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Sistema Respiratório Anamnese Identificação Idade Existem malformações congênitas ligadas diretamente ao sistema respiratório ou com repercussão sobre ele (atresia do esôfago, fístulas, cistos pulmonares, agenesia lobar, etc..). A bronquiolite surge nos primeiros meses de vida, notadamente entre os 6 e os 12 meses. A fibrose cística ou mucoviscidose manifesta-se desde o nascimento por sintomas digestivos como íleo meconial, má absorção, diarreia e prolapso retal. As pneumonias por gram-negativos não são frequentes em crianças e jovens, enquanto os estafilococos, embora acometam os adultos, têm certa predileção pela infância. As pneumonias em geral são mais graves nos idosos, nos quais podem evoluir com sintomatologia atípica, até mesmo sem febre. A bronquite crônica, o enfisema e o carcinoma brônquico incidem mais entre os 40 e os 60 anos. Sexo As doenças pulmonares parenquimatosas difusas associadas às doenças do tecido conjuntivo (lúpus, artrite reumatoide) e sarcoidose são mais comuns em mulheres. Devido à maior exposição ocupacional, os homens têm maior risco para o desenvolvimento de pneumoconioses. As doenças relacionadas com o tabaco (DPOC – doença pulmonar obstrutiva crônica e câncer de pulmão) são mais frequentes nos homens (o tabagismo é mais prevalente no sexo masculino). A tuberculose, a criptococose e a paracoccidioidomicose são mais frequentes em homens. Essa última doença é menos comum em mulheres porque o 17-beta- estradiol torna o fungo incapaz de transformar-se em levedura, pré-requisito essencial para a indução da doença. Cor da pele Estatisticamente, a tuberculose e a sarcoidose predominam entre os negros. As colagenoses são mais comuns entre os caucasianos. Procedência, profissão e ocupação Importante verificar. Ex.: trabalho em pedreiras e minas (pneumoconioses); garimpos (silicose); trabalho com galináceos, pássaros ou que visitam grutas (histoplamose); contato frequente com pássaros (ornitoses), trabalhadores rurais (paracoccidioidomicose), trabalho com materiais de demolição (asbestose), cabeleireiros (manifestações broncopulmonares em decorrência do uso frequente de sprays). História da doença atual - Sintomas e Sinais Tosse É o mais significativo e frequente sintoma respiratório. Consiste em uma inspiração rápida e profunda, seguida de fechamento da glote, contração dos músculos expiratórios, principalmente o diafragma, terminando com a abertura súbita da glote e uma expiração forçada. Trata-se de um mecanismo de defesa cujo objetivo é a limpeza das vias aéreas inferiores e da laringe. O espirro também é um outro mecanismo expulsivo de defesa, porém visa a limpeza da nasofaringe e das fossas nasais. Mecanismo da tosse Fases: Nervosa → Inspiratória → Compressiva → Explosiva Inicialmente, o estímulo sensibiliza as estruturas nervosas que coordenarão as fases seguintes. A uma inspiração curta, segue-se o fechamento da glote. Nesse momento, um vigoroso esforço muscular expiratório é acionado empregando-se a musculatura torácica e abdominal. A pressão intratorácica atinge valores máximos e ocasiona compressão dinâmica das vias aéreas. Logo a seguir, a glote abre-se repentinamente e um fluxo aéreo é expelido de maneira explosiva em alta velocidade. Fase nervosa da tosse Estímulo → via aferente → centro bulbar → via eferente. Vias aferentes: os impulsos trafegam pelo nervo vago. Outras vias nervosas podem ser acionadas: nervo trigêmeo (nariz e seios paranasais), glossofaríngeo (faringe) e frênico (pericárdio e diafragma). Vias eferentes: nervos vago, frênico, recorrentes e os nervos motores espinhais e intercostais. O nervo recorrente abre e feche a glote. Fase inspiratória: os músculos inspiratórios são acionados pela via Eferente para que ocorra uma inspiração curta. Fase compressiva: a glote é fechada contra um vigoroso esforço da musculatura expiratória. A pressão intratorácica aumenta e a pressão intralveolar será máxima. Fase explosiva: a glote abre-se repentinamente. Relaxa-se a musculatura do diafragma, que é então empurrado para cima pela pressão intra- abdominal