B, além das cargas, as forças não podem se cancelar. Entretanto, no ponto C sobre o eixo x, na região entre as cargas, as duas forças possuem sentidos opostos. 2 sobre 3 1 sobre 3 2 sobre 3 1 sobre 3 2 sobre 3 1 sobre 3 Somente se q 3 estiver em algum lugar do segmento de reta que liga q 1 a q 2 é que as forças podem se somar e dar um resultado nulo. FIGURA 26.19 Representação pictórica das cargas e das forças RESOLUÇÃO O problema matemático é determinar a posição para a qual as forças 1 sobre 3 e 2 sobre 3 possuem módulos iguais. Se x for a distância dessa posição em relação a q1, sua posição em relação a q2 será, então, d � x. As intensidades (módulos) das forças são As cargas q1 e q2 são positivas e não é preciso tomar seus módulos. Igualando as duas forças, obtemos O termo Kq1|q3| é cancelado. Multiplicando por x 2 (d – x)2, encontra- mos o que pode ser rearranjado na forma da equação quadrática onde usamos d � 10 cm e x está em cm. As soluções para a equação são x � �3,66 cm e �13,66 cm Ambos correspondem a pontos onde as intensidades (módulos) das duas forças são iguais, todavia x � � 13,66 cm corresponde a um pon- to onde os módulos são iguais e apontam no mesmo sentido. A solução pela qual procuramos, correspondente a uma carga puntiforme posicio- nada entre as cargas, é x � 3,66 cm. Portanto, o ponto onde colocar q3 situa-se a 3,66 cm de distância de q1, ao longo da linha que une q1 e q2. AVALIAÇÃO A carga q1 é menor do que q2, portanto esperamos que o pon- to no qual as forças se equilibram esteja mais próximo de q1 do que de q2. A solução parece plausível. Note que o enunciado do problema não define o sistema de coordenadas; assim, “x � 3,66 cm” não é uma res- posta aceitável. Você precisa descrever a posição em relação a q1 e q2. 804 Física: Uma Abordagem Estratégica EXEMPLO 26.5 Três cargas Três partículas carregadas com q1 � – 50 nC, q2 � � 50 nC e q3 � � 30 nC são colocadas nos cantos do re- tângulo de 5,0 cm � 10,0 cm mos- trado na FIGURA 2620. Qual é a força resultante sobre a carga q3 devida às duas outras cargas? Expresse sua res- posta em módulo e orientação. MODELO Considere as partículas car- regadas como cargas puntiformes. VISUALIZAÇÃO A representação pictóri- ca da FIGURA 26.21 define o sistema de coordenadas a ser usado. As cargas q1 e q2 são de sinais opostos, portanto o vetor força 1 sobre 3 corresponde a uma força atrativa orientada para q1. As cargas q2 e q3 são de mesmo sinal, portanto o vetor 2 sobre 3 corresponde a uma força repulsiva que tende a afastar q3 de q2. As cargas q1 e q2 têm módulos iguais, mas 2 sobre 3 foi desenhado com um comprimento menor do que o de 1 sobre 3 porque q2 está mais distante de q3. A soma vetorial foi usada para desenhar o vetor força resultante 3 e para definir o ângulo. F2 sobre 3 F1 sobre 3 q3 F3 5,0 cm y q1 q2 10,0 cmr23 r13 x FIGURA 26.21 Uma representação pictórica para as cargas e forças. RESOLUÇÃO A questão pede por uma força, então nossa resposta será o vetor soma 3 � 1 sobre 3 � 2 sobre 3. Precisamos escrever 1 sobre 3 e 2 sobre 3 em função dos componentes correspondentes. O módulo da força 1 sobre 3 pode ser determinado através da lei de Coulomb: onde usamos r13 � 10,0 cm. A representação pictórica mostra que 1 sobre 3 aponta para baixo, no sentido negativo de y; logo, Para calcular 2 sobre 3 primeiro precisamos da distância r23 entre as cargas Portanto, o módulo de 2 sobre 3 é Isto é apenas a intensidade. O vetor 2 sobre 3 é onde o ângulo � é definido na figura e o sinal (componente x negativo e componente y positivo) foi determinado a partir da representação pictórica. Da geometria do retângulo, Portanto, . Agora podemos adicionar 1 sobre 3 e 2 sobre 3 para obter Esta poderia ser uma resposta aceitável para muitos problemas, mas às vezes precisamos da força resultante dada em intensidade (módulo) e orientação. Com o ângulo � definido conforme a figura, temos Portanto abaixo do eixo x negativo). AVALIAÇÃO As forças não são grandes, mas são forças típicas da eletrostática. Mesmo assim, veremos logo adiante que tais forças podem produzir grandes acelerações porque as massas dos objetos carregados sobre os quais elas são exercidas são geralmente muito pequenas. � � , , � �� � FIGURA 26.20 As três cargas do Exemplo 26.5. EXEMPLO 26.6 Erguendo uma conta de vidro Uma pequena esfera de plástico carregada com �10 nC está suspensa 1 cm acima de uma pequena conta de vidro que se encontra em repou- so sobre uma mesa. A conta tem massa de 15 mg e carga de �10 nC. A conta de vidro saltará para cima, em direção à esfera de plástico? MODELO Conside a esfera de plástico e a conta de vidro como cargas puntiformes. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 26.22 define o eixo y, identifica a esfera plás- tica por q1 e a conta de vidro por q2 e mostra o diagrama de corpo livre correspondente. CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 805 Plástico Vidro 1 sobre 2 �, FIGURA 26.22 Uma representação pictórica para as cargas e as forças. RESOLUÇÃO Se F1 sobre 2 for menor do que o módulo da força gravitacio- nal FG � mconta g, então a conta permanecerá em repouso sobre a mesa com 1 sobre 2 � G � . Mas se F1 sobre 2 for maior do que mconta g, a conta de vidro será acelerada para cima em relação à mesa. Usando os valores fornecidos, temos Como F1 sobre 2 é maior do que mconta g por um fator igual a 60, a conta de vidro saltará. AVALIAÇÃO Os valores usados no exemplo são realistas para esferas com diâmetro � 2 mm. Em geral, como no exemplo, as forças elé- tricas são significativamente maiores do que as gravitacionais. Con- seqüentemente podemos desprezar a gravidade quando trabalharmos em problemas sobre força elétrica, a menos que as partículas tenham massas grandes. PARE E PENSE 26.4 As esferas carregadas A e B exercem entre si forças repulsivas. Sabemos que qA � 4 qB. Qual das afirmações abaixo é ver- dadeira? a. FA sobre B � FBsobre A b. FA sobre B � FBsobre A c. FA sobre B � FBsobre A 26.5 O modelo de campo Como a gravidade, as forças elétricas e as forças magnéticas são forças de ação a dis- tância. Não é necessário haver contato para que uma partícula carregada exerça uma força sobre outra partícula carregada. De alguma maneira, a força se transmite através do espaço. O conceito de ação a distância causou grande preocupação a muitos dos princi- pais pensadores da época deNewton após a publicação da sua teoria da gravitação. Eles acreditavam que a força deveria ter algum mecanismo por meio do qual ela fosse exerci- da a distância, e a idéia de ação a distância sem um mecanismo aparente estava além do que muitos cientistas da época poderiam aceitar. Todavia, eles não podiam questionar o sucesso da teoria de Newton. O grande prestígio e sucesso de Newton mantiveram as dúvidas e as reservas dos cientistas até o final do século XVIII, quando as pesquisas sobre os fenômenos elétricos e magnéticos reabriram a questão da ação a distância. Por exemplo, considere as partícu- las carregadas A e B da FIGURA 26.23. Se as partículas forem deixadas em repouso por um longo período de tempo, poderemos com certeza usar a lei de Coulomb para determinar a força que A exerce sobre B. Mas suponha que, subitamente, A começasse a se mover como indicado pela seta. Em resposta, o vetor força sobre B deveria girar para seguir A. Isso ocorre instantaneamente? Ou existe algum atraso entre o instante em que A se move e o instante em que a força A sobre B varia correspondentemente? Nem a lei de Coulomb nem a lei de Newton da gravitação dependem do tempo, de modo que a resposta, segundo a perspectiva da física newtoniana, teria de ser “instanta- neamente”. Muitos cientistas ainda consideravam isso preocupante. O que acontece se A estiver a 100.000 anos-luz de B? A partícula B irá responder instantaneamente a um evento que ocorre a 100.000 anos-luz de distância? No começo do século XIX, a idéia de transmissão instantânea de forças através do espaço começava a perder crédito junto a muitos cientistas. Mas se existe de fato um atraso, de quanto é seu valor? Como a infor- mação “variação da força” se transmite de A para B? Eram estas as questões quando um jovem, Michael Faraday, entrou em cena. Michael Faraday é uma das figuras mais interessantes da história da ciência. Nascido em 1791, filho de um pobre ferreiro vivendo nos arredores de Londres, Faraday foi en- viado muito jovem para trabalhar, com quase nenhuma educação formal. Na adolescên- cia, Faraday trabalhou com um tipógrafo e restaurador de livros, e lá começou a ler obras Original A sobre B A sobre B após a carga A se mover FIGURA 26.23 Se a carga A se move, quanto tempo leva para o vetor força sobre B variar? 806 Física: Uma Abordagem Estratégica que chegavam à loja. Por acaso, um dia um cliente trouxe uma cópia da Encyclopedia Britannica para ser reparada, e Faraday descobriu lá um extenso artigo sobre a eletrici- dade. Aquilo foi a centelha necessária para lançá-lo em um carreira que, após sua morte, iria torná-lo um dos cientistas mais prestigiosos da Europa. Você aprenderá mais sobre Faraday nos capítulos seguintes. Por ora basta mencio- nar que Faraday nunca foi capaz de se tornar fluente em matemática. Aparentemente a idade tardia com que começou seus estudos era muito elevada, o que prejudicou sua aprendizagem da matemática. Em lugar da matemática, a mente brilhante e perspicaz de Faraday desenvolveu engenhosos métodos pictóricos de pensar e descrever fenô- menos físicos. Sem dúvida, o mais importante desses métodos é o relacionado ao conceito de campo. O conceito de campo Faraday estava particularmente impressionado com o padrão que a limalha de ferro formava quando aspergida em torno de um ímã, como mostra a FIGURA 26.24. O pa- drão regular e as linhas curvas sugeriram a Faraday que o próprio espaço em torno do ímã estaria preenchido com algum tipo de influência magnética. Esta alteração do espaço, seja qual for, é o mecanismo através do qual uma força de ação a distância é exercida. A FIGURA 26.25 ilustra a idéia de Faraday. A visão newtoniana era a de que A e B inte- ragem diretamente um com o outro. Na visão de Faraday, primeiro A altera ou modifica o espaço à sua volta, e, depois, a partícula B chega e interage com esse espaço alterado. A alteração do espaço torna-se o agente através do qual A e B interagem mutuamente. Além disso, essa alteração pode facilmente ser imaginada como tendo um tempo de propagação finito para longe de A, talvez sob a forma de algum tipo de onda. Se A sofrer uma alteração, B responderá a ela somente quando a alteração do espaço produzida por A o alcançar. A interação entre B e a alteração do espaço é uma interação local, mais do que uma força de contato. A idéia de Faraday viria a ser chamada de campo. O termo “campo”, que provém da matemática, se refere a uma função f(x, y, z) que assinala um valor a cada ponto do espa- ço. Quando utilizado na física, o termo campo expressa a idéia de que uma dada entidade física existe em todos os pontos do espaço. É isso o que Faraday realmente sugeriu acer- ca de como operam as forças de ação a distância. A carga produz uma alteração em todos os lugares do espaço. Outras cargas, então, respondem à alteração do espaço nos lugares em que elas estão. A alteração do espaço em torno de uma massa é chamada de campo gravitacional. De forma análoga, uma carga altera o espaço em torno de si gerando um campo elétrico. NOTA � O conceito de campo está em franco contraste com o conceito de partícula. Uma partícula existe em um ponto do espaço. A finalidade das leis de Newton do movimento é determinar como uma partícula se move de um ponto para outro ao longo de uma trajetória. Já um campo é algo que existe simultaneamente em todos os pontos do espaço. Uma onda constitui um exemplo de campo, embora o termo não tenha sido usado durante o nosso estudo das ondas. � Faraday propôs uma maneira original de pensar sobre como um objeto exerce força sobre outro. No início, sua idéia não foi levada a sério; ela parecia vaga demais e não- matemática para os cientistas impregnados pela tradição newtoniana de partículas e for- ças. Mas a importância do conceito de campo foi crescendo à medida que a teoria eletro- magnética se desenvolveu durante a primeira metade do século XIX. O que parecia, à primeira vista, um “truque”, começou a ser visto cada vez mais como essencial para a compreensão das forças elétricas e magnéticas. Em 1865, as idéias de campo de Faraday foram finalmente embasadas em fundamen- tos matemáticos por James Clerk Maxwell, um físico escocês que possuía grande per- cepção física e habilidade matemática. Maxwell foi capaz de descrever completamente todos os comportamentos conhecidos dos campos elétricos e magnéticos com quatro equações, hoje conhecidas como as equações de Maxwell. Exploraremos aspectos da teoria de Maxwell à medida que avançarmos no curso, até que, no Capítulo 35, vejamos todas as implicações das equações de Maxwell. N N N S FIGURA 26.24 A limalha de ferro aspergida sobre as extremidades de um ímã sugere que a influência do mesmo se estende através do espaço à sua volta. A sobre B Do ponto de vista de Newton, A exerce uma força diretamente sobre B. Do ponto de vista de Faraday, A produz uma modificação no espaço à sua volta. (As linhas onduladas são uma licença poética. Não sabemos a aparência dessa alteração.) Campo sobre B A partícula B, então, responde à alteração do espaço. O espaço alterado, portanto, é o agente que exerce a força sobre B. FIGURA 26.25 Idéias de Newton e de Faraday sobre as forças de ação a distância. Eu prefiro procurar por uma explicação (dos fenômenos elétricos e magnéticos) que os considere produzidos por ações que se propa- gam através do meio circundante, bem como dos corpos excitados, e me empenho em ex- plicar a ação entre corpos distantes sem pre- sumir a existência de forças capazes de atuar diretamente... A teoria que proponho, portan- to, pode ser chamada de uma teoria do Cam- po Eletromagnético por estar relacionada ao espaço nas vizinhanças de corpos elétricos e magnéticos. James Clerk Maxwell, 1865. CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 807 O campo elétrico Iniciaremos nossa investigação dos campos elétricos postulando um modelo de campo quedescreve como as cargas interagem: 1. Algumas cargas, que denominaremos cargas-fonte, alteram o espaço ao redor de si pela criação de um campo elétrico . 2. Toda carga isolada, dentro de um campo elétrico, experimenta uma força exer- cida pelo campo. Devemos resolver duas tarefas para fazer deste um modelo útil para as interações elétri- cas. Primeiro, devemos aprender como calcular o campo elétrico para uma configuração de cargas-fonte. Segundo, devemos determinar as forças exercidas sobre uma carga e o movimento da mesma dentro do campo elétrico. Suponha que a carga q experimente uma força elétrica sobre q devido a outras cargas. A orientação dessa força varia de ponto a ponto através do espaço, de modo que sobre q é uma função contínua das coordenadas (x, y, z) da carga. Isto sugere que “alguma coisa” presente em cada ponto no espaço é o agente da força que a carga q experimenta. Vamos definir o campo elétrico no ponto (x, y, z) como (26.5) Estamos definindo o campo elétrico como uma razão entre força e carga, de modo que a unidade de campo elétrico é o newton por coulomb, ou N/C. O módulo E do campo elétrico é chamado de intensidade de campo elétrico. Você pode pensar em usar uma carga de prova q para determinar se existe um campo elétrico em um determinado ponto do espaço. Se a carga q experimentar uma força elétri- ca naquele ponto do espaço, como ilustra a FIGURA 26.26a, dizemos que existe um campo elétrico naquele ponto causando a força. Adiante, definiremos o campo elétrico em um ponto como o vetor dado pela Equação 26.5. A FIGURA 26.26b representa o campo elétrico em dois pontos apenas, entretanto você pode imaginar “um mapa” do campo elétrico obtido posicionando a carga de prova q em todos os pontos do espaço. NOTA � A carga de prova q também produz um campo elétrico. Mas cargas não exercem forças sobre si mesmas, de maneira que com a carga q se mede apenas o campo elétrico gerado por outras cargas. � A idéia básica do modelo de campo é a de que o campo é o agente que exerce uma força elétrica sobre a carga q. Note três idéias importantes sobre o campo: 1. A Equação 26.5 associa um vetor a cada ponto no espaço, isto é, o campo elétrico é um campo vetorial. Diagramas de campo elétrico mostrarão uma amostra de ve- tores, mas haverá um vetor campo elétrico em qualquer ponto, seja ele mostrado ou não ali. 2. Se q for positiva, o vetor campo elétrico apontará no mesmo sentido da força elé- trica exercida sobre aquela carga. 3. Devido ao fato de q aparecer na Equação 26.5, pode parecer que o campo elétrico dependa do valor da carga de prova utilizada para sondar o campo. Todavia ele, de fato, não depende! A partir da lei de Coulomb, sabemos que a força sobre q é pro- porcional à q. Assim, o campo elétrico definido pela Equação 26.5 é independente da carga de prova q utilizada para sondá-lo. O campo elétrico depende apenas das cargas-fonte que o geram. Na prática, geralmente invertemos a Equação 26.5 e encontramos a força exercida sobre uma carga por um campo elétrico conhecido. Isto é, uma carga q, em um ponto do espaço onde o campo elétrico é , experimenta uma força elétrica dada por (26.6) Se q for positiva, a força sobre ela terá a mesma orientação de . Sobre uma carga nega- tiva, a força estará na mesma direção, porém em sentido oposto de . sobre q A carga q é utilizada como uma carga de prova. A força sobre q indica a existência de um campo elétrico no ponto 1. Ponto 1 sobre q Ponto 2 Agora a carga q é colocada no ponto 2. Aqui também existe um campo elétrico, diferente daquele do ponto 1. Este é o vetor campo elétrico no ponto 1. Os pontos são os locais onde o campo é conhecido. Este é o vetor campo elétrico no ponto 2. FIGURA 26.26 A carga q serve para sondar o campo elétrico. 808 Física: Uma Abordagem Estratégica PARE E PENSE 26.5 Um elétron é colocado na posição indicada pelo pon- to da figura ao lado. A força exercida sobre o elétron é a. Nula b. Orientada para a direita c. Orientada para a esquerda d. Não há informação suficiente para responder O campo elétrico de uma carga puntiforme Usaremos a definição de campo elétrico em sua totalidade no próximo capítulo. Por ora, para desenvolver um pouco mais as idéias, determinaremos o campo elétrico gera- do por uma única carga puntiforme q. A FIGURA 26.27a mostra a carga q e um ponto do espaço no qual desejamos conhecer o campo elétrico. Necessitamos de uma segunda carga, mostrada como q� na FIGURA 26.27b, que desempenhe o papel de uma sonda do campo elétrico. Por enquanto, assumiremos que ambas as cargas sejam positivas. A força sobre q�, repulsiva e orientada radialmente para fora de q, é dada pela lei de Coulomb: (26.7) É usual empregar em vez de K em cálculos de campo. A Equação 26.5 definiu o campo elétrico em função da força exercida sobre uma carga de prova; logo, o campo elétrico neste ponto é (26.8) O campo elétrico é representado na FIGURA 26.27c. NOTA � A expressão para o campo elétrico é similar à lei de Coulomb. Para distin- guir uma da outra, lembre-se de que a lei de Coulomb é dada pelo produto de duas cargas no numerador. Isso descreve a força entre duas cargas. A expressão para o campo elétrico contém uma única carga no numerador. Trata-se do campo criado por uma carga. � A intensidade do campo à distância r da carga puntiforme que o criou é inversamente proporcional ao quadrado dessa distância: . Na FIGURA 26.28a, a intensida- de do campo E1 é maior do que a intensidade do campo E2 porque r1 � r2. Se calcularmos o campo em um número suficiente de pontos, poderemos desenhar um diagrama de campo tal como o mostrado na FIGURA 26.28b. Note que os vetores do campo apontam todos para fora da carga q. Note também quão rapidamente as setas diminuem em com- primento devido à dependência com o inverso do quadrado de r. Campo elétrico em dois pontos FIGURA 26.28 Campo elétrico de uma carga positiva. Qual é o campo elétrico de q neste ponto? Carga puntiforme 1. Coloque q� no ponto a fim de sondar o campo. sobre q� 2. Meça a força sobre q�. 3. O campo elétrico é sobre q� Trata-se de um vetor com a mesma orientação de sobre q�. FIGURA 26.27 A carga q� é usada para sondar o campo elétrico criado por uma carga puntiforme q. CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 809 Tenha em mente estes três pontos importantes quando for usar diagramas de campo: 1. O diagrama é apenas uma amostra representativa de vetores de um campo elétrico. O campo existe em todos os outros lugares. Um diagrama bem-dese- nhado pode informar com boa precisão o comportamento do campo nas vizi- nhanças do ponto. 2. A seta indica a orientação e a intensidade do campo elétrico no ponto a partir do qual ela foi desenhada – ou seja, no ponto onde se localiza a origem do ve- tor. Neste capítulo, indicaremos o local no qual o campo elétrico é medido por um ponto. O comprimento de qualquer vetor é relevante somente em relação aos comprimentos dos outros vetores envolvidos. 3. Embora tenhamos de desenhar vetores ao longo da página, de ponto em ponto, um vetor campo elétrico não é uma quantidade espacial. Ele não se “estica” de um ponto a outro. Cada vetor representa o campo elétrico apenas em um ponto do espaço. Notação em vetores unitários A Equação 26.8 é exata, mas não inteiramente conveniente. Além disso, o que acontece- rá se a carga-fonte q for negativa? Precisamos de uma notação mais concisa para escre- ver o campo elétrico, uma notação que incorpore o fato de q poder ser tanto positiva quanto negativa. A necessidade básica é expressar em notação matemática o que queremos dizer com “para fora de q”. Tal expressão significa uma orientação no espaço. Para nos guiar, recorde-se de que já dispomos de uma notação para expressar certas orientações – a saber, os vetores unitários , e . Por exemplo, o vetor unitário significa “no sentido positivo do eixo x”. Com sinal negativo, – significa“no sentido negativo do eixo x”. Vetores unitários, com módulos iguais a 1 adimensionais, fornecem informação apenas sobre a orientação. Com isso em mente, vamos definir o vetor unitário como um vetor de compri- mento 1 orientado da origem para o ponto de interesse. O vetor unitário não provê informação acerca da distância ao ponto. Ele apenas especifica a orientação (direção e sentido). A FIGURA 26.29a representa os vetores unitários , e apontando em direção aos pontos 1, 2 e 3. Diferentemente de e , o vetor unitário não tem uma orientação fixa. Em vez disso, o vetor unitário especifica a orientação “diretamente para fora de um dado ponto”. Porém isso é exatamente o que precisamos para descrever o vetor campo elétrico. A FIGURA 26.29b mostra o campo elétrico criado nos pontos 1, 2 e 3 por uma carga positiva localizada na origem. Independentemente do ponto que você escolha, o campo elétrico no mesmo aponta “diretamente para fora” da carga-fonte. Em outras pa- lavras, o campo elétrico tem a mesma direção e sentido do vetor unitário . Com essa notação, o campo elétrico à distância r de uma carga puntiforme q é dado por (campo elétrico de uma carga puntiforme) (26.9) onde é um vetor unitário orientado da carga para o ponto no qual queremos determinar o campo. A Equação 26.9 é idêntica à Equação 26.8, todavia está escrita em uma notação na qual o vetor unitário expressa a idéia “para fora de q”. A Equação 26.9 funciona igualmente bem se q for negativa. Pôr um sinal negativo na frente de um vetor simplesmente inverte seu sentido, então o vetor unitário aponta em direção à carga q. A FIGURA 26.30 representa o campo elétrico criado por uma carga pun- tiforme negativa. Ele se parece com o campo elétrico de uma carga puntiforme positiva, exceto pelo fato de que os vetores apontam para dentro, em direção à carga, ao invés de para fora da mesma. Encerraremos o capítulo com dois exemplos de campo elétrico criados por uma car- ga puntiforme. O Capítulo 27 expandirá essas idéias para o caso de campos elétricos criados por múltiplas cargas e por objetos extensos. 11.4 Os vetores unitários especificam orientações nos pontos assinalados na figura. O campo elétrico no ponto 1 tem a mesma orientação de tem a mesma orientação de FIGURA 26.29 Usando o vetor unitário . FIGURA 26.30 O campo elétrico criado por uma carga puntiforme negativa. 810 Física: Uma Abordagem Estratégica EXEMPLO 26.7 Calculando o campo elétrico Uma partícula carregada com �1,0 nC está localizada na origem de um sistema de coordenadas. Os pontos 1, 2 e 3 têm coordenadas (x, y) dadas por (1 cm, 0 cm), (0 cm, 1 cm) e (1 cm, 1 cm), respectivamente. Determine o campo elétrico nestes pontos e, depois, represente os vetores em um diagrama de campo elétrico. MODELO O campo elétrico é criado por uma carga puntiforme negativa. VISUALIZAÇÃO O campo elétrico aponta diretamente para a origem. Ele será mais fraco no ponto (1 cm, 1 cm), que é mais distante da carga. RESOLUÇÃO O campo elétrico é onde . A distância r dos pontos 1 e 2 é de 1,0 cm � 0,010 m e de � 0,0141 m no caso do ponto 3. O módulo de nos três pontos é igual a Devido ao fato de q ser negativa, o campo em cada uma dessas po- sições aponta diretamente para ela. Os vetores campo elétrico, em função dos componentes, são dados por Esses vetores estão representados no diagrama de campo elétrico da FIGURA 26.31. 1 cm y 2 90.000 N/C 90.000 N/C 45.000 N/C E1 E3 E2 -1,0 nC 1 cm 1 x 3 FIGURA 26.31 Diagrama de campo elétrico de uma partícula carregada com �1,0 nC. EXEMPLO 26.8 O campo elétrico de um próton Em um átomo de hidrogênio, o elétron descreve uma órbita com raio de 0,053 nm em torno do próton. a. Qual é a intensidade do campo elétrico criado pelo próton na po- sição do elétron? b. Qual é o módulo da força elétrica exercida sobre o elétron? RESOLUÇÃO a. A carga do próton é q � e. A intensidade de seu campo elétrico à distância onde se encontra o elétron é Note que o campo é muito grande em comparação com o campo do Exemplo 26.7. b. Poderíamos usar a lei de Coulomb para determinar a força sobre o elétron, mas o ponto-chave é que, conhecendo o campo elétri- co, podemos utilizá-lo diretamente para obter a força exercida sobre uma carga no campo. O módulo da força sobre o elétron é PARE E PENSE 26.6 Ordene em seqüência decrescente as intensidades dos campos elétricos de Ea a Ed nos pontos de a até d. CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 811 R E S U M O O objetivo do Capítulo 26 foi desenvolver uma compreensão básica dos fenômenos elétricos em termos de cargas, forças e campos. Princípios gerais Lei de Coulomb As forças entre duas partículas carregadas q1 e q2, separadas entre si por uma distância r, possuem módulos iguais dados por Estas forças constituem um par ação/reação com a direção da reta que passa pelas duas partículas. As forças são repulsivas para duas cargas de mesmo sinal e atrativas para duas cargas de sinais opostos.• A força resultante sobre a carga é a soma das forças exercidas individualmente por todas as outras cargas.• A unidade de carga é o coulomb (C).• A constante eletrostática é • K � 9,0 � 109 N m2/C2. 2 sobre 1 1 sobre 2 Conceitos importantes O modelo de carga Existem dois tipos de carga, as positivas e as negativas. As cargas fundamentais são as dos prótons e as dos elétrons, com • cargas �e, onde e � 1,60 � 10�19 C. Os objetos são carregados por meio da adição ou da remoção de elé-• trons. Qualquer quantidade • q de carga satisfaz à relação q � (Np – Ne) e. Todo objeto que contenha um número igual de prótons e de elétrons é • neutro, o que significa a inexistência de uma carga resultante. Objetos carregados exercem força elétrica entre si. Cargas de mesmo sinal se repelem, cargas de si-• nais opostos se atraem. A força aumenta com o aumento da carga.• A força diminui com o aumento da distância.• Há dois tipos de materiais, os isolantes e os condutores. A carga permanece fixa dentro ou sobre um isolante.• A carga pode facilmente se mover através ou ao longo dos condutores.• A carga é transferida de um objeto a outro por contato entre eles.• Objetos carregados atraem objetos neutros. A carga polariza o metal, deslocando o mar de elétrons.• A carga polariza os átomos, criando dipolos elétricos.• A força de polarização é sempre atrativa.• Cargas externas Força resultante Força resultante Objetos neutros polarizados O modelo de campo As cargas interagem umas com as outras através do campo elétrico . A carga A altera o espaço em torno de si pela criação de • um campo elétrico. sobre B O campo é o agente que exerce a força. A força sobre a • carga qB é . Todo campo elétrico é identificado e medido em termos da força que ele exerce sobre uma carga de prova q: O campo elétrico existe em todos os pontos do espaço.• Um vetor campo elétrico representa o campo apenas em • um ponto, aquele da origem do vetor. O campo elétrico criado por uma carga puntiforme é 812 Física: Uma Abordagem Estratégica Termos e notação neutro eletrização modelo de carga carga, q ou Q cargas iguais cargas opostas descarregamento condutor isolante nuvem eletrônica unidade fundamental de carga, e quantização da carga ionização lei de conservação da carga mar de elétrons caroço iônico corrente portadores de carga equilíbrio eletrostático aterramento polarização da carga força de polarização dipolo elétrico eletrização por indução lei de Coulomb constante eletrostática, K carga puntiforme coulomb, C constante de permissividade, �0 campo campo elétrico, modelo de campo carga-fonte intensidade de campo elétrico, E diagrama de campo Para a tarefa de casa indicada no MasteringPhysics, acessar www.masteringphysics.com A dificuldade de um problema é indicada por símbolos que vão de | (fácil) a ||| (desafiador). Problemas indicados pelo ícone integram o materialrelevante de capítulos anteriores. Q U E S T Õ E S C O N C E I T U A I S 1. Um isolante pode ser eletrizado? Em caso afirmativo, como você eletrizaria um isolante? Em caso negativo, por que não? 2. Um condutor pode ser eletrizado? Em caso afirmativo, como você eletrizaria um condutor? Em caso negativo, por que não? 3. Quatro bolas leves A, B, C e D estão suspensas por fios. A bola A foi tocada por um bastão de plástico previamente friccionado em lã. Quando as bolas são aproximadas, sem se tocarem, observa-se o seguinte: As bolas B, C e D são atraídas pela bola A. ■ As bolas B e D não têm efeito uma sobre a outra. ■ A bola B é atraída pela C. ■ Qual é o estado de eletrização (carga do vidro, do plástico ou neu- tro) das bolas A, B, C e D? Explique. 4. Bastões de plástico e de vidro previamente carregados estão sus- pensos por fios. a. Um objeto repele o bastão de plástico. Você pode prever o que ele irá fazer com o bastão de vidro? Em caso afirmativo, descreva o que irá acontecer. Em caso negativo, por que não? b. Um objeto diferente atrai o bastão de plástico. Você pode prever o que ele irá fazer com o bastão de vidro? Em caso afirmativo, descreva o que irá acontecer. Em caso negativo, por que não? 5. Quando você retira roupas da secadora logo após a lavagem, as rou- pas geralmente grudam em suas mãos e seus braços. Seu corpo está carregado? Em caso afirmativo, como ele poderia ter adquirido a carga? Em caso negativo, por que isso ocorre? 6. Uma bola leve de metal está suspensa por um fio. Quando um bas- tão carregado é mantido próximo, a bola se move em direção a ele, tocando–o, e, então, rapidamente “se afasta para longe” dele. Expli- que esse comportamento. 7. É dada a você uma amostra de um material. Proponha um experimento ou uma série de experimentos para determinar se o material é um con- dutor ou um isolante. Descreva claramente quais serão os resultados de cada experimento se o material for um condutor ou um isolante. 8. Suponha que exista um terceiro tipo de carga além daquelas que chamamos de “carga do plástico” e “carga do vidro”. Chame este terceiro tipo de carga X. Que experimentos ou série de experimen- tos você deveria realizar para testar se um objeto possui uma carga do tipo X? Descreva claramente como os possíveis resultados do experimento deveriam ser interpretados. 9. Um eletroscópio carregado negativamente está com as folhas se- paradas. a. Suponha que você aproxime um bastão carregado negativamente da parte superior do eletroscópio, porém sem tocá-lo. Como as folhas irão se comportar? Desenhe um diagrama de carga e dê uma explicação teórica em sua resposta. b. Como as folhas irão se comportar se você aproximar um bastão carregado positivamente da parte superior do eletroscópio, sem tocá-lo? Desenhe um diagrama de carga e dê uma explicação teó- rica em sua resposta. 10. As duas esferas de metal da FIGURA Q26.10 estão carregadas com cargas opostas de mesmo valor absoluto. Elas são colocadas em contato com um bastão de metal neutro. Qual é o estado final de carga de cada esfera e do bastão? Metal FIGURA Q26.10 Contato FIGURA Q26.11 11. A esfera metálica A da FIGURA Q26.11 possui 4 unidades de carga negativa, e a esfera B, também metálica, duas unidades de carga positiva. As esferas são colocadas em contato. Qual é o estado final de carga de cada esfera? Explique. 