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DIAGNÓSTICO POR IMAGEM NOÇÕES DE ULTRASSONOGRAFIA Também é conhecido como Ecografia/Ecocardiografia. Baseia-se na reflexão do som (eco) em ondas sonoras de alta frequência (↑ de 20.000 Hz), inaudíveis ao ouvido humano. Frequência é o número de vezes que uma onda é repetida por segundo (ciclos/segundo). O US trabalha com probes/transdutores com frequências de 12 a 15 MHz (1 MHz=1 milhão de ciclos por segundo). Comprimento de Onda é a distância que a onda percorre durante 1 ciclo. Relação inversamente proporcional ↑ frequência, ↓ comprimento de onda = resolução pouco detalhada! Usar em varreduras (8-10 MHz) ↑ frequência, ↓ profundidade de penetração e comp. de onda = resolução melhor! Usar em pesquisas específicas (3,5-7,5 MHz) Então, o pulso de onda é direcionado para o interior do corpo através do transdutor/probe. Neste contexto, o pulso atravessa os tecidos até encontrar uma superfície refletora e forma-se a imagem (eco). A imagem é processada e visualizada na tela do aparelho. BASE FÍSICA O aparelho é composto de transdutor/probe/sonda (dispositivo que transforma a onda em imagem, feito de material piezoelétrico), um monitor e um software integrado. ORIENTAÇÃO DA IMAGEM Varia conforme a posição do transdutor no animal. Pode ser direcionado longitudinalmente (craniocaudalmente) ou transversalmente (lateralizado). TERMINOLOGIA Anecóico-Anecogênico-Transônico: ausência de eco, imagem preta, escura. Ecóico-Ecogênico: presença de eco, imagem do cinza ao branco. Isoecóico-Isoecogênico: estruturas que possuem a mesma ecotextura ou ecogenicidade. Hiperecóico-Hiperecogênico: ecos brilhantes, estruturas reflexivas e brancas. Hipoecóico-Hipoecogênico: ecos não tão brilhante, estruturas com reflexão intermediária e cinza. ECOGENICIDADE DOS TECIDOS E FLUÍDOS CORPORAIS Bile/urina (anecóico, escuro) → medular renal → córtex renal → gado → baço → próstata. ARTEFATOS DE TÉCNICA São resultantes da exibição de ecos que retornam de maneira errônea ao transdutor, ou a ausência de ecos. Reverberação: imagens de linhas ecogênicas sucessivas (hipo e hiperecóicas alternadas), paralelas a superfície da pele. Causa: presença de ar ou gás na trajetória do US, que causa a repetição dos ecos produzidos pelo transdutor. Reverberação externa Não há contato total do transdutor com a pele, e a imagem de reverberação é vista desde o topo da imagem. Quando não se utiliza gel, por exemplo, pode se observar esta espécie de reverberação. Reverberação interna É determinada por gases no interior do corpo do animal. Muitas vezes o animal não passou por jejum adequado/preparo prévio para o exame. Cauda de cometa: reverberação causada por corpos estranhos metálicos ou áreas do trato gastrointestinal. Neste caso, ecos espaçados, discretos, pequenos e brilhantes são observados. Sombra acústica: resulta da interação do feixe de som com um limite acústico reflexivo, como um osso, cálculo ou gás. Observa- se uma zona anecóica logo após uma estrutura hiperecóica. Divide-se em: Sombra acústica suja: causada por gases Sombra acústica limpa: causada por cálculos vesicais Reforço posterior: estrutura anecóica (líquido) que conduz o som muito bem e faz com que este chegue em alta intensidade (hiperecóica) nos tecidos posteriores. Sombra de borda: trata-se de uma sombra (anecóica/hipoecogênica) distal a estruturas arredondadas. É causada pela refração das ondas sonoras. Imagem de espelho: observa-se uma imagem dupla de uma estrutura. Normalmente observada em diafragma, onde a interface alvo é curva e altamente reflexiva. ULTRASSONOGRFIA ABDOMINAL Normalmente, utilizado para avaliar o baço, fígado e vesícula biliar, trato gastrintestinal, sistema urinário, reprodutor e avaliação fetal (diagnóstico de gestação). BAÇO Localiza-se intraperitonealmente, ao lado esquerdo. Acompanha a curvatura maior do estômago e possui corpo e cauda bastante móveis. Anatomia US normal: relaciona-se com o estômago, ID, lobo esquerdo do pâncreas e rim esquerdo. Em secção transversal possui formato triangular. É envolto por uma cápsula ecogênica (escuro, com uma borda mais clara), com um parênquima homogêneo. É Hiperecogênico em relação a cortical renal e ao parênquima hepático. Alterações esplênicas Esplenomegalia: aumento anormal do volume do baço. Alterações: parênquima de ecogenicidade normal ou diminuída, sendo que a aumentada ocorre em processos crônicos. Causas: céls neoplásicas, uso de tranquilizantes (acepromazina), congestão em ICC. Alterações focais do parênquima esplênico: lesões de aparência variável, com ou sem esplenomegalia. Causas: neoplasias (aspecto rendado, etc), entre outras causas. FÍGADO E VESÍCULA BILIAR O fígado é o maior órgão do abdome. Muitas vezes, não se observa alteração