elevada, o que comprime ainda mais o tórax. O fluxo aéreo é assim expulso de maneira explosiva e em alta velocidade. Classificação clínica da tosse Tosse aguda: tosse por menos de 8 semanas. Tosse crônica: tosse por mais de 8 semanas. Tosse seca ou não-produtiva: sem escarro. Tosse produtiva: com escarro. Investigação clínica da tosse - Inclui as seguintes características: frequência, intensidade, tonalidade, existência ou não de expectoração, relações com o decúbito, período do dia em que é maior sua intensidade. O médico deve ver e ouvir o doente tossir. Pode assim constatar se a tosse é realmente seca ou não, se sugere ser de vias aéreas superiores (provoca a necessidade de pigarrear com o intuito de limpar a garganta) e se apresenta características sonoras sugestivas como a tosse bovina e a tosse metálica. A tosse bovina ou rouca é encontrada nos problemas de laringe (inflamação, tumores, ulcerações, espasmo ou paralisia das cordas vocais). - A tosse metálica sugere compressão extrínseca da traqueia. A tosse quintosa caracteriza-se por surgir em acessos, geralmente pela madrugada, com intervalos curtos de acalmia, acompanhada de vômitos e sensação de asfixia. Embora seja característica da coqueluche, ocorre também em outras afecções broncopulmonares. Inibidores da enzima conversora da angiotensina são causa de tosse seca. Tosse seca, que não cede à medicação comum, pode ser um equivalente de asma. Nos enfisematosos, a tosse é mais seca, nos bronquíticos é produtiva. No tromboembolismo, costuma ser improdutiva, mas pode acompanhar-se de expectoração com traços de sangue. A sinusite crônica e a rinite são outras causas de tosse, devido ao gotejamento de secreção para a faringe. Tosse associada a beber ou comer está relacionada com doença do esôfago superior (divertículo, doença neuromuscular). Há pacientes que apresentam tosse ou seu equivalente, o pigarro, quando em situações que implicam certa tensão emocional (tosse psicogênica), como reuniões e falar em público. A tosse psicogênica é um diagnóstico de exclusão. Causas de tosse que pioram com o decúbito: sinusite, gotejamento pós-nasal, asma, refluxo gastroesofágico, insuficiência cardíaca esquerda e falta de rigidez das paredes dos brônquios. Expectoração O escarro é uma mistura de secreções oriunda dos pulmões, boca e da nasofaringe. A constatação da expectoração é o primeiro passo para diferenciar uma síndrome brônquica de uma síndrome pleural. As características semiológicas da expectoração compreendem o volume, a cor, o odor, a transparência e a consistência. Não se deve esquecer que as mulheres e as crianças têm o costume de deglutir a expectoração. Formas: seroso, mucoide, purulento e hemoptoico (com rajas de sangue). A expectoração do edema pulmonar agudo é bem característico, tendo aspecto seroso, rico em espuma. Ocasionalmente apresenta coloração rósea. A expectoração do asmático é mucoide, com alta viscosidade, aderindo às paredes do recipiente que a contém, lembrando a clara de ovo. Nas formas iniciais de bronquite, a expectoração é mucoide. O paciente portador de DPOC tipo magro quase não expectora, em oposição ao “gordo” que o faz constantemente. No paciente bronquítico crônico, quando o escarro muda de aspecto, passando de mucoide para mucopurulento ou purulento, é sinal de infecção. Os bronquíticos crônicos, quando portadores de bronquiectasias, principalmente nas reagudizações, costumam eliminar pela manhã grande quantidade de secreção acumulada durante a noite, ocasião em que fazem sua “toalete” brônquica. A expectoração é um divisor de águas importante que muito contribui para diferenciar as lesões alveolares (pneumonias bacterianas) das intersticiais (pneumonias virais). No início das pneumonias bacterianas, não existe expectoração ou ela é discreta. Após algumas horas ou dias, surge umasecreção abundante, amarelo-esverdeada, pegajosa e densa. Nesta fase pode aparecer escarro hemoptoico vermelho-vivo ou cor de tijolo. Nas pneumonias por bacilos gram-negativos (Klebsiella, Aerobacter, Pseudomonas), a expectoração adquire aspecto de geleia de chocolate. Quando há