12. As esferas metálicas A e B da FIGURA Q26.12 estão inicialmente neutras e encostadas uma na outra. Um bastão carregado positiva- mente é aproximado de A, mas não a toca. A esfera A ficará car- regada positivamente, carregada negativamente ou permanecerá neutra? Desenhe um diagrama de carga e dê uma explicação teórica em sua resposta. FIGURA Q26.12 Dedo FIGURA Q26.13 CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 813 13. Se você aproximar seu dedo de uma bolinha pendurada por um fio e negativamente carregada, ela se moverá em direção ao dedo, como ilustrado na FIGURA Q26.13. Use um diagrama de carga e palavras para explicar esta observação. 14. Reproduza a FIGURA Q26.14 em uma folha de papel. Depois, dese- nhe um ponto (ou vários pontos) sobre a figura para indicar a posi- ção (ou posições) onde um elétron não experimentaria uma força resultante. FIGURA Q26.14 15. As cargas A e B da FIGURA Q26.15 são iguais. Considere que cada carga exerça uma força so- bre a outra com módulo igual a F. Suponha agora que o valor da carga B aumente por um fator 4 e que todo o restante permaneça igual. Em função de F, (a) qual é o módulo (intensidade) da força exercida sobre A, e (b) qual é o módulo (intensidade) da força exer- cida sobre B? 16. A intensidade do campo elétrico em um ponto próximo a uma carga puntiforme é de 900 N/C. Qual é a intensidade do campo em um ponto 50% mais afastado da mesma carga? 17. A intensidade do campo elétrico em um ponto próximo a uma carga puntiforme é de 1000 N/C. Qual é a intensidade do campo se (a) a distância à carga puntiforme for dobrada e se (b) a distância à carga puntiforme diminuir pela metade? 18. Em um determinado campo elétrico, a força elétrica exercida sobre uma partícula carregada é F. Qual seria a força se a carga da par- tícula fosse triplicada e se o campo elétrico fosse diminuído pela metade? FIGURA Q26.15 E X E R C Í C I O S E P R O B L E M A S Exercícios Seção 26.1 Desenvolvendo um modelo de carga Seção 26.2 Carga 1. | Um bastão de vidro é carregado com �8,0 nC por meio de atrito. a. Elétrons foram removidos do bastão ou prótons foram adiciona- dos ao mesmo? Explique. b. Quantos elétrons foram removidos ou quantos prótons foram adicionados? 2. || Um bastão de plástico é carregado com �12 nC por meio de atrito. a. Elétrons foram removidos do bastão ou prótons foram adiciona- dos ao mesmo? Explique. b. Quantos elétrons foram removidos ou quantos prótons foram adicionados? 3. | Um bastão de plástico, previamente carregado com uma carga de �15 nC, toca uma esfera de metal. Logo a seguir, a carga do bastão é de �10 nC. a. Que tipo de partícula carregada foi transferida entre o bastão e a es- fera, e em que direção se deu a transferência? Ou seja, as partículas se moveram do bastão para a esfera ou em sentido contrário? b. Quantas partículas carregadas foram transferidas? 4. | Um bastão de vidro, previamente carregado com uma carga de �12 nC, toca uma esfera de metal. Logo a seguir, a carga do bastão é de �8 nC. a. Que tipo de partícula carregada foi transferida entre o bastão e a es- fera, e em que direção se deu a transferência? Ou seja, as partículas se moveram do bastão para a esfera ou em sentido contrário? b. Quantas partículas carregadas foram transferidas? 5. || Qual é a carga total de todos os prótons contidos em 1,0 mol de gás O2? 6. || Qual é a carga total de todos os elétrons contidos em 1,0 L de água na fase líquida? Seção 26.3 Isolantes e condutores 7. | A Figura 26.9 mostrou como um eletroscópio torna-se negativa- mente carregado. As folhas também se repeliriam se você tocasse o eletroscópio com um bastão de vidro carregado positivamente. Use uma série de diagramas de carga para explicar o que acontece neste caso e por que as folhas passam a se repelir. 8. | Um balão de plástico que foi friccionado com lã adere a uma pa- rede. a. Você pode concluir daí que a parede está carregada? Se ela não estiver, por que não? Se ela estiver, de onde veio a carga? b. Desenhe uma série de diagramas de carga que mostre como o balão adere à parede. 9. | Duas esferas metálicas neutras, fixas em suportes de madeira, são encostadas uma na outra. Um bastão carregado negativamente é po- sicionado diretamente acima do topo da esfera da esquerda, sem tocá-la. Enquanto o bastão é mantido ali, a esfera da direita é movi- da de forma que as esferas não mais se toquem. A seguir, o bastão é afastado. Após tudo isso, qual é o estado de carga de cada uma das esferas? Use diagramasde cargas para ilustrar sua resposta. 10. || Você dispõe de duas esferas metálicas neutras e fixas em suportes de madeira. Descreva um procedimento para eletrizar as esferas de forma que elas fiquem com cargas opostas e de valores absolutos exa- tamente iguais. Use diagramas de carga para ilustrar o procedimento. 11. || Você dispõe de duas esferas metálicas neutras e fixas em suportes de madeira. Descreva um procedimento para eletrizar as esferas de forma que elas fiquem com cargas iguais e de valores absolutos exa- tamente iguais. Use diagramas de carga para ilustrar o procedimento. 12. | Um objeto passará no teste “Ele está carregado?” se atrair peque- nos pedaços de papel. a. Use uma série de diagramas de carga para explicar como um ob- jeto carregado pode atrair pequenos pedaços de papel. b. Este teste funciona para ambos os tipos de objetos eletrizados, os positivamente carregados e os negativamente carregados. Expli- que por que isso é verdadeiro. Seção 26.4 Lei de Coulomb 13. | Duas massas de 1,0 kg estão separadas por 1,0 m (de centro a centro) sobre uma mesa sem atrito. Cada massa tem uma carga de �10 �C. a. Qual é o módulo da força elétrica exercida sobre cada uma das massas? b. Qual será a aceleração inicial das massas se elas forem soltas e puderem se mover? 14. || Duas pequenas esferas plásticas possuem massas de 2,0 g e car- gas de �50 nC cada uma. Elas são colocadas a 2,0 cm uma da outra (de centro a centro). 814 Física: Uma Abordagem Estratégica a. Qual é o módulo da força elétrica exercida sobre cada esfera? b. Por qual fator a força elétrica é maior do que o peso de cada esfera? 15 || Uma pequena conta de vidro foi carregada com �20 nC. Uma esfera de metal, suspensa 1,0 cm acima da conta, experimenta uma força elétrica de 0,018 N orientada para baixo. Qual é a carga da esfera suspensa? 16. | Qual é a força elétrica resultante sobre a carga A da FIGURA EX26.16? , , , , ,� FIGURA EX26.16 FIGURA EX26.17 , , , , , � � 17. | Qual é a força elétrica resultante sobre a carga A da FIGURA EX 26.17? 18. | Um objeto A, previamente carregado com �10,0 nC, encontra-se na origem de um sistema de coordenadas. Um objeto B, previamen- te carregado com �20,0 nC, encontra-se em (x, y) � (0,0 cm, 2,0 cm). Determine a força elétrica exercida sobre cada objeto. Expres- se cada vetor força em função de seus componentes. 19. | Uma pequena conta de vidro foi carregada com �20 nC de carga. A 1,0 cm de distância do centro da conta de vidro, qual será o mó- dulo e qual será a orientação da aceleração (a) de um próton e (b) de um elétron ali soltos? Seção 26.5 O modelo de campo 20. | Qual é a intensidade e a orientação do campo elétrico a 1,0 mm de distância (a) de um próton e (b) de um elétron? 21. | O campo elétrico em certo ponto do espaço é N/C. a. Qual é a força elétrica sobre um próton posicionado neste ponto? Expresse sua resposta em função dos componentes. b. Qual é a força elétrica sobre um elétron posicionado neste ponto? Expresse sua resposta em função dos componentes. c. Qual é o módulo da aceleração do próton? d. Qual é o módulo da aceleração do elétron? 22. || Que valor absoluto de carga cria um campo elétrico de 1,0 N/C a 1,0 m de distância? 23. || Quais são a intensidade e a orientação de um campo elétrico a 2,0 cm de uma pequena conta de vidro eletrizada com �8,0 nC? 24. || O campo elétrico a 2,0 cm de um pequeno objeto aponta para o mesmo com uma intensidade de 180.000 N/C. Qual é a carga do objeto? 25. || Quais são a intensidade e a orientação do campo elétrico que equilibra uma esfera de plástico com massa de 1,0 g e eletrizada com �3,0 nC? 26. || Quais são a intensidade e a orientação do campo elétrico que equilibra o peso de (a) um próton e (b) de um elétron? 27. || Uma carga de �12 nC está localizada na origem de um sistema de coordenadas. a. Quais são os vetores de campo elétrico nas posições (x, y) dadas por (5,0 cm, 0 cm), (�5,0 cm, 5,0 cm), e (�5,0 cm, �5,0 cm)? Expresse cada vetor campo elétrico em função dos componentes. b. Desenhe um diagrama de campo que represente os vetores do campo elétrico nestes pontos. 28. || Uma carga de �12 nC está localizada na origem de um sistema de coordenadas. a. Quais são os vetores de campo elétrico nas posições (x, y) dadas por (0 cm, 5,0 cm), (�5,0 cm, �5,0 cm), e (�5,0 cm, 5,0 cm)? Expresse cada vetor campo elétrico em função dos componentes. b. Desenhe um diagrama de campo que represente os vetores de campo elétrico nestes pontos. Problemas 29. || Duas esferas metálicas idênticas estão conectadas por um bastão de metal. Ambas estão neutras inicialmente. Então, 1,0 � 10 12 elétrons são adicionados à esfera A, e a seguir o bastão que conecta as esferas é removido. Logo após, quais serão as cargas de A e de B? 30. || Duas esferas metálicas idênticas estão conectadas por um bastão de plástico. Ambas estão neutras inicialmente. Então, 1,0 � 10 12 elétrons são adicionados à esfera A, e a seguir o bastão que conecta as esferas é removido. Logo após, quais serão as cargas de A e de B? 31. || Hoje em dia, nos EUA, as moedas de um centavo são feitas de zinco recoberto com cobre, todavia antigamente elas eram feitas de cobre, com 3,1 g de massa. Quais são a carga total positiva e a carga total negativa existentes numa antiga moeda de centavo feita de cobre e eletricamente neutra? 32. || Uma conta de plástico de 2,0 g, carregada com �4 nC, e uma con- ta de vidro de 4,0 g, carregada com uma carga de �8,0 nC, estão separadas por 2,0 cm (centro a centro). Quais serão as acelerações (a) da conta de plástico e (b) da conta de vidro quando forem soltas? 33. || Dois prótons estão a 2,0 fm de distância um do outro. a. Qual é o módulo da força elétrica que cada próton exerce sobre o outro? b. Qual é o módulo da força gravitacional de um próton sobre o outro? c. Qual é a razão entre os módulos da força elétrica e da força gra- vitacional sobre cada próton? 34. || O núcleo de um átomo de 125X (um isótopo do elemento xenônio com massa de 125 u) tem 6,0 fm de diâmetro. Ele contém 54 pró- tons e uma carga total q � �54 e. a. Qual é a força elétrica sobre um próton a 2,0 fm da superfície do núcleo? b. Qual é a aceleração do próton? Dica: Considere o núcleo esférico como uma carga puntiforme. 35. || Duas esferas de 1,0 g são carregadas igualmente e mantidas sepa- radas por 2,0 cm. Quando soltas, elas aceleram a 150 m/s 2 . Qual é o valor absoluto da carga de cada esfera? 36. | Dois objetos A e B são carregados positivamente. Ambos têm uma massa de 100 g, porém A possui uma carga duas vezes maior que a de B. Quando A e B são mantidos afastados por 10 cm, B experimenta uma força elétrica de 0,45 N. a. Qual é o módulo da força sobre A? b. Quanto valem as cargas qA e qB? c. Se os objetos forem soltos, qual será a aceleração inicial de A? 37 || Qual é a força exercida sobre a carga de 1,0 nC da FIGURA P26.37? Expresse sua resposta em módulo e orientação. FIGURA P26.37 , , , , , , CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 815 38. || Qual é a força exercida sobre a carga de 1,0 nC da FIGURA P26.38? Expresse sua resposta em módulo e orientação. FIGURA P26.38 , , , , , ,� 39. || Qual é a força sobre a carga de �10 nC da FIGURA P26.39? Ex- presse sua resposta em função do módulo e de um ângulo medido em sentido horário ou anti-horário (especifique qual) a partir do semi-eixo x positivo. , , , � � FIGURA P26.39 , , , � FIGURA P26.40 40. || Qual é a força exercida sobre a carga de �10 nC da FIGURA P26.40? Expresse sua resposta função do módulo e de um ângulo medido em sentido horário ou anti-horário (especifique qual) a par- tir do semi-eixo positivo de x. 41. || Qual é a força exercida sobre a carga de 5,0 nC da FIGURA P26.41? Expresse sua resposta em função do módulo e de um ângu- lo medido em sentido horário ou anti-horário (especifiquequal) a partir do semi-eixo positivo de x. , , , ,� FIGURA P26.41 , , , � FIGURA P26.42 42. || Qual é a força exercida sobre a carga de 5,0 nC da FIGURA P26.42? Expresse sua resposta em função do módulo e de um ângu- lo medido em sentido horário ou anti-horário (especifique qual) a partir do semi-eixo positivo de x. 43. || Qual é a força exercida sobre a carga de 1,0 nC no centro da FI- GURA P26.43 devido às outras quatro cargas? Expresse sua resposta em função dos componentes. , , , , , , , � � � � FIGURA P26.43 , , , , , , , � � FIGURA P26.44 44. || Qual é a força exercida sobre a carga de 1,0 nC no centro da FI- GURA P26.44 devido às outras quatro cargas? Expresse sua resposta em função dos componentes. 45. || Qual é a força exercida sobre a carga de 1,0 nC na parte in- ferior da FIGURA P26.45? Expresse sua resposta em função dos componentes. , , , , , , � FIGURA P26.45 , , , , , , � � FIGURA P26.46 46. || Qual é a força exercida sobre a carga de 1,0 nC na parte inferior da FIGURA P26.46? Expresse sua resposta em função dos compo- nentes. 47. || Uma carga de �2,0 nC está na origem de um sistema de coorde- nadas, e outra carga de �4,0 nC encontra-se em x � 1,0 cm. a. Em qual coordenada x você colocaria um próton a fim de que a força resultante sobre ele fosse nula? b. A força resultante sobre um elétron colocado na mesma posição também seria nula? Explique. 48. || A força resultante sobre a carga de 1 nC da FIGURA P26.48 é nula. Qual é o valor de q? , , , ,, , , FIGURA P26.48 ,� FIGURA P26.49 49. || A carga q2 da FIGURA P26.49 encontra-se em equilíbrio eletrostá- tico. Qual é o valor de q1? 50. || Uma carga puntiforme positiva Q está localizada em x � a, e outra carga puntiforme negativa �Q encontra-se em x � � a. Uma terceira carga positiva q pode ser posicionada em qualquer lugar sobre o eixo y. Obtenha uma expressão para (Fres)x, o componente x da força resultante exercida sobre q. 51. || Uma carga puntiforme positiva Q está localizada em x � a, e outra carga puntiforme negativa �Q encontra-se em x � � a. Uma terceira carga positiva q pode ser posicionada em qualquer lugar sobre o eixo x. Obtenha uma expressão para (Fres)x, o componente x da força resultante sobre q, quando (a) |x| � a e (b) |x| � a. 52. || A FIGURA P26.52 mostra quatro cargas nos vértices de um quadrado de lado L. Considere Q e q como positivas. Qual é o módulo da força resultante sobre q? 53. || Duas cargas puntiformes q e 4q estão em x � 0 e x � L, respec- tivamente, e são livres para se mover. Uma terceira carga é posi- cionada de forma que o sistema formado pelas três cargas fique em equilíbrio eletrostático. Quais são o módulo, o sinal algébrico e o valor da coordenada x da terceira carga? 54. || Suponha que o valor absoluto da carga do próton seja diferente do valor absoluto da carga do elétron por apenas uma parte em 10 9 . FIGURA P26.52 � � 816 Física: Uma Abordagem Estratégica a. Qual seria a força entre duas esferas de cobre de 2,0 mm de diâ- metro separadas por 1,0 cm? Considere que cada átomo de cobre tenha igual número de prótons e de elétrons. b. Este valor de força pode ser detectável? O que você pode con- cluir do fato de que tais forças não são observadas? 55. || Em um modelo simplificado do átomo de hidrogênio, o elétron descreve uma órbita circular de raio 0,053 nm ao redor do próton estacionário. Quantas revoluções por segundo o elétron efetua? 56. || Em um projeto de ciências, você inventou uma “bomba de elé- trons” que transfere elétrons de um objeto para outro. Para demons- trar sua invenção, você aparafusa uma pequena placa de metal no teto da escola, conecta a bomba entre a placa metálica e você mes- mo e começa a “bombear” elétrons da placa de metal para você. Quantos elétrons devem ser movidos da placa de metal para seu corpo de modo que você permaneça suspenso no ar a 2,0 m do teto? Considere que sua massa seja de 60 kg. Dica: Considere que você e a placa possam ser modelados como cargas puntiformes. 57. || Você dispõe de uma mola com 4,0 cm de comprimento e não-ten- sionada e está curioso para ver se pode usar a mola para medir o valor de uma carga. Primeiro você prende uma das extremidades da mola ao teto, e na outra extremidade, uma massa de 1,0 g. A mola, então, distende-se até atingir 5,0 cm de comprimento. A seguir, você prende duas pequenas contas de plástico nas extremidades da mola, a coloca sobre uma mesa livre de atrito e eletriza cada uma das contas com uma mesma carga. A mola, então, distende-se até atingir um comprimento de 4,5 cm. Qual é o valor absoluto da carga (em nC) de cada conta? 58. || Às vezes você gera uma centelha ao tocar uma maçaneta após ter caminhado sobre um tapete. Por quê? O ar sempre contém alguns elétrons livres que foram ejetados de átomos por raios cósmicos. Se um campo elétrico está presente, um elétron livre é acelerado até colidir com uma molécula do ar. Ele, então, transferirá sua energia cinética para a molécula, que acelera, colide, acelera, colide e assim sucessivamente. Se a energia cinética do elétron imediatamente antes da colisão for de 2,0 � 10 �18 J ou maior, ele terá energia suficiente para ejetar um elétron da molécula com a qual colida elasticamen- te. Onde havia um elétron livre, haverá agora dois! Cada um destes poderá, a seguir, acelerar, atingir outra molécula e ejetar um novo elétron. Portanto, haverá agora quatro elétrons livres. Em outras pa- lavras, como mostra a FIGURA P26.58, um campo elétrico muito in- tenso causa uma “reação em cadeia” de produção de novos elétrons. Isto é chamado “ruptura elétrica” do ar. A corrente de elétrons em movimento é que produz o choque que você sente, e uma centelha é, então gerada quando os elétrons se recombinam com os íons positi- vos, emitindo o excesso de energia como uma centelha de luz. a. A distância média que um elétron percorre entre duas colisões su- cessivas é de 2,0 �m. Que aceleração deve ter um elétron para ga- nhar 2,0 � 10 �18 J de energia cinética ao longo dessa distância? b. Que força deve ser exercida sobre um elétron para lhe imprimir a aceleração do item a? c. Que intensidade de campo elétrico irá exercer essa força sobre o elétron? Esta é a intensidade do campo de ruptura. d. Suponha que um elétron livre no ar esteja a 1,0 cm de distância de uma carga puntiforme. Qual é o valor mínimo qmin desta carga pun- tiforme que causa a ruptura elétrica do ar e gera uma centelha? FIGURA P26.58 Átomos Elétron original Elétron ejetado do primeiro átomo Elétron Ruptura elétrica do ar 59. || Duas cargas puntiformes de 5,0 g, penduradas por fios de 1,0 m de comprimento, se repelem após terem sido carregadas com 100 nC cada uma, como mostrado na FIGURA P26.59. Quanto vale o ân- gulo �? Considere que o ângulo � seja pequeno. , , ,, FIGURA P26.59 , , , , FIGURA P26.60 60. || Duas cargas puntiformes de 3,0 g, penduradas por fios de 1,0 m de comprimento, se repelem após terem sido carregadas como mostrado na FIGURA P26.60. Quanto vale a carga q? 61. || Quais são os campos elétricos nos pontos 1, 2 e 3 da FIGURA P26.61? Expresse sua resposta em função dos componentes. FIGURA P26.61 , , 62. || Quais são os campos elétricos nos pontos 1 e 2 da FIGURA P26.62? Expresse sua resposta em módulo e orientação. , , , , � FIGURA P26.62 , , , , FIGURA P26.63 63. || Quais são os campos elétricos nos pontos 1, 2 e 3 da FIGURA P26.63? Expresse sua resposta em função dos componentes. 64. || Uma carga de �10,0 nC está localizada na posição (x, y) � (2,0 cm, 1,0 cm). Em que posições (x, y) o campo elétrico é expresso por a. b. c. 65. || Uma carga de 10,0 nC está localizada na posição (x, y) � (1,0 cm, 2,0 cm). Em que posições (x, y) o campo elétrico é expresso por a. b. c. 66. || Três cargas de 1,0 nC estão dispostascomo mostra a FI- GURA P26.66. Cada uma das cargas cria um campo elétrico em um ponto diretamente à frente da carga central e a 3,0 cm da mesma. a. Quais são os três campos , e criados, respectivamente, pelas três cargas? Escreva sua resposta para cada um dos campos como um vetor em função dos componentes correspondentes. , , , , , , FIGURA P26.66 CAPÍTULO 26 ■ Cargas Elétricas e Forças 817 b. Você acredita que o campo elétrico satisfaça ao princípio da su- perposição? Ou seja, existe um “campo resultante” neste ponto dado por ? Use o que você aprendeu nes- te capítulo e em capítulos anteriores no nosso estudo das forças para argumentar se isso é verdadeiro ou não. c. Se isso for verdadeiro, quanto é ? 67. || Um campo elétrico faz com que uma carga puntiforme de massa 5,0 g da FIGURA P26.67 fique suspensa em um ângulo de 20°. Qual é a carga da bola? , FIGURA P26.67 , FIGURA P26.68 68. || Um campo elétrico faz com que uma carga puntiforme da FIGURA P26.68 fique suspensa em um certo ângulo. Qual é a valor do � (*net � res)? Em cada um dos problemas de 69 a 72 lhe é fornecida uma equação (ou mais) para ser utilizada na resolução de um problema ainda não formulado. Em cada um deles, a. Redija um problema realista para o qual esta(s) equação(ões) seja(m) apropriada(s). b. Resolva o problema proposto. 69. 70. 71. 72. Problemas desafiadores 73. Uma bola de cobre com 2,0 mm de diâmetro está carregada com �50 nC. Que fração de seus elétrons foi removida? 74. Três bolas de 3,0 g estão suspensas por fios de 80 cm de compri- mento presos a um mesmo ponto fixo. Cada uma das bolas é eletri- zada com uma mesma carga q. No equilíbrio, as três bolas formam um triângulo eqüilátero no plano horizontal com 20 cm de lado. Qual é o valor da carga q? 75. As pequenas esferas idênticas mos- tradas na FIGURA PD26.75 estão carregadas com �100 nC e –100 nC. Elas estão suspensas, como mostrado, em um campo elétrico de módulo igual a 100.000 N/C. Qual é a massa de cada esfera? 76. Na FIGURA PD26.76 é representada uma força exercida sobre a carga de –1,0 nC. Qual é o módulo dessa força? � , , FIGURA PD26.76 � FIGURA PD26.77 77. Na Seção 26.3 afirmamos que objetos carregados exercem uma força resultante atrativa sobre dipolos elétricos. Vamos investigar isso. A FIGURA PD26.77 mostra um dipolo elétrico permanente que consiste das cargas �q e –q separadas pela distância fixa s. A carga �Q está à distância r do centro do dipolo. Consideraremos, como geralmente é o caso, na prática, que s r. a. Escreva uma expressão para a força resultante que a carga �Q exerce sobre o dipolo. b. Esta força aponta para �Q ou para fora de �Q? Explique. c. Use a aproximação binomial , válida para x 1, e mostre que a expressão que você obteve no item a pode ser escrita como Fres � 2KqQs/r 3 . d. Como uma força elétrica pode depender do inverso do cubo da distância? A lei de Coulomb não nos diz que a força elétrica de- pende do inverso do quadrado da distância? Explique. � FIGURA PD26.75 RESPOSTAS DAS QUESTÕES DO TIPO PARE E PENSE Pare e Pense 26.1: b. Objetos eletrizados sempre são atraídos por obje- tos neutros, de modo que uma força atrativa é inconclusiva. A repulsão é o único teste seguro. Pare e Pense 26.2: qe(�3e) � qa(�1e) � qd(0) � qb(�1e) � qc(�2e). Pare e Pense 26.3: a. O bastão de plástico negativamente carregado polarizará o eletroscópio empurrando os elétrons para baixo, na direção das folhas. Isso neutralizará parcialmente a carga positiva que as folhas adquiriram do bastão de vidro. Pare e Pense 26.4: b. As duas forças constituem um par ação/reação, com sentidos opostos, mas módulos iguais. Pare e Pense 26.5: c. Existe um campo elétrico em todos os pontos, seja o vetor mostrado ou não. O campo elétrico no ponto aponta para a di- reita. Todavia todo elétron possui uma carga negativa, portanto a força devida ao campo elétrico, sobre o elétron, aponta para a esquerda. Pare e Pense 26.6: Eb � Ea � Ed � Ec. Olhando adiante � O objetivo do Capítulo 27 é ensinar como calcular e usar o campo elétrico. Neste capítulo, você aprenderá a: Calcular o campo elétrico devido a ■ múltiplas cargas puntiformes. Calcular o campo elétrico devido ■ a uma distribuição contínua de cargas. Usar o campo elétrico de dipolos, ■ linhas de carga e planos de carga. Gerar um campo elétrico uniforme ■ por meio de um capacitor de placas paralelas. Calcular o movimento de cargas e ■ dipolos em um campo elétrico. Em retrospectiva � Este capítulo desenvolve as idéias sobre forças e campos elétricos que foram introduzidas no Capítulo 26. O movimento de uma partícula carregada em um campo elétrico é semelhante ao movimento de um projétil. Revise: Seção 4.3 Movimento de projéteis ■ Seção 26.4 A lei de Coulomb ■ Seção 26.5 O campo elétrico ■ produzido por uma carga puntiforme Uma tela de cristal líquido opera usando campos elétricos para alinhar longas moléculas de polímeros. 27 O Campo Elétrico Você não pode vê-los, mas eles estão à sua volta – os campos elétricos. São estes cam- pos que alinham moléculas de polímeros para formar imagens no visor de cristal líquido (LCD) de um relógio de pulso ou no monitor LCD de um computador. Os campos elétricos são responsáveis pelas correntes elétricas que fluem em seu computador e em seu aparelho de som, sendo essenciais para o funcionamento de seu cérebro, seu coração e seu DNA. No Capítulo 26, introduzimos a idéia de campo elétrico para compreender melhor a interação de ação a distância entre cargas elétricas. O campo elétrico produzido por uma carga puntiforme é muito simples, mas no mundo real os objetos carregados con- têm um enorme número de cargas distribuídas segundo padrões complexos. Para fazer uso prático dos campos elétricos, precisamos saber como calcular o campo elétrico de uma complicada distribuição de carga. O principal objetivo deste capítulo é desenvolver um procedimento para o cálculo de campos elétricos produzidos por configurações ou distribuições específicas de carga. No Capítulo 26, fizemos uma distinção entre partículas carregadas que geram um campo elétrico e partículas carregadas que experimentam um campo elétrico e que se movem em sua presença. Trata-se de uma distinção importante. A maior parte do ca- pítulo discutirá as fontes do campo elétrico. Somente no final do capítulo, quando já soubermos calcular o campo elétrico, examinaremos o que acontece às cargas que estão imersas em um campo elétrico. 27.1 Modelos de campo elétrico Os campos elétricos usados na ciência e na engenharia são geralmente produzidos por distribuições de carga bastante complicadas. Às vezes esses campos requerem um cál- CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 819 culo exato; todavia, na maioria dos casos podemos compreender a física essencial envol- vida com base apenas em modelos simplificados de campo elétrico. Uma carga puntiforme Um fio carregado infinitamente longo Um plano carregado infinitamente extenso Uma esfera carregada FIGURA 27.1 Quatro modelos básicos de campo elétrico. Os quatro modelos de campo elétrico, amplamente utilizados e ilustrados na FIGURA 27.1, são: O campo elétrico de uma carga puntiforme ■ O campo elétrico de um fio carregado infinitamente longo ■ O campo elétrico de um plano carregado infinitamente extenso ■ O campo elétrico de uma esfera carregada ■ Pequenos objetos eletrizados geralmente podem ser considerados como cargas puntifor- mes ou esferas carregadas. Os fios reais não são infinitamente longos, mas em muitas situações práticas essa constitui uma aproximação perfeitamente razoável. Ao derivar- mos e usarmos esses campos elétricos, consideraremos as condições sob as quais eles são apropriados como modelos. Nosso ponto de partida será o campo elétrico gerado por uma carga puntiforme q: (campo elétrico gerado por uma carga puntiforme) (27.1) onde é um vetor unitário queaponta para fora de q, e �0 � 8,85 � 10 �12 C 2 /Nm 2 é a constante de permissividade elétrica do vácuo. A FIGURA 27.2 serve para relembrá-lo acer- ca dos campos elétricos gerados por cargas puntiformes. Embora tenhamos de atribuir um tamanho a cada vetor desenhado, devemos ter em mente que cada seta representa o campo elétrico em um ponto apenas do espaço. O campo elétrico não é, de fato, uma quantidade espacial que se “estica” a partir do fim de uma seta para outra seta. O campo elétrico foi definido como onde é a força elétrica exercida sobre a carga q. Forças se adicionam como vetores, portanto a força resultante sobre q, devida a um conjunto de cargas puntiformes, é igual ao vetor soma Conseqüentemente, o campo elétrico resultante devido a um conjunto de cargas punti- formes é (27.2) onde é o campo gerado pela carga puntiforme indicada pelo subíndice i. A Equação 27.2, que é a ferramenta primária para se calcular campos elétricos, sig- nifica que o campo elétrico resultante é o vetor soma dos campos elétricos produzi- dos por cada carga. Em outras palavras, os campos elétricos satisfazem ao princípio da superposição. A FIGURA 27.3 ilustra esta idéia importante. A maior parte do capítulo foca- lizará os aspectos matemáticos envolvidos na realização dessa soma. Casos limite e intensidades de campo típicas O campo elétrico próximo a um objeto carregado depende da forma do objeto e de como a carga está distribuída no mesmo. Todavia, a uma grande distância o campo elétrico gerado por qualquer objeto finito deverá ser parecido ao campo de uma carga puntiforme. Portanto, o campo elétrico gerado por um objeto carregado, a uma grande distância do mesmo, é apro- ximadamente igual ao campo elétrico gerado por uma carga puntiforme de mesmo valor. FIGURA 27.2 Campo elétrico de uma carga puntiforme positiva e de outra, negativa. Campos produzidos pelas cargas-fonte 1 e 2 Neste ponto, o campo elétrico resultante é res res FIGURA 27.3 Os campos elétricos obedecem ao princípio da superposição. 820 Física: Uma Abordagem Estratégica Este é um exemplo do que se chama caso limite. Teremos a oportunidade de exami- nar ambos os casos limite, o de objetos carregados muito próximos e o de objetos muito afastados em relação a um dado ponto do espaço. Os casos limite nos permitem: Checar a solução verificando se o resultado obtido prevê o comportamento esperado ■ quando distância torna-se muito grande ou muito pequena. Obter expressões simplificadas para o campo elétrico em pontos muito próximos ou ■ muito afastados de um objeto carregado. Enfatizaremos os casos limite ao longo do capítulo, à medida que desenvolvermos os modelos de campo elétrico. Será de grande ajuda conhecer intensidades típicas de campo elétrico. Os valores fornecidos pela Tabela 27.1 servirão para ajudá-lo a avaliar se a sua solução para um dado problema é consistente ou não. 27.2 Campo elétrico criado por múltiplas cargas puntiformes Como vimos no Capítulo 26, é importante distinguir as cargas que são as fontes de um campo elétrico daquelas que o experimentam e que se movem sob a influência deste campo elétrico. Suponha que a fonte de um campo elétrico seja um conjunto de cargas puntiformes q1, q2,.... De acordo com a Equação 27.2, o campo elétrico resultante em cada ponto no espaço é a superposição dos campos elétricos gerados individualmente por cada carga do conjunto naquele ponto. O vetor soma da Equação 27.2 pode ser escrito na forma (27.3) Muitas vezes você precisará escrever em função dos componentes: Em outras vezes, expressará em módulo e orientação. ESTRATÉGIA PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 27.1 Campo elétrico criado por múltiplas cargas puntiformes MODELO Considere os objetos carregados como cargas puntiformes. VISUALIZAÇÃO Para uma representação pictórica Defina o sistema coordenado a ser usado e indique nele as posições das cargas. ■ Identifique o ponto P no qual você deseja calcular o campo elétrico. ■ Desenhe o campo elétrico criado por cada carga no ponto P. ■ Use a simetria do conjunto de cargas para determinar se um ou mais componen- ■ tes de são nulos. SOLUÇÃO A representação matemática é dada por . Para cada carga, determine sua distância em relação ao ponto P e o ângulo que ■ faz com os eixos. Calcule a intensidade do campo elétrico criado por cada carga. ■ Expresse cada vetor ■ em função dos componentes correspondentes. Some os vetores componentes e determine ■ . Se necessário, determine o módulo e a orientação de ■ . AVALIAÇÃO Verifique se o seu resultado está expresso na unidade correta, se é plausí- vel e se está em concordância com algum caso limite conhecido. TABELA 27.1 Intensidades típicas de campo elétrico Localização do campo Intensidade do campo (N/C) Interior de um fio condutor 10 �3 – 10 �1 Próximo à superfície da Terra 10 2 – 10 4 Próximo a objetos carregados por atrito 10 3 – 10 6 Ruptura elétrica do ar, produzindo uma centelha 3 � 10 6 Interior de um átomo 10 11 CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 821 EXEMPLO 27.1 O campo elétrico criado por três cargas puntiformes iguais Três cargas puntiformes iguais q estão localizadas sobre um eixo ver- tical, em y � 0 e y � � d. Determine o campo elétrico criado em um ponto do eixo x. MODELO Este problema constitui uma primeira etapa para a com- preensão do campo elétrico gerado por um fio retilíneo carregado. Ao desenhar a figura, consideramos que q fosse positiva, mas a solução obtida deverá ser válida também no caso de q ser negativa. O enuncia- do não menciona qualquer ponto específico, portanto devemos obter uma expressão algébrica em função de uma posição x qualquer. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 27.2 mostra as cargas, o sistema de coordena- das escolhido e os três vetores campo elétrico , e . Cada um aponta para fora de sua carga-fonte, pois consideramos que q seja positiva. Precisamos determinar o vetor soma . FIGURA 27.4 Calculando o campo elétrico criado por três cargas puntiformes iguais. Antes de nos precipitarmos e de realizar cálculos, podemos tornar nossa tarefa mais fácil raciocinando qualitativamente a respeito da situação. Por exemplo, os campos , e estão todos no plano xy, conseqüentemente, sem precisar efetuar qualquer cálculo, pode- mos concluir que (Eres)z � 0. Em seguida, observe os componentes y dos campos. Os campos e possuem módulos iguais e estão inclinados segundo o mesmo ângulo �, mas para lados contrários em relação ao eixo x. Conseqüentemente, os componentes y de e se cancelarão quando forem adicionados. não possui componente y, portanto podemos concluir que (Eres)y � 0. O único componente que necessitamos calcular de fato é (Eres)x. RESOLUÇÃO Estamos prontos para realizar o cálculo. O componente x do campo é onde fizemos uso do fato de que os campos e possuem o mesmo componente x. O vetor possui apenas o componente x, dado por onde r2 � x é a distância de q2 até o ponto no qual estamos calculan- do o campo. O vetor faz um ângulo � com o eixo x. Portanto, seu componente x é onde r1 é a distância de q1. Esta expressão para (E1)x está correta, mas ainda não é suficiente. A distância r1 e o ângulo � variam com a posição x e precisam ser expressos como funções de x. A partir do teorema de Pitágoras, r1 � (x 2 �d2)1/2. Logo, usando a trigono- metria, Combinando essas equações, vemos que (E1)x é Esta expressão é um tanto complexa, todavia podemos notar que a unidade de x/(x2�d2)3/2 é 1/m2, como deve ser para o caso do campo criado por uma carga puntiforme. Examinar as dimensões constitui um bom meio de checar se você não cometeu erros de álgebra. Podemos agora combinar (E1)x e (E2)x e escrever o componente x de na forma Os outros dois componentes de são nulos, sendo que o campo elétrico criado pelas três cargas em um ponto sobre o eixo x é AVALIAÇÃO Este é o campo elétrico somente em pontos sobre o eixo x. Além disso, a expressão é válida somentepara x � 0. O campo elétri- co à esquerda das cargas tem sentido contrário, mas nossa expressão não troca de sinal para x 0. (Esta é uma conseqüência da forma como expressamos (E2)x.). Precisaríamos modificar esta expressão para poder usá-la para valores negativos de x. A boa notícia, todavia, é que nossa expressão é válida para ambos os casos de q positiva ou negativa. Um valor negativo de q implica (Eres)x negativo, o que cor- responde a um campo elétrico que aponta para a esquerda, em direção às cargas negativas. Este é o ponto no qual calcularemos o campo elétrico. r1 = x 2 + d2 y q1 q2 q3 d d r2 = x P E3 E2 E1 x Vamos explorar este exemplo um pouco mais. Há dois casos limite para os quais conhecemos os resultados possíveis. Primeiro, tornemos x realmente muito pequeno. À medida que o ponto da FIGURA 27.4 se aproxima da origem, os campos e tornam-se opostos um ao outro e se cancelam. Portanto, quando , o campo deve se reduzir ao campo criado por uma carga puntiforme q posicionada na origem, o qual já conhecemos. Será que isso é verdade? Note que (27.4) Portanto quando , que é o campo esperado para uma única carga- fonte puntiforme. Agora considere a situação limite oposta, quando x torna-se extremamente grande. Vistas de um ponto muito distante, as três cargas-fonte parecerão fundir-se em uma úni- ca carga de valor 3q, da mesma forma como três lâmpadas acesas se parecerão com uma só lâmpada quando olhadas de muito longe. Portanto, o campo para x d deveria ser igual ao de uma carga puntiforme 3q. Será que isso é verdade? 822 Física: Uma Abordagem Estratégica O campo é nulo no limite . Isso não nos ajuda muito, portanto não queremos supor um ponto tão distante. Nós simplesmente desejamos que x seja muito grande em comparação com o espaçamento d entre as cargas-fonte. Se x d, então o denominador do segundo termo de pode ser aproximado por (x2 �d2)3/2 � (x2)3/2 � x3. Portanto, (27.5) Conseqüentemente, o campo elétrico resultante em um ponto distante das cargas-fonte é (27.6) Como esperado, este é o campo elétrico de uma carga puntiforme 3q. Estas verificações nos casos limite nos dão confiança quanto aos resultados obtidos. A FIGURA 27.5 é o gráfico da intensidade de campo Eres para as três cargas do Exemplo 27.1. Embora não tenhamos qualquer valor numérico, podemos expressar x como um múltiplo da separação d entre as cargas. Observe como o gráfico coincide com o do campo de uma única carga puntiforme quando x d, e com o de uma carga 3q quando x d. O campo elétrico de um dipolo Duas cargas iguais, mas de sinais contrários, separadas por uma pequena distância, constituem um dipolo elétrico. A FIGURA 27.6 mostra dois exemplos. Em um dipolo elétrico permanente, tal como uma molécula da água, as partículas carregadas com cargas opostas mantêm entre si uma pequena separação permanente. Podemos também criar um dipolo elétrico, como você aprendeu no Capítulo 26, por meio da polarização de um átomo neutro por um campo elétrico externo. Este é o caso de um dipolo elétri- co induzido. A FIGURA 27.7 mostra que podemos representar um dipolo elétrico, seja ele permanen- te ou induzido, por duas cargas opostas �q separadas por uma pequena distância s. O dipolo tem carga total nula, mas ele cria seu próprio campo elétrico. Considere um pon- to sobre o semi-eixo positivo de y. O ponto está um pouco mais próximo de �q do que de �q, de modo que os campos das duas cargas não se cancelam. Podemos ver na figura que aponta na direção positiva de y. Similarmente, o vetor adição mostra que, em pontos ao longo do eixo x, aponta no sentido negativo de y. Vamos calcular o campo elétrico criado por um dipolo em um ponto sobre o eixo do mesmo. Trata-se do eixo y da Figura 27.7. Este ponto dista r� � y � s/2 da carga posi- tiva e r� � y � s/2 da carga negativa. O campo elétrico neste ponto possui apenas um componente y, e a soma dos campos das duas cargas puntiformes resulta em (27.7) Combinando os dois termos sobre um denominador comum, achamos (27.8) Omitimos alguns passos algébricos intermediários, mas você deve ter certeza de que consegue efetuá-los. Alguns dos problemas para casa requereram álgebra semelhante. Na prática, quase sempre o campo elétrico de um dipolo é observado apenas a dis- tâncias y s – ou seja, a distâncias muito maiores do que a separação entre as cargas. Nesses casos, o denominador pode ser aproximado por . Com isso, a Equação 27.8 assume a forma (27.9) O campo elétrico coincide com aquele de uma única carga puntiforme q quando x d. Campo elétrico de uma carga puntiforme 3q Campo elétrico de uma carga puntiforme q O campo elétrico coincide com aquele de uma carga puntiforme 3q quando x d. res FIGURA 27.5 Intensidade do campo elétrico ao longo de uma linha perpendicular a três cargas puntiformes iguais. A molécula de água constitui um dipolo permanente porque os elétrons negativos passam a maior parte do tempo mais próximos do átomo de oxigênio. Este dipolo foi induzido por ou causado pelo campo elétrico que atua sobre as cargas � e �. FIGURA 27.6 Um dipolo elétrico permanente, e outro, induzido. E � � E � porque a carga positiva está mais próxima. Todo dipolo não possui carga líquida. Neste ponto, o campo elétrico do dipolo está no sentido positivo do eixo y. Neste ponto, o campo elétrico do dipolo está no sentido negativo do eixo y. dipolo E � E � E � E � Edipolo E FIGURA 27.7 O campo produzido por um dipolo elétrico em dois pontos. CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 823 Isto é útil para definir o momento de dipolo , mostrado na FIGURA 27.8, como o vetor (qs, da carga negativa para a carga positiva) (27.10) A direção e o sentido de identificam a orientação do dipolo, e o módulo do momento de dipolo, p � qs, determina a intensidade do campo elétrico. A unidade do SI para mo- mento de dipolo é o Cm. Podemos usar o momento de dipolo para escrever uma expressão sintética para o campo elétrico em um ponto sobre o eixo de um dipolo: (sobre o eixo de um dipolo elétrico) (27.11) onde r é a distância medida a partir do centro do dipolo. Trocamos y por r porque agora especificamos que a Equação 27.11 é válida somente ao longo do eixo do dipolo. Note que o campo elétrico ao longo do eixo tem a mesma orientação do momento de dipolo . Um dos problemas propostos como tarefa para casa lhe pedirá para calcular o campo elétrico no plano que bissecciona o dipolo e é perpendicular a ele. Trata-se do campo mostrado sobre o eixo x na Figura 27.7, mas poderia muito bem ser o campo sobre o eixo z que sai perpendicularmente da página. Para r s, o campo é (plano perpendicular) (27.12) Este campo é oposto a e tem apenas a metade da intensidade do campo sobre o eixo x à mesma distância. NOTA � As equações obtidas, onde a dependência é com o inverso do cubo, violam a lei de Coulomb? Não necessariamente. A lei de Coulomb descreve a força entre duas cargas puntiformes, e a partir da lei de Coulomb concluímos que o campo elétrico de uma carga puntiforme varia com o inverso do quadrado da distância. Mas um dipolo não é uma carga puntiforme. O campo de um dipolo diminui mais rapidamente do que o de uma carga puntiforme, o que deveria ser esperado, uma vez que, afinal de contas, o dipolo é eletricamente neutro. � EXEMPLO 27.2 O campo elétrico criado por uma molécula da água A molécula H2O da água possui um momento de dipolo permanente com módulo de 6,2 � 10 �30 Cm. Qual é a intensidade do campo elétrico a 1,0 nm da molécula da água em um ponto sobre o eixo do dipolo? MODELO O tamanho de uma molécula de água é � 0,1 nm. Portanto, r s, e podemos usar a Equação 27.11 para o campo elétrico sobre o eixo do momento de dipolo da molécula. SOLUÇÃO A intensidade do campo elétrico sobre o eixo, para r � 1,0 nm, é AVALIAÇÃO Consultando a Tabela 27.1, você pode verificar quea intensidade do campo é “for- te” se comparada à nossa experiência cotidiana com objetos carregados, todavia é “fraca” quando comparada à intensidade dos campos elétricos no interior dos próprios átomos. Isso parece razoável. Ilustrando o campo elétrico Não podemos ver o campo elétrico. Conseqüentemente, precisamos de ferramentas pic- tóricas que nos ajudem a visualizá-lo através do espaço. Um desses métodos, introdu- zido no Capítulo 26, é o de visualizar o campo elétrico desenhando os seus vetores em vários pontos do espaço. Outra maneira de mostrar o campo é desenhar as linhas de campo elétrico. O momento de dipolo é um vetor que aponta da carga nega- tiva para a positiva, com módulo igual a qs. FIGURA 27.8 Momento de dipolo. 824 Física: Uma Abordagem Estratégica BOX TÁTICO 27.1 Desenhando e usando as linhas de campo elétrico As linhas de campo elétrico são curvas contínuas desenhadas tangencialmente aos vetores do campo elétrico. Alternativamente, em qualquer ponto do espa- ço, o vetor do campo elétrico é tangente à linha de campo naquele ponto. Linhas de campo mais próximas indicam uma intensidade de campo maior, correspondentes a vetores de campo maiores. Linhas de campo mais espa- çadas indicam intensidades de campo menores. As linhas de campo elétrico jamais se cruzam. As linhas de campo elétrico partem das cargas positivas e se dirigem para as negativas. Vetor campo Linha de campo Exercícios 2–4, 12, 13 O passo 3 é necessário para nos garantir que tenha uma única orientação em cada ponto do espaço. O passo 4 segue do fato de o campo elétrico ser criado por cargas. Entretanto, no Capítulo 34, teremos de modificar o passo 4, quando virmos uma outra maneira de criar um campo elétrico. A FIGURA 2.9a representa o campo elétrico de um dipolo por meio de um diagrama vetorial de campo. A FIGURA 27.9b representa o mesmo campo usando linhas de campo elétrico. Note como o campo sobre o eixo aponta na direção de , abaixo e acima do di- polo, enquanto o campo no plano bissetor está orientado contrariamente a . Na maioria dos pontos, entretanto, possui tanto um componente paralelo quanto um componente perpendicular a . Os vetores campo elétrico são tangentes às linhas de campo elétrico. FIGURA 27.9 Campo elétrico criado por um dipolo. A FIGURA 27.10 mostra o campo elétrico de duas cargas de mesmo sinal. Trata-se de um diagrama de linhas de campo elétrico no qual mostramos apenas alguns vetores do campo. Vale a pena uma cuidadosa comparação entre as Figuras 27.9b e 27.10. Verifique se você consegue explicar as similaridades e as diferenças entre as duas. Nem os diagramas vetoriais de campo e tampouco os diagramas de linhas de campo são representações pictóricas fiéis de campos elétricos. Os vetores de campo são um pouco mais difíceis de traçar e mostram o campo somente em poucos pontos, mas indicam cla- ramente a orientação e a intensidade do campo elétrico naqueles pontos. Os diagramas de linhas de campo talvez pareçam mais elegantes e algumas vezes são mais fáceis de esboçar, mas não há o conhecimento de uma fórmula através da qual se possa desenhar as linhas e é mais difícil, a partir deles, inferir a orientação e a intensidade reais do campo elétrico. Simplesmente não existe uma maneira de mostrar precisamente o que o campo é. Somente a representação matemática é exata. Usaremos os diagramas vetoriais de cam- po e os diagramas de linhas de campo dependendo de quais sejam as circunstâncias, mas você perceberá que a preferência deste texto inclina-se pelo emprego dos diagramas vetoriais de campo. 11.5, 11.6 FIGURA 2.10 O campo elétrico criado por duas cargas positivas iguais. CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 825 PARE E PENSE 27.1 No ponto indicado na figura, o campo elétrico aponta a. Para a esquerda b. Para a direita c. Para cima d. Para baixo e. O campo elétrico é nulo 27.3 Campo elétrico criado por uma distribuição contínua de carga Objetos comuns – mesas, cadeiras, um béquer com água – parecem, aos nossos sentidos, distribuições contínuas de matéria. Não existe uma evidência óbvia para a existência de uma estrutura atômica, embora tenhamos boas razões para acreditar que obteríamos átomos individuais se subdividíssemos muitas e muitas vezes a matéria. Portanto, para efeito prático, é mais fácil considerar a matéria como contínua e falar em uma densidade de matéria. A massa específica – o número de quilogramas por metro cúbico de matéria homogênea – nos permite descrever a distribuição da matéria como se ela fosse contínua, ao invés de atômica. Uma situação parecida ocorre com a carga. Se um objeto carregado contém um nú- mero elevado de excesso de elétrons – por exemplo, 10 12 elétrons extras em um bastão de metal –, não é prático contar cada elétron. É mais adequado considerar a carga como sendo contínua e descrever como ela se distribui pelo objeto. A FIGURA 27.11a mostra um objeto de comprimento L, como um bastão de plástico ou um fio metálico, dotado de carga líquida Q espalhada uniformemente ao longo do mes- mo. (Usaremos a letra maiúscula Q para denotar a carga total de um objeto, reservando a letra minúscula q para cargas puntiformes individuais.) A densidade linear de carga � é definida como (27.13) A densidade linear de carga, com unidade de C/m, é a quantidade de carga por metro de comprimento. A densidade linear de carga de um fio com comprimento de 20 cm e carregado com 40 nC é 2,0 nC/cm, ou seja, 2,0 � 10 �7 C/m. NOTA � A densidade linear de carga � é análoga à densidade linear de massa �, que você usou no Capítulo 20 para determinar a velocidade de uma onda em uma corda. � Também estaremos interessados em distribuições superficiais de carga. A FIGURA 27.11b mostra uma distribuição bidimensional de carga sobre uma superfície de área A. Definimos a densidade superficial de carga � (a letra grega minúscula eta) como (27.14) A densidade superficial de carga, com unidade de C/m 2 , é a quantidade de carga por me- tro quadrado. Uma superfície quadrada de 1,0 mm � 1,0 mm, com densidade de carga de 2,0 � 10 �4 C/m 2 , contém 2,0 � 10 �10 C, ou 0,20 nC de carga. (No Capítulo 28, será usada a densidade volumétrica de carga, , expressa em C/m3.) A Figura 27.11 e as equações de definição 27.13 e 27.14 são válidas se o objeto esti- ver uniformemente carregado, o que significa que as cargas estão espalhadas de manei- ra uniforme sobre o objeto. Assumiremos que objetos carregados estão uniformemente carregados a menos que seja indicado o contrário. NOTA � Alguns livros didáticos representam a superfície de carga pelo símbolo �. Uma vez que este símbolo também é usado para representar a condutividade, um conceito introduzido no Capítulo 31, escolhemos um símbolo diferente para densi- dade superficial de carga. � PARE E PENSE 27.2 Um pedaço de plástico está uniformemente carregado com densida- de de carga �a. O plástico é, então, dividido em um grande pedaço com densidade superficial de carga �b e em um pequeno pedaço com densidade superficial de carga �c. Coloque em ordem decrescente as densidades superficiais de carga de �a até �c. Carga Q sobre um bastão de comprimento L. A densidade linear de carga é A carga em um pequeno comprimento é Carga Q sobre uma superfície de área A. A densidade superficial de carga é � � Q/A. A carga em um pequeno elemento de área A é Q � � A. Área FIGURA 27.11 Uma distribuição contínua de carga unidimensional e outra bidimensional. 826 Física: Uma Abordagem Estratégica Uma estratégia para resolução de problemas Nosso objetivo agora é determinar o campo elétrico criado por uma distribuição con- tínua de carga, tal como ao longo de um bastão carregado ou de um disco carregado. Dispomos de duas ferramentas básicas para lidar com isso: O campo elétrico de uma carga puntiforme e ■ O princípio da superposição. ■ Podemos empregar estas ferramentas,para o caso de uma distribuição contínua de carga, seguindo uma estratégia de três etapas: 1. Divida a carga total Q em muitas pequenas cargas puntiformes Q. 2. Use o conhecimento a respeito do campo elétrico criado por uma carga puntifor- me para determinar o campo elétrico criado por cada Q. 3. Calcule o campo resultante somando todos os campos criados por Q. Na prática, conforme seria esperado, essa soma será uma integral. A dificuldade com os cálculos de campos elétricos não está em efetuar a soma ou a integração propriamente em si, mas se encontra no último passo, ao montar as equações e saber o que integrar. Agora, passo a passo, através de vários exemplos, ilustraremos esses procedimentos. Entretanto, primeiro precisamos relembrar os passos da estratégia para resolução de problemas. O objetivo da estratégia é subdividir um problema difícil em uma série de pequenas etapas que são, individualmente, mais tratáveis. ESTRATÉGIA PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 27.2 Campo elétrico criado por uma distribuição contínua de carga MODELO Modele a distribuição com uma forma simples, tal como uma linha eletriza- da ou um disco eletrizado. Considere que a carga esteja uniformemente distribuída. VISUALIZAÇÃO Para uma representação pictórica: Desenhe a figura e defina nela um sistema de coordenadas. Identifique o ponto P no qual você deseja calcular o campo elétrico. Divida a carga total Q em pequenos pedaços de carga Q usando formas para as quais você já sabe como determinar o . Geralmente, mas nem sempre, é como se dividíssemos a carga total em um grande número de cargas puntiformes. Desenhe o vetor campo elétrico criado em P por uma ou duas porções de carga Q. Isso o ajudará a identificar as distâncias e os ângulos que precisam ser cal- culados. Verifique se não existem simetrias na distribuição de cargas que simplifiquem o campo. Você poderá, talvez, concluir que um ou mais componentes de , por exemplo, são nulos. RESOLUÇÃO A representação matemática é . Use o princípio da superposição para obter uma expressão algébrica para ■ cada um dos três componentes de (a menos que tenha certeza de que um ou mais deles sejam nulos) no ponto P. Tome como variáveis as coordenadas ( ■ x, y, z) do ponto. Troque a pequena carga ■ Q por uma expressão equivalente que envolva uma den- sidade de carga e uma coordenada, tal como dx, que descreva a forma da carga Q. Este é o passo fundamental ao fazer a transição de uma soma para uma in- tegral, pois você precisa de uma coordenada para servir de variável de integração. Expresse todos os ângulos e distâncias em função das coordenadas. ■ Faça a soma tornar-se uma integral. A integração será feita sobre ■ a coordenada variável relacionada a Q. Os limites de integração para essa variável devem “cobrir” todo o objeto carregado. AVALIAÇÃO Verifique se o seu resultado é consistente com algum limite para o qual você saiba que o campo deveria tender. CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 827 EXEMPLO 27.3 O campo elétrico de uma linha de carga A FIGURA 27.12 mostra um bastão fino, de comprimento L e unifor- memente carregado com uma carga total Q que pode ser tanto posi- tiva quanto negativa. Determine a intensidade do campo elétrico a uma distância d do bastão, no plano que bissecciona o mesmo. Carga total Q Qual é o campo elétrico neste ponto? A densidade linear de carga é � � FIGURA 27.12 Um bastão fino e uniformemente carregado. MODELO O bastão é fino, de modo que consideraremos que as car- gas estejam dispostas ao longo de uma linha, formando o que cha- mamos de linha de carga. Esta é uma importante distribuição de carga cujo campo serve como modelo do campo elétrico criado por um bastão carregado ou por um fio metálico carregado. A densidade linear de carga é . VISUALIZAÇÃO A FIGURA 27.13 ilustra as 5 etapas da estratégia para resolução de problemas. Escolhemos um sistema de coordenadas no qual o bastão esteja posicionado ao longo do eixo y, e o ponto P, no plano bissetor sobre o eixo x. Dividimos o bastão então, em N pequenos segmentos de carga Q, cada um dos quais podendo ser considerado como uma carga puntiforme. Para cada Q na parte inferior do fio, produzindo um campo que aponta para a direita e para cima, existe uma carga Q recíproca, na metade superior, que cria um campo orientado para a direita e para baixo. Os componen- tes y desses dois campos se cancelam, e o campo elétrico resultante dos dois sobre o eixo x aponta perpendicularmente para fora do bastão. O único componente que precisamos calcular realmente é Ex. (Trata-se do mesmo raciocínio, baseado em simetrias, que usa- mos no Exemplo 27.1.) Escolha um sistema de coordenadas com a origem no centro do bastão. Identifique o ponto no qual será calculado o campo. Divida o bastão em N pequenos segmentos de comprimento y e carga Q � � y. Desenhe o vetor do campo do segmento de carga i. Note que os campos (Ei)y criados pelas cargas simetricamente localizadas se cancelam. Segmento i Distância d riyi y L/2 -L/2 0 P i i Ei y FIGURA 27.13 Calculando o campo elétrico criado por uma linha de carga. RESOLUÇÃO Cada um dos pequenos segmentos de carga pode ser considerado como uma carga puntiforme. Conhecemos o campo elé- trico criado por uma carga puntiforme e, assim, podemos escrever o componente x de , o campo elétrico criado pelo segmento i, como onde ri é a distância da carga i ao ponto P. Você pode ver da figura que e . Com isso, (Ei)x torna-se Observe que este resultado é muito parecido com o do cálculo que fizemos no Exemplo 27.1. Se, agora, somarmos essa expressão para todos os segmentos de carga, o componente x resultante do campo elétrico será Esta é a mesma superposição que fizemos para o caso de N � 3, no Exemplo 27.1. A única diferença é que agora escrevemos o resul- tado como uma soma explícita, de forma que N possa ter qualquer valor. Fazemos e substituímos a soma por uma integral, mas não podemos integrar sobre Q, pois ele não é uma quantidade geo- métrica. É aqui que entra a densidade linear de carga. A quantidade de carga em cada segmento está relacionada ao seu comprimento y por . Em termos de densidade linear de carga, o campo elétrico é expresso como Agora estamos prontos para tornar a soma uma integral. Tomando o limite , cada segmento se transforma em um comprimento infi- nitesimal , enquanto a variável discreta de posição yi se torna Continua 828 Física: Uma Abordagem Estratégica uma variável contínua de integração y. A soma que var de i � 1 até i � N é substituída por uma integral entre os limites y � �L/2 e y � �L/2. Assim, no limite , Esta é uma integral comum que você aprendeu a fazer no cálculo e cujo resultado pode ser encontrado no Apêndice A. Note que, da forma como essa integral foi concebida, d é uma constante até onde sabemos. Integrando, obtemos Devido ao fato de que o único componente não-nulo do campo é Ex, a intensidade do campo elétrico Ebastão a distância d do centro do bastão carregado é A intensidade do campo deve ser positiva, então expressamos a carga Q em módulo, o que permite a possibilidade de que a carga seja nega- tiva. A única restrição ao resultado é que se trata do campo criado em um ponto do plano que bissecciona o bastão. AVALIAÇÃO Suponha um ponto muito afastado do bastão. Se d L, o comprimento do bastão não é relevante e ele se parece com uma carga puntiforme Q a esta distância. Portanto, no caso limite d L espe- ramos que o campo elétrico criado pelo bastão apresente o comporta- mento de uma carga puntiforme. Se d L, a raiz quadrada torna-se , e a intensidade do campo elétrico à distância d resulta em , que é o campo elétrico de uma carga puntiforme. O fato de que nossa expressão Ebastão apresenta o resultado correto para o caso limite nos dá confiança de que não cometemos quaisquer erros durante a derivação. EXEMPLO 27.4 O campo elétrico criado por um bastão carregadoQual é a intensidade do campo elétrico a 1,0 cm do centro de um bas- tão de vidro com 8,0 cm de comprimento carregado com 10 nC? RESOLUÇÃO O Exemplo 27.3 mostrou que a intensidade do campo elé- trico no plano que bissecciona um bastão carregado é Usando , obtemos Para comparação, o campo a 1,0 cm de uma carga puntiforme de 10 nC seria um pouco maior do que 9,0 � 10 5 N/C. AVALIAÇÃO O resultado é consistente com os valores da Tabela 27.1. Uma linha de carga infinita O que acontece se um bastão ou se um fio torna-se muito longo enquanto a densidade linear de carga � mantém-se constante? Ou seja, mais carga é adicionada de modo que a razão permaneça constante à medida que L aumenta. Quando L tende a infinito, a densidade do campo elétrico torna-se (27.15) onde substituímos d pela distância radial mais usual r. Essa é a intensidade do campo cria- do por uma linha de carga infinitamente longa que possui uma densidade linear de carga �. A densidade linear de carga mede quão próximas ou quão afastadas estão as cargas do bastão umas das outras, e ela não é afetada quando o comprimento L do bastão aumenta. NOTA � Ao contrário de uma carga puntiforme, que gera um campo que diminui com 1/r2, o campo gerado por um fio carregado e infinitamente longo diminui mais lentamente com a distância – ou seja, com 1/r. � A Equação 27.15 é de um significado prático considerável. Embora nenhum fio real seja infinitamente longo, o fato de que o campo de uma carga puntiforme decresce inversa- mente com o quadrado da distância significa que o campo elétrico em um ponto próximo ao fio é determinado principalmente pelas cargas mais próximas sobre ele. Além disso, de- vido ao grande comprimento do fio, as suas extremidades estão muito afastadas para fazer qualquer contribuição significativa. Conseqüentemente, o campo de um fio real de tama- nho finito é bem-aproximado pela Equação 27.15, o campo que seria gerado por uma linha de carga infinitamente longa, exceto para os pontos próximos às extremidades do fio. CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 829 A FIGURA 27.14 representa alguns vetores do campo elétrico criado por uma linha de carga positiva e infinitamente longa. Se a linha de carga fosse negativa os vetores apon- tariam para dentro dela. PARE E PENSE 27.3 Qual das ações descritas abaixo aumentará a intensidade do campo elé- trico na posição do ponto? a. Aumentar o tamanho do bastão sem alterar sua carga. b. Diminuir o tamanho do bastão sem alterar sua carga. c. Tornar o bastão mais largo sem alterar sua carga. d. Tornar o bastão mais estreito sem alterar sua carga. e. Adicionar carga ao bastão. f. Remover carga do bastão. g. Afastar o ponto do bastão. h. Aproximar o ponto do bastão. 