no exame ultrassonográfico. Em animais pequenos, o órgão localiza-se em região subcostal e animais de tórax mais profundo, entra os últimos 3-4 espaços intercostais. Anatomia US hepática: possui 4 lobos (esquerdo: sublobo medial e lateral, quadrado, direito: sublobo medial e lateral e caudado). Superfície cranial: em contato com o diafragma (linha ecogênica. Ecotextura homogênea e mais grosseira do que a do baço. É levemente Hiperecogênico em relação ao córtex renal, mas é hipoecogênico em relação ao baço. Alterações hepáticas Hepatomegalia: aumento anormal do volume do fígado. Alterações: lobos hepáticos ultrapassam o gradil costal e ocorre deslocamento caudal do rim direito. A textura hepática fica ainda mais irregular Alterações hiperecogênicas: como a infiltração gordurosa, hepatopatia por esteroide, diabetes mellitus, linfoma, cirrose, colangiohepatite crônica. Alterações: observa-se hiperecogenicidade, mudanças no tamanho e contorno do órgão. Alterações hipoecogênicas: como a hepatite aguda, linfoma, leucemia e congestão passiva crônica. Alterações focais: de característica anecogênicas, hipoecogênicas, hiperecogênicas e de ecogenicidade mista. Comumente observada em hemorragias, hematomas, cistos, abcessos, hiperplasia nodular, granulomas e neoplasias. Alterações: parênquima heterogêneo, com áreas hipoecogênicas. Anatomia US da vesícula biliar: está entre o lobo medial direito e o lobo quadrado, aproximadamente no 7º espaço intercostal e região ventrolateral direita. Possui parede hiperecogênica e conteúdo anecogênico. Alterações da vesícula biliar Litíase ou cálculo biliar: presença de pequenas formações sólidas no interior da vesícula. Alterações: estruturas hiperecogênicas no interior da estrutura. Obstrução de vias biliares: dilatação da vesícula biliar, com região de colo alargada e tortuosa. Espessamento de parede: pode acompanhar colecistite, hepatite e colangiohepatite. TRATO GASTROINTESTINAL Obstruções, processos inflamatórios, neoplasias e alterações de motilidade podem ser observados. Demanda preparo prévio, com jejum alimentar para evitar o acúmulo de gás e possíveis artefatos que estes podem gerar. Gatos: não prolongar jejum pois pode ocorrer contração estomacal (em forma de roseta), o que limita a mensuração da parede da estrutura. Anatomia normal do estômago: localiza-se no abdome cranial, relacionando-se com fígado, rim esquerdo, e baço. Levar em consideração que em cães o piloro está ao lado direito do abdome e em gatos está próximo a linha média. Anatomia normal do duodeno: possui relação com rim direito e lobos hepáticos direitos, localizando-se na região cranioventral do abdome. Anatomia normal dos demais segmentos intestinais: ao longo da região média do abdômen. No intestino grosso, normalmente a diferenciação é limitada pela quantidade de gás em seu interior. Camadas da parede do Trato Gastrointestinal A - Superfície mucosa: linha hiperecogênica B - Mucosa: linha hipoecogênica C - Submucosa: linha hiperecogênica D - Muscular própria: linha hipoecogênicaE - Subserosa/serosa: linha hiperecogênica Alterações do Trato Gastrointestinal Neoplasias: formações hipoecogênicas de tamanhos variáveis. Tornam-se indiferenciáveis as camadas da parede gástrica ou intestinais. Obstruções: distensão das alças anterior ao ponto de obstrução, além do aumento no peristaltismo. Causas: aderências, hérnias, tumores e corpos estranhos Intussuscepção: imagens de alvo/camadas no corte transversal. Pode ocorrer ausência no peristaltismo. Corpo estranho: a identificação ocorre independentemente do formato, características físicas e acúmulos de líquido ou gás. Corpo estranho linear pode ser observado como uma linha hiperecogênica intraluminal, causando um pregueamento intestinal do segmento envolvido. Gastrites: espessamento difuso na parede do estômago. Ainda se observa as camadas. Duodenites: espessamento da parede duodenal, que pode estar associada a pancreatites. SISTEMA URINÁRIO RINS Rins são órgãos retroperitoneais circundados por tecido adiposo, a depender do animal. Características: possuem uma cortical ecogênica, medular hipoecogênica em relação a cortical, e pelve renal hiperecogênica. Alterações Renais Rins policísticos: estruturas anecogênicas de forma e tamanho variados, uni ou bilateralmente. Acomete comumente gatos da raça Persa. Calcificação e cálculo renal: aparecimento de urólitos no interior dos rins. Forma-se sombra acústica. Hidronefrose: é a causa mais comum de aumento de volume renal, cursando com obstrução (causados por MV - castração mal sucedida, ou urólitos). Neste contexto, o rim apresenta conteúdo hipo ou anecogênico, além de aumento de volume. BEXIGA/VESÍCULA URINÁRIA A bexiga é um órgão cuja avaliação ecográfica requer existência de conteúdo