germes anaeróbios (bacteroides), o hálito fétido e o escarro pútrido chamam a atenção do médico. - A fetidez é típica de abscesso pulmonar. O médico deve solicitar ao doente que expectore sobre uma folha de papel branco para proceder ao exame clínico do escarro. Hemoptise É qualquer sangramento proveniente do trato respiratório inferior, ou seja, abaixo da glote. Não importa o volume. Tanto pode configurar-se como rajas de sangue no escarro, como através de sangramento maciço. O primeiro passo é comprovar se realmente trata-se de hemoptise ou não (sangramento nasal, hematêmese, etc..). Hemoptise maciça: é aquela que coloca em risco a vida do doente. Caracteriza-se pela eliminação de 600 mL ou mais de sangue em 24 h. Mata mais por asfixia do que por choque hemorrágico. Na investigação da hemoptise o aspecto do escarro pode ajudar no diagnóstico. Escarro mucossanguinolento: tuberculose, carcinoma brônquico. Escarro piossanguinolento: bronquiectasias, abscesso pulmonar, pneumonias infecciosas, bronquite crônica infectada. Escarro de sangue puro: embolia pulmonar, estenose mitral, carcinoide brônquico. Escarro de sangue diluído (róseo): edema pulmonar cardiogênico, especialmente na estenose mitral. Vômica Eliminação através da glote de uma quantidade abundante de pus ou líquido de outra natureza. Na maioria das vezes, origina-se de abscessos ou cistos nem sempre localizados no tórax, mas que drenam para os brônquios. Suas causas mais frequentes são o abscesso pulmonar, o empiema, as mediastinites supuradas e o abscesso subfrênico. Chieira torácica (chiado ou sibilância) Ruído de timbre elevado e tom musical, podendo ser comparado ao miado de um gato, que o paciente pode perceber, predominantemente na fase expiratória da respiração, quase sempre acompanhado de dispneia. O chiado resulta da redução do calibre da árvore brônquica. É frequentemente referida durante o período noturno quando o paciente se encontra no leito (a posição deitada pode reduzir os volumes pulmonares e o diâmetro das vias respiratórias e ocorre redução fisiológica da produção de corticoide e de catecolaminas endógenas no período noturno). As principais causas brônquicas e pulmonares de sibilos são a asma, a bronquite aguda e crônica, os infiltrados eosinofílicos, a tuberculose brônquica, as neoplasias malignas e benignas, as embolias pulmonares, certos fármacos colinérgicos, bloqueadores beta-adrenérgicos, inalantes qúimicos vegetais e animais. Outras causas: corpo estranho, e insuficiência ventricular esquerda. Na infância, o chiado costuma aparecer durante um resfriado. Na maioria das vezes, constitui episódios isolados, sem maior significado. Dor torácica - Estruturas sensíveis: pleura parietal (a mais sensível), traqueia, grossos brônquios e artérias pulmonares. - Estruturas insensíveis: pleura visceral, os brônquios intrapulmonares e o parênquima pulmonar. Tipos de dor torácica: Dor parietal; Dor pleural; Dor mediastinal (dor visceral). 1. Dor torácica parietal A parede torácica compreende pele, músculos, ossos e nervos. Todas essas estruturas podem levar à dor torácica parietal. Características gerais da dor torácica parietal: Mais frequentemente a dor é superficial (mas pode ser profunda também); Caracteristicamente bem localizada; Presença de hiperestesia à palpação; Os movimentos do tronco costumam ser os estímulos mais importantes; O repouso e a postura antálgica podem trazer alívio; É a causa mais frequente de dor torácica. Dor por lesões de pele Tem o seu reconhecimento imediato e não suscita dúvidas quanto à etiologia da dor. Dor muscular A dor é profunda, bem localizada, acompanhada de hipersensibilidade à palpação local, e que se duplica com o estiramento do músculo afetado. Mialgia intercostal difusa pode ocorrer junto a um quadro de tosse muito intensa. Dor costal É bem localizada, superficial e acompanhada de hiperestesia. A dor é ventilatório-dependente e a compressão do tórax no sentido anteroposterior, como ao comprimir o esterno em direção à coluna, irá despertar a dor no local doente. A síndrome de Tietze se caracteriza por uma pericondrite que acomete