27.4 Campos elétricos criados por anéis, discos, planos e esferas Nesta seção, iremos derivar os campos elétricos criados por três distribuições de carga importantes e relacionadas: um anel de carga, um disco de carga e um plano de carga. O anel de carga é a principal delas e será a base para a determinação dos outros dois. Também examinaremos o campo elétrico criado por uma esfera carregada. EXEMPLO 27.5 O campo elétrico criado por um anel de carga Um anel delgado de raio R está uniformemente carregado com uma carga total Q. Determine o campo elétrico em um ponto situado sobre o eixo do anel (perpendicular ao plano do anel). MODELO Uma vez que se trata de um anel delgado, consideraremos que as cargas estejam ao longo de um círculo de raio R. Você pode imaginar isso como uma linha de carga de comprimento 2�R curvada em um círculo. A densidade linear de carga do anel é . VISUALIZAÇÃO A FIGURA 27.15 mostra o anel e ilustra as cinco etapas da estratégia para resolução de problemas. Escolhemos um sistema de coordenadas em que o anel se encontra no plano xy, e o ponto P, no eixo z. Depois dividimos o anel em N pequenos segmentos de carga Q, cada um dos quais podendo ser considerado uma carga puntiforme. Escolha um sistema de coordenadas. Identifique o ponto onde deve determinar o campo. Divida o anel em segmentos. Desenhe o vetor campo elétrico produzido pelo i-ésimo segmento de carga. Note que o campo produzido por um segmento de carga diametralmente oposto cancelará (E i ) y . Segmento com carga FIGURA 27.15 Calculando o campo elétrico sobre o eixo x devido a um anel carregado. Como você pode ver da figura, o componente do campo perpendicular ao eixo se cancela para cada par de segmentos diametralmente opostos. Dessa forma, precisamos calcular apenas o componente Ez do campo. RESOLUÇÃO O componente z do campo elétrico criado pelo segmento i é Da figura você pode ver que, para qualquer segmento do anel, inde- pendentemente de i, temos Conseqüentemente, o campo criado pelo segmento i é Determinamos o campo elétrico resultante somando os (Ei)z criados por todos os N segmentos: Como estabelecido no problema, z é constante, e, assim, podemos tirar do símbolo de soma todos os termos que envolvem z. Surpreendente- mente, não precisamos converter a soma em uma integral para comple- tar o cálculo. A soma sobre todos os ao longo do anel é, simples- mente, a carga total , de modo que o campo sobre o eixo é A expressão é válida para ambos os valores de z, positivo ou negativo (i.e., em qualquer um dos lados do anel), e para ambos os sinais da carga, positivo ou negativo. AVALIAÇÃO Deixaremos como exercício de casa mostrar que este re- sultado fornece o valor esperado para o caso limite em que z R. O campo aponta diretamente para fora da linha em todos os pontos. Linha de carga infinita A intensidade do campo diminui com a distância. FIGURA 27.14 O campo elétrico criado por uma linha de carga infinita. Bastão carregado 830 Física: Uma Abordagem Estratégica A FIGURA 27.16 mostra duas representações do campo elétrico sobre o eixo de um anel carregado positivamente. A FIGURA 27.16a mostra que os vetores campo elétrico apontam para fora do anel, aumentando de tamanho até atingir um máximo quando e, depois, diminuindo. O gráfico de (Eanel)z da FIGURA 27.16b confirma que a intensidade do campo possui um máximo em cada um dos lados do anel. Note que o campo elétrico no centro do anel é nulo, embora este ponto esteja cercado por cargas. Talvez você queira passar um minuto pensando sobre por que isso é assim. Um disco de carga Nosso objetivo agora é determinar o campo elétrico criado por um plano de carga in- finitamente extenso, pois esse é um dos nossos modelos básicos de campo elétrico. A maior parte do trabalho já foi feita. Primeiro, usaremos o resultado obtido para um anel de carga para determinar o campo elétrico sobre o eixo de um disco de carga. Depois, consideraremos que o disco se expanda até se tornar um plano de carga. A FIGURA 27.17 mostra um disco de raio R uniformemente carregado com uma carga Q. Este é um disco matemático, sem espessura e com densidade superficial de carga dada por (27.16) Desejamos calcular o campo elétrico sobre o eixo do disco. Nossa estratégia para reso- lução de problemas nos diz para dividir a carga contínua em segmentos para os quais já saibamos como obter . Uma vez que já conhecemos o campo elétrico sobre o eixo de um anel de carga, vamos dividir o disco imaginariamente em uma série de N anéis con- cêntricos e estreitos, com raio r e espessura r cada um. Um desses anéis, com raio ri e carga Qi, é mostrado na figura. Devemos tomar cuidado com a notação. No Exemplo 27.5, R era o raio do anel. Te- mos agora muitos anéis, e o raio do i-ésimo anel é ri. Analogamente, Q era a carga sobre o anel. Agora a carga do i-ésimo anel é Qi, uma pequena fração da carga total do disco. Com tais mudanças, o campo elétrico criado pelo i-ésimo anel de raio ri é (27.17) O campo elétrico sobre o eixo do disco carregado é a soma dos campos elétricos criados por todos os anéis de carga: (27.18) Como sempre, o passo crítico é relacionar Q a uma coordenada.Como estamos em uma superfície, e não, em uma linha, a carga do i-ésimo anel é , onde é a área do i-ésimo anel. Podemos determinar , como você aprendeu nos cursos de cál- culo, “esticando” o anel de modo que ele forme um retângulo estreito de comprimento e altura . Portanto, a área do i-ésimo anel é , e o elemento de carga é . Com esta substituição, a Equação 27.18 assume a forma (27.19) Quando , e a soma se torna uma integral. Adicionar todos os anéis sig- nifica integrar desde r � 0 até r � R, ou seja, (27.20) Tudo o que resta é efetuar a integração. Isso será imediato se fizermos a troca de variável u � z2 � r2. Portanto, du � 2rdr ou, o que é equivalente, . No limite de integração inferior r � 0, nossa nova variável vale u � z2. No limite superior, r � R, a nova variável tem valor u � z2 � R2. O campo é nulo no centro. Intensidade máxima de campo anel FIGURA 27.16 Campo elétrico sobre o eixo de um anel de carga. Disco de raio R e carga Q A carga do anel é Campo devido ao anel i Anel i com raio r i e área A i . Se desenrolarmos o anel, ele se parecerá como mostrado abaixo. Área FIGURA 27.17 Calculando o campo sobre o eixo de um disco carregado. CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 831 NOTA � Quando trocamos de variável em uma integral definida, devemos também trocar os limites de integração. � Com a troca de variáveis, a integral torna-se (27.21) Multiplicando z pelo termo entre colchetes, o campo elétrico sobre o eixo de um disco carregado com uma densidade de carga é (27.22) NOTA � Essa expressão é válida apenas para o caso z � 0. Para z 0, o campo tem o mesmo módulo, mas aponta no sentido oposto. � É um pouco difícil descobrir o que a Equação 27.22 significa; assim, iremos compa- rá-la com o que já conhecemos. Primeiro, você pode ver que a quantidade entre colche- tes é adimensional. A densidade superficial de carga tem a mesma unidade de q/r2; logo, tem a mesma unidade de . Isso significa que é realmente um campo elétrico. Segundo, vamos nos afastar do disco. A uma distância z R, o disco se assemelha a uma carga puntiforme Q, e o campo do disco, a essa distância, deve tender ao cam- po de uma carga puntiforme. Fazendo na Equação 27.22, então , e obtemos (Edisco)z → 0, o que está correto, embora não seja exatamente o que queríamos. Desejamos que z seja muito grande em comparação a R, mas não tão grande que Edisco se anule. Isso requer um pouco mais de cuidado no cálculo do limite. Podemos escrever a Equação 27.22 de uma forma um pouco mais útil passando z2 para fora da raiz do denominador, do que resulta (27.23) Porém se , de modo que o segundo termo entre colchetes é do tipo (1 � x)1/2, onde x 1. Podemos usar a aproximação binomial, (aproximação binomial) para simplificar a expressão entre colchetes: (27.24) Essa é uma boa aproximação quando z R. Substituindo a aproximação na Equação 27.23, obtemos o campo elétrico do disco para z R, dado por (27.25) Este é, realmente, o campo de uma carga puntiforme Q, o que confirma a validade da Equação 27.22 para o campo elétrico sobre o eixo de um disco de carga. NOTA � A aproximação binomial é uma ferramenta importante para analisar casos limite de campos elétricos. � EXEMPLO 27.6 O campo elétrico de um disco carregado Um disco plástico com 10 cm de diâmetro está carregado unifor- memente com uma carga de 10 11 elétrons extras. Qual é o campo elétrico criado em um ponto 1,0 mm acima da superfície e próximo do centro? MODELO Considere o disco plástico como um disco uniformemente carregado. Desejamos determinar o campo elétrico sobre o eixo do disco. Devido ao fato de a carga ser negativa, o campo elétrico irá apontar para o disco. Continua 832 Física: Uma Abordagem Estratégica RESOLUÇÃO A carga total do disco de plástico é Q � N(�e) � �1,60 � 10 �8 C. A densidade superficial de carga é O campo elétrico em z � 0,0010 m, dado pela Equação 27.22, é O sinal negativo indica que o campo aponta para o disco em vez de para longe do mesmo. Em forma vetorial, � (1,1 � 10 5 N/C, orientado para o disco) AVALIAÇÃO A carga total de �16 nC é uma quantidade típica de carga produzida por fricção em pequenos objetos de plástico. Portanto, 10 5 N/C é uma intensidade de campo elétrico típica para pontos próximos a um objeto que tenha sido eletrizado por atrito. Um plano de carga Muitos dispositivos eletrônicos utilizam superfícies planas carregadas – discos, quadra- dos, retângulos e outros – para manter os elétrons em um determinado caminho. Tais su- perfícies carregadas são chamadas de eletrodos. Embora qualquer eletrodo real seja de extensão finita, normalmente podemos considerar um eletrodo como um plano de carga infinito. Como a distância z até o eletrodo é pequena em comparação com as distâncias até as extremidades, podemos, aproximadamente, considerar as extremidades como se elas estivessem infinitamente distantes. O campo elétrico criado por um plano de carga sobre o eixo é determinado a partir do campo gerado por um disco carregado tomando-se o limite , ou seja, um disco de raio infinito é um plano infinito. Da Equação 27.22, vemos que o campo elétrico cria- do por um plano de carga com densidade superficial de carga é: (27.26) Trata-se de um resultado simples, mas o que ele nos diz? Primeiro, que a intensidade de campo é diretamente proporcional à densidade de carga : quanto maior for a carga, maior será o campo gerado. Segundo, e mais interessante, que a intensidade de campo é igual em todos os pontos do espaço, independentemente de sua distância z. A intensidade de campo a 1000 m do plano é igual à intensidade de campo a 1 mm do mesmo plano. Como isso pode acontecer? Aparentemente o campo deveria tornar-se mais fraco à medida que você se afasta do plano. Mas lembre-se de que estamos lidando agora com um plano de carga infinito. O que significa estar “próximo“ ou “afastado” de um objeto infinito? Para um disco de raio finito R, um ponto à distância z estará “perto do” ou “lon- ge do” disco dependendo da comparação entre z e R. Se z R, o ponto estará próximo ao disco. Se z R, o ponto estará longe do disco. Mas quando , não dispomos de escala que distinga o próximo do afastado. Em essência, qualquer ponto do espaço é “próximo a” um disco de raio infinito. Nenhum plano real é infinito em extensão, mas podemos interpretar a Equação 27.26 como significando que o campo criado por uma superfície de carga, independentemente de sua forma, é uma constante para aqueles pontos cuja distância z até a superfície seja muito menor do que as distâncias até as extremidades. Quando z R, a superfície de carga começará a se parecer com uma carga puntiforme Q e o campo terá de diminuir em 1/z2. É necessário observar que a derivação que resultou na Equação 27.26 considerou que z � 0. Para um plano carregado positivamente, com , o campo elétrico aponta para fora do plano em ambos os lados do mesmo. Isso requer que Ez 0 ( tem o sentido negativo de z) no lado em que z 0. Portanto, a descrição completa do campo elétrico, válida para ambos os lados do plano e para qualquer que seja o sinal de �, é (27.27) Eletrodos de poucos milímetros de comprimento guiavam os elétrons através das antigas válvulas a vácuo. Transistores modernos de efeito de campo usam um eletrodo, chamado de gate*, com apenas 1 �m de espessura. * N. de T.: No Brasil, utilizamos tanto porta como gate para nos referirmos ao dispositivo de controle de elétrons por meio da voltagem em um FET (Field Effect Transistor, transis- tor de efeito de campo). Neste livro, optou- se por usar a palavra consagrada em inglês. CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 833 A FIGURA 27.18 mostra duas vistas do campo elétrico de um plano carregado positiva- mente. Todas as setas deverão ser invertidas no caso de um plano carregado negativa- mente. Teria sido muito difícil prever este resultado a partir da leide Coulomb ou do campo elétrico criado por uma única carga puntiforme; todavia, passo a passo, consegui- mos usar o conceito de campo elétrico para analisar distribuições de cargas crescente- mente mais complexas. Uma esfera carregada A última distribuição de carga para a qual desejamos conhecer o campo elétrico é a de uma esfera carregada. Esse problema é análogo àquele em que queremos saber o cam- po gravitacional de uma estrela ou de um planeta esférico. O procedimento para calcular o campo de uma esfera de carga é o mesmo que usamos para linhas e planos de carga, mas as integrações envolvidas são significativamente mais difíceis. Omitiremos os de- talhes dos cálculos e, por ora, simplesmente aceitaremos o resultado sem demonstrá-lo. No Capítulo 28, usaremos um procedimento alternativo para determinar o campo criado por uma esfera carregada. Uma esfera de carga Q e raio R, seja ela uniformemente carregada ou apenas uma casca esférica, cria um campo elétrico externo à esfera (r � R) idêntico ao de uma carga puntiforme Q que estivesse localizada no centro da esfera: (27.28) Essa afirmação é análoga à nossa afirmação anterior de que as forças gravitacionais entre estrelas e planetas podem ser calculadas como se todas as massas dos corpos esti- vessem no centro. A FIGURA 27.19 representa o campo elétrico criado por uma esfera carregada positiva- mente. O campo de uma esfera negativamente carregada aponta para dentro da mesma. Note que o campo no interior da esfera (r R) não é dado pela Equação 27.28. PARE E PENSE 27.4 Ordene em seqüência decrescente as intensidades de campo elétrico de Ea até Ee criadas pelos cinco pontos próximos ao plano de carga. 27.5 O capacitor de placas paralelas A FIGURA 27.20 mostra dois eletrodos, um com carga �Q e outro com carga �Q coloca- dos face a face e separados por uma distância d. Esse arranjo de dois eletrodos, carrega- dos com o mesmo valor absoluto de carga, mas com sinais contrários, é chamado de capacitor de placas paralelas. Os capacitores desempenham papéis importantes em muitos circuitos elétricos. Nosso objetivo aqui é determinar o campo elétrico criado em ambos os lados de um capacitor, ou seja, dentro (entre as placas) e fora do mesmo. NOTA � A carga total de um capacitor é nula. Os capacitores são carregados por meio da transferência de elétrons de uma placa para outra. A placa que ganha N elé- trons adquire carga �Q � N(�e); a placa que perde elétrons adquire carga �Q. � Comecemos com uma análise qualitativa. A FIGURA 27.21 é uma vista ampliada das placas do capacitor, observadas de lado. Devido ao fato de que cargas opostas se atraem, todas as cargas se encontram sobre as superfícies internas das duas placas. Portanto, as superfícies internas podem ser consideradas como planos carregados com densidades Vista em perspectiva Vista lateral FIGURA 27.18 Duas vistas do campo elétrico criado por um plano de carga. O campo elétrico fora de uma esfera ou de uma casca esférica é igual ao campo criado por uma carga puntiforme Q localizada no centro. FIGURA 27.19 Campo elétrico de uma esfera carregada positivamente. Área A FIGURA 27.20 Um capacitor de placas paralelas. 834 Física: Uma Abordagem Estratégica superficiais de carga iguais e opostas. O campo elétrico , criado pela placa positiva, aponta para fora da superfície carregada correspondente. O campo , criado pela placa negativa, aponta para a superfície correspondente. A figura mostra ambos os campos entre as placas e também à esquerda e à direita do capacitor. NOTA � Talvez você tenha pensado que a placa direita do capacitor deveria, de algu- ma forma, “bloquear” o campo elétrico criado pela placa positiva e impedir a presen- ça de um campo à direita do capacitor. Para verificar que ela não causa tal efeito, considere uma situação análoga que envolva a gravidade. A força da gravidade acima de uma mesa é igual à força da gravidade abaixo da mesa. Assim como a mesa não bloqueia o campo gravitacional da Terra, matéria ou cargas interpostas não alteram ou bloqueiam o campo elétrico de um objeto. � Dentro do capacitor, e são paralelos e de mesma intensidade. Sua superposi- ção cria um campo elétrico resultante dentro do capacitor que aponta da placa positiva para a placa negativa. Fora do capacitor, e apontam em sentidos opostos, e devido ao fato de o campo de uma placa de carga ser independente da distância até o plano, eles possuem o mesmo módulo. Conseqüentemente, os campos e se anulam fora das placas do capacitor. Podemos calcular os campos entre as placas do capacitor a partir do campo criado por um plano infinito carregado. Entre os eletrodos, tem módulo e aponta da placa positiva para a negativa. O campo também tem módulo e também aponta da placa positiva para a negativa. Assim, o campo elétrico dentro do capacitor é (27.29) onde A é a área superficial de cada eletrodo. Fora das placas do capacitor, onde e possuem módulos iguais e orientações opostas, . A FIGURA 27.22a mostra o campo elétrico criado por um capacitor ideal de placas pla- nas construído com dois planos de carga infinitos. Ora, de fato não existe capacitor real que seja de extensão infinita, todavia o capacitor ideal de placas paralelas constitui uma aproximação muito boa para tudo, exceto em cálculos mais precisos, desde que a separa- ção d entre os eletrodos seja muito menor do que o tamanho dos mesmos – ou seja, menor do que sua extensão lateral ou seu raio. A FIGURA 27.22b mostra que o campo no interior de um capacitor real é virtualmente idêntico àquele criado por um capacitor ideal exceto pelo fato do campo exterior não ser exatamente nulo. Este campo fraco e externo ao ca- pacitor é chamado de campo de margem. Manteremos as coisas simples considerando sempre que os planos estejam muito próximos um do outro e usando a Equação 27.29 para o campo criado por um capacitor de placas paralelas em seu interior. NOTA � A forma dos eletrodos – circular, quadrada ou qualquer outra – não é rele- vante desde que os eletrodos estejam muito próximos um do outro. � Campos elétricos uniformes A FIGURA 27.23 mostra um campo elétrico que é igual – em intensidade e orientação – em qualquer ponto de uma região do espaço. Chamamos isso de campo elétrico uniforme. Um campo elétrico uniforme é análogo ao campo gravitacional uniforme próximo à su- perfície da Terra. Campos uniformes são de grande interesse prático, pois, como você verá na próxima seção, calcular a trajetória de uma partícula carregada que se move em um campo elétrico uniforme é um processo muito simples. A forma mais fácil de produzir um campo elétrico uniforme é com um capacitor de pla- cas paralelas, como se pode ver na Figura 27.22a. Na verdade, nosso interesse em capaci- tores deve-se em grande parte ao fato de o campo elétrico ser uniforme. Muitos problemas sobre campo elétrico serão referentes a campos elétricos uniformes. Tais problemas trazem implícita a suposição de que a ação ocorre dentro de um capacitor de placas paralelas. Dentro do capacitor, e são paralelos, de modo que o campo resultante é grande. Vista lateral dos eletrodos res res res Fora do capacitor, e são opostos, de modo que o campo resultante ali é nulo. E � E � E � E � E � E � E � E � E � E � E E E FIGURA 27.21 Os campos elétricos no interior e exterior de um capacitor de placas paralelas. (a) Capacitor ideal Vista lateral dos eletrodos. O campo é constante e aponta do eletrodo positivo para o negativo. (b) Capacitor real Um campo fraco se estende externamente aos eletrodos. FIGURA 27.22 O campo elétrico criado por um capacitor. FIGURA 27.23 Campo elétrico uniforme. CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 835 EXEMPLO 27.7 O campo elétrico interno de um capacitor Dois eletrodos retangulares de 1,0 cm � 2,0 cm estão separados por 1,0 mm. Que carga deve ser colocada em cada eletrodo a fim de criar umcampo elétrico uniforme com intensidade de 2,0 � 10 6 N/C? Para isso, quantos elétrons devem ser transferidos de um eletrodo para outro? MODELO Uma vez que o espaçamento entre os eletrodos é bem menor do que suas dimensões laterais, os eletrodos podem ser considerados como um capacitor de placas paralelas. RESOLUÇÃO A intensidade de campo elétrico dentro do capacitor é . Assim, a carga para produzir um campo de intensidade E é A placa positiva deve ser carregada com �3,5 nC, e a negativa, com �3,5 nC. Na prática, as placas são carregadas usando-se uma bateria para transferir elétrons de uma placa para outra. O número de elétrons correspondente a 3,5 nC é Portanto, são transferidos 2,2 � 10 10 elétrons de um eletrodo para ou- tro. Note que o capacitor como um todo não possui uma carga líquida. AVALIAÇÃO O espaçamento entre as placas não aparece no resultado. Enquanto o espaçamento for muito menor do que as dimensões da placa, o que ocorre neste exemplo, o campo será independente do espaçamento. PARE E PENSE 27.5 Ordene em seqüência decrescente os módulos Fa – Fe das forças que um próton experimentaria se fosse colo- cado nos pontos indicados de a até e neste capacitor de placas paralelas. 27.6 Movimento de uma partícula carregada em um campo elétrico Nossa motivação ao introduzir o conceito de campo elétrico foi compreender a interação de ação a distância entre cargas. Dissemos que algumas cargas, as cargas-fonte, criam um campo elétrico. Outras cargas, então, respondem ao campo elétrico gerado. As pri- meiras cinco sessões deste capítulo se concentraram em campos elétricos produzidos por cargas-fonte. Agora, voltaremos nossa atenção para a segunda metade da interação elétrica. A FIGURA 27.24 mostra uma partícula de carga q e massa m em um ponto onde um campo elétrico foi produzido por outras cargas, as cargas-fonte. O campo elétrico exerce a força sobre uma partícula carregada. Essa relação entre campo e força constitui a defini- ção de campo elétrico. Note que a força exercida sobre uma partícula negativamente carregada tem o sentido oposto ao do vetor campo elétrico. Os sinais algébricos são importantes! O vetor representa o campo elétrico neste ponto. A força sobre uma carga positiva tem o sentido de A força sobre uma carga negativa tem sentido oposto ao de sobre q sobre q FIGURA 27.24 O campo elétrico exerce uma força sobre uma partícula carregada. 11.9, 11.10 836 Física: Uma Abordagem Estratégica Se sobre q for a única força exercida sobre q, ela fará com que a partícula carregada acelere com (27.30) Esta aceleração é a resposta da partícula carregada à carga-fonte que criou o campo elétrico. A razão q/m é especialmente importante para a dinâmica do movimento de uma partícula carregada. Ela é chamada de razão carga-massa. Duas cargas de mesmo sinal, digamos um próton e um íon Na � , experimentarão forças iguais a se posiciona- das em um mesmo ponto de um campo elétrico, mas suas acelerações serão diferentes porque elas possuem massas diferentes e, portanto, diferentes razões carga-massa. Duas partículas com diferentes cargas e massas, mas com a mesma razão carga-massa, expe- rimentarão a mesma aceleração e seguirão a mesma trajetória. Movimento em um campo uniforme O movimento de uma partícula carregada em um campo elétrico uniforme é importante pela sua simplicidade básica e por seu grande número de aplicações práticas. Um campo uniforme é constante em todos os pontos – constante em módulo e orientação – na re- gião do espaço em que a partícula carregada se move. Da Equação 27.30 segue que toda partícula carregada, em presença de um campo elétrico uniforme, se moverá com uma aceleração constante. O módulo dessa aceleração é (27.31) onde E é a intensidade do campo elétrico, e a orientação de é paralela ou antiparalela a , dependendo do sinal de q. A determinação do movimento de uma partícula carregada em um campo uniforme com uma aceleração constante põe em uso todas as ferramentas da cinemática desenvol- vida nos Capítulos 2 e 4 para o movimento com aceleração constante. A trajetória básica de uma partícula carregada em um campo uniforme é uma parábola, analogamente ao movimento balístico de uma massa no campo gravitacional uniforme próximo à super- fície da Terra. No caso particular de uma partícula carregada lançada paralelamente ao vetor campo elétrico, o movimento será unidimensional, análogo ao movimento unidi- mensional vertical de uma massa atirada para cima ou em queda. NOTA � A aceleração gravitacional sempre aponta para baixo. A aceleração do campo elétrico pode ter qualquer orientação. A fim de obter a orientação de , você deverá determinar o campo elétrico . � EXEMPLO 27.8 Um elétron se move através de um capacitor Dois eletrodos com diâmetro de 6,0 cm estão espaçados por 5,0 mm. Eles são carregados pela transferência de 1,0 � 10 11 elétrons de um eletrodo para outro. Um elétron é solto, a partir do repouso, na superfície do eletrodo negativo. Quanto tempo ele demora para chegar ao eletrodo positivo? Com que velocidade ele colide com o eletrodo positivo? Considere que o espaço entre os eletrodos seja um vácuo. MODELO Os eletrodos formam um capacitor de placas paralelas. O campo elétrico no interior de um capacitor de placas paralelas é uni- forme, portanto o elétron terá aceleração constante. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 27.25 mostra uma vista lateral do capacitor e do elétron. A força sobre o elétron negativo é oposta ao campo elétri- co, de modo que o elétron é repelido pelo eletrodo negativo enquanto acelera através do espaço vazio de largura d entre os eletrodos. O capacitor foi carregado pela transferência de 1011 elétrons do eletrodo direito para o eletrodo esquerdo. Elétron , , FIGURA 27.25 Um elétron acelera através de um capacitor (as placas estão exageradamente separadas na figura). As “impressões digitais do DNA” são obtidas com a técnica da eletroforese em gel. Uma solução contendo fragmentos de DNA é colocada em uma cavidade numa das extremidades de uma lâmina coberta com gel. Os fragmentos estão negativamente carregados quando na solução e começam a migrar através do gel quando um campo uniforme é estabelecido paralelamente à superfície da lâmina. Devido à força de arrasto exercida pelo gel, os fragmentos se deslocam a velocidades terminais que são inversamente proporcionais aos seus tamanhos. Dessa forma, a eletroforese em gel ordena os fragmentos de DNA por tamanho, e marcadores fluorescentes permitem a visualização dos resultados. CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 837 RESOLUÇÃO Os eletrodos não são cargas puntiformes, dessa forma não podemos usar a lei de Coulomb para determinar a força exercida sobre o elétron. Em vez disso, devemos analisar o movimento do elé- tron em função do campo elétrico dentro do capacitor. O campo é o agente que exerce a força sobre o elétron, produzindo sua aceleração. A intensidade do campo elétrico dentro de um capacitor de placas paralelas com carga Q � Ne é A aceleração do elétron no campo é onde usamos a massa do elétron, m � 9,11 � 10�31 kg. Trata-se de uma aceleração enorme se comparada às acelerações de objetos ma- croscópicos com as quais estamos familiarizados. Podemos usar a ci- nemática unidimensional, com xi � 0 e vi � 0, para calcular o tempo requerido pelo elétron para atravessar o capacitor. A velocidade do elétron ao atingir o eletrodo positivo é AVALIAÇÃO Usamos e em vez de �e para obter a aceleração porque já sabemos qual é a orientação; precisamos apenas do módulo. A veloci- dade do elétron após percorrer meros 5,0 mm corresponde aproxima- damente a 10% da velocidade da luz. Eletrodos paralelos como os do Exemplo 27.8 freqüentemente são usados para ace- lerar partículas carregadas. Se a placa positiva tem um pequeno furo no centro, um feixe de elétrons passará através do mesmo, após ter sido acelerado ao cruzar o “gap” do ca- pacitor,e emergirá do furo com uma velocidade de 3,3 � 10 7 m/s. Esta é a idéia básica do canhão de elétrons usado em televisores, osciloscópios, monitores de computador e outros dispositivos com tubos de raios catódicos (CRT). (Um eletrodo negativamente carregado é chamado de cátodo, denominação dada pelos físicos que pela primeira vez conseguiram produzir feixes de elétrons em fins do século XIX, dominando-os de raios catódicos.) O próximo exemplo mostra que eletrodos paralelos podem ser usados tam- bém para desviar partículas próximas carregadas. EXEMPLO 27.9 Desviando um feixe de elétrons Um canhão de elétrons gera um feixe de elétrons que se movem ho- rizontalmente com velocidades de 3,3 � 10 7 m/s. Os elétrons per- correm um espaço vazio de 2,0 cm de largura entre dois eletrodos paralelos, onde o campo elétrico é � (0,50 � 10 4 N/C, para baixo). Em que orientação (ângulo e sentido) o feixe de elétrons é desviado por esses eletrodos? MODELO O campo elétrico entre os eletrodos é uniforme. Considere que o campo elétrico fora dos eletrodos sela nulo. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 27.26 mostra um elétron que se move através do campo elétrico. Este aponta para baixo, de modo que a força que ele exerce sobre os elétrons (negativos) é orientada para cima. Os elé- trons seguem uma trajetória parabólica análoga àquela descrita por uma bola arremessada horizontalmente, a não ser pelo fato de que os elétrons “caem para cima” ao invés de para baixo. para baixo, , Placas defletoras FIGURA 27.26 Um feixe de elétrons é desviado por um campo elétrico uniforme. RESOLUÇÃO Este é um problema sobre movimento bidimensio- nal. Os elétrons entram no capacitor com uma velocidade vetorial e saem do mesmo com velocidade . O ângulo de saída dos elétrons em relação à direção do campo elétrico é Este é o ângulo de desvio. Para determinar �, devemos calcular o ve- tor velocidade . Não existe uma força horizontal exercida sobre os elétrons, por- tanto v1x � v0x � 3,3 � 10 7 m/s. O módulo da aceleração dos elétrons orientada para cima é Podemos agora usar o fato de que a velocidade horizontal é constan- te para determinar o intervalo de tempo t necessário para o elétron percorrer os 2,0 cm: Haverá também uma aceleração vertical durante esse intervalo de tempo, resultando em uma velocidade vertical final Continua 838 Física: Uma Abordagem Estratégica Ao deixar o capacitor, a velocidade de um elétron é, portanto e o ângulo de desvio é AVALIAÇÃO As acelerações de partículas carregadas em um campo elé- trico são enormes em comparação com a aceleração de queda livre g. Dessa forma, raramente é necessário levar em conta a força gravita- cional quando calculamos as trajetórias de partículas carregadas. A única exceção é para objetos macroscópicos carregados, como contas de plástico eletrizadas em campos elétricos fracos. O Exemplo 27.9 ilustrou como um elétron é direcionado para um ponto sobre a tela de um tubo de raios catódicos. Primeiro um feixe de elétrons ultra-rápidos é criado por um canhão de elétrons como aquele do Exemplo 27.8. O feixe passa primeiro através de um conjunto de placas defletoras verticais, como no Exemplo 27.9, em seguida atraves- sa um segundo conjunto de placas defletoras horizontais. Após deixar as placas defleto- ras, ele se desloca (através do vácuo, a fim de não haver colisões com as moléculas de ar) diretamente para a tela do tubo de raios catódicos, onde o elétron colide com um reves- timento de fósforo sobre a superfície interna da tela, produzindo ali um ponto luminoso. Ajustando-se adequadamente os valores do campo elétrico entre as placas defletoras, os elétrons serão direcionados para qualquer ponto da tela. Movimento em um campo não-uniforme O movimento de uma partícula carregada em um campo elétrico não-uniforme pode ser um tanto complicado. Técnicas matemáticas sofisticadas e computadores são usados para determinar tais trajetórias. Entretanto, um tipo de movimento em campo elétrico não-uniforme é de fácil análise: a órbita circular descrita por uma partícula carregada em torno de uma esfera ou de um fio carregado. A FIGURA 27.27 mostra uma partícula de carga negativa em órbita de uma esfera positi- vamente carregada, analogamente à Lua em órbita da Terra. Você poderá rever no Capítulo 8 que a segunda lei de Newton para o movimento circular assume a forma (Fres)r � mv 2 /r. Aqui, a força radial tem módulo igual a |q|E, onde E é a intensidade do campo elétrico à distância r. Assim, a carga poderá se mover em uma órbita circular se (27.32) Exemplos específicos de órbitas circulares serão deixados como tarefas para casa. PARE E PENSE 27.6 Qual é o campo elétrico responsável pela trajetória do próton na figura? Trajetória parabólica 27.7 Movimento de um dipolo em um campo elétrico Vamos concluir o capítulo retornando a um dos problemas mais interessantes que men- cionamos nas observações iniciais do Capítulo 26. Lá, você descobriu que objetos car- regados com qualquer sinal exercem forças sobre objetos neutros, tal como quando um pente usado para pentear seu cabelo atrai pequenos pedaços de papel. Nossa compreen- são qualitativa da força de polarização requeria duas partes: A carga polariza os objetos neutros, criando um dipolo elétrico induzido. ■ sobre q FIGURA 27.27 Movimento circular de uma partícula carregada ao redor de uma esfera carregada. CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 839 A carga, então, exerce uma força atrativa sobre a extremidade mais próxima do di- ■ polo que é um pouco mais intensa do que a força repulsiva exercida sobre a extremi- dade mais afastada. Agora estamos em condições de entender isso de forma quantitativa. Analisaremos a força exercida sobre um dipolo permanente. Deixaremos como tarefa para casa você refletir acerca dos dipolos induzidos. Dipolos em campos uniformes A FIGURA 27.28a mostra um dipolo elétrico em um campo elétrico uniforme externo que foi criado por cargas-fonte não-mostradas na figura, ou seja, não é o campo criado pelo dipolo, é um campo ao qual o dipolo responde. Neste caso, devido ao fato de o campo ser uniforme, o dipolo encontra-se presumivelmente dentro de um capacitor de placas paralelas não-visível na figura. A força resultante sobre o dipolo é a soma das forças exercidas sobre as duas cargas que o constituem. Uma vez que as cargas �q têm o mesmo módulo, mas sinais opostos, as duas forças e também serão iguais em módulo, mas de senti- dos opostos. Assim, a força resultante sobre o dipolo é (27.33) Não existe força resultante exercida sobre um dipolo em um campo elétrico uni- forme. Pode não haver força resultante, mas o campo elétrico afeta o dipolo. Uma vez que as duas forças da Figura 27.28a têm sentidos opostos, mas não são exercidas ao longo de uma mesma linha de ação, o campo elétrico exerce um torque sobre o dipolo, fazendo-o entrar em rotação. O torque faz com que o dipolo gire até ficar alinhado com o campo elétrico, como mostrado na FIGURA 27.28b. Nesta posição, não existe força elétrica resultante sobre o di- polo, assim como também não há torque. Portanto, a Figura 27.28b mostta a posição de equilíbrio para um dipolo em um campo elétrico uniforme. Observe que a extremidade positiva do dipolo é puxada no sentido para o qual aponta. A FIGURA 27.29 apresenta uma amostra de dipolos permanentes, tais como os de molé- culas de água em um campo elétrico externo. Todos os dipolos giram até ficarem alinha- dos com o campo elétrico. Este é o mecanismo pelo qual a amostra se torna polarizada. Uma vez que os dipolos estejam alinhados, haverá um excesso de carga positiva em uma das extremidades da amostra e um excesso de carga negativa na outra. Os excessos de carga nas extremidades da amostra constituem a origem das forças de polarização dis- cutidas na Seção 26.3. Não é difícil calcular o torque sobre um dipolo. As duas forças sobre o dipolo da FI- GURA 27.30 formam o que chamamos, noCapítulo 12, de binário. Lá, você aprendeu que o torque � produzido por um binário é o produto da força F pela distância l entre as li- nhas de ação das forças exercidas. Você pode verificar que l � s sen�, onde � é o ângulo que o dipolo faz com o campo elétrico . Portanto, o torque sobre o dipolo é (27.34) onde p � qs é a definição do módulo do momento de dipolo. O torque será nulo quando o dipolo estiver alinhado com o campo, resultando em � � 0. Do Capítulo 12, recorde-se de que o torque pode ser escrito em forma matemática compacta como o produto vetorial entre os dois vetores. Os termos p e E da Equação 27.34 são os módulos dos vetores correspondentes, e � é o ângulo entre eles. Assim, em notação vetorial, o torque exercido sobre o momento de dipolo por um campo elétrico é (27.35) O torque será máximo quando for perpendicular a , e nulo quando estiver alinhado, no mesmo sentido ou em sentido oposto, com . O campo elétrico exerce um torque sobre o dipolo. O dipolo encontra-se em equilíbrio. F � F � F � F � E E E FIGURA 27.28 Um dipolo em um campo elétrico uniforme. Dipolos alinhados com o campo elétrico. Há um excesso de carga negativa sobre esta superfície. Há um excesso de car- ga positiva sobre esta superfície. FIGURA 27.29 Uma amostra de dipolos permanentes é polarizada por um campo elétrico. O torque devido ao binário é sen sen Em função de vetores, FIGURA 27.30 Torque sobre um dipolo. 