em seu interior. Recomenda-se manter o animal sem urinar por no mínimo 3 horas. Características: apresenta conteúdo anecogênico (urina) e parede hiperecóica separada por linha hipoecóica. Cistite: trata-se da irregularidade na mucosa vesical, cursando com espessamento e presença de sedimento. Normalmente realiza- se o balotamento (balançar a probe no abdome) para observar a presença de pontos hiperecogênicos flutuantes (sedimentos). e Urolitíase/Cálculos: estruturas hiperecogênicas que produzem sombra acústica. SISTEMA REPRODUTOR FEMININO OVÁRIOS Os ovários localizam-se próximos aos polos caudais dos rins, possuem forma oval ou arredondada e comprimento aproximado de 1,5 cm. Durante o anestro, é pequeno e sua ecogenicidade é semelhante aos tecidos adjacentes, o que dificulta a sua avaliação. Tem aspecto homogêneo e ecogenicidade semelhante a córtex renal. Durante as demais fases estrais, observa-se a presença de folículos e uma ecogenicidade diferenciada em relação aos tecidos adjacentes, o que facilita sua identificação. Alterações de ovário Neoplasias: possuem massas de aparência variável. Cistos: formato arredondado, anecogênico e com reforço acústico posterior. Podem aparecer únicos ou múltiplos. Granulomas por fios de sutura: heterogêneos, com contornos irregulares ou pouco definidos. Normalmente observado quando o MV utiliza fio de pesca para suturar cirurgias de castração. ÚTERO O útero é uma estrutura homogênea e hipoecogênica, nem sempre visualizada no US. Sua diferenciação das alças intestinais se dá pela presença ou não de peristaltismo. O corpo uterino mede de 2 a 3 cm e localiza-se parcialmente no interior da pelve. Sua janela acústica é a bexiga distendida. Alterações no Útero Piometra: observa-se conteúdo anecogênico com pontos ecogênicos variáveis. A parede do útero apresenta espessura variável. Em casos de piometra de colo aberto, pode ser que o conteúdo não seja observado devido a expulsão. Em US não há diferenciação de piometra, mucometra, hemometra e hidrometra. Gestação: o uso do US é indicado para realizar diagnóstico precoce de gestação, monitoramento da fêmea prenhe, análise de idade gestacional e viabilidade fetal. - Vesículas gestacionais: formações arredondadas anecogênicas. Em cães, é observada após 17 dias e em gatas de 11 a 14 dias. - Embrião: estrutura homogênea projetada para o interior da vesícula. Pode ser visualizada entre o 22 e o 25º dia. Dias de gestação Estruturas observadas 21-29 dias (cães); 15-17 dias (gatos) Início dos batimentos cardíacos 30-35 dias Início da mineralização óssea 33-35 dias Movimentos fetais 35 dias Diferenciação de cabeça e tronco 45 dias Sombra acústica formada pela calcificação óssea 50-60 dias Redução acentuada dos líquidos extra fetais Frequência cardíaca do feto Cães: inicialmente - 214 bpm / aos 40 dias - 238 bpm / próximo ao parto - maior redução. Gatos: 228 bpm, de maneira mais constante. Em caso de sofrimento fetal, observa-se redução da FC. Em caso de morte fetal, observa-se ausência de FC, perda de movimentação e acúmulo de gás. SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO TESTÍCULOS Os testículos são estruturas localizadas no interior da bolsa escrotal. Possuem contorno ovalado, textura homogênea hipo ou isoecogênica em relação a próstata. Seu mediastino é hiperecogênico. Alterações do Testículo Hidrocele: trata-se do acúmulo de líquido no interior da bolsa escrotal. A imagem observada é hipoecogênica ao redor do testículo. Testículos ectópicos: trata-se da retenção testicular em outras áreas que não a bolsa escrotal (ex: SC, área inguinal ou abdome). O testículo pode apresentar-se normal, atrofiado ou alterado. Atrofia: diminuição de tamanho, ecogenicidade normal a diminuída e estruturas preservadas. Neoplasias: aumento testicular e formação de massa abdominal em metástases. Orquite: testículo com focos hipoecogênicos e contorno irregular. Epididimite: epidídimo hipo ou hiperecogênico, com ou sem mineralizações. As alterações podem ser focais ou difusas a depender da gravidade do processo. PRÓSTATA A próstata localiza-se na porção retroperitoneal, circundando a uretra na região do colo da bexiga. O parênquima apresenta ecogenicidade homogênea e hipoecogênica em relação aos tecidos adjacentes. Observa-se simetria dos lobos e bordas lisas. Alterações da próstata Hiperplasia prostática benigna: trata-se do aumento do volume prostático. A próstata apresenta parênquima homogêneo e estruturas císticas múltiplas e difusas. É uma afecção que acomete cães com mais de 6 anos. Cistos prostáticos: observa-se áreas cavitárias focais ou multifocais com conteúdo hipo ou anecóico (fluído) Neoplasias: áreas hipo ou hiperecogênicas focais ou difusas, sugestivas de mineralização. O parênquima é heterogêneo.