as junções condrocostais das quatro primeiras costelas. - A dor é profunda, ventilatório-dependente, com hiperestesia local. Dor nervosa A dor é aguda, superficial, tipo queimação, com hiperestesia na área de distribuição cutânea do nervo. Nervos intercostais A única neurite intercostal que se vê com relativa frequência é o herpes zoster. É uma doença provocada pelo vírus da varicela zoster e que afeta as raízes dorsais e os nervos periféricos onde utiliza o trajeto do nervo como condutor para infectar a pele. Na fase pré-eruptiva, o diagnóstico pode ser difícil, mas o caráter urente (que queima, arde)da dor e a hiperestesia cutânea no trajeto dermatômico do nervo são bem sugestivos da origem neuropática. Com a fase eruptiva, o diagnóstico é declarado. A dor pode persistir até anos após a infecção aguda. É o caso da neuralgia pós-herpética que ocorre mais frequentemente em pacientes idosos. Raízes nervosas A dor radicular é profunda, mas com paroxismos de dor superficial tipo queimação. Existe hiperestesia à palpação dos processos espinhosos das vértebras. A dor não é ventilatório-dependente, mas a flexão da coluna, movimentos dos braços e a torção do tronco, são os principais estímulos. Também os fenômenos que aumentam a pressão intra-espinhal, como a tosse e o espirro, despertam a dor radicular. - Raízes nervosas cervicais e torácicas. 2. Dor torácica pleural Somente a pleura parietal tem inervação sensitiva. Em quase sua totalidade, a inervação é proveniente dos nervos intercostais, o que coloca a dor pleural como somática e bem localizada na parede. As porções extremas, como o ápice e a base central diafragmática, recebem uma inervação diferente, respectivamente através do plexo cervical e do nervo frênico. Com isto, tanto a dor da pleura apical como a da porção central da pleura diafragmática serão percebidas no ombro. A dor da pleura costal, até o nível da sétima costela, será sempre sentida no tórax na área suprajacente à zona comprometida. Da oitava à décima segunda costela, as dores pleurais laterais e da porção periférica do diafragma podem ser referidas no abdome e até mesmo nas fossas ilíacas. A dor torácica pleural é percebida como uma pontada ou facada e é ventilatório-dependente. A dor pleural costuma ser muito evidente nas pleurites secas, reacionais às inflamações agudas do parênquima pulmonar, como nas pneumonias infecciosas e no infarto pulmonar. Características gerais da dor torácica pleural Mais frequentemente a dor é superficial; Quase sempre é bem localizada; Caracteristicamente é ventilatório-dependente; Ausência de hiperestesia à palpação; Não relacionada com os movimentos do tronco; Movimentos ventilatórios voluntariamente reduzidos no hemitórax afetado. Dor torácica mediastinal (dor visceral) O mediastino é composto por várias estruturas: o coração, o pericárdio, a traqueia, grandes vasos, o esôfago, o timo e gânglios linfáticos. Todos podem levar a dor mediastinal. A dor visceral do tórax é quase sempre projetada na região retroesternal. É uma dor mal definida que o doente costuma localizar através de movimentos com a mão espalmada sobre o esterno. - O doente insiste que a dor é interiorizada. Características gerais da dor visceral do tórax: Caracteristicamente a dor é profunda, interiorizada e mal definida; Quase sempre tem localização retroesternal; Frequentemente sofre irradiação e pode ser referida em outros locais até mesmo fora do tórax; O estímulo mais importante é o exercício funcional do respectivo órgãodoente: a alimentação para o esôfago, o exercício físico para o coração, etc.; - Quase sempre é acompanhada de grande reação de ansiedade e medo. Dispneia Sensação de uma respiração difícil. Falta de ar, fôlego curto, cansaço, canseira, sensação de sufocação, incapacidade de encher bem os pulmões. Mecanismos de dispneia: Demanda excessiva de ventilação; Má performance do aparelho ventilatório. Demanda excessiva da ventilação Fisiológica: gravidez, exercício, altitude. Patológica: anemia, hipertireoidismo, acidose metabólica, ansiedade, insuficiência alveolocapilar. Distúrbio ventilatório (má