840 Física: Uma Abordagem Estratégica EXEMPLO 27.10 A aceleração angular de um dipolo em forma de haste Duas esferas com massas de 1,0 g estão conectadas por um bastão isolante com 2,0 cm de comprimento e massa desprezível. Uma das esferas tem carga de �10 nC, e a outra, uma carga de �10 nC. O bastão é suspenso em um campo elétrico uniforme de 1,0 � 10 4 N/C, formando um ângulo de 30° em relação ao campo, e, então, é solto. Qual será sua aceleração angular inicial? MODELO As duas bolas com cargas de sinais contrários formam um dipolo elétrico. O campo elétrico exerce um torque sobre o dipolo, produzindo uma aceleração angular. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 27.31 mostra o dipolo dentro do campo elétrico. , , , , FIGURA 27.31 O dipolo do Exemplo 27.10. RESOLUÇÃO O momento de dipolo é p � qs � (1,0 � 10�8 C)�(0,020 m) � 2,0 � 10 �10 Cm. O torque exercido pelo campo elétrico sobre o momento de dipolo é No Capítulo 12, você aprendeu que um torque produz uma aceleração angular , onde I é o momento de inércia do corpo. O dipolo gira em torno do seu centro de massa, localizado no centro do bastão, portanto o momento de inércia é Assim, a aceleração angular do bastão é AVALIAÇÃO O valor de � corresponde à aceleração angular inicial, logo que o bastão é solto. O torque e a aceleração angular diminuirão à medida que o bastão girar para se alinhar com . Dipolos em um campo não-uniforme Suponha que um dipolo seja colocado em um campo elétrico não-uniforme, cuja intensi- dade de campo varia com a posição. Por exemplo, a FIGURA 27.32 mostra um dipolo dentro de um campo não-uniforme criado por uma carga puntiforme. A resposta imediata do dipolo é girar até se alinhar com o campo, com a extremidade positiva do dipolo puxada no mesmo sentido do campo. Entretanto, existe agora uma pequena diferença entre as forças exercidas sobre as extremidades do dipolo. Essa diferença ocorre porque o campo elétrico, que depende da distância até a carga puntiforme, é mais forte na extremidade do dipolo que está mais próxima à carga. Isso faz com que exista uma força resultante exercida sobre o dipolo. Para onde essa força aponta? A FIGURA 27.32a mostra uma carga puntiforme positiva. Uma vez que o dipolo esteja alinhado, a força atrativa para o lado esquerdo, exercida sobre a extremidade negativa, será um pouco mais intensa do que a força repulsiva orien- tada para a direita, sobre a extremidade positiva. Isto dá origem a uma força resultante orientada para a esquerda, em direção à carga puntiforme. Dentro do campo, o dipolo da FIGURA 27.32b se alinha em sentido oposto ao campo criado por uma carga puntiforme negativa, mas a força resultante ainda aponta para a esquerda. Como você pode ver, a força resultante exercida sobre um dipolo tem o mesmo sen- tido do campo mais intenso. Uma vez que todo objeto carregado de tamanho finito, como um bastão carregado ou um disco carregado, cria um campo cuja intensidade aumenta à me- dida que nos aproximamos do objeto, podemos concluir que todo dipolo experimenta uma força resultante em direção a qualquer objeto carregado posicionado próximo a ele. res res FIGURA 27.32 Um dipolo alinhado é atraído por uma carga puntiforme. CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 841 EXEMPLO 27.11 Força sobre uma molécula de água A molécula H2O de água possui um momento de dipolo permanente com módulo de 6,2 � 10 �30 Cm. Em uma solução de água salgada, uma molécula de água está localizada a 10 nm de um íon Na � . Que força o íon exerce sobre a molécula? VISUALIZAÇÃO A FIGURA 27.33 mostra o íon e o dipolo da molécula de água. As forças constituem um par ação/reação. dipolo sobre íon íon sobre dipolo íon Na+ Molécula de água FIGURA 27.33 A interação entre um íon e um dipolo permanente. RESOLUÇÃO Um íon Na � possui uma carga q � �e. O campo elétrico criado pelo íon alinha o momento de dipolo da água e exerce uma for- ça resultante sobre ele. Poderíamos calcular a força resultante sobre o dipolo como a pequena diferença entre a força atrativa, exercida sobre sua extremidade negativa, e a força repulsiva, exercida sobre a extremi- dade positiva. Alternativamente, pela terceira lei de Newton sabemos que a força dipolo sobre íon tem o mesmo módulo da força íon sobre dipolo pela qual estamos procurando. Na Seção 27.2 calculamos o campo sobre o eixo de um dipolo. Um íon de carga q � e experimentará uma força de módulo quando colocado naquele campo. O campo elétrico do dipolo, obtido pela Equação 27.11, é A força sobre o íon à distância r � 1,0 � 10�8 m é Portanto, a força sobre a molécula de água é íon sobre dipolo � 1,8 � 10 �14 N. AVALIAÇÃO Embora 1,8 � 10 �14 N possa parecer uma força muito pe- quena, ela é � 1011 vezes maior do que a intensidade da força gravi- tacional que a Terra exerce sobre essas partículas atômicas. Forças como estas fazem com que as moléculas de água se agrupem em tor- no de quaisquer íons presentes na solução. Esses agrupamentos de- sempenham um papel importante na física microscópica de soluções estudadas na química e na bioquímica. 842 Física: Uma Abordagem Estratégica R E S U M O O objetivo do Capítulo 27 foi aprender como calcular e manipular o campo elétrico. Princípios gerais Fontes de Campos elétricos são criados por cargas. As duas principais ferramentas para calcular são O campo de uma carga puntiforme:• O princípio da superposição• Múltiplas cargas puntiformes Use superposição: Distribuição contínua de carga Divida a carga em segmentos • Q para os quais você já conhece o campo. Determine o campo criado por um • Q. Determine • somando os campos criados por todos os Q. A soma normalmente se torna uma integral. Um passo importante é trocar Q por uma expressão que envolva uma densidade de carga (� ou �) e uma coordenada de integração. Conseqüências de O campo elétrico exerce uma força sobre uma partícula carregada: A força causa uma aceleração: As trajetórias das partículas carregadas são calculadas com a ci- nemática. O campo elétrico exerce um tor- que sobre um dipolo: O torque tende a alinhar os dipolos com o campo. Em um campo elétrico não-uniforme, um dipolo experimenta uma força re- sultante orientada no sentido em que aumenta a intensidade do campo. F � F � E Aplicações Dipolo elétrico O momento de dipolo elétrico é (qs, do negativo para o positivo) Campo sobre o eixo: Campo no plano bissetor: Linha de carga infinita com densidade linear de carga �Plano de carga infinito com densidade su- perficial de carga � Esfera carregada O mesmo que uma carga puntiforme Q para Capacitor de placas paralelas O campo elétrico no interior de um ca- pacitor ideal é um campo elétrico uni- forme: Um capacitor real tem um campo de margem fraco ao seu redor. CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 843 Termos e notação momento de dipolo, linha de campo elétrico densidade linear de carga, � densidade superficial de carga, � uniformemente carregado linha de carga eletrodo plano de carga esfera de carga capacitor de placas paralelas campo de margem campo elétrico uniforme razão carga-massa, q/m Para a tarefa de casa indicada no MasteringPhysics, acessar www.masteringphysics.com A dificuldade de um problema é indicada por símbolos que vão de | (fácil) a ||| (desafiador). Problemas indicados pelo ícone integram o material relevante de capítulos anteriores. Q U E S T Õ E S C O N C E I T U A I S 1. Suponha que lhe tenha sido dada como tarefa determinar o mó- dulo e a orientação do campo elétrico em um determinado ponto no espaço. Descreva passo a passo um procedimento por meio do qual você faria isso. Liste todos os objetos que você usaria, todas as medidas que realizaria e quaisquer cálculos que necessitaria fa- zer. Certifique-se de que suas medidas não perturbarão as cargas que criam o campo. 2. Copie a FIGURA Q27.2 em uma folha. Em cada item, desenhe um ponto ou vários pontos sobre a figura a fim de mostrar qualquer posição ou posições (que não sejam infinitamente distantes) onde . FIGURA Q27.2 3. Ordene em seqüência decrescente as intensidades de campo elétri- co de E1 a E4 nos pontos de 1 a 4 na FIGURA Q27.3. Explique. FIGURA Q27.3 FIGURA Q27.4 4. O pequeno segmento de fio na FIGURA Q27.4 contém 10 nC de carga. a. O segmento é reduzido a um terço do comprimento original. Qual é a razão , onde e são as densidades de carga inicial e final, respectivamente? b. Um próton está muito afastado do fio. Qual é a razão Ff /Fi entre a intensidade da força elétrica sobre o próton após o segmento ter sido reduzido a um terço do comprimento original e a intensida- de da força sobre o próton antes do segmento ter sido reduzido? c. Suponha que o comprimento original do segmento de fio seja aumentado em 10 vezes. Que quantidade de carga deve ser adi- cionada ao fio para que a densidade linear de carga do mesmo não seja alterada? 5. Um fio possui densidade linear de carga inicial �i. O fio é esticado em mais 50% de seu comprimento original e um terço de sua carga é removida. Quanto vale a razão , onde �f é a densidade linear de carga final? 6. O canudo para tomar refrigerante da FIGURA Q27.6 está uniforme- mente carregado. Qual é o campo elétrico no centro (dentro) do tubo? Explique. FIGURA Q27.6 Dentro do tubo 7. Um elétron experimenta uma força de intensidade F a 1 cm de dis- tância de um fio muito comprido e carregado com uma densidade linear de carga �. Se a densidade linear de carga for dobrada, a que distância do fio um próton experimentará uma força de intensidade igual a F? 8. A área de forma irregular da FIGURA Q27.8 possui uma densidade superficial de carga �i. Cada dimensão da área (x e y) é reduzi- da por um fator de 3,163. a. Qual é o valor da razão �f /�i, onde �f é a densidade superficial de carga final? b. Um elétron está muito afastado da área. Qual é a razão Ff /Fi entre a intensidade da força elétrica sobre o elétron após a redução da área e a intensidade original da força antes da redução da área? 9. Um disco circular está carregado e sua uma densidade superficial de carga vale 8 nC/cm 2 . Qual será a densidade superficial de carga se o raio do disco for dobrado? FIGURA Q27.8 844 Física: Uma Abordagem Estratégica 10. Uma esfera de raio R possui uma carga Q. A intensidade de campo elétrico a uma distância é Ei. Qual é a razão Ef /Ei entre as intensidades de campo final e inicial se (a) Q diminui pela metade, (b) R diminui pela metade e (c) r diminui pela metade (mas ainda é � R)? Em cada item, apenas uma grandeza sofre variação, as outras se mantêm em seus valores iniciais. 11. A bola da FIGURA Q27.11 é mantida suspensa por um grande plano positivo uniformemente carregado. Ela oscila com um período T. Se a bola for descarregada, o período irá aumentar, diminuir ou per- manecerá o mesmo? Explique. Massa m Carga q FIGURA Q27.11 FIGURA Q27.12 12. Ordene em seqüência decrescente as intensidades de campo elétrico de E1 a E5 nos cinco pontos indicados na FIGURA Q27.12. Explique. 13. Um capacitor de placas paralelas consiste de duas placas quadra- das, de tamanho L � L, separadas pela distância d. As placas são carregadas com cargas �Q. Qual será o valor da razão Ef/Ei entre a intensidade do campo elétrico final e a intensidade do campo elétri- co inicial se (a) Q for dobrada, (b) L for dobrado e (c) d for dobra- da? Em cada item, apenas uma grandeza sofre variação, as outras se mantêm em seus valores iniciais. 14. Um pequeno objeto é solto no centro do capacitor da FIGURA Q27.14. Para cada si- tuação descrita nos itens abaixo, o objeto se moverá para a direita, para a esquerda ou permanecerá no mesmo lugar? Se ele se deslocar, terá aceleração ou se moverá com uma velocidade constante? a. Um objeto positivo é solto a partir do repouso. b. Um objeto neutro, mas polarizado, é solto a partir do repouso. c. Um objeto negativo é solto a partir do repouso. 15. Um próton e um elétron são soltos a partir do repouso no centro de um capacitor. a. A razão entre os módulos das forças envolvidas, Fp/Fe, será maior do que 1, menor do que 1 ou igual a 1? Explique. b. A razão entre as acelerações correspondentes, ap/ae, será maior do que 1, menor do que 1 ou igual a 1? Explique. 16. Três cargas são colocadas nos vértices do triângulo da FIGURA Q27.16. A quantidade de carga indicada por �� é o dobro da quantidade de carga das duas cargas indi- cadas por �; a carga resultante é nula. a. O triângulo encontra-se em equilí- brio? Em caso afirmativo, explique por quê. Em caso negativo, faça um desenho da orientação correspondente ao equilíbrio. b. No equilíbrio, o triângulo se moverá para a direita, para a esquer- da ou permanecerá no mesmo lugar? Explique. FIGURA Q27.14 FIGURA Q27.16 E X E R C Í C I O S E P R O B L E M A S Exercícios Seção 27.2 Campo elétrico criado por múltiplas cargas puntiformes 1. || Quais são o módulo e a orientação do campo elétrico na posição indicada pelo ponto na FIGURA EX27.1? Especifique a direção por meio de um ângulo acima ou abaixo da horizontal. , , , , , FIGURA EX27.1 , , , FIGURA EX27.2 2. || Quais são o módulo e a orientação do campo elétrico na posição indicada pelo ponto na FIGURA EX27.2? Especifique a direção por meio de um ângulo acima ou abaixo da horizontal. 3. || Quais são o módulo e a orientação do campo elétrico na posição indicada pelo ponto na FIGURA EX27.3? Especifique a direção por meio de um ângulo acima ou abaixo da horizontal. , , , FIGURA EX27.3 , , , , , FIGURA EX27.4 4. || Quais são o módulo e a orientação do campo elétrico na posição indicada pelo ponto na FIGURA EX27.4? Especifique a direção por meio de um ângulo acima ou abaixo da horizontal. 5. || Um dipolo elétrico é formado por cargas de �1,0 nC separadas por 2,0 mm. O dipolo encontra-se na origem, orientado ao longo do eixo y. Qual é a intensidade do campo elétrico que ele cria nos pontos (a) (x, y) � (10,0 cm, 0 cm) e (b) (x, y) � (0 cm, 10 cm)? 6. || Um dipolo elétrico é formado por duas cargas �q espaçadas por 1,0 cm. O dipolo encontra-se na origem, orientado ao longo do eixo y. A intensidade do campo elétrico que ele cria no ponto (x, y) � (0 cm, 10 cm) é de 360 N/C. a. Qual é o valor da carga q? Expresse sua resposta em nC. b. Qual é a intensidade do campo elétrico no ponto (x, y) � (10 cm, 0 cm)? CAPÍTULO 27 ■O Campo Elétrico 845 Seção 27.3 Campo elétrico criado por uma distribuição contínua de carga 7. | A intensidade do campo elétrico a 5,0 cm de um fio longo e car- regado é de 2000 N/C. Qual é a intensidade do campo elétrico a 10 cm do fio? 8. || Um bastão de vidro com 10 cm de comprimento carregado uni- formemente com �10 nC e um bastão de plástico com 10 cm de comprimento carregado uniformemente com �10 nC são coloca- dos lado a lado, afastados um do outro por 4,0 cm. Quais são as intensidades do campo elétrico de E1 a E3 às distâncias de 1,0 cm, 2,0 cm e 3,0 cm do bastão de vidro, ao longo da reta que passa pelos pontos centrais dos bastões? 9. || Dois bastões de vidro finos, com 10 cm de comprimento e uni- formemente carregados com �10 nC, são colocados lado a lado, afastados 4,0 cm um do outro. Quais são as intensidades de campo elétrico de E1 a E3 as distâncias de 1,0 cm, 2,0 cm e 3,0 cm à direita do bastão da esquerda, ao longo da reta que passa pelos pontos cen- trais dos bastões? 10. || Um bastão de vidro com 10 cm de comprimento está carregado uniformemente com �40 nC. Uma pequena conta de vidro, carre- gada com �6,0 nC, encontra-se a 4,0 cm do centro do bastão. Qual é a força (módulo e orientação) exercida sobre a conta? Seção 27.4 Campos elétricos de anéis, discos, planos e esferas 11. | Dois anéis carregados, com 10 cm de diâmetro cada, são coloca- dos frente a frente e afastados por 20 cm. O anel da esquerda está carregado com �20 nC, e o da direita, com �20 nC. a. Qual é o campo elétrico , em módulo e orientação, no ponto eqüidistante aos dois anéis? b. Qual é a força exercida sobre uma carga de �1,0 nC colocada no ponto eqüidistante? 12. || Dois anéis com 10 cm de diâmetro estão carregados com �20 nC. Qual é a intensidade do campo elétrico (a) no ponto eqüidistan- te aos dois anéis e (b) no centro do anel da esquerda? 13. || Dois discos com 10 cm de diâmetro são colocados frente a frente e afastados por 20 cm. O disco da esquerda é carregado com �50 nC, e o da direita, com �50 nC a. Qual é o campo elétrico , em módulo e orientação, no ponto eqüidistante aos dois discos? b. Qual é a força exercida sobre uma carga de �1,0 nC colocada no ponto eqüidistante? 14. || Dois discos com 10 cm de diâmetro são colocados frente a frente e afastados por 20 cm. Ambos os discos estão carregados com �50 nC. Qual é a intensidade de campo elétrico (a) no ponto eqüidistan- te entre os dois discos e (b) em um ponto sobre o eixo, distante 5,0 cm do disco? 15. || Um eletrodo metálico com dimensões de 20 cm � 20 cm está uniformemente carregado com �80 nC. Qual é a intensidade de campo elétrico em um ponto 2,0 mm acima do centro do eletrodo? 16. || A intensidade do campo elétrico a 2,0 cm da superfície de uma esfera metálica com 10 cm de diâmetro é de 50.000 N/C. Qual é a carga (em nC) da esfera? Seção 27.5 O capacitor de placas paralelas 17. || Um capacitor de placas paralelas é formado por dois eletrodos de 4,0 cm � 4,0 cm, afastados por 2,0 mm. A intensidade do campo elétrico dentro do capacitor é de 1,0 � 10 6 N/C. Qual é a carga (em nC) de cada eletrodo? 18. || Dois discos circulares, espaçados por 0,50 mm, formam um ca- pacitor de placas paralelas. A transferência de 3,0 � 10 9 elétrons de um disco para o outro gera um campo elétrico de intensidade igual a 2,0 � 10 5 N/C. Qual é o diâmetro do disco? 19. || A resistência elétrica do ar é “rompida” quando a intensidade de campo elétrico atinge 3,0 � 10 6 N/C, causando uma descarga. Um capacitor de placas paralelas é construído com dois discos de 4,0 cm de diâmetro. Quantos elétrons devem ser transferidos de um disco para o outro a fim de gerar uma descarga entre os discos? Seção 27.6 Movimento de uma partícula carregada em um campo elétrico 20. || Uma conta de plástico de 0,10 g foi carregada pela adição de um excesso de 1,0 � 10 10 elétrons. Que campo elétrico (módulo e direção) fará com que a conta fique suspensa no ar? 21. || Dois discos com diâmetro 2,0 cm cada estão frente a frente, sepa- rados por 1,0 mm. Eles estão carregados com �10 nC. a. Qual é a força elétrica entre os discos? b. Um próton é atirado do disco negativo para o disco positivo. Que velocidade de lançamento deve ter o próton a fim de que apenas alcance o disco positivo? 22. || Em um campo elétrico uniforme, um elétron aumenta sua velocida- de de 2,0 � 10 7 m/s para 4,0 � 10 7 m/s ao longo de uma distância de 1,2 cm. Qual é a intensidade do campo elétrico existente na região? 23. || Um elétron é solto, em repouso, a 2,0 cm de um plano infinito carre- gado. Ele acelera em direção ao plano e colide com ele a uma veloci- dade de 1,0 � 10 7 m/s. Quais são (a) a densidade superficial de carga do plano e (b) o tempo necessário para o elétron percorrer os 2,0 cm? 24. || A densidade superficial de carga em um plano infinito carregado é de �2,0 � 10 �6 C/m 2 . Um próton é arremessado diretamente para fora do plano com velocidade inicial de 2,0 � 10 6 m/s. Que distân- cia o próton percorrerá antes de atingir o ponto de retorno? Seção 27.7 Movimento de um dipolo em um campo elétrico 25. | O dipolo elétrico permanente de uma molécula de água (H2O) tem módulo igual a 6,2 � 10 �30 Cm. Qual é o torque máximo possí- vel sobre uma molécula de água em presença de um campo elétrico de 5,0 � 10 8 N/C? 26. || Uma carga puntiforme Q encontra-se a uma distância r do centro de um dipolo formado por cargas �q separadas por uma distância s. A carga está localizada no plano que bissecciona o dipolo. Nesta situação, quais são (a) a força (módulo e orientação) e (b) o módulo do torque sobre o dipolo? Considere que r s. 27. || Uma molécula de amônia (NH3) possui momento de dipolo elé- trico permanente com módulo igual a 5,0 � 10 �30 Cm. Um próton encontra-se a 2,0 nm da molécula, no plano que bissecciona o dipo- lo. Qual é a força elétrica exercida pela molécula sobre o próton? 846 Física: Uma Abordagem Estratégica Problemas 28. || Quais são a intensidade e a orientação do campo elétrico na po- sição indicada pelo ponto na FIGURA P27.28? Expresse sua resposta (a) em função dos componente e (b) em módulo e em ângulo, medi- do em sentido horário ou sentido anti-horário a partir do semi-eixo positivo de x. , , , , FIGURA P27.28 , , , FIGURA P27.29 29. || Quais são o módulo e a orientação do campo elétrico na posi- ção indicada pelo ponto da FIGURA P27.29? Dê sua resposta (a) em forma de componente e (b) em módulo e em ângulo, medido no sentido horário ou anti-horário a partir do eixo positivo de x. 30. || Quais são o módulo e a orientação do campo elétrico na posi- ção indicada pelo ponto da FIGURA P27.30? Dê sua resposta (a) em forma de componente e (b) em módulo e em ângulo, medido no sentido horário ou anti-horário a partir do eixo positivo de x. , , , FIGURA P27.30 FIGURA P27.31 31. || A FIGURA P27.31 mostra três cargas nos vértices de um quadrado. a. Expresse o campo elétrico no ponto P em função dos compo- nentes. b. Uma partícula de carga positiva q e de massa m é colocada no ponto P e é solta. Qual é o módulo de sua aceleração inicial? 32. || As cargas �q e �2q da FIGURA P27.32 estão localizadas em x � �a. a. Determine o campo elétrico nos pontos de 1 a 4. Expresse cada campo em função dos componentes correspondentes. b. Reproduza a Figura P27.32 e, de- pois, represente os quatro vetores do campo elétrico na figura. 33. || Duas cargas positivas q estão sobre o eixo y, separadas por uma distância s. a. Obtenha uma expressão para a intensidade do campo elétrico a uma distância x sobre o eixo perpendicular que passa pelo ponto médio entre as duas cargas. b. Para q � 1,0 nC e s � 6,0 mm, calcule E em x � 0, 2, 4, 6 e 10 mm. c. Esboce um gráfico de E versus x para . 34. || Derive a Equação 27.12 para o campo no plano que bissec- ciona um dipolo elétrico. 35. || Três cargas estãosobre o eixo y. As cargas �q estão em y � �d e a carga �q está em y � 0. a. Determine o campo elétrico ao longo do eixo x. b. Verifique se a sua resposta ao item anterior tem o comportamento esperado quando x é muito pequeno e muito grande. c. Esboce o gráfico de Ex versus x para . 36. || A FIGURA P27.36 é uma secção transversal de duas linhas de carga infinitas que se estendem perpendicularmente para fora da página. Ambas possuem a mesma densidade linear de carga �. a. Obtenha uma expressão para a intensidade do campo elétrico E a uma altura y acima do ponto eqüidistante às linhas. b. Desenhe um gráfico de E versus y. Linhas de carga saindo da página FIGURA P27.36 Linhas de carga saindo da página FIGURA P27.37 37. || A FIGURA P27.37 mostra uma secção transversal de duas linhas de carga infinitas que se estendem perpendicularmente para fora da página. As densidades lineares de carga são ��. a. Obtenha uma expressão para a intensidade do campo elétrico E a uma altura y acima do ponto eqüidistante entre as linhas. b. Desenhe um gráfico de E versus y. 38. || Duas linhas de carga infinitas, cada qual com uma densidade li- near de carga �, estão posicionadas ao longo dos eixos x e y, pas- sando ambas pela origem. Qual é a intensidade do campo elétrico na posição (x, y)? 39. ||| O campo elétrico a 5,0 cm de um fio longo e carregado é (2000 N/C, ao longo do fio). Qual é a carga (em nC) de um segmento do fio com 1,0 cm de comprimento? 40. ||| Três bastões com 10 cm de comprimento cada formam um tri- ângulo eqüilátero sobre um plano. Dois deles estão carregados com �10 nC, e o terceiro, com �10 nC. Qual é a intensidade do campo elétrico no centro do triângulo? 41. ||| Um próton está em órbita de um fio longo e carregado e efetua 1,0 � 10 7 revoluções por segundo. O raio da órbita é 1,0 cm. Qual é a densidade linear de carga do fio? 42. || A FIGURA P27.42 mostra um bastão fino, de comprimento L e com carga total Q. a. Obtenha uma expressão para a intensidade de campo elétrico so- bre o eixo do bastão a uma distância r do centro do mesmo. b. Verifique se a expressão obtida no item anterior tem o comporta- mento esperado para r R. Calcule E em r � 3,0 cm se L � 5,0 cm e Q � 3,0 nC. FIGURA P27.42 FIGURA P27.43 43. || A FIGURA P27.43 mostra um bastão fino, de comprimento L e carga total Q. Obtenha uma expressão para o campo elétrico à distância x da extremidade inferior do bastão. Expresse sua resposta em função dos componentes. 44. || Mostre que o campo elétrico sobre o eixo de simetria de um anel de carga tem o comportamento esperado para z R e para z R. FIGURA P27.32 CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 847 45. || a. Mostre que a máxima intensidade de campo elétrico sobre o eixo de simetria de um anel de carga ocorre em . b. Qual é a intensidade do campo elétrico neste ponto? 46. || A carga Q está uniformemente distribuída ao longo de um bastão fino e flexível de comprimento L. O bastão, então, é dobrado para formar o semicírculo mostrado na figura FIGURA P27.46. a. Obtenha uma expressão para o campo elétrico no centro do semicírculo. Dica: Um pequeno arco de comprimento s está relacionado ao pequeno ângulo subtendido por ele através de � � s/R, onde R é o raio do arco. b. Calcule a intensidade do campo no centro do círculo se L � 10 cm e Q � 30 nC. Centro FIGURA P27.46 FIGURA P27.47 47. || Um bastão de plástico, com densidade linear de carga �, é do- brado de modo a formar um quarto de círculo, como mostrado na FIGURA P27.47. Desejamos determinar o campo elétrico na origem do sistema de coordenadas. a. Escreva uma expressão para os componentes x e y do campo elé- trico na origem devido a um pequeno pedaço de carga correspon- dente ao ângulo �. b. Escreva, mas não calcule, as integrais definidas envolvidas no cálculo dos componentes x e y do campo elétrico resultante na origem. c. Calcule as integrais obtidas e escreva em função dos compo- nentes. 48. || Suponha que você segure duas grandes folhas de plástico frente à frente, espaçadas uma da outra por d, conforme mostra a FIGURA P27.48. Atritando uma delas com lã e a outra com seda, você consegue obter, sobre a superfície de uma das folhas, uma densidade superficial uniforme de carga , e so- bre a outra, outra densidade super- ficial uniforme de carga . Qual é o vetor campo elétrico nos pontos 1, 2 e 3? 49. ||| A intensidade do campo elétrico a 5,0 cm de um eletrodo extenso e carregado é de 1000 N/C. Qual é a carga (em nC) sobre um trecho circular do eletrodo com 1,0 cm de diâmetro? 50. || Duas esferas feitas de material isolante, ambas com 2,0 cm de diâmetro, estão separadas por 6,0 cm. Uma delas é carregada com �10 nC, e a outra, com �15 nC. Qual é a intensidade do campo elétrico no ponto eqüidistante às duas esferas? 51. || Duas placas paralelas e espaçadas por 1,0 cm possuem cargas de mesmo valor absoluto, mas opostas. Um elétron é solto a partir do repouso exatamente na superfície da placa negativa e, simultanea- mente, um próton é solto, também do repouso, na superfície da pla- ca positiva. A que distância da placa negativa o elétron e o próton se cruzarão? 52. || Um próton que se desloca a 1,0 � 106 m/s entra no espaço entre as placas de um capacitor de placas paralelas com 2,0 cm de comprimen- to. As densidades superficiais de carga das placas são �1,0 � 10 �6 C/ m 2 . Em que distância o próton terá sido desviado lateralmente quando chegar à outra extremidade do capacitor? Considere que o campo elé- trico seja uniforme dentro do capacitor e nulo fora do mesmo. 53. || Um elétron é lançado segundo um ângulo de 45° e com uma velocidade de 5,0 � 10 6 m/s a partir da placa positiva de um capacitor de placas paralelas, como mostra a FIGURA P27.53. O elétron aterrissa 4,0 cm à frente na placa. a. Qual é a intensidade do campo elétrico dentro do capacitor? b. Qual é o mínimo valor possível do espaça- mento entre as placas? 54. || Um problema de interesse prático é fa- zer com que elétrons sofram um desvio de 90°. Isto pode ser conseguido com um capacitor de placas paralelas como o mostrado na FIGURA P27.54. Um elétron com energia cinética de 3,0 � 10 �17 J en- tra no capacitor através de um pequeno orifício na placa inferior. a. Se você deseja que o elétron dobre à direita, a placa inferior deve ser car- regada positivamente ou negativamente em relação à placa de cima? Explique. b. Que intensidade de campo elétrico será necessária se o elétron emergir de um orifício de saída 1,0 cm à frente do orifício de entrada, formando um ângulo reto com a direção original de mo- vimento? Dica: A dificuldade do problema depende de como você escolhe seu sistema de coordenadas. c. Qual é a separação mínima possível entre as placas do capacitor? 55. ||| Você conseguiu a posição de monitor, durante o verão, em um laboratório que utiliza um feixe de prótons de alta velocidade. Os prótons saem da máquina a uma velocidade de 2,0 � 10 6 m/s, e lhe é pedido que você projete um dispositivo para frear os prótons de uma forma segura. Você sabe que os prótons ficariam incrustados em um alvo de metal; todavia, deslocando-se a velocidades acima de 2,0 � 10 5 m/s, emitiriam radiações perigosas, como raios X, quando colidissem com o alvo. Você decide, então, primeiro dimi- nuir a velocidade dos prótons para um valor aceitável, e, depois, deixá-los colidir com o alvo. Você consegue duas placas de metal, posiciona-as paralelamente separadas por 2,0 cm e, então, faz um pequeno furo no centro de uma das placas, a fim de permitir que o feixe de prótons penetre na região entre as placas. A placa oposta é o alvo com o qual os prótons se chocarão. a. Quais são os valores mínimos de densidade de carga que você precisa obter em cada placa? Que placa, a positiva ou a negativa, receberá o feixe de prótons incidente? b. O que acontecerá se você carregaras placas com �1,0 � 10 �5 C/ m 2 ? Seu dispositivo ainda funcionará? 56. || Uma esfera de vidro com 2,0 cm de diâmetro tem uma carga de �1,0 nC. De que velocidade um elétron necessita para orbitar essa esfera a 1,0 mm acima da superfície? 57. ||| Um próton orbita uma esfera de metal com 1,0 cm de diâmetro a 1,0 mm acima da superfície. O período orbital é de 1,0 �s. Qual é a carga da esfera? 58. || No modelo clássico do átomo de hidrogênio, o elétron descreve uma órbita circular com 0,053 nm de raio em torno do próton. Qual é a fre- qüência orbital? Devido ao fato de o próton possuir uma massa muito maior do que a do elétron, pode-se considerar o próton em repouso. FIGURA P27.48 , FIGURA P27.53 Elétrons FIGURA P27.54 848 Física: Uma Abordagem Estratégica 59. || No modelo clássico do átomo de hidrogênio, o elétron descreve uma órbita circular em torno de um próton estacionário. Qual é o raio da órbita correspondente a uma freqüência orbital de 1,0 � 10 12 s �1 ? 60. || Um campo elétrico pode induzir um dipolo elétrico em um áto- mo ou molécula neutra empurrando a carga negativa para um lado e puxando a positiva para o outro. O momento de dipolo de um dipolo induzido é diretamente proporcional ao campo elétrico, isto é, , onde é chamado de polarizabilidade da molécula. Um campo mais intenso estica a molécula ainda mais e induz um momento de dipolo grande. a. Qual é unidade do SI para ? b. Um íon com carga q encontra-se a uma distância r de uma mo- lécula de polarizabilidade . Obtenha uma expressão para a for- ça íon sobre o dipolo. 61. || Mostre que uma linha de carga infinita, com densidade linear de carga �, exerce sobre um dipolo elétrico uma força atrativa de in- tensidade . Considere que r seja muito maior do que a separação entre as cargas do dipolo. Nos Problemas de 62 a 65, uma ou várias equações lhe são fornecidas para a resolução de um problema. Em cada uma das questões, a. Elabore um problema realista para o qual o conjunto de equações fornecido seja adequado. b. Resolva o problema proposto. 62. 63. 64. 65. Problemas desafiadores 66. Suponha que uma de suas atribuições como físico seja desenvolver uma maneira de usar a eletricidade para lançar um pequeno bas- tão de plástico com 6,0 cm de comprimento. Você, então, decide eletrizar o pequeno bastão friccionando-o com um pano e, depois, mantê-lo próximo a um fio longo que fora previamente carregado. Quando você solta o bastão, a força elétrica exercida pelo fio o arre- messará para longe. Suponha que você consiga carregar uniforme- mente o bastão com 10 nC e que a densidade linear de carga do fio longo seja de 1,0 � 10 �7 C/m. Qual é a intensidade da força elétrica sobre bastão de plástico se sua extremidade mais próxima ao fio está a 2,0 cm de distância? FIGURA PD27.66 Bastão de plástico , ,, 67. Desejamos analisar como um objeto carregado atrai um pedaço neutro de metal. A FIGURA PD27.67 mostra um pequeno disco circu- lar, confeccionado a partir de uma folha de alumínio, deitado sobre uma mesa. O disco delgado tem raio R e espessura t. Uma esfera de vidro com carga positiva Q está fixa a uma altura h da lâmina. Con- sidere que R h e que t R. Tais limites implicam que o campo elétrico criado pela esfera seja aproximadamente constante através do volume inteiro do disco delgado. a. Quanto vale o módulo e qual é a orientação do campo elétrico criado pela esfera na posição do disco? Sua resposta deverá ser uma expressão em função de Q e h. b. O campo elétrico da esfera polariza o disco. As superfícies do disco, então, com cargas �q e �q, se comportam como as placas de um capacitor de placas paralelas com separação t. Mas o disco é um condutor em equilíbrio eletrostático, de modo que o campo elétrico Einterno dentro do mesmo deve ser nulo. A condição Einterno � 0 parece ser inconsistente com a consideração feita de que as superfícies do disco atuam como as placas de um capacitor. Use palavras e desenhe diagramas para explicar como Einterno � 0 em- bora as superfícies do disco estejam carregadas. c. Agora, escreva a condição de Einterno � 0 como uma sentença ma- temática e use-a para obter uma expressão para a carga q distri- buída na face superior do disco. d. Suponha que Q � 50 nC, R � 1,0 mm e t � 0,010 mm. Todos estes valores são típicos. A densidade do alumínio é � 2700 kg/m 3 . A que distância deve estar a bola a fim de erguer o disco? FIGURA PD27.67 Esfera Disco Vista ampliada 68. Um bastão de comprimento L está posicionado ao longo do eixo y com o centro na origem do sistema de coordenadas. O bastão tem uma densidade linear de carga não-uniforme , onde a é uma constante com unidade C/m 2 . a. Desenhe um gráfico de � versus y englobando todo o compri- mento do bastão. b. Determine a constante a em função de L e da carga total Q do bastão. Dica: Isto requer uma integração. Reflita sobre como proceder com a função |x| na integração. c. Determine a intensidade do campo elétrico criado pelo bas- tão a uma distância x sobre o eixo x. 69. a. Uma folha infinitamente longa de carga, com largura L, situa-se no plano xy entre x � � L/2 e x � �L/2. A densidade superficial de carga é �. Derive uma expressão para o campo elétrico a uma altura z da linha central da folha. b. Cheque se sua expressão tem o comportamento esperado para z L e para z L. c. Esboce o gráfico da intensidade do campo E versus z. 70. a. Uma folha infinitamente longa de carga, de largura L, situa-se no plano xy entre x � � L/2 e x � �L/2. A densidade superficial de carga é �. Derive uma expressão para o campo elétrico ao longo do eixo x para pontos fora da folha (x � L/2). b. Cheque se sua expressão tem o comportamento esperado para x L. Dica: ln (1 � u) � u se u 1. c. Esboce o gráfico da intensidade do campo E versus x � L/2. 71. As duas placas paralelas da FIGURA PD27.71 estão separadas por 2,0 cm, e a intensida- de do campo elétrico entre elas é 1,0 � 10 4 N/C. Um elétron é lançado da placa positiva segundo um ângulo de 45°. Qual é a velo- cidade inicial máxima v0 com que o elétron pode ser lançado sem que chegue a colidir com a placa negativa? , FIGURA PD27.71 CAPÍTULO 27 ■ O Campo Elétrico 849 72. Um tipo de impressora a jato de tinta, chamada de impressora a jato de tinta eletrostática, forma as letras através da utilização de eletrodos defletores que direcionam gotas de tinta eletrizadas para cima ou para baixo na direção vertical à medida que o jato de tinta desliza horizontalmente pela página. O jato é formado por gotas de tinta com 30 �m de diâmetro, eletrizando-as pela aspersão de 800.000 elétrons sobre sua superfície e arremessando-as contra a página a uma velocidade de 20 m/s. Ao longo do caminho, as gotas passam por entre dois eletrodos paralelos de 6,0 mm de compri- mento por 4,0 mm de largura, espaçados por 1,0 mm. A distância do centro das placas ao papel é de 2,0 cm. Para formar as letras, que possuem uma altura máxima de 6,0 mm, as gotas precisam ser desviadas para cima ou para baixo em, no máximo, 3,0 mm. A tinta, que consiste de partículas de corante suspensas em álcool, tem uma densidade de 800 kg/m 3 . a. Estime a intensidade máxima do campo elétrico necessária na região entre os eletrodos. b. Que quantidade de carga é necessária, em cada eletrodo, para produzir este campo elétrico? 73. O pósitron é uma partícula elementar idêntica ao elétron, exceto por sua carga, que é �e. Um elétron e um pósitron podem girar em tor- no de seu centro de massa comum como se formassem um haltere com um bastão de massa desprezível. Qual é a freqüência orbital de um elétron e de um pósitron separados por 1,0 nm? 74. Você conseguiu um emprego em uma companhia que projeta e constrói nanomáquinas. Um engenheiro da empresa está proje- tando um oscilador microscópico para ajudar a medir o tempo, e você foi indicado para ajudá-lo na análise do projeto.O en- genheiro pretende colocar uma carga negativa no centro de uma pequena espiral de metal carregada positivamente. Ele afirma que a carga negativa descreverá um movimento harmônico simples cuja freqüência será determinada pela quantidade de carga sobre a espiral. a. Considere uma carga negativa próxima ao centro de um anel car- regado positivamente. Mostre que existe uma força restauradora exercida sobre a carga quando ela se move ao longo do eixo z, mas permanecendo próxima ao centro, ou seja, mostre que existe uma força que tende a trazer a carga de volta para a posição z � 0. b. Mostre que, para pequenas oscilações de amplitude R, uma partícula de massa m e carga q efetuará um movimento harmôni- co simples com freqüência dada por onde R e Q são, respectivamente, o raio e a carga do anel. c. Calcule a freqüência de oscilação para um elétron no centro de um anel com 2,0 �m de diâmetro carregado com 1,0 � 10 �13 C. RESPOSTAS DAS QUESTÕES DO TIPO PARE E PENSE Pare e Pense 27.1: c. A partir da simetria da distribuição de cargas sabemos que os campos criados pelas cargas positivas se cancelam. O campo resultante é criado pela carga negativa, orientado para a mesma. Pare e Pense 27.2: .Todas as porções de uma superfície uniformemente carregada apresentam a mesma densidade superficial de carga. Pare e Pense 27.3: b, e e h. As ações b e e aumentarão a densidade linear de carga �. Pare e Pense 27.4: Ea � Eb � Ec � Ed � Ee. A intensidade do campo criado por um plano carregado é a mesma a qualquer distância do plano. Um diagrama de campo elétrico para a situação deve representar vetores do campo elétrico apenas em alguns uns poucos pontos; todavia, o cam- po existe em todos os pontos. Pare e Pense 27.5: Fa � Fb � Fc � Fd � Fe. A intensidade do campo no interior de um capacitor é igual em todos os pontos; portanto, a força exercida sobre uma carga será a mesma em todos os pontos. O campo elétrico existe em todos os pontos, seja mostrado ou não um vetor na- quele ponto. Pare e Pense 27.6: c. Trajetórias parabólicas requerem acelerações constantes e, portanto, o campo elétrico deve ser uniforme. O próton possui um componente inicial da velocidade orientado para a esquerda, mas ele será empurrado de volta para a direita. Olhando adiante � O objetivo do Capítulo 28 é compreender e aplicar a lei de Gauss. Neste capítulo, você aprenderá a: Reconhecer e usar as simetrias ■ para determinar a configuração do campo elétrico. Calcular o fluxo elétrico através de ■ uma superfície. Usar a lei de Gauss para calcular o ■ campo elétrico de distribuições de carga simétricas. Usar a lei de Gauss para ■ compreender as propriedades de condutores em equilíbrio eletrostático. Em retrospectiva � Este capítulo trabalha com as idéias básicas sobre campos elétricos. Revise: Seção 11.3 Produto escalar de ■ vetores Seções 26.4 e 26.5 A lei de ■ Coulomb e o campo elétrico de uma carga puntiforme Seção 27.2 Vetores do campo ■ elétrico e linhas de campo elétrico A forma aproximadamente esférica da cabeça da garota determina a forma do campo elétrico que faz com que seu cabelo fique eriçado. 28 Lei de Gauss O campo elétrico desta esfera carregada aponta para fora porque esta é a única direção de campo compatível com a simetria da esfera. Esferas, cilindros e planos – formas comuns de eletrodos – têm um alto grau de simetria. Como você verá neste capítulo, as simetrias determinam a geometria dos campos elétricos. No Capítulo 27 você aprendeu como calcular campos elétricos a partir da lei de Cou- lomb para o campo elétrico criado por uma carga puntiforme. Em princípio, esse método é totalmente confiável; todavia, na prática, ele geralmente requer uma “ginástica” mate- mática excessiva para efetuar as integrações necessárias. Neste capítulo, você aprenderá como tipos importantes de campo elétrico, dotados de um alto grau de simetria, podem ser deduzidos de forma muito simples a partir da distribuição de carga. O princípio no qual este método se baseia para calcular campos elétricos é chamado de lei de Gauss. A lei de Gauss e a lei de Coulomb são equivalentes no sentido de que uma pode ser derivada da outra. Entretanto a lei de Gauss nos fornece uma perspectiva muito diferen- te acerca do campo elétrico, da mesma forma como os princípios de conservação nos dão uma perspectiva diferente da mecânica em relação àquela das leis de Newton. Na prática, a lei de Gauss permite determinar alguns campos elétricos estáticos que seriam muito difíceis de obter a partir da lei de Coulomb. Finalmente, veremos que a lei de Gauss é mais geral, uma vez que se aplica não somente à eletrostática, mas também à eletrodinâmica dos campos variáveis com o tempo. 28.1 Simetria Suponha que conheçamos apenas dois fatos sobre os campos elétricos: 1. Todo campo elétrico aponta para fora de cargas positivas, e em direção a cargas negativas. 2. Todo campo elétrico exerce uma força sobre qualquer partícula carregada. CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 851 A partir dessas informações apenas, o que podemos deduzir acerca do campo elétrico criado por um cilindro infinitamente longo e carregado como o que é mostrado na FIGURA 28.1? Não sabemos se o diâmetro do cilindro é grande ou pequeno. Não sabemos se sua densidade de carga é a mesma, tanto longe das extremidades quanto ao longo do eixo de simetria do cilindro. Tudo o que sabemos é que sua carga é positiva e que a distribuição de carga tem uma simetria cilíndrica. A simetria é uma característica especialmente importante na ciência e na matemá- tica. Dizemos que uma dada distribuição de carga é simétrica se existir um grupo de transformações geométricas que não causem nenhuma alteração física. Para tornar esta idéia concreta, suponha que você feche seus olhos enquanto um amigo transforma uma distribuição de carga por uma das maneiras descritas a seguir. Ela ou ele pode transladar ■ (isto é, deslocar) a carga paralelamente a um eixo, girar ■ a carga em torno de um eixo, ou refletir ■ a carga em um espelho. Quando você abrir os olhos, conseguirá dizer se a distribuição de carga mudou? Você poderia tentar, pela observação visual de alguma diferença na distribuição ou os resultados obtidos em um experimento com partículas carregadas poderiam revelar que a distribuição sofreu alteração. Se nada do que você possa ver ou fazer revelar qualquer mudança, então dizemos que a distribuição de carga é simétrica frente àquela transfor- mação particular. A FIGURA 28.2 mostra que a distribuição de carga da Figura 28.1 é simétrica com relação a: Uma translação paralela ao eixo de simetria do cilindro. Deslocar um cilindro infini- ■ tamente longo em 1 mm ou 1000 m não ocasiona alterações que possamos perceber ou medir. Uma rotação em qualquer ângulo em torno do eixo de simetria do cilindro. Girar ■ o cilindro em torno de seu eixo de simetria em 1° ou 100° não produz mudanças detectáveis. Reflexões em relação a qualquer plano que contenha o eixo de simetria do cilindro ■ ou que seja perpendicular ao eixo do cilindro. Trocar a parte inferior pela superior, a frontal pela traseira ou a esquerda pela direita não ocasionará alterações detectáveis. Uma distribuição de carga que seja simétrica frente a esses três grupos de transfor- mações geométricas possui simetria cilíndrica ou axial. Outras distribuições de carga possuem outros tipos de simetrias. Certas distribuições de carga não possuem simetria alguma. Nosso interesse nas simetrias pode ser resumido em uma única sentença: A simetria do campo elétrico deve refletir a simetria da distribuição de carga. Se isso não fosse verdadeiro, você poderia usar o campo elétrico para checar a distribui- ção de carga e descobrir se ela passou por uma transformação ou não. Agora estamos prontos para ver o que podemos aprender sobre o campo elétrico da Figura 28.1. O campo poderia se parecer com o da FIGURA 28.3a? (Imagine esta figura giradaem torno do eixo. Os vetores de campo também sairiam e entrariam na página.) Ou seja, este campo é possível? Este campo parecerá o mesmo se ele for transladado paralelamente ao eixo do cilindro ou se sua parte superior e inferior forem trocadas por uma reflexão do campo em relação a um plano perpendicular à página ou, ainda, se você girar o cilindro em torno de seu eixo longitudinal. (a) Seria possível que este fosse o campo elétrico criado por um cilindro carregado infinitamente longo? Suponha que a carga e o campo sejam refletidos em um plano perpendicular ao eixo. Plano de reflexão Reflexão (b) A distribuição de carga não sofre alteração com a reflexão; todavia, o campo, sim. O campo representado na figura não se ajusta à simetria do cilindro, portanto o campo do cilindro não pode se parecer com este. FIGURA 28.3 O campo de uma distribuição cilíndrica de carga poderia se parecer com este? Cilindro carregado infinitamente longo FIGURA 28.1 Uma distribuição de carga com simetria cilíndrica. Cilindro original Translação paralela ao eixo Rotação em torno do eixo Reflexão em um plano que contém o eixo Reflexão perpendicular ao eixo FIGURA 28.2 Transformações que não alteram um cilindro de carga infinito. 852 Física: Uma Abordagem Estratégica Entretanto o campo proposto na figura falha em um teste. Suponha que refletíssemos o campo em relação a um plano perpendicular ao eixo longitudinal do cilindro, uma re- flexão que troca o lado direito pelo esquerdo e vice-versa. Tal reflexão, que não ocasiona qualquer alteração na própria distribuição de carga, produziria o campo mostrado na FIGURA 28.3b. Esta alteração no campo seria detectável, pois uma partícula positivamente carregada teria agora um componente de movimento para a esquerda, ao invés de para a direita. O campo da Figura 28.3a, que permite uma distinção entre esquerda e direita, não é cilindricamente simétrico e, portanto, não é um campo fisicamente possível. Em geral, o campo elétrico criado por uma distribuição de carga com simetria cilíndrica não pode possuir um componente paralelo ao eixo do cilindro. Bem, então que tal o campo elétrico mostrado na FIGURA 28.4a? Aqui supostamente estamos olhando o cilindro transversalmente. Os vetores do campo elétrico estão restri- tos a planos perpendiculares ao cilindro e, portanto, não possuem componentes paralelos ao eixo do cilindro. Este campo é simétrico frente a rotações em torno do eixo de sime- tria, mas não é simétrico em relação a uma reflexão em um plano que contenha o eixo. Após uma reflexão, o campo na FIGURA 28.4b é facilmente distinguível do campo da Figura 28.4a. Portanto, o campo elétrico criado por uma distribuição de carga com simetria cilíndrica não pode possuir um componente tangente à secção transversal circular do cilindro. A FIGURA 28.5 mostra a única forma possível de campo restante. O campo elétrico é radial, apontando diretamente para fora do cilindro, como as cerdas de uma escova cilín- drica Esta é a forma do campo elétrico que se ajusta à forma da distribuição de carga. Vista lateral Vista transversal FIGURA 28.5 Esta é a única configuração de campo elétrico que se ajusta à simetria da distribuição de carga. Quão boa é a simetria? Em vista do pouco que assumimos a respeito da Figura 28.1 – que a distribuição de carga tem simetria cilíndrica e que o campo elétrico aponta para fora de cargas positivas – fo- mos capazes de chegar a conclusões importantes acerca do campo elétrico. Em particu- lar, deduzimos a forma da configuração que o campo elétrico deve ter. Entretanto, a forma da configuração não é tudo. Não descobrimos coisa alguma ain- da a respeito da intensidade do campo ou sobre como a intensidade varia com a distân- cia. Será E constante? Será que o campo diminui proporcionalmente a 1/r ou a 1/r2? Não dispomos ainda de uma descrição completa do campo, todavia conhecer a forma que este campo deve ter certamente facilitará a tarefa de obter sua intensidade. Esta é a coisa boa a respeito das simetrias. Argumentos de simetria nos permitem eliminar possíveis formas de campo simplesmente por causa da incompatibilidade de tais campos com a simetria da distribuição de carga. Saber o que não acontece, ou o que não pode acontecer, geralmente é tão útil quanto saber o que pode ocorrer. Pelo processo de eliminação, somos levados para uma, e possivelmente a única, configuração que o campo pode assumir. A argumentação baseada em simetrias é, algumas vezes, um tanto sutil, mas sempre constitui um método poderoso de raciocínio. As três simetrias fundamentais Três simetrias fundamentais aparecem com freqüência na eletrostática. A primeira linha da FIGURA 28.6 mostra a forma mais simples de cada uma dessas simetrias. A segunda linha ilustra uma situação mais complexa, porém mais realista, com a mesma simetria. Vista transversal do cilindro Plano de reflexão A distribuição de carga não sofre alteração pela reflexão em um plano que contém o eixo. Reflexão Este campo sofreu alteração. Ele não se ajusta à simetria do cilindro, portanto o campo real não pode se parecer com este. FIGURA 28.4 Ou o campo criado por uma distribuição cilíndrica de carga deveria se parecer com este? CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 853 Podemos não conhecer a intensidade, mas a forma do campo nessas situações mais com- plexas deve se ajustar à simetria da distribuição de carga. NOTA � As figuras devem ter tamanho finito, mas consideramos os planos e cilin- dros da Figura 28.6 infinitos. � Simetria Planar Simetria Básica: O campo é perpendicular ao plano. Exemplo mais complexo: Capacitor de placas paralelas infinitas Simetria cilíndrica O campo aponta radialmente para fora ou para dentro do eixo. Cilindros coaxiais Simetria Esférica O campo aponta radialmente para fora ou para dentro do centro. Esferas concêntricas FIGURA 28.6 As três simetrias fundamentais. De fato existem objetos que são muito parecidos com esferas perfeitas, mas cilindros ou planos reais não podem ser de extensão infinita. Mesmo assim, os campos que seriam criados por planos e cilindros carregados infinitos constituem bons modelos para os campos criados por cilindros e planos carregados finitos naqueles pontos não tão próxi- mos de uma das extremidades do objeto. Eletrodos planos ou cilíndricos são comuns em um grande número de dispositivos práticos, portanto os campos que estudaremos neste capítulo, mesmo que idealizados, possuem aplicações importantes. PARE E PENSE 28.1 Um bastão uniformemente carregado tem um compri- mento finito L. O bastão é simétrico frente a rotações em torno do eixo e sob reflexão em relação a qualquer plano que contenha o eixo. Ele não é simétrico frente a translações ou reflexões em relação a um plano perpendicular ao eixo, a menos que tal plano divida o bastão em duas partes iguais. Que configuração ou configurações de campo identificam a simetria do bastão? 854 Física: Uma Abordagem Estratégica 28.2 O conceito de fluxo A FIGURA 28.7a mostra uma caixa opaca que encerra uma região do espaço. Não podemos ver o que há dentro da caixa, mas existe um vetor campo elétrico que sai de cada face da caixa. Você pode adivinhar o que há dentro da caixa? (a) O campo sai de cada face da caixa. Deve haver uma carga positiva dentro dela. Caixa opaca (b) O campo entra em cada face da caixa. Deve haver uma carga negativa dentro dela. (c) Um campo que atravesse toda caixa significa que não há carga líquida dentro dela. FIGURA 28.7 Embora não possamos ver o interior das caixas, os campos elétricos que atravessam suas faces nos dizem algo sobre o que elas contêm. Claro que pode. Devido ao fato de os campos elétricos apontarem para fora de cargas positivas e de o campo elétrico sair de cada uma das faces da caixa, parece claro que a caixa contém carga positivaou várias cargas positivas. Analogamente, a caixa da FIGURA 28.7b deve conter uma carga negativa. O que podemos afirmar sobre a caixa da FIGURA 28.7c? O campo elétrico aponta para dentro da caixa, a partir da esquerda. Um campo elétrico igual aponta para fora, à direita. Este campo poderia ser o campo elétrico criado por um grande eletrodo positivo posi- cionado em algum lugar fora do campo de visão, à esquerda, e por um grande eletrodo negativo, também não visível, à direita. Um campo atravessa a caixa, mas não vemos evidência de qualquer carga (pelo menos uma carga líquida) dentro dela. Estes exemplos sugerem que o campo elétrico, quando passa para dentro de uma caixa, para fora dela ou através da mesma está, de alguma maneira, relacionado à carga existente dentro da caixa. Entretanto essas simples descrições não nos dizem qual é a quantidade de carga existente dentro da caixa, ou onde, dentro dela, localiza-se a carga. Talvez a escolha de uma caixa melhor seja mais informativa. Suponha que delimitemos uma região do espaço por uma superfície fechada, uma superfície que divida o espaço em duas regiões distintas, o interior e o exterior. No con- texto da eletrostática, uma superfície fechada atravessada por um campo elétrico é cha- mada de superfície gaussiana, assim denominada em homenagem ao matemático do século XIX Karl Gauss, que estabeleceu as fundações matemáticas da geometria. Trata- se de uma superfície matemática imaginária, e não, de uma superfície material, embora ela possa, em certas situações, coincidir com uma superfície material. Por exemplo, a FIGURA 28.8 mostra uma superfície gaussiana esférica que envolve uma carga. Uma superfície fechada deve, necessariamente, ser uma superfície tridimensional. Mas figuras tridimensionais são geralmente difíceis de desenhar, portanto nós desenha- remos secções transversais bidimensionais de superfícies gaussianas, tal como a mos- trada na FIGURA 28.8b. Agora, uma escolha melhor da caixa torna mais claro o que há no interior. Podemos afirmar, a partir dos vetores campo elétrico que saem da superfície com simetria esférica, que a carga positiva interna deve ter uma simetria esférica e estar posicionada no centro de uma esfera. Note duas propriedades que logo serão importan- tes: o campo elétrico é perpendicular à superfície da esfera em qualquer ponto da mesma e possui o mesmo módulo em cada ponto da superfície. A FIGURA 28.9 mostra outro exemplo. Um campo elétrico emerge dos quatro lados do cubo da FIGURA 28.9a, mas não da face superior nem da inferior. Deveríamos ser capazes de adivinhar o que existe dentro da caixa, mas não podemos ter certeza. A FIGURA 28.9b usa uma superfície gaussiana diferente, um cilindro fechado (i.e., paredes cilíndricas e extremidades “tampas” planas), e a FIGURA 28.9c simplifica o desenho, mostrando uma visão bidimensional das tampas e da lateral. Agora, com uma escolha melhor da super- fície imaginária, podemos dizer que a superfície gaussiana cilíndrica encerra algum tipo de distribuição de carga cilíndrica, tal como um fio reto carregado. Novamente, o campo elétrico é perpendicular em qualquer ponto da superfície cilíndrica e tem o mesmo mó- dulo em cada ponto da mesma. Toda superfície gaussiana é uma superfície fechada. É geralmente mais fácil de desenhar uma secção transversal bidimensi- onal de uma superfície gaussiana esférica. FIGURA 28.8 Uma superfície gaussiana envolve uma carga. Geralmente é fácil desenhar uma secção transversal bidimensional da mesma. CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 855 Superfície gaussiana cúbica Superfície gaussiana cilíndrica Secções transversais bidimensionais de uma superfície gaussiana Lateral Superior FIGURA 28.9 A superfície gaussiana é mais útil quando se ajusta à forma do campo. Para contrastar, considere a superfície esférica na FIGURA 28.10a. Esta também é uma superfície gaussiana, e o campo elétrico projetando-se para fora nos diz que há uma carga positiva no seu interior. Poderia ser uma carga puntiforme localizada no lado es- querdo, mas realmente não sabemos. Uma superfície gaussiana que não se ajusta à sime- tria da distribuição de carga não é muito útil. A superfície aberta da FIGURA 28.10b também não é de grande auxílio. O que parece ser um campo elétrico uniforme orientado para a direita poderia ter sido criado por uma grande placa positiva posicionada à esquerda ou por uma grande placa negativa à direita, ou ambos. Uma superfície aberta não fornece informação suficiente. Esses exemplos nos levam a duas conclusões: 1. O campo elétrico, de alguma forma, “flui” para fora de uma superfície fecha- da que delimita uma região do espaço que contém uma carga líquida positiva, e “flui” para dentro de uma superfície fechada que encerra uma carga líquida ne- gativa. O campo elétrico pode atravessar uma superfície fechada onde não exista uma carga líquida, mas, neste caso, o fluxo resultante é nulo. 2. A configuração do campo elétrico através de uma superfície é relativamente sim- ples se a superfície fechada se ajusta à simetria da distribuição de carga interior. O campo elétrico realmente não escoa como um fluido, mas a metáfora é útil. A palavra em latim para fluir é fluxo, e a quantidade de campo elétrico que atravessa uma superfície qualquer é denominada fluxo elétrico. Nossa primeira conclusão, obtida em termos do fluxo elétrico, é Existe um fluxo para fora através de uma superfície fechada em torno de uma carga ■ líquida positiva. Existe um fluxo para dentro através de uma superfície fechada em torno de uma ■ carga líquida negativa. Não existe um fluxo resultante através de uma superfície fechada em torno de uma ■ região do espaço na qual a carga líquida seja nula. Este capítulo tem sido inteiramente qualitativo até onde estabelecemos descritiva- mente o que queremos dizer por simetria, a idéia de fluxo e o fato de que o fluxo elétrico através de uma superfície fechada tem algo a ver com a carga em seu interior. A com- preensão dessas idéias qualitativas é essencial; todavia, para irmos além, precisaremos tornar quantitativas e precisas essas idéias qualitativas. Na próxima seção, você apren- derá como calcular o fluxo elétrico através de uma superfície. Então, na seção seguinte, estabeleceremos uma relação precisa entre o fluxo total através de uma superfície gaus- siana e a carga encerrada por ela. Essa relação, a lei de Gauss, nos permitirá determinar os campos elétricos criados por algumas distribuições de carga interessantes e úteis. PARE E PENSE 28.2 Esta caixa a. Contém uma carga positiva. b. Contém uma carga negativa. c. Não contém carga. d. Contém uma carga líquida positiva. e. Contém uma carga líquida negativa. f. Não contém uma carga líquida. (a) Uma superfície gaussiana que não se ajuste à simetria do campo elétrico não é muito útil. (b) Uma superfície aberta não fornece informação suficiente sobre a carga. FIGURA 28.10 Nem todas as superfícies são úteis para conhecermos a carga. 856 Física: Uma Abordagem Estratégica 28.3 O cálculo do fluxo elétrico Vamos começar com uma breve visão panorâmica do caminho pelo qual esta seção vai nos levar. Iniciaremos com uma definição de fluxo que é fácil de compreender e, depois, transformaremos esta definição simples em uma integral de aparência impressionante. Precisaremos da integral porque a definição simples se aplica apenas a campos elétricos uniformes e a superfícies planas. Embora sejam bons pontos de partida, necessitaremos calcular o fluxo de campos não-uniformes através de superfícies curvas. Matematicamente, o fluxo de um campo não-uniforme através de uma superfície curva é descrito por um tipo especial de integral chamada de integral de superfície. É bem provável que você ainda não tenha se deparado com integrais de superfície no seu curso de cálculo, e o “fator novidade” contribui para fazer com que essa integral pareça mais complicada do queela realmente é. Enfatizaremos cada vez mais que uma integral é apenas uma maneira cheia de estilo de efetuar uma soma, neste caso a soma de peque- nas parcelas de fluxo através de várias pequenas partes de uma superfície. A boa notícia é que toda a integral de superfície que precisaremos calcular neste capí- tulo ou que você precisará calcular nos exercícios propostos, ou é nula ou é tão fácil de efe- tuar que você poderá até fazê-lo de cabeça. Isto pode parecer surpreendente, mas você logo verificará que é verdadeiro. O segredo é fazer uso efetivo da simetria do campo elétrico. Agora que você já foi alertado, não há necessidade de pânico ao ver a notação mate- mática que será introduzida. Avançaremos passo a passo, e você verá que, pelo menos no que concerne à eletrostática, calcular o fluxo elétrico não é difícil. Definição básica de fluxo Imagine-se segurando uma espira retangular de área A em frente a um ventilador. Con- forme mostra a FIGURA 28.11, o volume de fluxo de ar que passa através da espira a cada segundo depende do ângulo entre o plano da espira e a direção do fluxo. O fluxo será máximo através de uma espira que seja perpendicular ao fluxo de ar; e não passará ar através da espira se ela estiver com seu plano paralelo ao fluxo. é o componente da velocidade do ar perpendicular ao plano da espira. Espira Fluxo de ar A quantidade de ar que atravessa a espira é máxima quando Vetor unitário normal ao plano da espira Não há fluxo de ar através da espira quando A espira está inclinada em um ângulo . FIGURA 28.11 A quantidade de ar que passa através de uma espira depende do ângulo formado entre e . A orientação do fluxo é identificada pelo vetor velocidade . Podemos identificar a orientação da espira definindo um vetor unitário normal ao plano da espira. O ângulo �, então, é o ângulo formado entre e . A espira perpendicular ao fluxo da FIGURA 28.11a corresponde a � � 0°; a espira paralela ao fluxo da FIGURA 28.11b corresponde a � � 90°. Você pode pensar em � como o ângulo pelo qual a espira está desviada em relação à perpendicular. NOTA � Toda superfície possui dois lados, portanto pode apontar para qualquer um dos dois. Escolhemos o lado em que � � 90°. � Da FIGURA 28.11C você nota que o vetor velocidade pode ser decomposto em um componente , perpendicular ao plano da espira, e , paralela ao mesmo. Somente o componente perpendicular carrega ar através da espira. Conse- qüentemente, o volume de ar que flui através da espira a cada segundo é Volume de ar por segundo (m 3 /s) � (28.1) 11.7 CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 857 O valor � � 0° corresponde à orientação do fluxo para um fluxo máximo através da es- pira, como esperado, e não há fluxo de ar através da mesma se ela estiver com inclinação de � � 90°. Um campo elétrico realmente não flui no sentido literal do termo, entretanto pode- mos aplicar a mesma idéia para um campo elétrico que atravesse uma superfície. A FIGU- RA 28.12 mostra uma superfície de área A em um campo elétrico uniforme . O vetor unitário é normal ao plano da espira e � é o ângulo formado entre e . Somente o componente atravessa a superfície. Com isso em mente, e usando a Equação 28.1 como analogia, definimos o fluxo elétrico �e, como (28.2) O fluxo elétrico mede a quantidade de campo elétrico que atravessa uma superfície de área A quando a normal à superfície está inclinada em relação ao campo em um ângulo �. A Equação 28.2 se parece muito com um produto escalar de dois vetores: . Para essa idéia funcionar, precisamos definir um vetor área com a direção de – ou seja, perpendicular à superfície – e com módulo igual à área A da su- perfície. A unidade do vetor é o m 2 . A FIGURA 28.13a mostra dois vetores área. O vetor área é perpendicular à superfície. O módulo de é a área A da superfície. Área A Área A O fluxo elétrico através da superfície é FIGURA 28.13 O fluxo elétrico pode ser definido em termos do vetor área . A FIGURA 28.13b mostra um campo elétrico que atravessa uma superfície de área A. O ângulo formado entre os vetores e é o mesmo ângulo usado na Equação 28.2 para definir o fluxo elétrico, portanto a Equação 28.2 é, de fato, um produto escalar. Podemos definir o fluxo elétrico mais precisamente como (fluxo elétrico de um campo elétrico constante (uniforme)) (28.3) Escrever o fluxo como um produto escalar ajuda a tornar claro como o ângulo � é definido: � é o ângulo entre o campo elétrico e uma linha perpendicular ao plano da superfície. NOTA � A Figura 28.13b mostra uma área circular, mas a forma da superfície não é relevante. Entretanto, a validade da Equação 28.3 está restrita a campos elétricos uniformes que atravessem alguma superfície plana. � EXEMPLO 28.1 Fluxo elétrico no interior de um capacitor de placas paralelas Dois eletrodos paralelos, cada qual com área de 100 cm 2 , estão espa- çados por 2,0 cm. Um deles está carregado com �5,0 nC, e o outro, com �5,0 nC. A normal a uma superfície de 1,0 cm � 1,0 cm, entre os eletrodos, faz um ângulo de 45° com o campo elétrico. Qual é o fluxo elétrico através da superfície? MODELO Considere que a superfície esteja localizada próxima ao cen- tro do capacitor, onde o campo elétrico é uniforme. O fluxo elétrico não depende da forma da superfície. VISUALIZAÇÃO A superfície é quadrada, e não, circular; de outra for- ma, a situação seria parecida com a da Figura 28.13b. RESOLUÇÃO No Capítulo 27 aprendemos que o campo elétrico no inte- rior de um capacitor de placas paralelas é dado por Uma superfície de 1,0 cm � 1,0 cm possui área A � 1,0 � 10�4 m2. O fluxo elétrico através dessa superfície é AVALIAÇÃO A unidade de fluxo elétrico é o produto da unidade de campo elétrico pela unidade de área: Nm 2 /C. é o ângulo formado entre e . � Ecos é o componente do campo elétrico que atravessa a superfície. Normal ao plano da espira Superfície de área A FIGURA 28.12 Um campo elétrico atravessa uma superfície. 