performance) Neuromuscular: miastenia grave. Restritivo (diminuição da complacência): cifoescoliose, derrame pleural, paquipleurite, fibrose pulmonar difusa, edema pulmonar. Obstrutivo (aumento da resistência de vias aéreas): asma brônquica, bronquite crônica, enfisema. Classificação da dispneia A dispneia pode ser mensurada através de escalas de pontuação (graus), mas normalmente é classificada de acordo com a tolerância aos esforços habituais, não habituais, a dispneia de repouso e a dispneia de decúbito ou ortopneia. Ortopneia é a dispneia que impede o paciente de ficar deitado e o obriga a sentar-se ou a ficar de pé para obter algum alívio. A principal causa é a insuficiência cardíaca esquerda, mas pode ocorrer nas pneumopatias com obstrução do fluxo aéreo, como na asma, bronquite crônica e enfisema. Isso ocorre, porque, além do acúmulo de secreções, ocorre aumento do trabalho respiratório em compensação ao aumento da resistência gerada pela pressão intra-abdominal. Trepopneia: dispneia que aparece em determinado decúbito lateral, como acontece nos pacientes com derrame pleural que se deitam sobre o lado são. Platipneia: dispneia ao se assumir a posição sentada e que melhora ao se deitar. Frequentemente ocorre queda de saturação de 02 (ortodeoxia) quando o paciente está sentado, com melhora no decúbito horizontal São causas os shunts intracardíacos (direito- esquerdo) e no parênquima pulmonar. Taquipneia: frequência respiratória aumentada. Hiperpneia: amplitude aumentada da respiração. Na investigação da dispneia, é interessante que o médico aponte quais as atividades a que o doente se encontra limitado, em vez de simplesmente referir que a dispneia é para grandes, médios ou pequenos esforços. Uma dispneia crônica que se acentua com o decorrer dos anos (evolução mais lenta), é comum nos doentes que sofrem de bronquite crônica e enfisema. O doente refere, por exemplo, que inicialmente cansava-se apenas quando caminhava no plano inclinado, e que depois, mesmo no plano horizontal, mas que agora já se cansa ao tomar banho, ou mesmo trocar de roupa. O grau de dispneia acompanha a progressão lenta que caracteriza essas duas doenças. - É frequente o doente referir que a dispneia é mais intensa pela manhã. Dispneia súbita pode se instalar em indivíduos previamente sadios, e os principais diagnósticos deverão ser: pneumotórax espontâneo, insuficiência cardíaca esquerda aguda, como na estenose mitral, infarto agudo do miocárdio ou uma primeira crise de asma brônquica. Uma dispneia súbita que se instala durante um quadro de infecção aguda de vias aéreas traduz, em geral, que houve uma complicação mais séria como uma pneumonia ou bronquiolite. A embolia pulmonar é uma das causas mais frequentes de crises súbitas de dispneia que se instalam naqueles doentes em situação de alto risco como no pós-operatório, no indivíduo acamado, no cardiopata ou pneumopata crônico e em todas as condições que levam à estase venosa nos membros inferiores. Dispneia episódica e intermitente sugere asma brônquica ou crises de descompensação do coração esquerdo. A dispneia psicogênica não é rara. Ela acomete o indivíduo em repouso, mas quase nunca durante o sono, diferente, portanto, da dispneia orgânica que frequentemente acorda o indivíduo. Os exercícios físicos não ficam limitados e é frequente o doente referir a sensação como uma incapacidade de encher bem os pulmões. Ao querer dar uma amostra de sua incapacidade é comum o doente realizar um movimento inspiratório bem amplo. Quase sempre trata-se de um paciente sabidamente ansioso ou um indivíduo que esteja atravessando uma situação de especial ansiedade. Pacientes que se apresentam ansiosos ou com transtorno do pânico se queixam com frequência de dispneia, na maioria das vezes acompanhada de hiperventilação. A síndrome de hiperventilação foi descrita para pacientes ansiosos. Os sintomas associados são dispneia, palpitações, dor torácica, sensação de “bolo” ou “bola” na garganta ou no peito, tremores, parestesias, “dedos fechados” e flexão do punho. A dispneia de origem pulmonar pode ser decorrente de doenças obstrutivas de vias aéreas tanto proximais (corpo estranho, alergia com edema de glote) quanto distais (asma, bronquite crônica, bronquiectasia, enfisema), doenças com comprometimento dos alvéolos pulmonares (pneumonia, pneumoconioses, ruptura alveolar com pneumotórax), obstrução vascular (embolia pulmonar), alterações da caixa torácica ou de musculatura respiratória. A presença de sibilos ao exame pulmonar indica que há obstrução de vias aéreas (99% de especificidade). No entanto, sua ausência não exclui a presença de doenças de vias aéreas. Tosse crônica com expectoração produtiva por mais de três meses consecutivos por mais de dois anos normalmente ocorre em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica com características de bronquite crônica ou bronquiectasias. Na bronquite crônica, observam-se roncos difusos e prolongamento da fase expiratória do murmúrio vesicular. Pacientes com enfisema pulmonar têm história de dispneia progressiva, chegando à dispneia de repouso com pouca expectoração e tosse. Por alterar as propriedades de viscoelasticidade pulmonar, ocorre diminuição da complacência pulmonar. Na expiração, ocorre dificuldade para eliminação do ar com fechamento precoce das vias aéreas distais, estabelecendo um quadro obstrutivo. Cornagem Dificuldade inspiratória por redução do calibre das vias respiratórias superiores, na altura da laringe e que se manifesta por um ruído (estridor) e tiragem. Cianose (outro achado, já abordada previamente). Baqueteamento digital Constitui uma manifestação extra- torácica de doenças pulmonares. Há aumento de tecido conjuntivo vascularizado e o edema intersticial na região subungueal, seja nas mãos ou pés. Este aumento empurra a base da unha para cima e aumenta o volume da extremidade dos dedos que adquire o aspecto de uma baqueta de tambor. Clinicamente, o método mais fácil e direto de se reconhecer o baqueteamento digital (hipocratismo digital) é através da medida do ângulo de perfil do polegar. Com o dedo polegar fletido percebe-se que a unha emerge de sua base formando um ângulo igual ou maior que 180 graus com a superfície cutânea. Normalmente, esse ângulo é em torno de 160 graus. A importância de se reconhecer o baqueteamento digital é a sua relação com determinados grupos de doenças. Quase sempre trata-se de doença grave e, especialmente, dentro do tórax. O carcinoma brônquico é, por exemplo, a principal causa de baqueteamento digital em pessoas acima de 40 anos de idade. Mais raramente, causas extratorácicas como a cirrose hepática e certas formas de esquistossomose estão implicadas. Na grande maioria das vezes, a sua presença está relacionada com supurações pleuropulmonares crônicas (bronquiectasias, mucoviscidose, abscesso pulmonar, empiema), neoplasias (carcinoma brônquico, metástases pulmonares, mesotelioma pleural), fibrose pulmonar idiopática e cardiopatias congênitas cianóticas. O hipocratismo digital é raro de ocorrer nas doenças pulmonares granulomatosas como a tuberculose, a paracoccidioidomicose, a sarcoidose, pneumoconioses e outras. Sendo assim, a pesquisa deste sinal nas doenças pulmonares difusas tem um grande valor semiótico.Antecedentes Pessoais Tabagismo Está implicado diretamente na gênese do carcinoma broncogênico, da bronquite crônica e do enfisema pulmonar e atua, como fator coadjuvante, nos fenômenos tromboembólicos. Possui efeito irritante e agressor à mucosa brônquica, levando à inflamação crônica e hipersecreção de muco (bronquite crônica)e ou à destruição do tecido elástico do parênquima pulmonar (enfisema). História Ocupacional A história ocupacional deve ser bem elaborada e abranger não só a profissão atual como todas as ocupações anteriores. É a poluição do ambiente de trabalho a grande fonte de patologias do aparelho respiratório. Exemplos: pulmão do fazendeiro, dos tratadores de aves, dos marceneiros, dos lavadores de queijo, dos usuários de saunas, dos trabalhadores com café, silicose, asbestose (mesotelioma de pleura), trabalhadores em minas de carvão, etc.. História Pregressa Verificar a presença de doenças pregressas. História de alergias. Passado cirúrgico e traumas.