858 Física: Uma Abordagem Estratégica O fluxo elétrico de um campo elétrico não-uniforme Nossa definição inicial de fluxo elétrico está baseada na consideração de que o campo elétrico seja constante ao longo de uma superfície. Como procederemos para calcular o fluxo elétrico se varia de ponto a ponto ao longo da superfície? Podemos responder à questão retomando a analogia do fluxo de ar através de uma espira. Suponha que o fluxo de ar varie de ponto a ponto. Ainda podemos determinar o volume total de ar que atra- vessa a espira por segundo dividindo a espira em pequenas áreas, determinando o fluxo através de cada uma delas e, depois, somando todos eles. Analogamente, o fluxo elétrico através de uma superfície pode ser calculado como a soma dos fluxos através de pequenos pedaços da superfície. Devido ao fato de o fluxo ser uma grandeza escalar, somar fluxos é mais fácil do que somar campos elétricos. A FIGURA 28.14 mostra uma superfície em um campo elétrico não-uniforme. Imagine a divisão dessa superfície em um grande número de pequenas partes com área �A. Cada uma dessas pequenas áreas tem associado um vetor perpendicular ao trecho de área correspondente. Duas dessas pequenas áreas, indicadas por i e j, são mostradas na figura. Os fluxos elétricos através dessas duas áreas são diferentes entre si porque os campos elétricos são diferentes nas mesmas. Considere a pequena área i, onde o campo elétrico é . O pequeno fluxo elétrico através da área é (28.4) O fluxo através de cada uma das outras pequenas partes da superfície é determinado da mesma forma. O fluxo elétrico total através de toda a superfície é igual, portanto, à soma dos fluxos através de cada uma das pequenas áreas: (28.5) Agora tomemos o limite , ou seja, as pequenas áreas tornam-se de tamanho infinitesimal, e haverá uma quantidade infinita delas ao longo da superfície total. Dessa forma, a soma se torna uma integral,e o fluxo do campo elétrico através da superfície inteira é dado por (28.6) A integral da Equação 28.6 é chamada de integral de superfície. A Equação 28.6 pode parecer assustadora se você ainda não viu outras integrais de superfície. Apesar da aparência, uma integral de superfície não é mais complicada do que as outras integrais que você conhece do cálculo. Além disso, o que realmente significa? Essa expressão é uma forma sintética de expressar o que dizemos como “divida o eixo x em uma grande quantidade de pequenos segmentos, cada qual de tamanho �x, depois calcule a função f(x) em cada um deles e, então, some os valores de f(x) �x correspondentes a todos os segmentos ao longo da linha”. A integral da Equação 28.6 difere apenas no fato de que dividimos uma superfície em pequenas partes, em vez de dividir uma linha em pequenos segmentos. Em particular, estamos somando os fluxos através de um número enorme de partes muito pequenas. Você pode estar pensando, “OK, eu entendi a idéia, mas eu não sei o que efetuar. Em cálculo, eu aprendi fórmulas para resolver integrais tais como . Como eu resolvo uma integral de superfície?”. Essa é uma boa pergunta. Em breve iremos lidar com a so- lução, e ela revelará que as integrais de superfície da eletrostática são fáceis de resolver. Mas não confunda resolver a integral com entender o seu significado. A integral de super- fície da Equação 28.6 é, simplesmente, uma notação sintética para o somatório dos fluxos elétricos através de um número enorme de áreas bem pequenas de uma superfície. O campo elétrico pode ser diferente em cada ponto da superfície, mas suponha que não o seja, isto é, suponha que a superfície esteja em um campo elétrico uniforme Um campo que é igual em cada um dos pontos de uma superfície, no que tange à integração da Equação 28.6 é uma constante, de modo que podemos sacá-lo para fora da integral. Assim sendo, (28.7) Pedaço Pedaço A área total A pode ser dividida em vários pequenos pedaços de área A. O campo E pode ser diferente em cada pedaço. FIGURA 28.14 Uma superfície em um campo elétrico não-uniforme. CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 859 A integral que resta na Equação 28.7 significa que temos de somar todas as pequenas áreas nas quais a superfície foi subdividida. Todavia a soma de todas as pequenas áreas é igual, simplesmente, à área total da superfície: (28.8) Esta idéia – de que a integral de superfície de dA é igual à área da superfície – é uma das que iremos usar para calcular a maioria das integrais da eletrostática. Substituindo a Equação 28.8 na Equação 28.7, obtemos que o fluxo elétrico de um campo elétrico uniforme é . Já sabíamos isso, a partir da Equação 28.2, mas é importante verificar que a integral de superfície da Equação 28.6 dá o resultado correto para o caso de um campo elétrico uniforme. Fluxo através de uma superfície curva A maioria das superfícies gaussianas consideradas na seção passada eram superfícies curvas. A FIGURA 28.15 mostra um campo elétrico que atravessa uma superfície curva. Como obter o fluxo do campo elétrico através dessa superfície? Da mesma forma como fizemos para o caso de uma superfície plana! Divida a superfície em várias pequenas partes, cada qual de área �A. Para cada uma delas, defina um vetor área perpendicular à superfície naquele ponto. Comparado à Figura 28.14, a única diferença que a curvatura da superfície introduz é que os vetores não são mais paralelos entre si. Determine o pequeno elemento de fluxo através de cada pequena área e, então, os some. O resultado, mais uma vez, é (28.9) Ao derivar esta expressão da primeira vez, consideramos que a superfície fosse plana e que todos os fossem mutuamente paralelos. Mas essa suposição não é necessária. O significado da Equação 28.9 – uma soma dos fluxos através de um enorme número de áreas muito pequenas – não sofrerá alteração se as áreas pertencerem a uma superfície curva. Parece que está ficando cada vez mais complicado usar integrais de superfície, primeiro para o caso de campos não-uniformes, e agora, para o de superfícies curvas. Mas considere as duas situações mostradas na FIGURA 28.16. O campo elétrico da FIGURA 28.16a é tangente, ou paralelo, à superfície curva em todos os pontos da mesma. Não precisamos conhecer o módulo de para perceber que é nulo em qualquer ponto da superfície, pois é perpendicular a em cada ponto. Portanto, �e � 0. Um campo elétrico tangente a uma su- perfície nunca se projeta através dela, de modo que seu fluxo através da superfície é nulo. O campo elétrico da FIGURA 28.16b é perpendicular à superfície mostrada e tem o mes- mo módulo E em cada ponto dela. O campo difere em orientação em diferentes pontos de uma superfície curva, porém em qualquer ponto da mesma, é sempre paralelo a , e é igual, simplesmente, a EdA. Neste caso, (28.10) Ao calcular a integral, o fato de que E tinha o mesmo módulo em qualquer ponto da su- perfície nos permitiu sacar para fora da integral o valor constante. Usamos, então, o fato de que a integral de dA sobre a superfície deve ser igual à área A total da superfície. Podemos resumir essas duas situações em um Box Tático. BOX TÁTICO 28.1 Resolvendo integrais de superfície Se o campo elétrico for tangente a uma superfície em todos os pontos da mesma, o fluxo elétrico através da superfície será �e � 0. Se o campo elétrico for perpendicular a uma superfície em qualquer ponto da mesma e tiver o mesmo módulo E em qualquer ponto, o fluxo elétrico através da superfície será �e � EA. Superfície curva de área total A O fluxo através dessa pequena área é FIGURA 28.15 Uma superfície curva em um campo elétrico. Área A O campo é tangente em cada ponto da superfície. O fluxo é nulo. Área A O campo E é perpendicular em cada ponto da superfície e tem o mesmo módulo em cada um deles. O fluxo é EA. FIGURA 28.16 Campos elétricos que são tangentes ou perpendiculares em cada ponto de uma superfície curva. 860 Física: Uma Abordagem Estratégica Os dois resultados serão de valor inestimável para a utilização da lei de Gauss porque todo o fluxo que precisaremos calcular recairá em uma dessas situações. Essa é a justificativa para nossa afirmação anterior, de que o cálculo de integrais de superfície não seria difícil. Fluxo elétrico através de uma superfície fechada Nosso passo final para calcular o fluxo elétrico através de uma superfície fechada, tal como uma caixa, um cilindro ou uma esfera, não requer nada de novo. Já aprendemos a calcular o fluxo elétrico através de superfícies planas e curvas, e uma superfície fechada nada mais é do que uma superfície inicialmente aberta que foi fechada. Entretanto, a notação matemática para uma integral de superfície efetuada sobre uma superfície fechada difere um pouco daquela que acabamos de usar nas ilustrações. É costume utilizar um pequeno círculo no símbolo da integral para indicar que a integral de superfície é calculada sobre uma superfície fechada. Com essa notação, o fluxo elétri- co através de uma superfície fechada é (28.11) Somente a notação foi alterada. O fluxo elétrico ainda continua sendo a soma dos fluxos através do número enorme das pequenas áreas das partes que agora cobrem uma super- fície fechada. NOTA � Toda superfície fechada possui um lado interior e um lado exterior distintos. O vetor área é sempre definido com orientação para o lado de fora de uma super- fície fechada. Isto remove uma ambigüidade que estava presente para toda superfície aberta, onde podia apontar para qualquer lado. � EXEMPLO 28.2 Calculando o fluxo elétrico através de um cilindro fechado Uma distribuição de carga cilíndrica criou um campo elétrico , onde E0 e r0 são constantes, e o vetor unitário situa-se no plano xy. Calcule o fluxo elétrico através de um cilindro fechado de comprimento L e raio R, centrado no eixo z. MODELO O campo elétrico se estende radialmentepara fora do eixo z, com simetria cilíndrica. O componente z do campo é Ez � 0. O cilindro é uma superfície gaussiana. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 28.17a é uma visão que se tem do campo elétrico olhado transversalmente ao longo do eixo z. A intensidade do campo cresce com o aumento da distância radial, e o campo é simétrico em torno do eixo z. A FIGURA 28.17b é a superfície gaus- siana fechada na qual precisamos calcular o fluxo elétrico. Podemos posicionar o cilindro em qualquer lugar ao longo do eixo z porque o campo elétrico se estende para sempre naquela direção. RESOLUÇÃO Para calcular o fluxo, dividimos o cilindro fechado em três superfícies: o topo, o fundo e a lateral do cilindro. O campo elétrico é tangente em todos os pontos das superfícies do topo e do fundo. Neste caso, como indica o passo 1 do Box Tático 28.1, o flu- xo através daquelas duas superfícies é nulo. Na lateral do cilindro, o campo elétrico é perpendicular à superfície em todo ponto da mesma e possui um módulo constante E � E0(R 2 /r0 2 ) em qualquer ponto so- bre a superfície. Portanto, a partir do passo 2 do Box Tático 28.1, Somando as três partes, o fluxo resultante através da superfície fe- chada é Campo elétrico visto ao longo do eixo z Não existe campo atravessando o fundo. Raio R Superfície gaussiana O campo é perpendicular à lateral em qualquer ponto da mesma. FIGURA 28.17 O campo elétrico e a superfície fechada através da qual iremos calcular o fluxo elétrico. CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 861 Calculamos a integral de superfície usando os dois passos do Box Tático 28.1, e não havia nada para tal! Para finalizar, tudo o que pre- cisamos relembrar é que a superfície lateral de um cilindro é igual a circunferência � altura, ou Alateral � 2�RL. Portanto, AVALIAÇÃO A grandeza LR3/r0 2 tem o m 2 como unidade, uma área, de modo que esta expressão para �e tem Nm 2 /C como unidade. Esta é a unidade correta do SI para o fluxo elétrico, o que nos dá confiança em nossa resposta. Note o papel importante desempe- nhado pela simetria. O campo elétrico é perpendicular à lateral e de valor constante em qualquer ponto da mesma porque a superfície gaussiana tem de possuir a mesma simetria que a distribuição de carga. Não seríamos capazes de calcular a integral de superfície com facilidade em uma superfície de outra forma qualquer. A si- metria é o segredo. O Exemplo 28.2 ilustrou a abordagem em dois passos para efetuar uma integral de fluxo sobre uma superfície fechada. Em resumo: BOX TÁTICO 28.2 Obtendo o fluxo através de uma superfície fechada Divida a superfície fechada em pequenas partes que sejam tangentes ou perpen- diculares ao campo elétrico em qualquer de seus pontos. Use a Box Tático 28.1 para calcular as integrais de superfície sobre essas super- fícies e, então, some os resultados. Exercício 11 PARE E PENSE 28.3 O fluxo elétrico total através desta caixa é a. 0 Nm 2 /C b. 1 Nm 2 /C c. 2 Nm 2 /C d. 4 Nm 2 /C e. 6 Nm 2 /C f. 8 Nm 2 /C 28.4 A lei de Gauss A última seção foi longa, mas é essencial saber calcular o fluxo elétrico através de uma superfície fechada para que você compreenda o assunto principal do capítulo: a lei de Gauss. A lei de Gauss é equivalente à lei de Coulomb para cargas estáticas, embora a lei de Gauss pareça muito diferente. O propósito, ao aprendermos a lei de Gauss, é duplo: A lei de Gauss permite que campos elétricos de algumas distribuições contínuas de ■ carga sejam obtidos com mais facilidade do que a partir da lei de Coulomb. A lei de Gauss é válida para cargas em ■ movimento, mas a lei de Coulomb, não (em- bora seja uma aproximação muito boa para velocidades muito menores do que a da luz). Portanto, e finalmente, a lei de Gauss é um enunciado sobre campos elétricos mais fundamental do que a lei de Coulomb. para cima) para baixo) Plano de carga Secção transversal de uma caixa de 11.8 862 Física: Uma Abordagem Estratégica Vamos iniciar com a lei de Gauss para o campo elétrico criado por uma carga punti- forme. A FIGURA 28.18 mostra uma superfície esférica gaussiana de raio r, centrada sobre uma carga positiva q. Não se esqueça de que essa é uma superfície imaginária, uma su- perfície matemática, e não, uma superfície material. Há um fluxo líquido através dessa superfície pelo fato de que o campo elétrico aponta para fora em todos os pontos da su- perfície. Para calcular o fluxo, dado formalmente pela integral de superfície da Equação 28.11, note que o campo elétrico é perpendicular à superfície em qualquer um de seus pontos e que, da lei de Coulomb, ele tem o mesmo módulo em qualquer ponto sobre a superfície. Chegamos a esta situação simples porque a superfície gaussia- na escolhida apresenta a mesma simetria do campo elétrico. Portanto, sem ter que fazer qualquer trabalho árduo, sabemos que a integral de fluxo é (28.12) A área superficial de uma esfera de raio r é Aesfera � 4�r 2 . Usando esta Expressão para Aesfera e a expressão da lei de Coulomb na Equação 28.12 para E, obtemos que o fluxo elétrico através da superfície esférica é (28.13) Examine a lógica desse cálculo mais atentamente. Nós realmente calculamos a integral de superfície da Equação 28.11, embora possa parecer, de imediato, que não tenhamos feito muito. Para enfatizar, reiteramos que a integral foi facilmente calculada porque a superfície fechada sobre a qual efetuamos a integração tinha a mesma simetria da distri- buição de carga. Em tais casos, a integral de superfície para o fluxo é igual, simplesmen- te, à intensidade de campo multiplicada pela área. NOTA � A Equação 28.13 foi aplicada para uma carga positiva, mas ela se aplica igualmente bem a cargas negativas. De acordo com a Equação 28.13, �e será negati- vo se q for negativa. E isso é o que deveríamos esperar a partir da definição básica de fluxo, . O campo elétrico de uma carga negativa aponta para dentro da mesma, enquanto o vetor área de uma superfície fechada aponta para fora dela, o que torna negativo o produto escalar. � O fluxo elétrico é independente da forma da superfície e do raio Note uma coisa interessante sobre a Equação 28.13. O fluxo elétrico depende da quan- tidade de carga, mas não depende do raio da esfera. Embora isso possa parecer um pouco surpreendente, trata-se realmente de uma conseqüência direta do que entende- mos por fluxo. Lembre-se da analogia com um fluido com a qual introduzimos o termo “fluxo”. Se um fluido escoa para fora de um ponto central, todo o fluido que atravessar uma superfície esférica de raio pequeno, em algum instante posterior, atravessará outra superfície esférica de raio maior. Não haverá perda de fluido ao longo do caminho, e também nenhuma quantidade nova de fluido será acrescentada. Analogamente, a carga puntiforme na FIGURA 28.19 é a única fonte de campo elétrico. Toda linha de campo elé- trico que atravessa uma superfície esférica de raio pequeno também passará através de uma superfície esférica de raio grande. Vemos, assim, que o fluxo elétrico é indepen- dente de r. NOTA � Este argumento se baseia no fato de que a lei de Coulomb é uma lei de força inversamente proporcional ao quadrado da distância. A intensidade de campo elétri- co, proporcional a 1/r2, diminui com a distância. Mas a área de superfície, que cresce proporcionalmente a r2, compensa exatamente esse decréscimo. Conseqüentemente, o fluxo elétrico de uma carga puntiforme através de uma superfície esférica indepen- de do raio da esfera. � Essa conclusão sobre o fluxo tem uma generalização importante. A FIGURA 28.20a mostra uma carga puntiforme e uma superfície gaussiana fechada, com forma e dimen- Secção transversal de uma esfera gaussiana de raio r. Trata-se de uma superfície matemática, e não, de uma superfície material. Carga puntiforme q O campo elétrico é perpendicular à superfície e tem o mesmo módulo em qualquer ponto da mesma. FIGURA 28.18 Uma superfície esféricagaussiana ao redor de uma carga puntiforme. Toda linha de campo que atravessa uma pequena esfera também passará através de uma esfera grande. Aqui, o fluxo através das duas esferas é o mesmo. FIGURA 28.19 O fluxo elétrico é o mesmo através de qualquer esfera centrada em uma carga puntiforme. CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 863 sões arbitrárias. Tudo o que sabemos a respeito é que a carga encontra-se dentro da su- perfície. Qual é o fluxo elétrico através da superfície? Uma maneira de responder à questão é considerar a superfície, aproximadamente, como uma colcha de retalhos formada por setores radiais e setores esféricos. Os setores esféricos estão centrados na carga, e as partes radiais situam-se ao longo de linhas retas que se estendem radialmente para fora da carga. (A Figura 28.20 é um esboço bidimen- sional, portanto é preciso que você imagine esses arcos como sendo, de fato, cortes transversais de cascas esféricas.) Para ilustrar essa idéia, a figura mostra corretamente grandes pedaços que não se ajustam de modo perfeito à superfície real. Entretanto, pode- mos tornar essa aproximação tão boa quanto queiramos fazendo com que os pedaços se tornem suficientemente pequenos. O campo elétrico é tangente em qualquer lugar dos setores radiais. Desta forma, o fluxo elétrico através dos setores radiais é nulo. Os setores esféricos, embora difiram entre si quanto à distância em relação à carga, formam uma esfera completa, ou seja, qualquer linha traçada radialmente para fora da carga atravessará exatamente um peda- ço esférico, e toda linha radial atravessa um setor esférico. Você pode imaginar, ainda, como mostrado na FIGURA 28.20b, que os setores esféricos possam ser deslocados para dentro ou para fora, sem que seja alterado o ângulo que eles subtendem, até que se ajus- tem para formar uma esfera completa. Conseqüentemente, o fluxo elétrico através desses setores esféricos que, quando montados, formam uma esfera completa, deve ser exatamente igual ao fluxo q/�0 através de uma superfície gaussiana esférica. Em outras palavras, o fluxo através de qualquer superfície fechada que envolva uma carga puntiforme q é igual a (28.14) Este resultado surpreendentemente simples é uma conseqüência do fato de que a lei de Coulomb é uma lei de força do tipo inverso do quadrado da distância. Mesmo assim, a ar- gumentação que nos levou à Equação 28.14 é, de certa forma, sutil, e merece ser revisada. Carga fora da superfície A superfície fechada mostrada na FIGURA 28.21a não contém cargas em seu interior, mas existe uma carga puntiforme q do lado de fora da mesma. Neste caso, o que podemos afirmar sobre o fluxo? Aproximando a superfície por setores radiais e esféricos centra- dos na carga, como fizemos na Figura 28.20, podemos rearranjar a superfície e trans- formá-la na superfície equivalente mostrada na FIGURA 28.21b. Essa superfície fechada consiste de secções correspondentes a duas cascas esféricas diferentes e é equivalente no sentido de que o fluxo elétrico através desta superfície é igual ao fluxo elétrico através da superfície original da Figura 28.21a. Em alguns setores da superfície, o fluxo é negativo. Carga puntiforme fora da superfície Em outros setores da superfície, o fluxo é positivo. Superfície fechada Aproximar esta superfície por setores esféricos e radiais permite que ela seja reconstruída como a superfície da direita, que corresponde ao mesmo fluxo. (a) (b) é paralelo a , portanto o fluxo é positivo. Secção transversal bidimensional é oposto a , portanto o fluxo é negativo. Os fluxos através dessas superfícies são iguais, mas opostos. O fluxo líquido é nulo. FIGURA 28.21 Uma carga puntiforme externa a uma superfície gaussiana. Carga puntiforme Os setores esféricos estão centrados na carga. Superfície gaussiana de forma arbitrária Os setores radiais situam-se ao longo de linhas retas que se estendem radialmente para fora da carga. Não há fluxo através de tais setores. A aproximação por setores radiais e esféricos pode ser tão boa quanto se deseje, desde que os setores sejam suficientemente pequenos. Os setores esféricos podem ser deslocados para dentro ou para fora a fim de formar uma esfera completa. Assim, o fluxo através de todos os setores é igual ao fluxo através de uma esfera completa. FIGURA 28.20 Uma superfície gaussiana arbitrária pode ser aproximadamente dividida em setores esféricos e radiais. 864 Física: Uma Abordagem Estratégica Se o campo elétrico fosse como um fluido que escoa para fora da carga, todo o fluido que entrasse na região fechada, através da primeira superfície esférica, teria de sair, mais tarde, pela segunda. Não há um fluxo líquido para dentro ou para fora da região fechada. Analogamente, toda a linha de campo elétrico que entre neste volume fechado por um lado, terá de sair pelo outro. Matematicamente, os fluxos elétricos através de duas superfícies esféricas têm o mesmo módulo porque �e é independente de r. Mas eles têm sinais opostos porque o vetor área , apontando para fora, é paralelo a em uma das superfícies e antiparalelo na outra. A soma dos fluxos através de ambas as superfícies é nula, e somos levados à conclusão de que é nulo o fluxo elétrico líquido através de uma superfície fechada que contenha uma carga líquida nula. Cargas externas à superfície não produzem um fluxo resultante através da mesma. Isso não significa que o fluxo através de uma parte pequena da superfície seja nulo. De fato, como mostra a Figura 28.12a, em quase todas as partes da superfície há um campo elétrico que entra ou que sai da mesma e, portanto, o fluxo não é nulo através da- quela parte. Mas alguns destes fluxos parciais são positivos, e outros, negativos. Quando somados, todos eles, para a superfície inteira, as contribuições positivas e negativas se cancelam e o fluxo líquido é nulo. Cargas múltiplas Finalmente, considere uma superfície gaussiana arbitrária e um conjunto de cargas q1, q2, q3,..., tal como aquelas mostradas na FIGURA 28.22. Algumas dessas cargas estão dentro da superfície; outras, fora. As cargas podem ser tanto negativas quanto positivas. Qual é o fluxo elétrico através da superfície fechada? Por definição, o fluxo resultante é Do princípio da superposição, o campo elétrico onde são os campos produzidos individualmente pelas cargas envolvidas. Por- tanto, o fluxo pode ser escrito como (28.15) onde �1, �2, �3,..., são os fluxos através da superfície gaussiana devidos às correspon- dentes cargas individuais, ou seja, o fluxo resultante é a soma dos fluxos devidos às cargas individuais. Mas sabemos quanto estes valem: são nulos quando as cargas estão do lado de fora, e iguais a q/�0 para as que estão dentro. Portanto, (28.16) Definimos para todas as cargas dentro da superfície (28.17) como a carga total dentro da superfície fechada. Com esta definição, podemos escrever nosso resultado para o fluxo elétrico resultante em uma forma bem compacta e ordena- da. Para qualquer superfície fechada que encerre uma carga total Qint, o fluxo elétrico através da superfície é (28.18) Este resultado para o fluxo elétrico é conhecido como lei de Gauss. Os fluxos devidos a cargas fora da superfície são todos nulos. Secção transversal bidimensional de uma superfície gaussiana. A carga total dentro é Q Os fluxos devidos a cargas internas à superfície se adicionam. int . FIGURA 28.22 Cargas, internas e externas, de uma superfície gaussiana. CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 865 O que a lei de Gauss nos fornece? Em certo sentido, a lei de Gauss não nos diz nada de novo nem algo que já não soubés- semos a partir da lei de Coulomb. Afinal de contas, derivamos a lei de Gauss a partir da lei de Coulomb. Mas, em outro sentido, a lei de Gauss é mais importante do que a lei de Coulomb. A lei de Gauss expressa uma propriedade bem geral dos campos elétricos – a saber, que as cargas criam camposelétricos de tal forma que o fluxo resultante do campo é igual através de qualquer superfície que envolva completamente as cargas, sem importar a forma ou o tamanho que ela tenha. Esse resultado poderia ter sido obtido a partir da lei de Coulomb, mas de forma alguma ele é óbvio. E a lei de Gauss se mostrará particularmente útil mais tarde, quando a combinarmos com outras equações do campo elétrico e do magnético. A lei de Gauss é o enunciado matemático correspondente às observações que fize- mos na Seção 28.2. Lá, notamos um “fluxo” resultante do campo elétrico para fora de uma superfície fechada que contenha cargas. A lei de Gauss quantifica essa idéia, esta- belecendo uma conexão específica entre o “fluxo,” agora chamado de fluxo elétrico, e a quantidade de carga. Mas ela é útil? Embora em certo sentido a lei de Gauss seja uma sentença formal sobre campos elétricos, e não, uma ferramenta para resolver problemas práticos, há ex- ceções: a lei de Gauss nos permitirá determinar os campos elétricos criados por distri- buições de cargas muito importantes e de grande utilidade prática de uma forma muito mais fácil do que se dependêssemos apenas da lei de Coulomb. Consideraremos alguns exemplos na próxima seção. PARE E PENSE 28.4 As figuras abaixo mostram secções transversais bidimensionais de esferas fechadas e de um cubo tridimensionais. Ordene em seqüência decrescente os fluxos elétricos de �a até �e através das superfícies de a até e. 28.5 Usando a lei de Gauss Nesta seção, usaremos a lei de Gauss para determinar campos elétricos criados por di- versas distribuições de cargas importantes. Algumas delas você já conhece do Capítulo 27; outras, serão novas. Três observações importantes podem ser feitas sobre a utilização da lei de Gauss: 1. A lei de Gauss aplica-se apenas a superfícies fechadas, chamadas de superfícies gaussianas. 2. Uma superfície gaussiana não é uma superfície material. Ela não necessita coin- cidir com os limites de qualquer objeto físico (embora possa, se o desejarmos). Trata-se de uma superfície matemática, imaginária, no espaço, que envolve intei- ramente uma ou mais cargas. 3. Não podemos determinar o campo elétrico apenas a partir da lei de Gauss. Preci- samos aplicar a lei de Gauss a situações onde, a partir da simetria e da superposi- ção, podemos de imediato inferir a configuração do campo. Essas observações e nossa discussão anterior a respeito de simetrias e do fluxo levam à seguinte estratégia para resolver problemas sobre campo elétrico usando a lei de Gauss. 866 Física: Uma Abordagem Estratégica ESTRATÉGIA PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 28.1 A lei de Gauss MODELO Considere a distribuição de carga como uma distribuição que possui uma simetria. VISUALIZAÇÃO Faça um esboço da distribuição de carga. Determine a simetria do campo elétrico criado por ela. ■ Escolha e desenhe uma superfície gaussiana que possua a ■ mesma simetria da distribuição de carga. Não é necessário envolver todas as cargas pela superfície gaussiana. ■ Certifique-se de que cada parte da superfície gaussiana é tangente ou perpendi- ■ cular ao campo elétrico. RESOLUÇÃO A representação matemática é baseada na lei de Gauss Use os Boxes Táticos 28.1 e 28.2 para efetuar a integral de superfície. AVALIAÇÃO Observe se seu resultado está expresso na unidade correta, se é plausível e se responde à questão. EXEMPLO 28.3 Fora de uma esfera carregada No Capítulo 27, afirmamos, sem provas, que o campo elétrico fora de uma esfera carregada total Q é igual ao campo criado por uma carga puntiforme Q posicionada no centro da esfera. Use a lei de Gauss para provar esse resultado. MODELO A distribuição de carga dentro da esfera não precisa ser uni- forme (i.e., a densidade de carga pode aumentar ou diminuir com r), mas, para que possamos usar a lei de Gauss, a distribuição deve pos- suir simetria esférica. Consideraremos que isso seja verdadeiro. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 28.23 mostra uma esfera com carga Q e raio R. Desejamos determinar fora dessa esfera, para distâncias r R. A simetria esférica da distribuição de carga significa que o campo elé- trico deve apontar radialmente para fora da esfera. Embora a lei de Gauss seja válida para qualquer superfície que envolva inteiramente a esfera carregada, ela será útil somente se escolhermos uma superfície gaussiana cuja simetria coincida com a simetria esférica da distribui- ção de carga e do campo. Assim, uma superfície esférica de raio r R e concêntrica com a esfera carregada será nossa superfície gaussiana. Superfície gaussiana Esfera com carga total Q E é perpendicular à superfície em qualquer lugar da mesma. FIGURA 28.23 Uma superfície esférica gaussiana envolve inteiramente uma esfera carregada. Pelo fato de essa superfície cercar toda a esfera carregada, a carga encerrada por ela é, simplesmente, Qint � Q. RESOLUÇÃO A lei de Gauss é Para calcular o fluxo, note que o campo elétrico é perpendicular a qualquer parte da superfície esférica. Embora não conheçamos o mó- dulo do campo elétrico E, a simetria esférica impõe que ele deve ter o mesmo valor em todos os pontos eqüidistantes do centro da esfera. Assim, obtemos o resultado simples de que o fluxo resultante através de uma superfície gaussiana é onde usamos o fato de que a área superficial de uma esfera é Aesfera � 4� r2. Com esse resultado para o fluxo, a lei de Gauss assume a forma Portanto, o campo elétrico à distância r fora de uma esfera carregada é Ou, em forma vetorial, fazendo uso do fato de que aponta radial- mente para fora, onde é o vetor unitário da direção radial. AVALIAÇÃO O campo é exatamente aquele criado por uma carga punti- forme Q, o que queríamos demonstrar. CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 867 A derivação do campo elétrico criado por uma esfera carregada depende crucial- mente de uma escolha adequada da superfície gaussiana a ser usada. Não teríamos sido capazes de calcular a integral de fluxo de uma forma tão simples para qualquer outra superfície gaussiana escolhida. De nada adiantaria se o resultado do Exemplo 28.3 pudesse também ser provado pela superposição dos campos de cargas puntifor- mes se isto exigisse uma integral tridimensional complicada e um extenso cálculo. Obtivemos a resposta usando a lei de Gauss em somente algumas poucas linhas. Onde a lei de Gauss funciona, ela funciona extremamente bem! Entretanto, ela serve para calcular o campo apenas em situações como essa, onde existe um alto grau de simetria. EXEMPLO 28.4 Dentro de uma esfera carregada Qual é o campo elétrico dentro de uma esfera uniformemente carre- gada? MODELO Não consideramos ainda uma situação como essa. Para co- meçar, não sabemos se a intensidade do campo aumenta ou diminui à medida que nos movemos para longe do centro da esfera. Mas o campo interno deve ter simetria esférica também, ou seja, o campo deve apontar radialmente para dentro ou para fora e sua intensidade deve depender apenas de r. Esta informação é suficiente para solucio- nar o problema porque nos permite escolher uma superfície gaussiana adequada. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 28.24 mostra uma superfície esférica gaus- siana com raio r R, interior e concêntrica à esfera carregada. Essa superfície se ajusta à simetria da distribuição de cargas, e, neste caso, é perpendicular a esta superfície e a intensidade do campo E tem o mesmo valor em todos os pontos da mesma. Superfície gaussiana interna à esfera carregada Esfera com carga total Q FIGURA 28.24 Uma superfície esférica gaussiana interna a uma esfera carregada uniformemente. RESOLUÇÃO A integral de fluxo é idêntica àquela do Exemplo 28.3: Conseqüentemente, a lei de Gauss assume a forma A diferença entre este exemplo e o Exemplo 28.3 é que, agora, Qint não é a carga total da esfera. Em vez disso, Qint é a quantidade de car- ga líquida dentro da esfera gaussiana de raio r. Como a distribuição de carga é uniforme, sua densidade volumétricade carga é A carga encerrada em uma esfera de raio r é, portanto, A quantidade de carga encerrada aumenta com o cubo da distância r até o centro e, como deve ser, Qint � Q se r � R. Com essa expressão para Qint, a lei de Gauss torna-se Portanto o campo elétrico interno a uma distância radial r do centro de uma esfera uniformemente carregada é A intensidade do campo elétrico interno criado pela esfera cresce li- nearmente com a distância r a partir do centro. AVALIAÇÃO O campo interno e o campo externo a uma esfera carrega- da coincidem na superfície da esfera, r � R, onde ambos os resulta- dos fornecem . Em outras palavras, a intensidade de campo é contínua através da superfície da esfera. Esses resultados são ilustrados graficamente na FIGURA 28.25. O campo interno da esfera aumenta linearmente com a distância ao centro. O campo externo da esfera diminui com 1/r2. FIGURA 28.25 A intensidade do campo elétrico criado por uma esfera uniformemente carregada de raio R. 868 Física: Uma Abordagem Estratégica EXEMPLO 28.5 O campo elétrico de um fio longo e carregado No Capítulo 27, usamos o princípio da superposição para determinar o campo elétrico criado por uma linha de carga infinitamente longa com uma densidade linear de carga � (C/m). Não se tratou de uma derivação fácil. Obtenha agora o mesmo campo elétrico usando a lei de Gauss. MODELO Um fio longo e carregado pode ser considerado como uma linha de carga infinitamente longa. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 28.26 mostra uma linha de carga infinitamen- te longa. Podemos usar a simetria da distribuição para chegar à con- clusão de que a única configuração possível para o campo elétrico é uma orientação que aponte diretamente para fora ou para dentro do fio, como as cerdas de uma escova de cabelo cilíndrica. A forma do campo sugere que devemos escolher nossa superfície gaussiana como um cilindro de raio r e comprimento L, centrado sobre o fio. Como a lei de Gauss se refere a superfícies fechadas, devemos conceber o cilindro como dotado de “tampas” nas extremidades, que devem ser consideradas como parte da superfície gaussiana. O campo é tangente à superfície nas extremidades da superfície gaussiana. O fluxo ali é nulo. Superfície gaussiana O campo é perpendicular à superfície lateral do cilindro gaussiano. E dA dA dA E E L FIGURA 28.26 Uma superfície gaussiana envolve um fio carregado. RESOLUÇÃO A lei de Gauss é onde Qint é a carga líquida dentro do cilindro fechado. Temos duas ta- refas aqui: calcular a integral do fluxo e determinar que quantidade de carga líquida encontra-se dentro da superfície fechada. O fio possui uma densidade linear de carga �; assim, a quantidade de carga dentro de um cilindro de comprimento L é, simplesmente, Determinar o fluxo resultante, agora, é fácil. Podemos dividir o flu- xo através de toda a superfície fechada no fluxo através das extremi- dades e no fluxo através da lateral do cilindro. O campo elétrico aponta radialmente para fora do fio e é tangente às extremidades da superfície gaussiana em cada um de seus pontos. Portanto, o fluxo através dessas duas superfícies é nulo. Na lateral, é perpendicu- lar à superfície e tem a mesma intensidade E em qualquer ponto da mesma. Assim, �e � �tampa frontal � �tampa posterior � �lateral � 0 � 0 � EAcil � 2�rLE onde usamos a relação para a superfície lateral de um ci- lindro de raio r e comprimento L. Mais uma vez, a escolha apropriada da superfície gaussiana reduziu a integral de fluxo à mera determina- ção da área de uma superfície regular. Com essas expressões para Qint e �e, a lei de Gauss torna-se Portanto, o campo elétrico a uma distância r de um fio longo e car- regado é AVALIAÇÃO Esta expressão está em inteira concordância com o re- sultado obtido por meio da derivação mais complexa feita no Ca- pítulo 27. Note que o resultado não depende da escolha de L. Toda superfície gaussiana é um dispositivo imaginário, e não, um objeto material. Precisamos de um cilindro de comprimento finito a fim de efetuar o cálculo do fluxo, todavia o campo elétrico criado por um fio infinitamente longo não pode depender de um cilindro ima- ginário. O Exemplo 28.5 para o campo elétrico criado por um fio longo e carregado contém uma sutil, mas importante idéia, que sempre surge quando se usa a lei de Gauss. O cilindro gaussiano de comprimento L encerra tão somente uma parte da carga do fio. As partes do fio carregado que estão fora do cilindro não estão encerradas por uma superfície gaussiana e, conseqüentemente, não dão qualquer contribuição para o fluxo resultante. Mesmo assim, elas são essenciais na utilização da lei de Gauss porque é a carga inteira do fio que é capaz de criar um campo elétrico com simetria cilíndrica. Em outras palavras, o fio fora do cilindro pode não contribuir para o fluxo, mas ele afeta a configuração que o campo elétrico deve ter. A possibilidade de escrevermos �e � EAcil depende do conhecimento que temos de que E é de mesmo valor em todos os pontos da lateral do cilindro. Isso não seria verdadeiro para um fio carregado de comprimento finito, portanto não podemos utilizar a lei de Gauss para determinar o campo elétrico de um fio finito carregado. CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 869 EXEMPLO 28.6 O campo elétrico criado por um plano de carga Use a lei de Gauss para determinar o campo elétrico criado por um plano de carga infinito, com uma densidade de carga (em C/m 2 ) �. MODELO Um eletrodo plano carregado uniformemente pode ser consi- derado como um plano carregado de extensão infinita. VISUALIZAÇÃO A FIGURA 28.27 mostra um plano uniformemente carre- gado, sendo � a densidade uniforme de carga. Consideraremos que o plano seja infinitamente longo em todas as direções, embora, obvia- mente, tenhamos extremidades no desenho. A simetria planar permite apenas que o campo elétrico aponte perpendicularmente para fora das duas faces do plano. Tendo isto em mente, escolhemos uma superfície gaussiana que é um cilindro de comprimento L e área transversal A cortado ao meio pelo plano de carga. Embora o tenhamos desenhado como circular, a forma das faces, de fato, não é relevante. Plano infinito carregado Superfície gaussiana Área A FIGURA 28.27 A superfície gaussiana se estende para ambos os lados do plano de carga. RESOLUÇÃO O campo elétrico é perpendicular às tampas do cilindro, portanto o fluxo total através das mesmas é �faces � 2EA. (Os fluxos se adicionam, ao invés de se cancelarem, porque a área do vetor aponta para fora de cada face.) Não há fluxo através da lateral do cilindro porque os vetores são tangentes à superfície lateral. Portanto, o fluxo resultante é, simplesmente, A carga dentro do cilindro é igual à carga contida na área A do plano, ou seja, Com estas expressões para Qint e �e, a lei de Gauss assume a forma Assim, o campo elétrico criado por um plano infinitamente carre- gado é Isto concorda com o resultado obtido no Capítulo 27. AVALIAÇÃO Este é outro exemplo de uma superfície gaussiana que en- cerra somente uma parte da carga total. A maior parte da carga do plano está fora da superfície gaussiana e não contribui para o fluxo, mas determina a configuração do campo. Não teríamos simetria pla- nar, com o campo elétrico exatamente perpendicular ao plano, sem o restante das cargas do mesmo. O plano de carga é um excelente exemplo de quão poderosa pode ser a lei de Gauss. A determinação do campo elétrico criado por um plano infinito de carga através do princípio da superposição foi uma tarefa difícil e tediosa. Com a lei de Gauss, uma vez que você sabe como aplicá-la, o problema é tão simples que você consegue até resolvê-lo de cabeça! Talvez você deseje saber por que, afinal, nós nos importamos com o emprego do princípio da superposição. A razão é que a lei de Gauss, embora possa ser poderosa, é efetivamente útil para o cálculo do campo apenas em um número limitado de situações em que ocampo é altamente simétrico. Já o princípio da superposição funciona sempre, mesmo que as integrações envolvidas sejam complicadas, pois a superposição baseia-se diretamente nos campos criados individualmente por cargas puntiformes. É bom usar a lei de Gauss sempre que possível, mas a superposição geralmente é a única forma de abordar distribuições de carga reais. PARE E PENSE 28.5 Qual superfície gaussiana permite que se use a lei de Gauss para deter- minar o campo elétrico fora de um cubo uniformemente carregado? a. Uma esfera cujo centro coincide com o centro do cubo carregado. b. Um cubo cujo centro coincide com o centro do cubo carregado e que tem faces para- lelas. c. Tanto a quanto b. d. Nem a nem b. 870 Física: Uma Abordagem Estratégica 28.6 Condutores em equilíbrio eletrostático Considere um condutor carregado, tal como um eletrodo de metal carregado, em equilí- brio eletrostático, ou seja, não existem correntes através do condutor e as cargas estão, todas, em repouso. No Capítulo 26, você aprendeu que o campo elétrico é nulo em to- dos os pontos no interior de um condutor em equilíbrio eletrostático, isto é, Se isto não fosse verdadeiro, o campo elétrico faria com que as cargas se movimentas- sem, o que violaria a hipótese inicial de que todas as cargas estejam em repouso. Vamos empregar a lei de Gauss para ver o que mais podemos aprender. Na superfície de um condutor A FIGURA 28.28 mostra uma superfície gaussiana interna e levemente deslocada em rela- ção à superfície física de um condutor em equilíbrio eletrostático. O campo elétrico é nulo em todos os pontos internos ao condutor, de modo que o fluxo elétrico �e através dessa superfície gaussiana deve ser nulo. Porém se �e � 0, a lei de Gauss nos garante que Qint � 0. Isto é, não há uma carga líquida dentro da superfície. Há cargas lá – elé- trons e íons positivos –, mas não há uma carga líquida. Se não há carga líquida no interior de um condutor em equilíbrio eletrostático, então todo o excesso de carga de um condutor carregado se encontra sobre a sua superfí- cie externa. Qualquer carga que seja adicionada ao condutor rapidamente se espalhará por toda a superfície até atingir uma configuração de equilíbrio eletrostático, mas não haverá carga líquida dentro do condutor. Pode não haver campo elétrico dentro de um condutor carregado, todavia a presen- ça de carga líquida requer a existência de um campo elétrico no espaço externo ao condutor. A FIGURA 28.29 mostra que o campo elétrico logo acima da superfície do condutor deve ser perpendicular à superfície em cada ponto. Para verificar que isso é verdade, suponha que sup possuísse um componente tangente à superfície. Tal componente de sup exerceria, então, uma força sobre as cargas da superfície, o que daria origem a uma corrente superficial, contradizendo, portanto, a suposição de que todas as cargas estejam em repouso. O único campo exterior consistente com o equilí- brio eletrostático é um que seja perpendicular à superfície. Podemos usar a lei de Gauss para relacionar a intensidade do campo na superfície à densidade de carga sobre a mesma. A FIGURA 28.30 mostra um pequeno cilindro gaussia- no perpendicular com as tampas igualmente afastadas da superfície do condutor carrega- do, uma dentro e outra fora do mesmo. A carga dentro desse cilindro Gaussiano é �A, onde � é a densidade superficial de carga neste ponto sobre o condutor. Há um fluxo � � AEsup através da face externa do cilindro; todavia, ao contrário do Exemplo 28.6 para o plano infinito de carga, não há fluxo através da face interior porque dentro do condutor. Alem disso, não há fluxo através da lateral do cilindro porque sup é perpendi- cular à superfície do condutor. Portanto, o fluxo resultante é �e � AEsup. A lei de Gauss é (28.19) de onde podemos concluir que o campo elétrico criado por um condutor carregado em sua própria superfície é (28.20) Em geral, a densidade superficial de carga � não é constante sobre a superfície de um condutor, mas varia de uma maneira complicada que depende da forma do condutor. Se pudermos determinar �, ou pelo seu cálculo ou pela sua medida, então a Equação 28.20 nos informará o campo elétrico naquele ponto da superfície. Alternativamente, podemos usar a Equação 28.20 para deduzir a densidade de carga naquele ponto da superfície do condutor se conhecemos o campo elétrico na vizinhança externa do condutor. O campo elétrico é nulo no interior do condutor. O fluxo através da superfície gaussiana é nulo. Não há carga líquida no interior do condutor. Portanto, todo o excesso de carga está na superfície. FIGURA 28.28 Superfície gaussiana próxima à superfície interna de um condutor que se encontra em equilíbrio eletrostático. O campo elétrico na superfície é perpendicular à mesma. Carga na superfície FIGURA 28.29 Campo elétrico na superfície de um condutor carregado. Densidade de carga superficial O campo elétrico é perpendicular à superfície. Superfície gaussiana FIGURA 28.30 O fluxo não é nulo apenas na tampa externa da superfície gaussiana cilíndrica que atravessa a superfície do condutor. CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 871 Cargas e campos internos a um condutor A FIGURA 28.31 mostra um condutor carregado com uma cavidade dentro do mesmo. Pode haver carga sobre a superfície interior da cavidade? Para descobrir, escolhemos uma su- perfície gaussiana que contorna toda a cavidade a uma distância infinitesimal da superfí- cie da mesma, porém mantendo-se sempre dentro do condutor. O fluxo elétrico �e atra- vés dessa superfície gaussiana é nulo porque o campo elétrico é nulo em qualquer ponto dentro do condutor. Assim, concluímos que Qint � 0. Não há carga líquida dentro dessa superfície gaussiana e, portanto, não há carga também na superfície da cavidade. Qual- quer excesso de carga do condutor deve residir na superfície externa do condutor, e não, em qualquer superfície interior existente. Além disso, devido ao fato de que não há campo elétrico dentro do condutor e de que não há carga dentro da cavidade, o campo elétrico dentro da cavidade também deve ser nulo. Esta conclusão tem uma aplicação prática importante. Por exemplo, suponha que precisemos “blindar” de campos elétricos externos a região delimitada por linhas ponti- lhadas da FIGURA 28.32a. Podemos fazer isso cercando a região por uma caixa condutora neutra, como mostrado na FIGURA 28.32b. Capacitor de placas paralelas Queremos excluir o campo elétrico desta região. A caixa condutora foi polarizada e tem cargas superficiais induzidas. O campo elétrico é perpendicular a todas as superfícies condutoras. FIGURA 28.32 Uma região pode ser “blindada” de campos elétricos externos ao ser envolvida por uma caixa condutora. Com isso, esta região do espaço constitui, efetivamente, uma cavidade completa- mente fechada dentro do condutor, de modo que o campo elétrico interno é nulo. O uso de uma caixa condutora para blindar de campos elétricos uma região do espaço é chamado de blindagem. Paredes sólidas de metal são ideais, mas, na prática, são usadas telas ou redes de arames – às vezes chamadas de gaiolas de Faraday – as quais fornecem proteção suficiente para a maioria das aplicações de alta sensibilida- de. O preço que pagamos é que o campo elétrico exterior torna-se, com isso, muito complicado. Finalmente, a FIGURA 28.33 mostra uma carga q dentro de uma cavidade no interior de um condutor neutro. O campo elétrico dentro do condutor ainda é nulo, pois o fluxo elétrico através da superfície gaussiana é nulo. Mas �e � 0 requer Qint � 0. Conseqüen- temente, a carga dentro da cavidade atrai uma carga igual e oposta, e uma carga �q agora circunda a superfície interna da cavidade. O condutor, na sua totalidade, continua neutro, portanto mover �q para a superfície da cavidade deve deixar para trás �q de carga em algum lugar. Onde? Não pode ser no interior do condutor, conforme vimos, e isto nos deixasomente com a superfície exte- rior. Em essência, uma carga interna polariza o condutor da mesma forma que uma carga externa. A carga líquida �q se desloca para o interior do condutor, e a carga líquida �q é deixada para trás, sobre a superfície exterior. Em resumo, os condutores em equilíbrio eletrostático possuem as propriedades des- critas no Box Tático 28.3, a seguir. A cavidade completamente fechada O fluxo através da superfície gaussiana é nulo. Não há carga líquida dentro da superfície gaussiana, portanto não há carga na superfície da cavidade. FIGURA 28.31 Uma superfície gaussiana envolve uma cavidade completamente fechada dentro de um condutor em equilíbrio eletrostático. O fluxo através da superfície gaussiana é nulo, e, assim, não há carga líquida dentro dessa superfície. Deve haver uma carga -q no lado interno da superfície que contrabalance a carga puntiforme q. Condutor neutro Carga puntiforme q A superfície externa deve conter uma carga +q, distribuída de forma que o condutor permaneça neutro. FIGURA 28.33 A carga dentro da cavidade induz uma carga líquida na superfície exterior e na superfície interior. 872 Física: Uma Abordagem Estratégica BOX TÁTICO 28.3 Determinação do campo elétrico criado por um condutor em equilíbrio eletrostático O campo elétrico é nulo em todos os pontos internos do condutor. Qualquer excesso de carga do condutor deve estar inteiramente na face externa da superfície do condutor. O campo elétrico externo na vizinhança da superfície do condutor carregado é perpendicular a esta superfície e tem módulo igual a �/�0, onde � é a densidade de carga superficial naquele ponto. O campo elétrico é nulo no interior de qualquer cavidade dentro de um condu- tor, a menos que exista uma carga dentro da cavidade. Exercícios 20–24 EXEMPLO 28.7 O campo elétrico na superfície de uma esfera metálica carregada Uma esfera de bronze com 2 cm de diâmetro foi eletrizada com uma carga de 2,0 nC. Qual é a intensidade do campo elétrico na superfície da esfera? MODELO O bronze é um condutor. O excesso de carga se deposita so- bre a superfície. VISUALIZAÇÃO A distribuição de carga possui simetria esférica. O campo elétrico aponta radialmente para fora da superfície. RESOLUÇÃO Podemos resolver esse problema de duas maneiras. Uma emprega o fato de que a esfera é a forma para a qual qualquer excesso de carga se espalhará igualmente sobre a superfície, dando origem a uma densidade de carga superficial uniforme. Portanto, Da Equação 28.20, sabemos que o campo elétrico na superfície tem a intensidade Alternativamente, poderíamos ter usado o resultado, obtido no início do capítulo, de que a intensidade do campo elétrico fora de uma esfe- ra carregada Q é Eext � Qint/(4��0r 2 ). Todavia Qint � q e, na superfície, r � R. Portanto Como podemos ver, os dois métodos levam ao mesmo resultado. CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 873 R E S U M O O objetivo do Capítulo 28 foi compreender e aplicar a lei de Gauss. Princípios gerais Lei de Gauss Para qualquer superfície fechada que encerre uma carga Qint, o fluxo elétrico resultante através da superfície é O fluxo elétrico �e é o mesmo para qualquer superfície fechada que encerre uma carga Qint. Simetria A simetria do campo elétrico deve corres- ponder à simetria da distribuição de carga. Na prática, �e é computável apenas quan- do a simetria da superfície gaussiana corresponde à simetria da distribuição de carga. Conceitos importantes A carga cria o campo elétrico que é responsável pelo fluxo elétrico. Q in é a soma algébrica de todas as cargas encerradas pela superfície gaussiana. Esta é a carga líquida que contribui para o fluxo. Superfície gaussiana As cargas externas à superfície contribuem para o campo elétrico, mas não, para o fluxo. O fluxo é a quantidade de campo elétrico que atravessa uma superfície de área A: onde é o vetor área. Para superfícies fechadas: Um fluxo resultante de fora para dentro ou de dentro para fora indica que a superfície en- cerra uma carga líquida. Linhas de campo que atravessam uma superfície, mas sem produzir fluxo resultante através da mesma indicam que a superfí- cie não encerra carga líquida. As integrais de superfície fornecem o fluxo por meio do somató- rio dos fluxos parciais através de várias pe- quenas áreas da superfície: Duas situações importantes: Se o campo elétrico é tangente à superfície em qualquer ponto da mesma, então Se o campo elétrico é perpendicular à super- fície em qualquer ponto da mesma e apre- senta a mesma intensidade E em cada um de seus pontos, então Aplicações Condutores em equilíbrio eletrostático O campo elétrico é nulo em todos os pontos internos ao condutor.• Qualquer excesso de carga do condutor se distribui inteiramente sobre a superfície exterior.• O campo elétrico externo é perpendicular à superfície do condutor e tem módulo igual a • �/�0, onde � é a densidade de carga da superfície. O campo elétrico é nulo dentro de qualquer cavidade fechada no interior de um condutor, a menos que exista • uma carga líquida dentro da cavidade. Termos e notação simétrico superfície gaussiana fluxo elétrico, �e vetor área, integral de superfície lei de Gauss blindagem 874 Física: Uma Abordagem Estratégica Para a tarefa de casa indicada no MasteringPhysics, acessar www.masteringphysics.com A dificuldade de um problema é indicada por símbolos que vão de | (fácil) a ||| (desafiador). Problemas indicados pelo ícone integram o material relevante de capítulos anteriores. Q U E S T Õ E S C O N C E I T U A I S 1. Suponha que você disponha do cubo carregado uniformemente da FIGURA Q28.1. Usando ape- nas a simetria, você pode deduzir a forma do campo elétrico criado pelo cubo? Em caso afir- mativo, desenhe e descreva a forma do campo. Em caso negativo, por que não? 2. A FIGURA Q28.2 mostra as secções transversais de três superfícies fechadas tridimensionais. Cada qual possui uma superfície plana acima e outra abaixo do plano da página. Entretanto, em qualquer lugar, o campo elétrico é paralelo à página; assim, não há fluxo através da parte superior ou da parte inferior à página. Sobre cada face lateral da superfície, o campo elétrico é uniforme. Para cada um dos itens abaixo, decida se a superfície encerra uma carga líqui- da positiva, uma carga líquida negativa ou se não existe uma carga líquida dentro dela. Explique. FIGURA Q28.2 3. O quadrado e o círculo da FIGURA Q28.3 estão em presença de um mesmo campo uniforme. O diâmetro do círculo é igual ao compri- mento do lado do quadrado. Decida se �quadrado é maior, menor ou igual a �círculo. Explique. FIGURA Q28.3 FIGURA Q28.4 4. Na FIGURA Q28.4, �1 é maior, menor ou igual a �2? Explique. 5. Quanto vale o fluxo elétrico através de cada uma das superfícies da FIGURA Q28.5? Expresse cada resposta como um múltiplo de q/�0. FIGURA Q28.5 6. Qual é o fluxo elétrico através de cada uma das superfícies mostra- das na FIGURA Q28.6? Expresse cada resposta como um múltiplo de q/�0. FIGURA Q28.6 7. O balão carregado da FIGURA Q28.7 se expande à medida que é soprado, aumentando de tamanho desde um diâmetro inicial até um diâmetro final. A intensidade do campo elé- trico nos pontos 1, 2 e 3 aumenta, diminui ou mantém-se constante? Explique o seu raciocínio para cada ponto. FIGURA Q28.1 FIGURA Q28.7 CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 875 8. As duas esferas da FIGURA Q28.8 encerram cargas iguais. Três estu- dantes discutem a situação. Estudante 1: Os fluxos através das esferas A e B são iguais, pois elas encerram cargas iguais. Estudante 2: Mas o campo elétrico sobre a esfera B é mais fraco do que o campo elétrico sobre a esfera A. O fluxo depende da in- tensidade do campo, de modo que o fluxo através de A é maior do que através de B. Estudante 3: Eu acho que aprendemos que o fluxo é calculado so- bre uma área superficial. A esfera B émaior do que a esfera A, en- tão eu acho que o fluxo através de B é maior do que através de A. Com qual dos estudantes você concorda? Explique. FIGURA Q28.8 9. A esfera e o elipsóide da FIGURA Q28.9 encerram cargas iguais. Quatro estudantes estão discutindo a situação. Estudante 1: Os fluxos através de A e B são iguais, pois o raio médio é o mesmo. Estudante 2: Eu concordo que os fluxos são iguais, mas isso se deve ao fato de que eles encerram cargas iguais. Estudante 3: O campo elétrico não é perpendicular à superfície de B, e isto faz com que o fluxo através dessa superfície seja menor do que o fluxo através de A. Estudante 4: Eu acho que a lei de Gauss não se aplica a uma si- tuação como B, assim não podemos comparar os fluxos através de A e de B. Com qual dos estudantes você concorda? Explique. FIGURA Q28.9 10. Uma pequena esfera de metal está pendurada por uma linha isolan- te dentro de uma esfera condutora grande e oca, como na FIGURA Q28.10. Um fio condutor estendido atravessa a pequena esfera e o pequeno orifício na esfera oca, porém sem tocá-la. Um bastão car- regado é usado para transferir carga positiva para o segmento do fio que está fora da esfera oca. Após o bastão carregado ter tocado o fio e ter sido removido, as seguintes superfícies carregadas estarão com carga positiva, carga negativa ou descarregadas? Explique. a. A pequena esfera. b. A superfície interna da esfera oca. c. A superfície externa da esfera oca. FIGURA Q28.10 Fio E X E R C Í C I O S E P R O B L E M A S Exercícios Seção 28.1 Simetria 1. | A FIGURA EX28.1 mostra as secções transversais de dois cilindros coaxiais infinitamente longos. O cilindro interno possui uma carga positiva, e o cilindro externo, uma carga negativa de mesmo valor absoluto. Desenhe esta figura sobre seu papel e depois desenhe so- bre ela vetores do campo elétrico que mostrem qual é a forma do campo elétrico criado. Vista lateral Vista transversal FIGURA EX28.1 2. | A FIGURA EX28.2 mostra as secções trans- versais de duas esferas concêntricas. A es- fera interna possui uma carga negativa. A esfera exterior possui uma carga positiva de maior valor absoluto do que o da esfera in- terior. Desenhe essa figura sobre seu papel e depois, sobre ela, desenhe os vetores do campo elétrico de modo a esboçar a forma do campo elétrico. 3. | A FIGURA EX28.3 mostra as secções transversais de dois planos infinitos carregados e paralelos. Desenhe a figura sobre um pedaço de papel e, depois, desenhe sobre ela os vetores do campo elétrico de modo a esboçar a forma do campo elétrico. FIGURA EX28.3 FIGURA EX28.2 876 Física: Uma Abordagem Estratégica Seção 28.2 O conceito de fluxo 4. | O campo elétrico é constante sobre cada face do cubo mostrado na FIGURA EX28.4. A caixa contém uma carga positiva, uma carga negativa ou não contém uma carga líquida? Explique. Intensidades de campo em N/C FIGURA EX28.4 Intensidades de campo em N/C FIGURA EX28.5 5. | O campo elétrico é constante sobre cada face do cubo mostrado na FIGURA EX28.5. A caixa contém uma carga positiva, uma carga negativa ou não contém uma carga líquida? Explique. 6. | O cubo da FIGURA EX28.6 contém uma carga negativa. O campo elétrico é constante em cada face do cubo. O vetor campo elétrico não-desenhado na face em primeiro plano aponta para dentro ou para fora do cubo? Qual é a intensidade mínima possível desse vetor? Intensidades de campo em N/C FIGURA EX28.6 Intensidades de campo em N/C FIGURA EX28.7 7. | O cubo da FIGURA EX28.7 contém uma carga positiva. O campo elétrico é constante em cada face do cubo. O vetor campo elétrico não-desenhado na face em primeiro plano aponta para dentro ou para fora do cubo? Qual é a intensidade mínima possível desse ve- tor? 8. | O cubo da FIGURA EX28.8 não contém carga líquida. O campo elé- trico é constante em cada face do cubo. O vetor campo elétrico não- desenhado na face em primeiro plano aponta para dentro ou para fora do cubo? Qual é a intensidade do campo ali? FIGURA EX28.8 Intensidades de campo em N/C Seção 28.3 Calculando o fluxo elétrico 9. || Qual é o fluxo elétrico através da superfície mostrada na FIGURA EX28.9? FIGURA EX28.9 FIGURA EX28.10 10. || Qual é o fluxo elétrico através da superfície mostrada na FIGURA EX28.10? 11. || O fluxo elétrico através da superfície mostrada na FIGURA EX28.11 é de 25 Nm 2 /C. Qual é a intensidade do campo elétrico? FIGURA EX28.11 12. | Um retângulo de 2,0 cm � 3,0 cm situa-se no plano xy. Qual será o valor do fluxo elétrico através do retângulo se a. b. 13. | Um retângulo de 2,0 cm � 3,0 cm situa-se no plano xz. Qual será o valor do fluxo elétrico através do retângulo se a. b. 14. || Um círculo de 3,0 cm de diâmetro situa-se no plano xy, em uma re- gião onde o campo elétrico é . Qual é o fluxo elétrico através do círculo? 15. || Uma caixa de 1,0 cm � 1,0 cm � 1,0 cm está posicionada entre as placas de um capacitor de placas paralelas, com duas de suas fa- ces perpendiculares a . A intensidade de campo elétrico é de 1000 N/C. Qual é o fluxo elétrico resultante através da caixa? 16. | Qual é o fluxo elétrico resultante através dos dois cilindros mostra- dos na FIGURA EX28.16? Expresse sua resposta em função de R e E. FIGURA EX28.16 CAPÍTULO 28 ■ Lei de Gauss 877 Seção 28.4 Lei de Gauss Seção 28.5 Usando a lei de Gauss 17 | A FIGURA EX28.17 mostra três cargas. Faça desenhos dessas car- gas sobre uma folha de papel. Em seguida, desenhe uma secção transversal bidimensional de uma superfície fechada tridimensional através da qual o fluxo elétrico seja igual a (a) 2q/�0, (b) 3q/�0, (c) zero e (d) �q/�0. FIGURA EX28.17 FIGURA EX28.18 18. | A FIGURA EX28.18 mostra três cargas. Faça desenhos das cargas so- bre uma folha de papel. Em seguida, desenhe uma secção transver- sal bidimensional de uma superfície fechada tridimensional através da qual o fluxo elétrico seja igual a (a) �q/�0, (b) q/�0, (c) 3q/�0 e (d) 4q/�0. 19. | A FIGURA EX28.19 mostra três superfícies gaussianas e o fluxo elé- trico através de cada uma. Quais são os valores das três cargas q1, q2 e q3? FIGURA EX28.19 dentro) FIGURA EX28.20 20. || Qual é o fluxo elétrico resultante através do toróide (i.e., a super- fície com a forma de um “pneu”) da FIGURA EX28.20? 21. || Qual é o fluxo elétrico resultante através do cilindro da FIGURA EX28.21? FIGURA EX28.21 dentro) 22. || O fluxo elétrico resultante através de uma superfície fechada é �1000 Nm 2 /C. Que quantidade de carga está encerrada pela super- fície? 23. || Um excesso de 55,3 milhões de elétrons encontra-se dentro de uma superfície fechada. Qual é o fluxo elétrico resultante através da superfície? Seção 28.6 Condutores em equilíbrio eletrostático 24. | A intensidade do campo elétrico exatamente acima de uma das faces de uma moeda de cobre é de 2000 N/C. Qual é a densidade de carga superficial nessa face da moeda? 25. | Ocorrerá uma faísca na ponta de uma agulha de metal se a inten- sidade do campo elétrico exceder 3,0 � 10 6 N/C, o valor da inten- sidade de campo para a qual o isolamento do ar é rompido. Qual é a mínima densidade superficial de carga capaz de produzir uma faísca? 26. | A caixa condutora da FIGURA EX28.26 recebeu um excesso de carga negativa. A densidade superficial do excesso de elétrons no centro da face superior da caixa é de 5,0 � 10 10 elétrons/m 2 . Quais são as intensidades de campo elétrico E1, E2 e E3 nos pontos 1, 2 e 3 indicados? 27. | Uma placa fina e horizontal de cobre com 10 cm � 10 cm é car- regada com um excesso de 1,0 � 10 10 elétrons. Se os elétrons adi- cionados se distribuírem uniformemente sobre a superfície, quais serão a intensidade e a orientação do campo elétrico: a. A 0,1 mm acima do centro da superfície superior da placa? b. No centro de massa da placa? c. A 0,1 mm abaixo do centro da superfície inferior da